Espacios. Vol. 33 (7) 2012. Pág. 7


Desigualdade do Consumo Alimentar entre Países: Mensuração do Impacto da Renda sobre a Segurança Alimentar e Nutricional

Food Consumption Inequality Between Countries: Measurement of the Income Impact on Food and Nutrition Security

Leidy Diana de Souza de Oliveira 1, Dario de Oliveira Lima-Filho 2, Mayra Batista Biterncourt 3, Filipe Quevedo Pires de Oliveira e Silva 4 y Lilliane Renata Defante 5

Recibido: 06-12-2011 - Aprobado: 13-03-2012


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RESUMO:
Este artigo tem como objetivo geral analisar o impacto da renda dos países sobre os índices nutricionais (consumo diário de calorias, desnutrição, obesidade e profundidade da fome). O trabalho consiste na análise quantitativa de dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) sobre o consumo energético, índices de nutrição e profundidade da fome. A técnica de análise de dados utilizada foram regressões lineares e análise de variância. Os resultados demonstram que a profundidade da fome e a desnutrição são inversamente proporcionais à renda do país. Por outro lado, o consumo de alimentos e a obesidade aumentam de acordo com a elevação da renda do país. Desta maneira, a política alimentar no mundo deve focalizar os aspectos distributivos da renda, de maneira a melhorar o acesso a alimentos da população de baixa renda a alimentos saudáveis, em quantidade suficiente e com regularidade.
PALAVRAS-CHAVE: Fome; Países Desenvolvidos; Países em Desenvolvimento; Desnutrição; Obesidade

 

ABSTRACT:
This paper aims to analyze the impact of country income level on nutritional index (dietary energy consumption, undernourishment, obesity and depth of hunger). The work consists in quantitative data analysis of the United Nations Food and Agriculture Organization (FAO) on dietary energy consumption, levels of nutrition and depth of hunger. The technique of data analysis was linear regression and variance analysis. The results show that depth of hunger and malnutrition are inversely proportional to country's income. Moreover, food consumption and obesity increase according to increase of the country's income. Thus, food policy in the world should focus on income distributional aspects, in order to improve access of poor people to healthy food in sufficient quantity and regularly.
KEYWORDS: Food and Nutritional Security; Developed Countries; Developing Countries; Undernourishment; Obesity.
JEL Classification: D12


1. Introdução

Quando se compara a produção mundial de grãos básicos à necessidade de consumo de calorias e proteínas da população mundial, verifica-se que o total de nutrientes disponíveis em uma base diária per capita é significativamente maior do que a quantidade necessária para garantir a segurança alimentar da população. Porém, milhões de pessoas no mundo têm diminuído a quantidade e a qualidade dos alimentos que consumem devido às condições econômicas e, por isso, têm seu crescimento e atividade física limitados ou até mesmo morrem de doenças relacionadas à fome (FAO, 2002)

A justaposição da produção global de alimentos com a fome levanta questões intrigantes: por que os mecanismos das sociedades para distribuir alimentos de forma mais equitativa não funcionam? Por que a política de segurança alimentar é mais complicada do que a realização de um conjunto de acordos internacionais para transportar alimentos de países com excedente para países deficitários? Por que os programas nacionais para distribuição de alimentos para os necessitados têm tido pouco alcance?

Segundo Timmer, Falcon e Pearson (1983), responder a estas perguntas requer uma compreensão da natureza e as causas da fome. Tal entendimento revela dois problemas distintos, mas interligados. Um envolve os mercados globais de grãos, o comércio internacional e a formação de preços. O segundo problema está no nível humano, devido ao conhecimento insuficiente do comportamento humano. O mercado global e o comportamento humano podem parecer apenas vagamente relacionados, mas as conexões ditam a natureza das intervenções necessárias na política nacional de alimentos.

O impacto das mudanças na produção e comercialização sobre os preços dos alimentos (e sobre o consumo de vários grupos da população) pode ser analisado com confiabilidade somente se os parâmetros empíricos do consumo de alimentos da sociedade estiverem disponíveis. Tais parâmetros são necessários em nível macro para relacionar o consumo de alimentos aos níveis de produção, às importações e às exportações de alimentos, pois sofrem variações conforme os hábitos e preferências do consumidor, que por sua vez estão relacionados tanto ao indivíduo quanto ao contexto social, cultural e econômico em que este está inserido (Kotler, Keller, 2006; Timmer et. al. 2000).

Segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação [FAO] (2008), 923 milhões de pessoas se encontravam em estado de desnutrição em 2008. A desnutrição, a perda de peso excessiva, o baixo peso ao nascer devido ao baixo crescimento intra-uterino, a subamamentação (não-exclusiva por seis meses e/ou interrompida antes de um a dois anos) e deficiências de vitamina A, zinco e chumbo de ferro causam a morte de 3,6 milhões de crianças menores de cinco anos de idade a cada ano. Além disso, essas formas de desnutrição representam 35% de todas as mortes pré-escolares e 11% da carga global de doenças (Black et al., 2008). Assim, a desnutrição causa mortes prematuras ou faz com que os adultos não atinjam pleno potencial.

Por outro lado, durante o último século, à medida que a produção de alimentos tornou-se mais eficiente, em conjunto com a evolução da economia, as condições favoráveis à ocorrência de desnutrição foram gradativamente substituídas por um cenário propício à epidemia de obesidade e doenças crônicas relacionadas ao consumo excessivo de alimentos (Popkin, 2004; Batista-Filho, Rissin, 2003; Monteiro et al. 2000).

