Espacios. Vol.29 (1) 2008. Pág. 4

Mercado do biodiesel: um panorama mundial

Mercado de biodiesel: un panorama mundial

Biodiesel market: a word-wide panorama

Dario de Oliveira Lima Filho, Vergilio Prado Sogabe y Tania Cristina Costa Calarge


4. Perspectiva do mercado de biodiesel

A demanda por biocombustíveis se expande em todo o mundo impulsionado pela alta dos preços do petróleo e pela preocupação com o aquecimento global e as exigências de redução de CO2.

4.1 Protocolo de Kyoto: países em blocos

O protocolo de Kyoto, com o Princípio da Responsabilidade compartilhada e diferenciada pelo aquecimento global, colocou sobre os países desenvolvidos a obrigação de reduzir, dentro de um determinado período, os níveis de emissão dos gases do efeito estufa e transferir tecnologias limpas e de redução de poluição para os países em desenvolvimento (FREITAS; FREDO, 2005).

Essa determinação fez com que os 175 países signatários (WIKIPÉDIA, 2007) se mobilizassem para construir um cenário que atenda às exigências, como a redução do CO2, dentro do prazo do protocolo. Dessa maneira, diversos países adotaram prazos para implementar as misturas de biodiesel ao diesel fóssil, o que possibilita prever parcialmente a demanda e oferta mínima de biodiesel para implementação das misturas.

Verifica-se, assim, que o cenário energético divide o mundo em três blocos de países de acordo com seus interesses: países produtores de petróleo, países desenvolvidos e países em desenvolvimento (CARVALHO, 2006).

É interessante lembrar que, dos grupos de países acima representados, o dos países produtores de petróleo não serão contemplados com uma análise mais detalhada e precisa de suas ações. O que se espera deles, no mínimo, é que procurem manter a matriz energética atual e busquem o controle dos canais de distribuição e a redução de custos e novas tecnologias para exploração dos recursos (CARVALHO, 2006).

4.2 Grupo dos países desenvolvidos

Este grupo tem suas ações, em geral, direcionadas para reduzir sua dependência de fontes energéticas fósseis provenientes, principalmente, de países instáveis do mundo, sob o ponto de vista político, e que começam a dar sinais de esgotamento (CARVALHO, 2006).

Os países desenvolvidos pretendem, também, através da adoção de misturas de biodiesel, reduzir as taxas de emissão do CO2 para atender às metas do protocolo de Kyoto (MELLO; PAULILLO; VIAN, 2007). O Quadro 2 mostra as metas de cada país selecionado e da União Européia.

Quadro 2: Perspectivas do biodiesel no bloco de países desenvolvidos.


União Européia

Alemanha, França e Itália se destacam entre os maiores produtores do mundo de biodiesel e tem metas de mistura que antecipam às estabelecidas pelo parlamento europeu; os outros países que compõe o bloco (25 no total) têm meta fixada de até o ano de 2010 implementar a mistura de 5,75 % de biodiesel (EBB, 2006; BRASIL, 2003).

EUA

Tem como meta a substituição de 5% do diesel fóssil até 2015, o que geraria uma demanda de aproximadamente 7 milhões de t (SCHILL, 2007).

Canadá

Pretende produzir 500 mil t/ano para atender a demanda interna até 2010 (MELLO; PAULILLO; VIAN, 2007).

Japão

O Japão ainda não tem uma legislação que regulamente as propriedades do biodiesel, mas está estudando a possibilidade de 5 a 10% de mistura de biodiesel e traçar uma meta para 2010 (KAO 2007; MELLO; PAULILLO; VIAN, 2007).

Fonte: elaborado pelos autores

4.3 Grupo dos países em desenvolvimento

Os países em desenvolvimento têm pela frente o mesmo desafio de seus colegas ricos, ou seja, se desvincularem da dependência dos combustíveis fósseis provenientes dos países produtores de petróleo (CARVALHO, 2006).

