Espacios. Vol. 32 (4) 2011. Pág. 18


Uma Proposta de Sistema para Gestão do Conhecimento em P&D Aplicado aos Pólos de Inovação Tecnológica do RS

A Proposed System for Knowledge Management in R & D Applied to the Centers for Technological Innovation of the RS

Una Propuesta de Sistema para la Gestión del Conocimiento en I + D Aplicado a los Polos de Innovación Tecnológica de la RS

Carlos Fernando Jung 1; João Luiz Ferreira 2; Everton Luís Berz 3 y Carla Scwenberg ten Caten 4

Recibido:12-05-2010 - Aprobado: 27-11-2011


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RESUMO:
Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa e desenvolvimento experimental (P&D) que teve por finalidade desenvolver e implantar um Sistema para Gestão do Conhecimento em P&D para integrar os Pólos de Inovação Tecnológica do Rio Grande do Sul, oportunizar a troca de experiências e idéias entre pesquisadores e a comunidade em geral e, facilitar o acesso e tornar efetiva a busca de soluções tecnológicas por parte da comunidade empresarial. Este trabalho foi realizado por uma equipe composta por pesquisadores e profissionais das áreas de Engenharia de Produção e Sistemas de Informação. Os resultados mostram que a escolha das tecnologias para o desenvolvimento de Sistemas para Gestão do Conhecimento deve levar em conta as demandas, facilidade de acesso as informações, a interatividade entre os usuários e, a oferta de um ambiente virtual onde seja possível criar, compartilhar, sistematizar e utilizar o conhecimento.
Palavras-chave: Pesquisa, Desenvolvimento Experimental, Gestão do Conhecimento, Inovação

 

ABSTRACT:
This paper presents the results of research and experimental development (R&D) that aimed to develop and deploy a system for Knowledge Management in R&D to integrate the Centers of Technological Innovation of Rio Grande do Sul state, create opportunities to exchange experiences and ideas between researchers and community, and facilitate access and make effective the search for technological solutions for the business community. This work was conducted by a team of researchers and professionals of Production Engineering and Information Systems. The results show that the choice of technologies for the development of systems for knowledge management must take into account the demands, ease of access to information, interactivity between users and the provision of a virtual environment where they can create, share, systematize and use knowledge.
Key-words: Research, Experimental Development, Knowledge Management, Innovation

 
RESUMEN: Este artículo presenta los resultados de la investigación y el desarrollo experimental (I + D) que tuvo como objetivo desarrollar e implementar un sistema de gestión del conocimiento en I + D para integrar los Polos de Innovación Tecnológica de Río Grande do Sul, crear oportunidades para intercambiar experiencias e ideas entre investigadores y la comunidad en general y facilitar el acceso y hacer efectiva la búsqueda de soluciones tecnológicas para la comunidad empresarial. Este trabajo fue realizado por un equipo de investigadores y profesionales en las áreas de Ingeniería de Producción y Sistemas de Información. Los resultados muestran que la elección de tecnologías para el desarrollo de sistemas de gestión del conocimiento debe tener en cuenta las demandas, la facilidad de acceso a la información, la interactividad entre los usuarios y la prestación de un entorno virtual donde pueden crear, compartir, sistematizar y utilizar el conocimiento.
Palabras-clave: Investigación, Desarrollo Experimental, Gestión del Conocimiento, Innovación

1. Introdução

Lastres, Cassiolato e Arroio (2006) afirmam que a produção, difusão e aplicação de inovações tecnológicas são fundamentais para o desenvolvimento sócio-econômico de um país. Para estes autores a inovação deve integrar e abranger diferentes setores como: universidades, empresas, governos e centros de pesquisa, formando um Sistema de Inovação.

Corroborando Jung, Ribeiro e Caten (2008) referem que um Sistema de Inovação consiste em um processo coletivo de aprendizagem onde os principais integrantes são as instituições públicas e privadas que devem interagir constantemente através da difusão, assimilação e utilização de novos conhecimentos científicos e tecnológicos obtidos em processos de pesquisa e desenvolvimento (P&D). Neste contexto, Ferreira Neto e Antunes (2001) afirmam que o conhecimento tecnológico, obtido através da aprendizagem individual ou coletiva, é um requisito para se obter satisfatórios resultados no processo produtivo.

