Espacios. Vol. 33 (4) 2012. Pág. 1


Metodologia para análise da competitividade de aglomerações produtivas embrionárias

Methodology for analyzing the competitiveness of productive embryonic agglomerations

Regina Negri Pagani 1, Luis Mauricio Resende 2 y Luiz Alberto Pilatti 3

Recibido: 08-09-2011 - Aprobado: 29-01-2012


Contenido

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RESUMO:
A literatura aponta várias abordagens sobre aglomerações produtivas, bem como diferentes definições e conceitos de acordo com o seu nível de desenvolvimento. A competitividade destas aglomerações tem sido uma preocupação constante, tanto por parte de instituições públicas quanto da iniciativa privada. Desta forma, pesquisadores têm buscado apresentar um modelo que avalie a competitividade destas aglomerações. O objetivo deste trabalho é apresentar um modelo para a análise da competitividade de aglomerações produtivas em estágio embrionário. Para alcançar este objetivo, foi realizada uma pesquisa exploratória, onde se buscou identificar diversos modelos propostos na literatura. Em seguida, propõe-se um modelo de análise, que foi aplicado em na aglomeração produtiva de Móveis de Metal e Sistemas de Armazenagem e Logística de Ponta Grossa, Paraná, Brasil. A análise dos resultados apresenta as características competitivas do referido setor quanto à sua competitividade.
Palabras chave: Aglomerações Produtivas de Empresas, Eficiência Coletiva, Competitividade.

 

ABSTRACT:
The literature on Productive Agglomerations presents a large number of approaches. The competitiveness of those agglomerations has been the focus of studies, as much from public as private concerning. This way, researchers have made an effort to present a model that might evaluate and measure the competitiveness of those agglomerations. The purpose of this paper is to present a model to analyze the competitiveness of embrionary agglomerations. In order to reach this purpose, an exploratory research was carried out to identify other models proposed in the literature. In the sequence, a model is proposed and applied in a productive agglomeration located in Ponta Grossa, Paraná, Brazil. The results present characteristics of the embrionary agglomeration analized.
Key-words: Productive Agglomerations of Companies, Collective Efficiency, Competitiveness.


1. Introdução

O desenvolvimento industrial a partir das aglomerações de empresas foi primeiramente discutido pelo economista inglês Alfred Marshall, no final do século XIX. Porém, foi somente por volta de 1980 que observadores perceberam um setor de pequenas e médias empresas que surgiam, sem nenhum apoio público, à sombra dos grandes distritos industriais italianos: a terceira Itália. Composto por pequenas e médias empresas dinâmicas, com especialização flexível e intensa interação entre elas, o setor apresentava índices surpreendentes de crescimento econômico na região.

Em 1990, Porter publica “A vantagem competitiva das nações” que enfatizava a importância dos clusters para a competitividade industrial, tornando-se o marco inicial de intensas discussões acadêmicas sobre aglomerações produtivas (MEYER-STAMER e HARMES-LIEDTKE, 2005).

A partir de então, as aglomerações de empresas têm sido objeto de estudo em várias partes do mundo. No Paraná, iniciou-se em 2005 um trabalho de pesquisa realizado pelo governo do Estado, que identificou no município de Ponta Grossa a existência de uma aglomeração no setor de Móveis de Metal e Sistemas de Armazenagem e Logística. O setor identificado se destaca duplamente, quer pela sua importância para a região, quer pela sua importância para o setor de atividade econômica no Estado (SEPL e IPARDES, 2006). Para dar continuidade à pesquisa da SEPL e IPARDES, foi então realizada uma pesquisa mais detalhada e aprofundada sobre a aglomeração, revelando que esta se trata de uma aglomeração em estágio embrionário de desenvolvimento.

O objetivo deste trabalho é propor uma metodologia para a avaliação da competitividade de aglomerações produtivas em estágio embrionário, bem como a aplicação na referida aglomeração.

O trabalho justifica-se pela relevância do tema, considerando o desenvolvimento econômico e social que a estratégia de agrupamentos de empresas tem proporcionado para muitas localidades.

2. Origens conceituais de aglomerações produtivas de empresas

A literatura aponta várias abordagens relacionadas às aglomerações produtivas de empresas. Essas abordagens e suas características enfáticas estão sintetizadas no Quadro 1.

Quadro 1 – Características enfáticas das abordagens de aglomerações territoriais

ABORDAGENS E PRINCIPAIS AUTORES

ÊNFASE

1. Economias Externas Marshallianas (Marshall, 1920)

Enfatiza a importância da localização geográfica; interação entre as pequenas empresas propicia que estas se apropriem de economias de escala; pequenas empresas são mais ágeis e eficientes do que grandes corporações.

2. Nova Geografia Econômica (Krugman, 1991, 1998a, 1998b)

Externalidades, forças centrípetas e centrífugas. Aglomerações são produtos de “acidentes” históricos.

3. Abordagem da economia das empresas (Porter, 1990, 1998, 1999, 2001)

Enfatiza a rivalidade como fator de competitividade, cooperação verticalizadas. 

4. Economia da Inovação (Breschi e Malerba, 1997; Lastres e Cassiolato, 2003)

Enfatiza no aprendizado interativo e na inovação.

5. Ações conjuntas e eficiência coletiva (Schmitz, 1997, 1998)

Enfatiza a eficiência coletiva, que é o produto das economias externas incidentais e ação conjunta deliberada entre os vários atores da aglomeração (cooperação horizontal e vertical).

