Espacios. Vol. 33 (1) 2012. Pág. 19


Mensuração do impacto da adoção de tecnologia de informação (TI) no desempenho organizacional de micro e pequenas empresas

Measuring the impact of the adoption of information technology (IT) on organizational performance of micro and small enterprises

Medición del impacto de la adopción de la tecnología de la información (TI) en el desempeño organizacional de las Micro y Pequeñas Empresas

Pietro Cunha Dolci 1, Carla Schwengber ten Caten 2, Guilherme Lerch Lunardi 3 y Antonio Carlos Gastaud Maçada 4

Recibido:12-05--2011 Aprobado: 10-10-2011


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RESUMO:
Este estudo tem o objetivo de analisar como a adoção de TI impacta no desempenho das micro e pequenas empresas (MPE). Assim, realizou-se um estudo com 122 MPE do sul do Brasil, onde foi utilizado a modelagem por equações estruturais, seguindo o paradigma de segunda ordem. Os principais motivos encontrados que têm levado as MPE a adotarem TI estão relacionados às pressões externas e à existência de um ambiente organizacional favorável. Identificou-se que o motivo de adoção que mais afeta o desempenho é quando a TI é adotada para atender as necessidades internas da empresa. Entretanto, as pressões externas não foram identificadas como fatores que impactam no desempenho.
Palavras-Chave: Tecnologia da Informação, Micro e Pequenas Empresas, Adoção, Desempenho, Modelagem por equações estruturais

 

ABSTRACT:
The aim of this study is to analyze how the information technology (IT) adoption impacts the performance of small and medium enterprise (SME). Therefore, were carry out a survey with 122 SME in the south of Brazil, using structural equation modeling, following the second order paradigm. The main reasons that have taken the SME to adopt IT are related to external pressures and the existence of an organizational environment favorable. It was identified the mainly reason that most affects performance is when IT is adopted to meet the internal needs of the company. However, the external pressures were not identified as factors that impact on performance.
Keywords: Information technology, Small and medium enterprise, Adoption, Performance, Structural equation modeling

 
RESUMEN:
Este estudio tiene como objetivo examinar cómo la adopción de su impacto en el rendimiento de las empresas micro y pequeñas empresas (MYPE). Por lo tanto, se llevó a cabo un estudio de 122 diputados del sur de Brasil, donde se utilizó el modelo de ecuaciones estructurales, siguiendo el paradigma de segundo orden. Los principales culpables que han llevado al MSC a adoptar TI están relacionadas con las presiones externas y la existencia de un clima organizacional favorable. Se encontró que la razón de la adopción que más afecta al rendimiento es cuando se adoptó para satisfacer las necesidades internas de la empresa. Sin embargo, las presiones externas no han sido identificados como factores que inciden en el rendimiento.
Palabras clave: Tecnologías de la Información, Micro y Pequeña Empresa, la adopción, el rendimiento, modelos de ecuaciones estructurales

1. Introdução

A Tecnologia da Informação (TI) vem ganhando destaque na agenda dos executivos de grandes empresas nos últimos anos. A previsão de gastos de TI para 2011 é estimada em 39,1 bilhões de dólares, tendo um crescimento de 13,1% do ano anterior (Abrantes, 2011). Assim, esses altos valores evidenciam que a concorrência em geral tem investido muito em tecnologia, sendo uma obrigação para as todas as organizações acompanharem esses investimentos. Esse contexto tem feito com que muitas organizações realizem gastos e investimentos em TI sem um planejamento e uma análise das reais necessidades tecnológicas, que impactam o negócio.

A aquisição dessas tecnologias tem sido mais acessivel financeiramente às empresas de menor porte. Tecnologias disponíveis e utilizadas apenas por grandes empresas, devido ao alto custo de aquisição e implantação, tem se tornado mais baratas e acessíveis às Micro e Pequenas Empresas (MPE). Essas empresas têm adotado tecnologias em seus negócios cada vez mais devido à diminuição dos custos envolvidos. Um estudo encomendado pela IBM identificou que 81% das MPE brasileiras aumentarão seus investimentos em TI neste ano (Convergência Digital, 2011).