Assim, a formação de uma rede para gestão do conhecimento para P&D torna-se importante para a geração de novas tecnologias e descobertas científicas. Rocha e Ferreira (2001) afirmam que a tecnologia e o conhecimento científico são fatores considerados importantes diferenciais para a determinação das vantagens competitivas de países e empresas, influindo no crescimento econômico, na geração de riqueza e na melhoria da qualidade de vida de uma comunidade.

No entanto, existem fatores que podem reduzir a capacidade produtiva em redes ou grupos de pesquisa relacionados à gestão do conhecimento. Em recente trabalho publicado por Lima e Amaral (2008), foi apontada a  necessidade de um sistema para compartilhamento e divulgação do conhecimento, e uma estrutura para a divulgação dos resultados interna e externamente em grupos de pesquisa vinculados ao Instituto Fábrica do Milênio (IFM). Isto estaria resultando na impossibilidade de publicação dos resultados das pesquisas de forma mais rápida; em uma reduzida capacidade para reunir resultados de ensaios, testes e pesquisas de campo realizados por diferentes pesquisadores; e na efetividade para o compartilhamento e gestão de documentos como artigos e teses dentro dos grupos.

Também em estudo realizado por Jung, Ribeiro e Caten (2008) foram identificados diversos problemas relacionados ao processo de gestão do conhecimento que têm afetado o desempenho do Programa de Pólos de Inovação do RS. Esta pesquisa evidenciou que os problemas envolviam as próprias unidades gestoras dos Pólos (Instituições de Ensino Superior – IES), as entidades parceiras e o Programa de Pólos. Os problemas identificados foram: (i) deficiência de comunicação entre os Pólos de Inovação, (ii) inexistência de um sistema de gestão para P&D que integre os Pólos, e (iii) inexistência de soluções em Tecnologia da Informação (TI), que permitam a troca de experiências e idéias em rede, além de oportunizar o acesso das empresas às tecnologias desenvolvidas e disponíveis para aplicação nos sistemas produtivos.

Assim, a partir das lições aprendidas no estudo de Lima e Amaral (2008) e nos resultados apresentados por Jung, Ribeiro e Caten (2008) que indicaram como um importante diferencial para o Programa de Pólos do RS a adoção de uma estratégia em Tecnologia da Informação (TI) que viabilizasse o desenvolvimento e acesso dinâmico do conhecimento e tecnologias geradas, tanto no interior dos Pólos como através das fronteiras institucionais, foi desenvolvido e implantado um sistema interativo para gestão do conhecimento em P&D neste Programa.

Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa e desenvolvimento experimental que teve por finalidade desenvolver e implantar um Sistema para Gestão do Conhecimento em P&D para integrar os Pólos de Inovação do RS, oportunizar a troca de experiências e idéias entre pesquisadores e a comunidade em geral e, facilitar o acesso e tornar efetiva a busca de soluções tecnológicas por parte da comunidade empresarial. Este trabalho foi realizado por uma equipe integrada por pesquisadores e profissionais das áreas de Engenharia de Produção e Sistemas de Informação. O artigo apresenta a seguinte estrutura, na seção 2 é apresentado o referencial teórico, na seção 3 o método de trabalho utilizado, na seção 4 os resultados do desenvolvimento e, a seção 5 traz as conclusões do trabalho.

2. Referencial teórico

2.1 O Programa de Pólos de Inovação do RS

A concepção e implantação de qualquer rede ou pólo tecnológico encontram amparo nos conceitos de Lundvall (1992), Freeman (1998) e Nelson (1993) que consideram como ponto de partida o processo de inovação como um fenômeno sistêmico. Assim, um Sistema de Inovação pode ser inicialmente entendido como um conjunto formado por: universidades e institutos de pesquisas que produzem conhecimento e tecnologias através de atividades de pesquisa e desenvolvimento experimental (P&D) e, empresas privadas industriais que demandam as necessidades de pesquisa e aplicam as tecnologias desenvolvidas em novos produtos e processos.