6. Abordagem sistêmica (Ludwig von Bertalanfy apud Maximiano, 2004.)

Enfatiza a idéia de um conjunto de elementos interagentes, buscando através da sinergia a negentropia no macro-ambiente.

    Fonte: elaborado pelos autores.

Marshall (1920) foi o pioneiro a escrever sobre aglomerações de empresas e a visão de que as pequenas empresas podem ter uma função importante dentro do sistema econômico. Para ele, as pequenas empresas possuem grande flexibilidade, podendo se expandir ilimitadamente quando o trabalho para o qual se propuseram oferece um largo escopo.  As mesmas economias que beneficiavam as grandes empresas poderiam ser incorporadas pelas pequenas empresas concentradas geograficamente. Portanto, várias são as causas que levam a localização das indústrias em determinadas regiões. Essas foram por ele denominadas de “economias externas”, que explicam porque e como a localização geográfica das indústrias é importante, e porque e como pequenas empresas podem ser eficientes. Portanto, as vantagens derivadas da concentração geográfica estão associadas não apenas ao aumento de volume de produção, mas também aos ganhos de organização e desenvolvimento decorrentes da maior integração entre os agentes (MARSHALL, 1920).

A abordagem da Nova Geografia Econômica (NGE) tem sua origem na teoria clássica e destaca a importância das externalidades marshallianas, tais como mercados de trabalho especializados, fatores históricos e geográficos e a localização de indústrias de serviço (PAGANI, 2006). O principal expoente da NGE é Krugman (1991, 1998a, 1998b). Seguindo os passos de Marshall, ele resgata as principais idéias sobre o desenvolvimento econômico regional e afirma que quase todas as idéias interessantes na teoria da localização repousam implícita ou explicitamente na concepção de que há importantes economias de escala impulsionando a concentração geográfica de algumas atividades (KRUGMAN, 1998b).

A abordagem da Economia das Empresas, cujo principal expoente é Porter (1990, 1998, 1999, 2001), busca explicar as fontes de prosperidade das nações modernas na economia global. Para Porter (1998), estas fontes estão estribadas na economia das empresas, e o mapa econômico mundial é dominado por aquilo que ele chama de clusters: concentrações geográficas de empresas e instituições interligadas em uma área setorial específica, incluindo fornecedores, instituições governamentais, consultorias, agências de treinamento, associações comerciais, cujas interações são de competição e cooperação, esta última ocorrendo um nível mais verticalizado e em diferentes dimensões.  

Para Cassiolato, Lastres e Maciel (2003), inovação e conhecimento configuram-se cada vez mais como elementos centrais da dinâmica e do crescimento de organizações, de regiões e nações. A inovação e o aprendizado são fortemente influenciados por contextos econômicos, sociais e políticos específicos, e são vistos como processos dependentes de interações, que ocorrem principalmente por meio do estabelecimento de códigos comuns de comunicação e coordenação.

Outro fator que reforça a capacidade competitiva das aglomerações produtivas é a maior possibilidade de estabelecimento de ações conjuntas deliberadas entre as empresas, e entre essas e o setor público. Essa combinação de ações produz a vantagem competitiva denominada por Schmitz (1997) de eficiência coletiva. A Itália possui densas relações sociais por ter uma tradição democrática decorrente de instituições republicanas. No contexto destas relações, predominam ligações horizontais favorecendo a participação, a colaboração e o associativismo, que formaram uma base social na qual se desenvolveram os distritos industriais da Terceira Itália (ILHA, CORONEL e ALVES, 2006).

A abordagem sistêmica possui uma relação direta com as abordagens de aglomerações de empresas, dada a natureza sistêmica de tais aglomerações.            A essência do pensamento sistêmico, proposto por Ludwig von Bertalanffy, é a idéia de um conjunto de elementos interdependentes e interagentes; um grupo de unidades combinadas que formam um todo organizado para realizar objetivos comuns, cujo resultado final é obtido de forma sinérgica. O modelo sociotécnico de Tavistock (MAXIMIANO, 2004), expresso na Figura 1, resume os dois aspectos mais importantes de uma aglomeração produtiva: o técnico e o social.

Figura 1 - O aglomerado de empresas sob o enfoque sociotécnico

      

Fonte: Adaptado de Chiavenato, 2004.
Fonte: elaborada pelos autores.

3. Tipologia de aglomerações produtivas

A literatura apresenta uma variada tipologia de aglomerações produtivas de empresas. A definição para cada tipo de aglomeração tem como base as principais abordagens sobre aglomerações produtivas, ou seja, suas raízes conceituais. Portanto, ao estudar uma aglomeração, é importante analisar o seu estágio de desenvolvimento bem como o enfoque buscado na aglomeração. Assim sendo, vários elementos influenciam em uma definição.

Enrico e Grandi (2005) propõem os elementos essenciais das aglomerações produtivas, uma vez que estas são idiossincráticas em sua natureza. No Quadro 2 são apresentados os elementos podem ser adotados como chave para as definições de aglomerações produtivas.

Além de considerar os elementos essenciais, as aglomerações são também definidas segundo o seu nível de desenvolvimento. Os autores apresentam diferentes enfoques ao construírem seus conceitos, conforme Cardoso, Cardoso e Casarotto (2011). Suzigan (2003) observa o grau de importância econômica para o setor e para a região. Frigero (2006) leva em conta o grau de desenvolvimento econômico, técnico e cultural. Por sua vez, Cassiolato, Lastres e Maciel (2003) focam o grau de organização e conhecimento da aglomeração.