Este aumento pode ser explicado pela diminuição progressiva dos custos de aquisição tecnológica, pela busca de vantagem competitiva, pela exigência dos parceiros comerciais ou até mesmo por exigências legais. Entretanto, pouca literatura referente à utilização de TIs nessas organizações tem sido encontrada (Premkumar, 2003; Riemenschneider et al., 2003; Morgan et al., 2006; Bruque e Moyano, 2007), principalmente em países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil (Moraes et al., 2004; Prates e Ospina, 2004). Segundo Sanayei e Rajabion (2009), as estruturas das MPE, incluindo a tecnológica, possuem uma respota variável a diferentes contextos e abordagens.

Dessa forma, buscou-se nesta pesquisa identificar os principais motivos que têm levado os microempresários a adotarem TI nas suas empresas, além de analisar o relacionamento existente entre os motivos da adoção da TI e os seus efeitos no desempenho organizacional das MPE. Segundo Bruque e Moyano (2007), identificar o motivo e como as empresas adotam TI é fundamental para garantir o sucesso do processo de adoção. Assim, o desenvolvimento de pesquisas sobre adoção da TI no meio empresarial pode fornecer um conjunto bastante rico de resultados e, inclusive, de teorias que possam ser aplicadas diretamente para melhor compreender o impacto da sua utilização, identificando, também, fatores relacionados ao sucesso e fracasso da sua implantação.

O artigo estrutura-se da seguinte forma: na seção 2, apresenta-se o referencial teórico da pesquisa, abordando as MPE, a adoção de TI nessas empresas e o relacionamento entre a TI e o desempenho organizacional; na seção 3, descrevem-se as etapas metodológicas do estudo; na seção 4, apresentam-se os principais resultados encontrados e, na seção 5, procede-se às considerações finais.

2. A Pequena Empresa e o papel da TI

As MPE, como as grandes empresas, têm exercido um papel fundamental no desenvolvimento e na manutenção da economia nacional, sendo consideradas o motor da ecnonomia de vários países (Bruque e Moyano, 2007). Cerca de 4 milhões de empresas no Brasil são micro e pequenas empresas, correspondendo a quase 98% do total de empresas no país, sendo responsáveis por 21% do PIB brasileiro, 57,2% da força de trabalho que possui carteira assinada e também por 26% da massa salarial (Indruinas, 2007).

A presença das MPE no ambiente empresarial mostra a grandeza da sua importância para a economia de qualquer país; entretanto, existem inúmeras características que as diferenciam das médias e grandes empresas. A forma da tomada de decisão – centralizada em uma ou duas pessoas – , a existência mínima de burocracia, um planejamento de longo prazo limitado e a aplicação reduzida de recursos são apenas algumas delas (Premkumar, 2003). Não é por acaso que muitas das teorias tradicionais da área de organizações e de sistemas de informação não são diretamente aplicáveis às empresas de menor porte (Welsh e White, 1981). Muitos dos problemas, oportunidades e assuntos gerenciais ligados às MPE, entre eles os relacionados à TI, são únicos e, portanto, merecem pesquisas específicas que venham tentar preencher essas lacunas.

Por outro lado, várias organizações menores contêm muitas das funções e atividades que as empresas de grande porte possuem (como vendas, marketing, contabilidade, etc), embora numa escala menor (Riemenschneider e Mykytyn, 2000). No caso da TI, por exemplo, percebe-se atualmente que tanto as grandes organizações quanto as pequenas têm se tornado dependentes da TI em boa parte das suas operações rotineiras. Tradicionalmente, a adoção das tecnologias mais modernas tem ocorrido de forma mais lenta entre as MPE, mas quando se analisam os investimentos realizados em TI, proporcionalmente a sua receita líquida, nota-se que os valores investidos pelas pequenas empresas são bem comparáveis às empresas de maior porte (Eckhouse, 1998, apud Premkumar, 2003).