Os Pólos de Inovação Tecnológica são fontes de inovação difundidas pelas regiões do Estado do Rio Grande do Sul. Estes sistemas de inovação são compostos por diversas instituições públicas e privadas, consistindo essencialmente na integração de recursos humanos, financeiros, tecnológicos e de produção que configuram um sistema de ciência, tecnologia e inovação. Implantado em 1989 pela Secretaria da Ciência e Tecnologia do RS o Programa de Pólos de Inovação Tecnológica atualmente é uma rede integrada de pesquisa e desenvolvimento, gerando anualmente através de parcerias entre os setores público e privado inúmeras novas tecnologias, produtos e processos, com a finalidade de melhorar a competitividade dos setores produtivos locais (Jung e Caten, 2007).

Um Pólo consiste em uma região formada por vários municípios, reconhecida pela  Secretaria da Ciência e Tecnologia do RS - SCT/RS, sendo caracterizado por um arranjo produtivo local (APL), uma comunidade de pesquisa (existente em instituições de ensino superior – IES e centros ou institutos de pesquisa) voltada para o desenvolvimento científico e tecnológico, além de parceiros interessados na utilização das tecnologias, como: empresas privadas, associações comerciais, industriais e de serviços, cooperativas, associações de produtores, sindicatos e outros (Jung et al., 2008).

2.2 Gestão do conhecimento

Para Valentin (2002) a gestão do conhecimento é baseada em um conjunto de estratégias para gerar, adquirir, disseminar, compartilhar e utilizar conhecimentos. Para tanto são necessários meios para estabelecer fluxos que garantam acesso à informação no tempo e formatos desejados, oportunizando a geração de idéias e a solução de problemas. Em contrapartida a gestão da informação está mais voltada a propiciar acesso ao conhecimento explícito já consolidado em algum tipo de mídia de comunicação, ou seja, possui foco em fluxos formais de informação. Rosseti et al. (2008) afirmam que a gestão do conhecimento é fundamental para a interação sociofuncional das pessoas e organizações. Consiste em combinar o saber (explícito) e o saber fazer (tácito) nos processos, nos produtos e na organização, para a criação de valor agregado.

Maculan e Furtado (2000) afirmam que uma das maiores dificuldades para se obter um ciclo virtuoso de inovação é a efetiva cooperação entre pesquisadores e empresas. Também o acesso, incorporação e a aplicação dos conhecimentos e tecnologias, desenvolvidas em universidades e centros de pesquisa, pelo setor industrial representa um importante desafio. Para estes autores, com exceções, os pesquisadores se relacionam pouco com os sistemas produtivos brasileiros não oportunizando a transferência de tecnologias às empresas, bem como, o conhecimento acerca das reais demandas para P&D por parte dos pesquisadores.

Neste contexto, Lima e Amaral (2008) afirmam que uma das formas de aproximar e melhorar a cooperatividade entre pesquisadores e empresas é a adequada gestão do conhecimento. Corroborando, Lévy (1999) diz que isto pode ser alcançado se for criada uma comunidade virtual construída sobre as afinidades de interesses e necessidades de conhecimentos, podendo resultar em processos de cooperação, independentemente das proximidades geográficas e das filiações institucionais.

Tiffin e Rajasingham (1995) referem que os sistemas de informação viabilizam virtualmente as relações sociais e acesso ao conhecimento de novas tecnologias, produtos e processos. Este autor diz que a gestão do conhecimento depende essencialmente destes sistemas e tecnologias para promover uma maior interatividade.

Souza (2006) diz que são inúmeros os repositórios de informações existentes em formatos digitais que são produzidos a partir das atividades humanas e, acessíveis através de redes e sistemas computacionais. Este autor refere que as várias metodologias e tecnologias utilizadas em sistemas de informações, através dos tempos, foram desenvolvidas para atender desde as atividades de organização de coleções de documentos em acervos bibliográficos, até os modernos sistemas que codificam e fazem a migração de dados entre redes sociais via web. Assim, as tecnologias e funcionalidades existentes em sistemas de informação podem contribuir à gestão do conhecimento para inserir, armazenar, organizar e facilitar o acesso às informações contidas em documentos, bem como, na otimização do processo de relacionamento entre pesquisadores e empresas (Terra, 2000).