  Quadro 2 - Sete características essenciais na definição de aglomerações produtivas

CARACTERÍSTICAS

DESCRIÇÃO

1. Concentrações geográficas

Empresas se localizam em proximidade geográfica devido a fatores importantes, tais como economias externas de escala, bem como fatores mais amenos tais como capital social e processos de atividades.

2. Especialização

As aglomerações estão no centro de atividades principais as quais todos os agentes estão ligados

3. Agentes Múltiplos

As aglomerações e as suas iniciativas não consistem apenas em empresas, mas também envolvem autoridades públicas, instituições de ensino e de colaboração, e instituições do setor financeiro.

4. Competição e cooperação

Esta combinação caracteriza as relações entre os agentes interligados.

5. Massas críticas

É requerida para alcançar dinamismo interno.

6. O ciclo de vida de uma aglomeração

As aglomerações e suas iniciativas não são fenômenos temporários de curta duração, mas são progressivos com perspectivas de longa duração.

7. Inovação

Empresas aglomeradas são envolvidas em processo de mudanças tecnológicas, comerciais e/ou organizacionais.

8. Cultura

Elemento chave, um bem de grande valor para o desenvolvimento das dinâmicas de uma aglomeração. Fator amplamente reconhecido na literatura, porém raramente considerado ao serem elaboradas políticas publicas de apoio às aglomerações.

   Fonte: elaborado a partir de Enrico e Grandi (2005).

     Na Figura 2 são apresentadas as classificações de agrupamentos de empresas.

  Figura 2 - Tipologia das aglomerações produtivas segundo o nível de desenvolvimento

NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO

5

Meta Distritos

 

4

Cadeia "Filiera"

Núcleo de Desenvolvimento Setorial-Regional

 

3

Distritos Industriais

Vetores Avançados

Sistemas Produtivos e Inovativos Locais

2

Sistemas Produtivos Locais

Vetor Desenvolvimento Local

Sistemas Produtivos Locais

1

Agregações Produtivas Menores

Embrião

Arranjo Produtivo Local

 

Frigero (2006)

Suzigan (2003)

Cassiolato, Lastres e Maciel (2003)

    Fonte: Elaborada pelos autores.

4. Modelos de análise da competitividade de aglomerações produtivas

Para Schmitz (1997; 1998), a competitividade de um distrito industrial não se traduz somente pelas economias externas, mas também em termos de ações conjuntas e dos vínculos existentes entre estes agentes, o que o autor denomina de eficiência coletiva. Desta forma, não é feita uma análise individual das firmas, mas no seu conjunto. Este conceito busca associar a eficiência coletiva tanto aos efeitos incidentais das externalidades, como àqueles efeitos que emergem a partir da ação deliberada de cooperação entre os agentes locais.

Muller (1995) ressalta que a competitividade baseada no objetivo de conquistar, manter e ampliar a participação no mercado fundamenta-se em uma complexidade de caminhos e opções de ordem econômica, sócio-política e cultural. Isto propõe o estudo da competitividade por meio de vários caminhos possíveis.

A literatura apresenta alguns modelos para análise da competitividade das aglomerações produtivas. A seguir, são apresentados três modelos de análise de competitividade de aglomerações produtivas encontrados na literatura: o modelo de Esser e Meyer-Stamer, o de Porter, e o de Fuini. Cada modelo apresenta os fatores essenciais de competitividade, segundo a visão de cada autor.

4.1. Metodologia de Esser e Meyer-Stamer

Proposta por Esser e Meyer-Stamer (SUZIGAN, 2004), defende que a capacidade competitiva de um setor econômico poderá ser entendida se forem analisados os quatro níveis envolvidos:

  1. Nível macro: apresenta a competitividade estrutural de uma economia como um todo; corresponde ao ambiente macroeconômico, onde podem ser listados os seguintes fatores: educação, suporte à pesquisa, cooperação, legislação, infra-estrutura de transportes, energia e comunicação.
  2. Nível micro: apresenta a competitividade empresarial individual, no que tange à utilização de recursos e qualidade de bens e serviços oferecidos.
  3. Nível meso: apresenta a organização da região a aglomeração em termos governamentais, suas políticas públicas, instituições, tais como sindicatos e universidades, e o ambiente para cooperação entre as empresas.
  4. Nível meta: apresenta os valores sócio-culturais de uma região, que também influenciam a competitividade: orientação dos grupos de atores à aprendizagem e eficiência; defesa de interesses e auto-organização em condições mutáveis; capacidade social de organização e integração; capacidade dos grupos de atores de interagirem estrategicamente. A cooperação surge, então, do entrelaçar destas ações, consolidando as redes de empresas. 

O que determina a competitividade de um conjunto de empresas são as condições estabelecidas e a forma como esses níveis se relacionam, e a interação entre os níveis é que geram vantagens competitivas que criam uma base auto-sustentável de competição               (SUZIGAM, 2004).

4.2. Modelo de Porter

Para Porter (1990, 1998, 2001), são quatro as fontes de vantagens competitivas de aglomerações de empresas. Este esquema, denominado “diamante” e apresentado por Porter (1990), busca representar a interdependência entre os quatro vértices que determinam a vantagem competitiva nacional.