Ainda de acordo com Carvalho (2006), o grupo também precisa se preocupar com as possíveis alterações na balança de pagamentos decorrente da elevação dos preços do combustível fóssil, além de regular as suas emissões de CO2. Os países em desenvolvimento, muitos deles agrícolas, vêem no biodiesel uma oportunidade de alavancar suas economias e de formalizar parcerias junto dos países desenvolvidos e, assim, iniciar a abertura de novos mercados (FIORI, 2007; RATHMANN et al., 2007). O Quadro 3 descreve as metas e ações desses países com maior destaque no mundo.

Quadro 3: Perspectivas do biodiesel no bloco de países em desenvolvimento.

Brasil

O país já oferece compulsoriamente a mistura de 2% em 6000 postos de abastecimento e em 2008 essa mistura se tornou obrigatória gerando uma demanda de 871 t de biodiesel, esse percentual tem um aumento de 5% previsto para 2013 que vai geral uma demanda prevista de 2571 t. Hoje o país dispõe de uma capacidade para produzir 1620 t (RODRIGUES, 2007a).

China

O segundo maior consumidor de combustíveis do mundo e, também, o segundo emissor de CO2, ainda não tem uma legislação que defina seu mercado, mas está investindo em pesquisa e já tem algumas unidades de produção em operação. A república chinesa pretende adotar a mistura de 10% até 2010, o que geraria uma demanda de 22,8 milhões de t (LIU, 2005).

Malásia

A Malásia é outro país que não tem uma política definida, mas tem um grande destaque no contexto global por possuir a maior produção mundial de palma oleaginosa, planta que detém o maior índice de rentabilidade para produção de biodiesel (PIPOC in QUEIROZ, 2007). A Malásia pretende exportar sua produção principalmente para a Europa.

Outros países

Índia, Argentina, Austrália e Tailândia, Coréia do Sul, Taiwan e Filipinas são outros países com grande potencial de produção ou consumo mas que ainda não tem ações concretas para o biodiesel. (MELLO; PAULILLO; VIAN, 2007).

Fonte: Elaborado pelos Autores

A Figura 2 representa o cenário futuro baseado na capacidade de produção e metas anunciadas pelos países. Nessa figura pode-se ter uma idéia de valores aproximados da evolução da produção de biodiesel ao longo dos anos para que se cumpram as metas de substituição do diesel fóssil e, também, redução da emissão de CO2.

Fonte: RODRIGUES (2007b).
Figura 3: Demanda estimada de biodiesel em países selecionados até 2012.

Os 25 países da União Européia responderiam por uma produção de aproximadamente 15 bilhões de litros em 2012. A Malásia com a alta produtividade do óleo de palma vai atingir 8 bilhões de litros. Estados Unidos, Indonésia e China esperam produzir algo entre 5 e 6 bilhões de litros de biodiesel. A China apresenta no período inicial analisado uma constante de crescimento baixo em virtude da indefinição do seu programa de biodiesel somado ao problema de suprimento de alimentos para a sua imensa população.

O Brasil tem a sua produção estimada para o atendimento das metas estabelecidas representado na Figura 3. A evolução da produção de biodiesel no Brasil, de acordo com as metas estabelecidas, tende a ser lenta até 2012 quando deverá ocorrer um salto de 993 t para 2571 t em 2013, época de entrada em vigor a mistura de 5%.

Os valores mostrados nas Figuras 2 e 3 podem ser considerados como a demanda mínima dos principais players no mercado mundial de biodiesel. De acordo com o presidente da Câmara de Oleaginosa e Biodiesel, a demanda mundial de biodiesel deve chegar a 11 milhões de t em 2007 e chegará a 33,5 milhões t em 2011 (MONTEIRO, 2006).

Fonte: QUEIROZ, 2007.
Figura 3: Demanda estimada de biodiesel no Brasil até 2015.

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