Embora as MPE venham cada vez mais investindo em tecnologia, inclusive com uma expectativa maior da taxa de crescimento que as empresas de grande porte (Lima, 2007), um argumento bastante defendido por seus executivos para evitar a sua adoção é que a TI é extremamente complexa e representa um alto custo para os seus negócios (Moraes et al., 2004). É verdade que muitas das tecnologias existentes têm se destinado exclusivamente às empresas de médio e grande porte (principalmente porque exigem pesados investimentos, tanto em estrutura quanto na aquisição de equipamentos; além de exigirem uma mudança de atitude por parte do pequeno empresário). Entretanto, nos últimos nos, diferentes empresas de hardware e software têm visto as MPE como um novo e atraente segmento de mercado, sendo foco de inúmeros fornecedores de TI (Lima, 2007).

Os executivos percebem que a TI pode ajudar suas organizações a obterem e sustentarem vantagem competitiva, seja pelo aumento da produtividade, lucratividade, ou ainda adicionando valor aos clientes (Hitt e Brynjolfsson, 1996). Todavia, para que isso ocorra é necessário que a TI esteja alinhada à estratégia organizacional, sendo, portanto planejadas suas necessidades de hardware e software, as mudanças necessárias nos processos e sistemas existentes, bem como controlados os prazos e recursos envolvidos em cada projeto de TI (Beheshti, 2004).

A baixa ocorrência de trabalhos pesquisando pequenas empresas e seu relacionamento com a TI se dá inicialmente pela própria definição de micro e pequena empresa. Diferentes classificações são utilizadas, o que dificulta a convergência dos resultados obtidos e até mesmo põe em dúvida a sua possibilidade de generalização (Palvia e Palvia, 1999). Ainda assim, diferentes trabalhos envolvendo TI e MPE podem ser encontrados na literatura (Delone, 1988; Davis, 1989; Iacovou et al., 1995; Igbaria et al., 1997; Palvia e Palvia, 1999; Subramanian e Nosek, 2001; Sarosa e Zowghi, 2003; Grandon e Pearson, 2004; Bruqe e Moyano 2007; Kim e Jee, 2007; Sanayei e Rajabion, 2009; Chong et al, 2009; OH et. al. 2009; Perez et al, 2009; Rossoni, 2010).

2.1. A adoção da TI pelas Micro e Pequenas Empresas

A adoção da TI nas MPE começou a ser objeto de estudo nos anos 80, quando o crescimento do uso dos minicomputadores e computadores pessoais tornou-se uma oportunidade de diminuir custos em hardware e em sistemas operacionais (Fink, 1998). As pequenas empresas estavam relutantes em colocar a TI em seus negócios como as grandes empresas já tinham feito. Enquanto estas possuíam experiências com as tecnologias existentes e suas aplicações, as pequenas tinham pouco acesso a essas ferramentas e, portanto, pouco conhecimento sobre como a TI poderia lhes ajudar.

Inúmeros fatores têm motivado as organizações a adotarem TI nos negócios. Os principais fatores que influenciam o comportamento das MPE no que diz respeito à adoção da TI estão ligados ao ambiente, à organização, ao processo decisório e aos fatores psico-sociológicos dos empresários (Fink, 1998). Segundo Davis (1989) estes fatores estão relacionados a utilidade percebida, que é o nível em que as pessoas acreditam que usar um sistema particular pode melhorar sua performance no trabalho, e a facilidade de uso que é o nível em que as pessoas acreditam que usar um sistema particular pode diminuir o esforço.

Para Iacovou (1995), que estudou a adoção de EDI pelas MPE, os fatores principais para essas empresas adotarem TI são: benefícios percebidos (diretos e indiretos), prontidão organizacional (nível financeiro e fontes tecnológicas da empresa) e pressões externas (pressões competitivas e imposições dos parceiros de negócio). Grandon e Pearson (2004), utilizando os fatores de Davis (1989) utilidade percebida e facilidade de uso, e de Iacovou (1995) prontidão organizacional e pressões externas, examinou os fatores de valor estratégico e os motivos de adoção de comercio eletrônico percebido pelos gestores de MPE americanas.