  1. As condições de fatores disponíveis aos produtores: inclui disponibilidade de mão de obra qualificada, especializada e experiente nas atividades inerentes ao cluster; infra-estrutura física adequada; sistema legal e um ajuste da carga tributária em decorrência de solicitações coletivas; e, ainda, instituições de ensino e pesquisa a que recorrem as empresas.
  2. As condições de demanda: a presença de uma base de clientes locais sofisticados e contestadores, cujas necessidades antecipam a procura externa, e pressionam as empresas a melhorarem constantemente suas vantagens competitivas através de produtos inovadores, com crescente aumento de qualidade.
  3. Contexto para estratégia e rivalidade da empresa: uma característica compartilhada pelas economias competitivas consiste na forte concorrência entre as empresas.  A competição pode coexistir junto à cooperação, uma vez que estas ocorrem em dimensões diferentes e entre diferentes agentes, porém em sua maior parte vertical, envolvendo companhias e indústrias correlatas e instituições locais.
  4. Existência de setores correlatos e de apoio: constituem-se em uma das externalidades mais importantes verificadas nas aglomerações produtivas.                

A visão de Porter (1990) quanto à constituição e elaboração de políticas de apoio, é que o setor privado deve ter o papel de líder na constituição do cluster. Ao governo, cabe o papel de formular políticas que possam induzir o desenvolvimento dos clusters existentes. O autor é contrário a políticas tradicionais, como as que concedem subsídios e proteção contra a concorrência externa. Isto se deve ao fato de que as preocupações do autor estão concentradas nas vantagens competitivas das nações em uma economia globalizada.  Para ele, o fenômeno dos clusters é de difícil entendimento fora do contexto de uma teoria mais ampla da concorrência e da influência da localização na economia global.

4.3. Modelo de Fuini

Para Matesco e Hasenclever (2000), os principais eixos da competitividade e da estratégia empresarial são: estratégias de exportação; acesso a novas tecnologias e difusão de inovações; parcerias e cooperação externa; qualificação da mão de obra; qualidade da administração e gestão. Considerando estes eixos, Fuini (2006) propõe dez fatores básicos determinantes da competitividade, oriundos das análises da economia industrial, acrescendo a estes elementos de ordem política, social e cultural. São eles:

  1. Produtividade: elemento básico de competitividade, calculado pela razão produto/unidade de trabalho/tempo, ou pela divisão do valor adicionado e agregado de uma determinada atividade pelo número de empregados na mesma, considerando-se o uso de maquinários modernos e as habilidades da mão de obra.
  2. Inovação: investimentos em: equipamentos tecnológicos; métodos e procedimentos gerenciais, administrativos e produtivos; no acabamento e diversidade do produto, e a disponibilidade de centros de pesquisa e de controle de qualidade local.
  3. Estratégias comerciais e condições de demanda (comércio interno e externo): formas pelas quais os produtores divulgam seu produto e realizam as vendas.
  4. Redes de serviços e indústrias correlatas e de apoio.
  5. Infra-estrutura logística: estradas e portos, bem como rede informacionais, que permitem agregar valor ao produto na cadeia via intercambio de conhecimento e informações, e agilizar a escoação da produção.
  6. Mercado de trabalho local: centros educacionais e de treinamento visando à qualificação e especialização da mão de obra.
  7. Agências de financiamento e crédito (subsistema financeiro).
  8. Cooperação entre atores: identificação do tipo de relação estabelecida entre as empresas locais e destas com as entidades representativas, instituições locais e o poder público, avaliando-se o objetivo de tais parcerias, os benefícios obtidos com as mesmas e as razões da possível precariedade de tais laços.
  9. Governança da aglomeração: é a estrutura organizacional do aglomerado produtivo, a qual define as principais estratégias coletivas do arranjo e a forma como estas serão implementadas. 
  10. Recursos naturais: atributos geográficos que propiciem o desenvolvimento de uma atividade específica como, por exemplo, argila de boa qualidade para indústrias cerâmicas.

Para Fuini (2006), estes são elementos básicos direcionadores da competitividade. Mas, certamente, dependendo da atividade básica principal, nem todos serão relevantes. Por exemplo, no caso específico do setor de Móveis de Metal e Sistemas de Armazenagem e Logística, o último fator – recursos naturais – não é relevante para a competitividade, uma vez que não são utilizados recursos naturais no processo de produção, exceto a água. Mas este recurso não é utilizado em quantidade crítica no setor objeto de estudo, em função das peculiaridades de suas atividades.

Como se pode perceber, os modelos de avaliação encontrados na literatura são bastante genéricos, não levando em conta o seu nível de desenvolvimento, e fatores peculiares ao tipo específico de atividade de uma aglomeração. A consideração a respeito do nível é fundamental, já que a competitividade de uma aglomeração embrionária difere da competitividade de uma aglomeração em nível avançado de desenvolvimento, e poderá também apontar quais fatores devem ser objeto de cuidado e atenção, visando elevar o nível da aglomeração, de embrionária a uma aglomeração em nível avançado de desenvolvimento. Os fatores peculiares também devem ser atentamente mapeados, para que sejam adequadamente avaliados.

5. Metodologia da pesquisa

Foi realizada uma pesquisa exploratória e descritiva. Para Thiollent (1980, p.48), a pesquisa exploratória “consiste em descobrir o campo de pesquisa [...] e estabelecer um primeiro diagnóstico da situação, dos problemas prioritários [...].” Desta forma, conduziu-se uma exaustiva pesquisa bibliográfica, elaborada a partir de estudos já publicados (GIL, 1999). A pesquisa descritiva deu-se por meio da coleta de dados primários em campo, e em seguida foram descritas as características da amostra (GIL, 1999).