A partir do estudo realizado por Freitas e Dutra (2009) fica evidente que os sistemas de informação para fins educacionais ou para gestão do conhecimento diferem dos sistemas comerciais, pois a utilidade esperada nestes sistemas é diferente do uso como ferramenta de marketing e para a realização de negócios. Para estes autores trata-se de um sistema que deve viabilizar mediações, interações e colaborações que conduzam os participantes à construção e aperfeiçoamento do conhecimento.

Neste contexto, a usabilidade e a interatividade são fundamentais ao processo de execução de tarefas em sistemas que tenham por finalidade a troca de experiências (Freitas e Dutra, 2009). Pois, as mesmas podem favorecer ou dificultar o processo de gestão do conhecimento, uma vez que o nível de interação do usuário sofre influências das tecnologias e ferramentas disponíveis em um sistema on-line (Shneiderman, 1998).

Müller e Grings (2003) afirmam que apesar de estarem disponíveis tecnologias cada vez mais complexas e avançadas, a idéia não deve ser de que os sistemas mais complexos sejam melhores que os sistemas mais simples. Para Harasim et al. (1999), a questão está em qual delas atende a finalidade de acesso a informação, interação entre os usuários, torna-se viável com o orçamento disponível e, possibilita um ambiente onde se possa criar, compartilhar, sistematizar e utilizar o conhecimento.

3.  Método de Trabalho

Os resultados apresentados neste artigo foram obtidos a partir de uma pesquisa e desenvolvimento experimental (P&D). O trabalho partiu de uma pesquisa aplicada tendo por finalidade o estudo teórico-experimental acerca dos aplicativos (softwares) disponíveis para a construção de um sistema de informações destinado a processos de gestão do conhecimento e, na sequência, foi realizado o desenvolvimento experimental que segundo a OECD (2007) consiste em utilizar o conhecimento científico e prático para o desenvolvimento de novos materiais, produtos, processos, dispositivos, sistemas e serviços, ou a otimização dos existentes.

Foi desenvolvido um protótipo a partir do CMS (Content Management System) Moodle. Este sistema permitiu que a montagem e as configurações principais da interface do sistema de informações fossem montadas de forma mais rápida e interativa do que um sistema totalmente em HTML. As telas desenvolvidas com PHP (Hypertext Preprocessor), HTML (HyperText Markup Language) e JavaScript foram integradas à base do sistema Moodle, aproveitando as funcionalidades iniciais oferecidas por este CMS.

Posteriormente, foi realizada a apresentação do protótipo em uma reunião, nas dependências da Secretaria da Ciência e Tecnologia do RS, ao Chefe da Divisão de Pólos de Inovação do RS e aos gestores dos 23 Pólos de Inovação. Na oportunidade, foi possível aplicar a técnica de brainstorming para serem geradas novas idéias, discutidas as possibilidades e limitações da versão inicial do sistema para gestão do conhecimento.

A partir das sugestões e proposições feitas pelo grupo ficou estabecido que deveriam ser criadas áreas de gestão específicas como: (i) área de gestão para a comunidade da Divisão de Pólos, (ii) área de gestão da comunidade de pesquisadores, e (iii) área de gestão para a comunidade empresarial. A proposta inicial do sistema que previa uma área para a inserção de todos os projetos existentes em cada Pólo de Inovação Tecnológica, destinada ao acesso por parte da comunidade em geral e empresarial, foi aceita e foram determinados os arquivos de conteúdos a serem disponibilizados.

Na sequência, foi desenvolvida experimentalmente a segunda versão com base nos requisitos propostos pelo grupo de gestores dos Pólos. No entanto, após os testes iniciais do sistema, foi verificado que havia a necessidade de tornar a forma acesso e identificação dos projetos (tecnologias desenvolvidas e disponíveis) por parte da comunidade empresarial mais fácil, simplificada e efetiva. Para tanto, foi desenvolvido um “sistema de busca” adequado às necessidades do Sistema para Gestão do Conhecimento em P&D, tornando-se um importante diferencial.


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1 SCT/RS, Brasil. carlosfernandojung@gmail.com
2. FIAR, Brasil. fiar@faccat.br
3. FACCAT, Brasil. everton.berz@gmail.com
4. UFRGS, Brasil. tencaten@producao.ufrgs.br


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