Para Prates e Ospina (2004), na maioria das empresas a adoção da TI surge em função de uma necessidade derivada dos objetivos organizacionais preestabelecidos – seja para solucionar algum problema organizacional ou até mesmo manter a empresa operando bem. A necessidade de integração, a melhoria dos controles organizacionais, uma vantagem relativa, a manutenção e/ou aumento da sua participação no mercado, a redução de custos, dentre outros, podem motivar os executivos a investirem em diferentes tecnologias. O próprio sentimento do microempresário de que precisa investir em TI para que sua empresa possa continuar no mercado pode influenciar na decisão de adquirir uma nova tecnologia, mesmo que esta decisão não seja direcionada de uma forma tão racional, ou ainda, orientada por objetivos de eficiência técnica (Teo et al., 2003).

Kim e Jee (2007), estudando o relacionamento entre os fatores que influenciam o uso estratégico da TI e o desempenho organizacional de 293 micro e pequenas empresas coreanas, identificaram que variáveis ambientais externas, como competição e incertezas, influenciam tanto no volume de investimentos realizados quanto no uso efetivo da TI. As MPE caracterizam-se pelo alto nível de incerteza no seu ambiente, sendo influenciado por mudanças extremamente rápidas, o que dificulta ainda mais o gerenciamento de empresas que não possuem uma visão estratégica – característica de muitas MPE – sem, portanto, perceberem a necessidade de buscar possibilidades futuras. Por causa desse cenário, torna-se importante que estas empresas procurem planejar de forma adequada seus investimentos tecnológicos, bem como a forma como a tecnologia deverá ser implantada, levantando-se os principais custos da sua aquisição (diretos e indiretos), os riscos envolvidos, os benefícios esperados e quais processos organizacionais serão modificados e em que intensidade.

Já Bruque e Moyano (2007) encontraram que um número de fatores internos e processos de implementação influenciam a adoção de tecnologias, podendo mencionar: papel da gestão, papel do líder tecnológico, estratégia tecnológica, treinamento/socialização e tamanho da firma/necessidade de crescimento. Mais recentemente Chong et al (2009) realizou um estudo no contexto de relacionamentos inter-organizacionais referente a adoção de e-business em MPE, identificando os seguintes fatores: confiança, comunicação, colaboração, transparência percebida e pode dos parceiros de negócio. Já para Sanayei e Rajabion (2009) os fatores e influenciadores do crescimento da adoção do e-commerce pelas empresas são: tecnológicos (custos, complexidade), de comunicação (canais), ambientais (pressões para o uso, pressão do governo, prontidão dos consumidores, cultura, região), empreendedores (habilidades dos gestores, inovação) e organizacional (tamanho da empresa, suporte da gerencia, prontidão organizacional). Oh et. al. (2009) realizaram um estudo para explorar a adoção de novas tecnologias em MPE utilizando dois fatores que influenciam essa aquisição: vantagem ou utilidade percebida e ambiente industrial.

Existem fatores, por sua vez, que podem estimular a adoção da TI, assim como desestimulá-la. A falta de recursos financeiros ou tecnológicos, por exemplo, ou a presença de uma estrutura organizacional inapropriada pode dificultar ou até mesmo descartar a adoção da TI na organização (Thong, 2001; Caldeira e Ward, 2002; Kim e Jee, 2007).

Cragg e King (1993) apontaram a falta de habilidade dos usuários e os fatores econômicos para aquisição de TI ou para atualização de hardware e software como os principais inibidores do crescimento da utilização da tecnologia nas MPE, mesmo com a constante queda nos seus preços de aquisição. Estes diferentes motivos influenciam a decisão de investir e a forma com que estes investimentos serão realizados, o que conseqüentemente afetará os resultados esperados a partir da sua utilização.

2.2. Impacto da TI no desempenho organizacional

O relacionamento entre os investimentos em TI e o seu impacto no desempenho organizacional tem sido objeto de muita discussão entre pesquisadores da área (Mahmood e Mann, 2000; RADHAKRISHNAN et. al. 2008) porque, apesar de muito se investir em TI, tem-se mostrado extremamente difícil apontar os efeitos destes investimentos nas organizações, principalmente os impactos estratégicos e econômicos. Radhakrishnan et. al. (2008) realizaram uma pesquisa avaliando os trabalhos que mensuram o impacto da TI nas empresas, através do relacionamento entre TI e um determinado output, encontrando diferentes resultados.