Do ponto de vista da sua natureza, trata-se de pesquisa aplicada, pois objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática dirigida à solução de problemas específicos, envolvendo verdades e interesses locais (SILVA e MENEZES, 2001).

O método do procedimento aplicado foi o estudo de caso (YIN, 2001), realizando-se uma análise aprofundada de um único elemento, no caso o setor de Móveis de Metal e Sistemas de Armazenagem e Logística de Ponta Grossa, composto por 17 empresas. 

A amostra utilizada foi a não probabilística por acessibilidade, realizada junto a quinze das dezessete empresas do setor objeto de estudo. A coleta de dados foi realizada in loco, onde foram entrevistados proprietários e sócios-gerentes. O instrumento utilizado na coleta de dados foi um formulário, composto de perguntas estruturadas e não estruturadas (LAKATOS e MARCONI, 2001). A tabulação dos dados deu-se por meio de recursos matemáticos simples, utilizando-se percentuais para a apresentação dos resultados.

A seguir são apresentados e descritos os fatores de competitividade. Em seguida, é apresentada a metodologia do modelo de avaliação.

6. Modelo para avaliação da competitividade de uma aglomeração embrionária: o setor de móveis de metal e sistemas de armazenagem e logística de Ponta Grossa

Antes de apresentar o modelo para avaliação, cabe apresentar o caso da aglomeração objeto de estudo deste trabalho. A primeira empresa da aglomeração iniciou suas atividades em 1973, e em 1974 já produzia prateleiras montadas com parafusos, para fins de armazenagem. Em 1975 a empresa iniciou a produção de prateleiras para armazenagem que utilizava o sistema de encaixes para sua montagem, dispensando o uso de parafusos. Esse fato deu grande impulso ao processo produtivo e de comercialização. Em 1990, com a divisão da sociedade, tem-se o inicio das duas atividades principais do setor: a produção de Móveis de Metal e Sistemas de Armazenagem e Logística.

Na década de 1990 foram abertas nove novas empresas no setor, em decorrência do desligamento de colaboradores das duas empresas principais. Esses fundaram então suas próprias empresas. Atualmente a aglomeração produtiva do Setor de Móveis de Metal e Sistemas de Armazenagem e Logística de Ponta Grossa, PR, é composta por dezessete empresas. Destas, quinze foram pesquisadas. Dentre as empresas pesquisadas, dez são empresas de pequeno porte, e cinco são empresas de médio porte. Essa aglomeração foi detectada em uma investigação realizada pela SEPL e IPARDES, que realizou uma pesquisa de campo em todo o Estado do Paraná, visando identificar as aglomerações produtivas existentes em todo o Estado, buscando com isso formas de fomentar o desenvolvimento econômico. Com o objetivo de analisar mais detalhadamente a aglomeração, foi realizada uma pesquisa (PAGANI, 2006), e o presente trabalho apresenta parte dos resultados coletados nessa pesquisa. 

6.1. Os fatores de competitividade selecionados para o modelo

Fundamentando-se nos modelos de competitividade apresentados, propõe-se a seguir um modelo de avaliação de competitividade de aglomerações em estágio embrionário, que será utilizado para avaliação da aglomeração produtiva objeto de estudo. Neste modelo, são propostos oito fatores considerados essenciais para a competitividade de um aglomerado em fase embrionária. Os fatores, e suas justificativas, conforme identificados na literatura, são:

  1. Capital Humano (gestão profissionalizada e mão de obra capacitada): as empresas precisam, independentemente de estarem vinculadas a uma aglomeração ou não, buscar maneiras de profissionalizar a gestão, pois uma das principais causas da mortalidade das pequenas e médias empresas é a falta de conhecimentos gerenciais, que pode ocasionar dificuldades de gestão, baixa qualidade nos processos e produtos.
  2. Governança: viabiliza e articula as ações da aglomeração de forma unificada e coesa, além de ser um dos aspectos mais relevantes em um APL (FIRJAN, 2004; CAVALCANTE, 2004; PAGANI et al., 2005). Para Suzigan (2004), a constituição de uma governança não é fator obrigatório, porém contribui para que as ações conjuntas sejam articuladas de forma mais definida e coesa.  Garcia et al. (2004) conclui que governança local leva a uma maior cooperação produtores e incrementa a competitividade do sistema.
  3. Infra-estrutura logística: vias terrestres (rodovias, ferrovias), fluviais e/ou marítimas são as responsáveis pelo escoamento da produção. Quanto mais estratégica for a localização da aglomeração em relação e estes fatores, menos custos com logística terá, aumentando a competitividade da aglomeração (FUINI, 2006).
  4. Eficiência coletiva: alcançada por meio da combinação das economias externas locais espontâneas e das ações conjuntas deliberadas das empresas e do setor público (cooperação vertical e horizontal) (SCHMITZ, 1997). Incluem-se neste fator todas as ações que possam ser realizada de forma cooperativa e compartilhada, tais como compra de insumos e matéria-prima; ações de marketing e vendas, entre outras.
  5. Inovação Tecnológica: a inovação tecnológica, seja de processo ou de produto, é essencial para o aumento da competitividade de uma empresa, uma vez que possibilita o aumento de retornos econômicos (CASSIOLATO, LATRES e MACIEL, 2003). Ela é uma das conseqüências da eficiência coletiva.
  6. Qualidade: a globalização abriu as portas dos mercados internacionais, e torna-se impossível a inserção nestes mercados sem a adequação dos produtos às normas internacionais de qualidade. O mercado interno, em função da diversidade de marcas, vai se tornando cada vez mais exigente e infiel (MAXIMIANO, 2004; SEBRAE, 2005; PAGANI, 2006).
  7. Produtividade: é o objetivo maior tanto das empresas individuais quanto deve ser o da aglomeração produtiva (FUINI, 2006). Em termos de nível de importância, este fator em primeiro lugar; porém, este fator será alcançado quando os anteriores tiverem sido atingidos.
  8. Políticas de apoio adequadas: Embora alguns autores não sejam partidários de políticas governamentais tradicionais de apoio, como protecionismo, (PORTER, 1990; SCHMITZ, 1997), estes concordam cabe ao governo o papel de formular políticas que possam induzir o desenvolvimento dos clusters existentes. As políticas cooperam com a produtividade da aglomeração. Portanto, eles deveriam figurar previamente à produtividade nesta relação de fatores. No entanto, deve-se considerar que nem sempre será possível a criação de políticas públicas de apoio; e nem sempre as políticas criadas serão totalmente efetivas.

6.2. Metodologia do modelo para avaliação de aglomerações embrionárias

O Modelo para avaliação da competitividade de uma aglomeração embrionária foi elaborado tendo por base os fatores de competitividade apontados na literatura. Os fatores de competitividade apontados nos modelos de Esser e Meyer-Stamer, de Porter, e de Fuini investigados na pesquisa de campo foram elencados, em um total de oito fatores.  Em seguida, foram levantadas as características correspondentes a cada fator nos dados coletados na pesquisa de campo, e identificados os percentuais de competitividade da aglomeração referente a cada característica, conforme dados da pesquisa..  Os fatores que apresentavam mais de uma característica tiveram os valores correspondentes a cada característica somados e divididos pelo número de características, de forma a obter-se a média ponderada de competitividade para cada fator, conforme fórmula de cálculo da Figura 3. Vale ressaltar que o resultado do cálculo da média ponderadada Figura 3 está apresentado na Figura 4.

Figura 3 – Média ponderada de competitividade dos fatores.

Em seguida, foram estabelecidos os critérios da metodologia do modelo de avaliação, a qual apresenta quatro níveis, segundo o desenvolvimento e evolução apresentados pelos fatores (Figura 5). Aos níveis foram atribuídos percentuais bem como situação de competitividade, conforme Tabela 1.

Tabela 1 - Critérios do modelo para avaliação da competitividade de aglomerações produtivas embrionárias.

NÍVEIS

PERCENTUAL
ATRIBÚÍDO

SITUAÇÃO DE COMPETITIVIDADE

1

0%   a  25%

Desfavorável

2

26%  a  50%

Incipiente

3

51%  a  75%

Em fase de aprimoramento

4

76%   a  100%

Favorável

  Fonte: Elaborada pelos autores.

O resultado final dos fatores é apresentado na Figura 5, onde constan suas características e a média de competividade da aglomeração.

A seguir, á apresentada a aplicação do modelo proposto.

6.3. Aplicação do modelo: o setor de móveis de metal e sistemas de armazenagem e logística de ponta grossa

Os fatores de análise de competitividade e suas características, estabelecidos de acordo com a literatura, foram elencados na Figura 4. Na Figura 5 foram descritas as situações de competitividade para cada nível, para cada um dos oitos fatores, individualmente, e foram marcados os níveis de competitividade de cada fator, preenchendo-se o espaço com a cor cinza.  

Para o cálculo de cada competitividade geral, na Figura 5, foi encontrada a frequencia absoluta de cada nível (somadas as incidências de cada nível), e depois a freqüência relativa (frequencia absoluta dividida por oito e multiplicada por 100).

     Figura 4 – Fatores de análise da competitividade e características evidenciadas na aglomeração produtiva objeto de estudo

  Fonte: dados da pesquisa de campo.

   Figura 5 - Aplicação do modelo para avaliação de competitividade da aglomeração produtiva embrionária

FATORES DE COMPETI TIVIDADE

INEXISTENTE (DESFAVORÁ VEL)
1

INCIPIENTE
2

EM FASE DE APRIMORAMENTO
3

FAVORAVEL
4

1. Capital Humano

Gestão familiar em todas as empresas; não existe treinamento da mão de obra.

Gestão familiar na maioria das empresas; a minoria das empresas possui gestão profissionalizada; treinamento da mão de obra na maioria das empresas ocorre em serviço; a minoria das empresas oferece cursos profissionalizantes.

Gestão profissionalizada na maioria das empresas; treinamento profissionalizante da mão de obra.

Gestão profissionalizada em todas as empresas; treinamento profissionalizante constante da mão de obra em todas as empresas.

2. Governança

Inexistente, ou sem representatividade; sem liderança informal constituída.

Liderança informal constituída, porém sem uma representatividade jurídica.

Liderança formal constituída, representada por uma pessoa jurídica.

Liderança formal constituída e estruturada, que viabiliza e articula as ações da aglomeração de forma unificada e coesa, sendo um dos aspectos mais relevantes em uma aglomeração.

3. Infraestrutura logística

Não possui infraestrutura adequada (rodovias, ferrovias, vias de acesso).

Possui apenas parte da infraestrutura, porém inadequada e insuficiente às necessidades da aglomeração.