Algumas pesquisas determinaram que essa relação era positiva, negativa, mista e nenhuma (Devaraj e Kohli, 2000; Jorgenson e  Stirch, 1995; Hitt e Brynjolfsson, 1996; Koski, 1999). Entretanto, em estudos mais recentes têm-se encontrado relações positivas maiores entre os investimentos em TI e os resultados das empresas (Maçada et. al. 2005; Adamides e Karacapilidis, 2006; Badescu e Garcés-Ayerbe, 2009).

O interesse por esse tema nunca esteve tão valorizado, devido às elevadas quantias gastas em TI pelas organizações, à maior aplicabilidade da TI nos negócios, às restrições econômicas – como períodos de recessão, grande concorrência e baixas margens de lucro – e às constantes inovações tecnológicas que seguidamente vêm surgindo. Só investir em TI não garante que os benefícios esperados ou os resultados obtidos por outras organizações se confirmarão e, ainda, que seus ganhos serão imediatos. O uso efetivo da TI é que pode proporcionar uma série de ganhos às empresas, como o aumento da produtividade, maiores vendas, redução dos custos operacionais, aumento da base de clientes, decisões com maior qualidade, além da diferenciação de produtos e serviços inovadores (Hu e Plant, 2001). Estes benefícios, quando ocorrem, afetam o desempenho organizacional, estando diretamente associado à melhoria da eficiência das operações dentro de processos específicos da organização (Melville et al., 2004).

3. Procedimentos metodológicos

Este estudo caracteriza-se por uma pesquisa survey com o objetivo de compreender melhor, através da opinião dos micro e pequenos empresários, os motivos pelos quais as MPE têm investido em TI e qual o impacto percebido desses investimentos no desempenho organizacional destas empresas. O estudo, realizado no segundo semestre de 2005, envolveu uma etapa qualitativa, para levantamento e identificação de indicadores relacionados à adoção de tecnologias por essas empresas, e outra de orientação quantitativa, englobando procedimentos de amostragem, coleta, validação e análise de dados. Maiores detalhes sobre esses estudos podem ser visualizados em Lunardi et. al. (2010). Cabe lembrar que a definição de MPE nesta pesquisa seguiu o estatuto das micro e pequenas empresas, sugerido pelo Sebrae (2008), cujo número de funcionários deve ser inferior a 100 e a renda anual bruta menor que R$ 2.133.222,00.

3.1. Etapa qualitativa

O estudo de Lunardi et. al. (2010) identificou 16 indicadores relacionados à adoção de TI sendo agrupados em quatro diferentes categorias, denominados necessidade interna, pressões externas, ambiente organizacional e utilidade percebida. Logo após essa categorização, buscou-se verificar em pesquisas realizadas anteriormente e atuais a presença das categorias encontradas, garantindo dessa forma maior consistência teórica ao estudo. Uma série de artigos foi encontrada, abordando uma ou mais destas categorias em cada pesquisa. Assim, a definição de cada construto, juntamente com as referências atualizadas encontradas na literatura, é apresentada no Quadro 1.

Quadro 1. Definição das variáveis

Definição

Fonte

Necessidade interna - a empresa adotou tecnologia em função do seu crescimento ou para atender melhor as suas necessidades, garantindo dessa forma o bom funcionamento da empresa.

Fink (1998), Prates e Ospina (2004); Bruque e Moyano (2007)

Ambiente organizacional - a empresa adotou tecnologia porque percebeu que possuía um ambiente favorável a sua utilização, com funcionários em condições de utilizá-la e com uma estrutura organizacional adequada.

Cragg e King (1993), Thong (2001), Caldeira e Ward (2002), Bruque e Moyano (2007)

Pressões externas - a empresa adotou tecnologia em função da grande concorrência existente, porque os concorrentes diretos têm adotado ou ainda por influência de clientes, fornecedores ou o próprio governo.

Cragg e King (1993), Iacovou (1995), Grandon e Pearson (2004), Kim e Jee (2007), Chong et al (2009), Sanayei e Rajabion (2009)

Utilidade percebida - a empresa adotou tecnologia porque percebeu que ela seria útil no seu dia-a-dia, melhorando o desempenho do funcionário na realização das tarefas e atividades da empresa, aumentando a segurança, o controle e o atendimento aos clientes.