Possui boa parte da infraestrutura adequada às necessidades.

Vias terrestres (rodovias, ferrovias, vias de acesso), fluviais e/ou marítimas são as responsáveis pelo escoamento da produção. Quanto mais estratégica for a localização da aglomeração em relação e estes fatores, menos custos com logística terá, aumentando a competitividade da aglomeração.

4. Eficiência coletiva

Inexistência de cooperação vertical e horizontal; inexistência de ações coletivas; existência, porém não atuantes de forma direcionada, de instituições de apoio.

Cooperação horizontal e vertical incipiente entre empresas e fornecedores; ações coletivas, porém não muito articuladas e sem representatividade; presença de instituições de apoio, sem foco de atuação.

Cooperação horizontal entre a maioria das empresas; cooperação vertical da maioria das empresas com a maior dos fornecedores; troca da maioria das informações entre as empresas; parte dos treinamentos e realizados de maneira conjunta; presença atuante das instituições de apoio.

Cooperação horizontal (entre as empresas competidoras); Cooperação vertical (entre as empresas e fornecedores); Troca de informações; Ações coletivas (provisão de serviços por associações comerciais; viagens em grupo, stands conjuntos em feiras de negócios; compras conjuntas, vendas conjuntas; consórcio de exportação; instituições de apoio provendo treinamento para os empregados das empresas etc.)

5. Inovação Tecnológica

Inexistência de processos de aprendizado entre as empresas da aglomeração produtiva; os produtos são copiados de outras empresas fora da aglomeração.

Existência de processos tímidos de aprendizado entre as empresas da aglomeração produtiva, resultando em baixo dinamismo da região. A maioria dos produtos é copiada de outras empresas fora da aglomeração.

Apresenta uma estrutura com alta flexibilidade das empresas quanto à incorporação de novos conhecimentos, apresentando um caráter mais dinâmico, e as empresas são capazes de se adaptar às exigências da demanda.

Inovação tecnológica, de processo e/ou de produto, possibilitando o aumento de retornos econômicos; a elevada flexibilidade das estruturas organizacionais é combinada com um extenso processo de aprendizado interativo e de acumulação de habilidades entre os produtores.

6. Qualidade dos produtos

Não existe inspeção da qualidade dos produtos.

Na maioria das empresas, a inspeção da qualidade é feita pela própria empresa, sem a certificação segundo as normas internacionais.

A maioria dos produtos é adequada às normas internacionais de qualidade.

 

Todos os produtos são adequados às normas internacionais de qualidade.

7. Produtividade

Equipamentos obsoletos; mão de obra sem qualificação profissional.

Alto índice de produtos não conformes em algumas empresas. Utilização inadequada da capacidade instalada.

Alguns equipamentos são modernos, e a mão de obra é semi qualificada, porém com alto índice de produtos não conformes em algumas empresas. Capacidade instalada não é totalmente utilizada.

Alguns equipamentos são modernos, e a mão de obra parcialmente profissionalizada. Índice médio de produtos não conformes em algumas empresas. Boa utilização da capacidade instalada.

Uso de maquinários modernos e a mão de obra habilitada e profissionalizada. Baixo índice de produtos não conformes, com utilização da capacidade total instalada.

8. Políticas de apoio adequadas

Inexistência de políticas públicas adequadas para o setor.

O governo formula políticas que induzem ao desenvolvimento da aglomeração. A minoria das empresas está habilitada a se apropriarem de tais políticas publicas.

O governo formula as políticas que induzem ao desenvolvimento da aglomeração. Nem todas as empresas estão habilitadas a se apropriarem de tais políticas publicas.

O governo formula as políticas que induzem ao desenvolvimento da aglomeração. As empresas estão habilitadas a se apropriarem de tais políticas publicas. As políticas formuladas cooperam com a produtividade da aglomeração.

Total   (%)

50%

12,5%

12,5%

25%

Fonte: Elaborado pelos autores.

Analisando-se os resultados encontrados através do modelo, verifica-se que o fator de competitividade Capital Humano encontra-se no Nível 1, apresentando um nível desfavorável de competitividade, pois a predomina a gestão familiar nas empresas da aglomeração.  Verificou-se também que não existe treinamento da mão de obra na maioria das empresas; o treinamento é realizado em serviço, configurando-se em learning-by-doing, ou seja, os colaboradores aprendem fazendo, o que pode acarretar em produtos não conformes, retrabalho, baixa produtividade e desperdício de recursos. 

Com relação ao fator Governança, verificou-se que a aglomeração ainda não apresenta uma liderança mesmo que informal, ficando com 0% de competitividade, portanto Nível 1. Como visto na literatura (SUZIGAN, 2004), a constituição de uma governança não é fator obrigatório, porém contribui para que as ações conjuntas sejam articuladas de forma mais definida e coesa, incrementando a competitividade da aglomeração (FIRJAN, 2004; CAVALCANTE, 2004; GARCIA et al., 2004).

O fator Infraestrutura Logística se apresenta de forma satisfatória, em Nível 4 de competitividade, pois a aglomeração encontra-se em uma região geográfica estratégica, próxima ao porto de Paranaguá e aos principais mercados consumidores.  Além disso, o entroncamento rodo ferroviário facilita o escoamento da produção para os principais mercados consumidores.

A Eficiência Coletiva presente na aglomeração apresenta um nível incipiente de competitividade, ficando em Nível 2, o que reprime a disseminação do conhecimento e da inovação tecnológica na aglomeração como um todo. Para Schmitz (1997; 1998), a competitividade de um distrito industrial traduz também em termos de ações conjuntas e dos vínculos existentes entre os agentes presentes em uma aglomeração – concorrentes, fornecedores, instituições locais etc.

Quanto à Inovação Tecnológica, verificou-se a inexistência de processos de aprendizagem entre as empresas da aglomeração, e a inovação ocorre por meio de cópias de produtos fabricados por outras empresas fora da aglomeração. A aglomeração se encontra em Nível 1, com competitividade desfavorável. Cassiolato, Lastres e Maciel (2003) declaram que este fator é essencial para o aumento da competitividade de uma empresa, uma vez que possibilita o aumento de retornos econômicos.

Com relação ao fator Qualidade dos Produtos, constatou-se que a inspeção da qualidade dos produtos é realizada de maneira informal na maioria das empresas, sem levar em conta os controles mais formais e adequação às normas de qualidade internacional.

Quanto ao fator Produtividade, que inclui o aproveitamento da capacidade instalada e bons índices de produtos conformes, a aglomeração apresenta um índice bastante razoável, a despeito de outros pontos negativos, como a falta de treinamento e falta de políticas adequadas para o controle da qualidade dos produtos. Verificou-se uma média de 70,47% de competitividade, colocando a aglomeração em Nivel 3. Isto se deve ao fato de que 80% das empresas declararam ter bons índices de produtos conformes, embora apenas 13,33% das empresas aproveita totalmente a capacidade instalada. Este índice se fato de os gestores abriram as empresas com um bom nível de conhecimento sobre o processo produtivo, e fabricam basicamente os mesmos produtos, sem grandes inovações nos modelos. 

O fator Políticas de Apoio também apresenta um nível favorável de competitividade, com 87% em seu índice. O governo tem oferecido políticas públicas adequadas, por meio da Rede APL Paraná, que trabalha ativamente em prol das aglomerações detectadas. Além disso, também são oferecidos recursos por meio das agencias de fomento e financiamento, como o FINEP. O que ocorre é que muitas empresas não dispõem de condições burocráticas para aproveitar os benefícios oferecidos pelo governo, pois muitas ainda precisam regularizar sua situação em termos de documentação da empresa. Não basta as políticas estarem disponíveis; é necessário que as empresas se preparem para poder melhor aproveitá-las.

De uma forma geral, considerando-se os oito fatores de competitividade e os quatro índices referentes a cada fator, a aglomeração produtiva do Setor de Móveis de Metal e Sistemas de Armazenagem e Logística de Ponta Grossa, PR, encontra-se com 50% de sua competitividade de forma desfavorável, ou seja, no Nivel 1 de competitividade.  Os fatores que puxam para baixo esse baixo índice são: Capital Humano, Governança, Inovação Tecnológica e Qualidade dos Produtos. A Eficiência Coletiva encontra-se em Nivel 2 de competitividade, portanto incipiente. A Produtividade encontra-se em fase de aprimoramento, portanto em Nível 3. Por outro lado, 25% da competitividade favorável, em Nível 4, deve-se à Infraestrutura Logística e Políticas de Apoio, fatores exógenos a aglomeração.

7. Considerações finais

Existem alguns modelos propostos na literatura para avaliar a competitividade de aglomerações produtivas, conforme citados no item 4 deste trabalho, mas nenhum deles atribui valores percentuais aos indicadores.

O modelo proposto neste artigo buscou atender aos aspectos considerados essenciais ao crescimento e desenvolvimento de uma aglomeração produtiva em estágio embrionário. Aglomerações em estágios mais avançados de desenvolvimento devem levar em conta outros tipos de fatores, como o índice de exportação, por exemplo - o que não significa que as exportações não possam ocorrer em aglomerações embrionárias. Mas acredita-se que as aglomerações neste estágio de desenvolvimento precisam ainda superar outras dificuldades, como as questões relacionadas à eficiência coletiva, a penetração no mercado interno, qualidade dos produtos, para então buscar outros patamares de mercado. Sendo assim, acredita-se que a busca pelo mercado externo deve ocorrer quando a aglomeração estiver fortalecida e amadurecida em termos de articulação das ações através da cooperação entre os atores. Se as exportações forem buscadas de forma conjunta sem estes requisitos, corre-se o risco de não serem bem sucedidas, acarretando prejuízos para todas as empresas, enfraquecendo as relações entre elas.

Optou-se, também, por um modelo simplificado de avaliação, que pode ser facilmente realizada em qualquer aglomeração embrionária, o que facilita sobremaneira a visualização e definição de objetivos futuros para a aglomeração, ajudando-a inclusive a melhor estruturar-se no sentido de buscar o desenvolvimento dos fatores que ainda se encontram em uma situação desfavorável.

Este modelo pode ser perfeitamente adaptado para aplicar-se uma avaliação em aglomerações em outros estágios de desenvolvimento, considerando-se para isso outros fatores de competitividade pertinentes ao porte e ramo de atividade da aglomeração.  

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1 Faculdade Educacional de Ponta Grossa – Faculdade União / Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Ponta Grossa. Ponta Grossa, Paraná, Brasil. E-mail: reginapagani2011@gmail.com
2 Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Ponta Grossa. Ponta Grossa, Paraná, Brasil.: lmresende@utfpr.edu.br.
3. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Ponta Grossa. Ponta Grossa, Paraná, Brasil.: luiz.pilatti@terra.com.br


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