Davis (1989), Iacovou (1995) , Grandon e Pearson (2004), Oh, Cruickshank, Anderson (2009)

Com as questões formuladas e sustentadas teoricamente, procedeu-se à elaboração do questionário estruturado. Foram inseridas nove questões de caracterização da amostra (como nome da empresa, posição do respondente na empresa, ano de fundação, total de funcionários, total de funcionários que usa computador na empresa, número de computadores, ano de informatização, tecnologias que utiliza e se a empresa possuía site próprio); 17 questões fechadas e operacionalizadas em uma escala tipo Likert de 5 pontos (variando de “discordo totalmente” a “concordo totalmente”), referentes aos motivos de adoção da TI; e mais quatro questões2 operacionalizadas em escala tipo Likert de 5 pontos, variando de “pouca intensidade” a “muita intensidade”, de modo a avaliar o impacto da TI no desempenho organizacional. As questões avaliando o impacto da TI no desempenho organizacional foram as seguintes: Em que medida o uso da tecnologia: ”...reduz os custos operacionais da minha empresa”, “...auxilia no aumento das minhas vendas”, “...aumenta a produtividade da empresa”, “...ajuda na obtenção de novos clientes para a minha empresa”.

Com relação ao desempenho organizacional percebido, quatro diferentes indicadores foram utilizados individualmente: redução de custos, aumento das vendas, aumento da produtividade e aumento de mercado. Segundo Weill e Olson (1989), existe uma variedade de medidas de desempenho; entretanto, torna-se interessante estabelecer-se um indicador global para a sua avaliação, uma vez que esta pode capturar diversos impactos dos investimentos em TI em diferentes aspectos de desempenho.

A Figura 1 apresenta o modelo de pesquisa proposto neste estudo, analisando o relacionamento existente entre o motivo da adoção da TI e o desempenho organizacional das MPE.

Figura 1. Modelo da Pesquisa

3.2. Etapa quantitativa

A caracterização da amostra do estudo de Lunardi, Dolci e Maçada (2010), considerando-se apenas as empresas informatizadas, é apresentada na Tabela 1. As empresas selecionadas foram retiradas de uma base de dados composta por mais de 500 MPE, conveniadas com o Núcleo de Extensão Empresarial da Universidade Federal do Rio Grande (FURG). O critério de seleção adotado foi a localização das empresas, restrita apenas à região central do município, mas compreendendo 76% das empresas da base de dados.

Tabela 1. Caracterização da Amostra

Característica

n

%

Cargo do Respondente

 

 

Proprietário

Sócio

Gerente

Direção

Outros

Não informou

37

22

12

24

23

4

30,3

18,0

9,8

19,7

18,9

3,3

Tipo de empresa

 

 

Comércio

Serviço

44

78

36,1

63,9

Total

122

 

Média de funcionários = 7,93
Média de computadores = 4,29

Após a coleta de dados e purificação dos questionários, procedeu-se aos procedimentos de tratamento e consolidação dos dados. Nesses processos, foi utilizado o software AMOS para a modelagem de equações estruturais. Utilizou-se ainda, o paradigma do Modelo de Segunda Ordem de Koufteros et. al. (2009), onde é proposta a construção de quatro modelos de mensuração avaliando os índices de ajustamento, dentro dos valores recomendados por Segars e Grover (1993) e Hair (2005): qui-quadrado sobre os graus de liberdade (≤ 3,00), o Normed-fit index (NFI ≥ 0,9), o Comparative fit index (CFI ≥ 0,9) e o Root Mean Square Error of Approximation (RMSEA≤0,1). O modelo selecionado é aquele que apresentar os índices de ajustamento mais adequados.

O Modelo 1 consiste em apenas um fator de primeira ordem. O Modelo 2 consiste em quatro fatores de primeira ordem sem correlação. O Modelo 3 consiste em quatro fatores de primeira ordem correlacionados. E por fim, o Modelo 4 consiste em quatro fatores de primeira ordem e um fator de segunda ordem.


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1. Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
2. Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
3. Universidade Federal do Rio Grande do Sul
4. Universidade Federal do Rio Grande do Sul


Vol. 33 (1) 2012
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