A Organização Mundial da Saúde [OMS] (2009) aponta a obesidade como uma das dez maiores ameaças à saúde da população mundial, por potencializar o surgimento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis [DCNT]. A quantidade de pessoas com sobrepeso ou obesas já é maior do que a de subnutridas. No ano 2000, somaram-se mais de um bilhão de adultos com excesso de peso no mundo. Desse grupo, pelo menos 300 milhões são obesos, número significativamente maior do que o contabilizado em 1995, que foi de 200 milhões.  A doença já até ganhou status de epidemia. A estimativa é que em 2030 o índice aumente em 70% nos Estados Unidos, 50% na Inglaterra e 30% no Brasil. Existem 17,6 milhões de crianças obesas no mundo inteiro com idade inferior a cinco anos. No Brasil, a proporção de pessoas com sobrepeso, em relação à população total, é de 47,4% dos homens e 53,5% das mulheres, o percentual de obesos é de 8,7% dos homens e 18,3% das mulheres. O número de mortes por DCNT tem aumentado (Cattai et. al. 2005).

Desta maneira, a questão nutricional possui dois focos fundamentais que se contrapoem e fazem do consumo de alimentos da população mundial um comportamento paradoxal: por um lado encontra-se a ingestão excessiva de alimentos por grande parte da população mundial; por outro, milhões de pessoas, em todo o mundo, não possuem acesso a quantidade e qualidade suficientes de alimento que supram suas necessidades básicas de energia de maneira saudável.

O consumo de alimentos está diretamente ligado à exposição da população às doenças e, por isso, deve ser considerado aspecto prioritário na formulação de políticas públicas de saúde (Black et. al. 2008). Além disso, os padrões de consumo, em uma perspectiva macroeconômica, impactam os sistemas de comercialização e os preços mundiais dos alimentos (FAO, 2008).

Segundo o CONSEA (2007), a segurança alimentar e nutricional [SAN] é determinada, fundamentalmente, pela renda econômica disponível no domicílio, a qual depende do nível de desenvolvimento econômico do país e/ou região e da distribuição da renda no país. A disponibilidade de alimentos (nas esferas internacionais, nacionais, regionais e locais) é um outro fator importante para a determinação da SAN. Entretanto, tais interações não são simples e nem sempre diretas. Deve-se considerar que uma família em segurança alimentar não está, necessariamente, em segurança nutricional.

A mesma alteração na distribuição de renda atual ou permanente pode ter um impacto diferente sobre a distribuição de bem-estar, dependendo da estrutura de crédito e de seguros à disposição dos agentes para suavizar as flutuações na renda. Por esta razão, é importante que indicadores de bem-estar e distribuição de consumo sejam estudados concomitantemente com o fator renda, de maneira a prever seus efeitos sobre a população, como sugerem Krueger e Perri (2006) e Attanasio e Steven (1996).

Estudos anteriores mostraram que a renda é um fator determinante do consumo em geral (Borooah, 1988; Meyer, Sullivan, 2009) e, especificamente, do consumo de alimentos (Mishra et. al.2002; Smith, Baghurst, 1993; Worsley et. al. 2003; Leibtag, Kaufman, 2003). Porém, estudos quantitativos que investigam especificamente o impacto da renda no comportamento de consumo têm sido realizados em nível intra-país. Ao discutir a segurança alimentar em nível inter-países, os estudos disponíveis (FAO, 2009; 2008; 2006; 2003; Rosen, Shapouri, 2001; Maluf, Menezes, 2000) não costumam isolar a variável renda de outros fatores, como geográficos, tecnológicos e de produção.

De acordo com Maluf e Menezes (2000), é concernente presumir que o aumento do rendimento médio dos países mais pobres impacte os níveis de segurança alimentar. A insegurança alimentar e a fome constituem uma dimensão da pobreza e da desigualdade social. Assim, o consumo alimentar é constituído como indicador importante para a caracterização da pobreza. Todavia, Lima-Filho e Oliveira (2009) afirmam que estudos que quantifiquem o impacto real da variável renda sobre os índices alimentares dos países ainda são escassos.

Para Regmi e Gehlhar (2005), embora o consumo de alimentos esteja aumentando globalmente, os padrões de consumo variam entre os países, com base nos níveis de renda. Segundo Cohn (2000), as políticas sociais, por si só, não são suficientes para reverter os altos índices de pobreza e desigualdade social; é necessária uma nova articulação entre política econômica e política social. Compreender o contexto sócio-político e a dinâmica econômica de uma sociedade é fundamental para a compreensão do fenômeno de SAN (Pingali et. al. 2005). Como destacam Mackereth e Milner (2007), comunidades apresentam características dististas e qualquer programa de promoção de saúde deve ser feito observando essas diferenças.

Escapar da fome não é resultado de decisões privadas em resposta às forças do livre mercado. A melhoria da segurança alimentar decorre diretamente de um conjunto de políticas governamentais que integra a economia alimentar a uma estratégia de desenvolvimento que visa o rápido crescimento econômico com melhoria da distribuição de renda. Para Timmer, Falcon e Pearson (1983), a SAN deve ser tratada no nível “macro”. Nesse nível, a política econômica tem a oportunidade de criar condições para que os agregados familiares, no nível “micro”, possam ganhar acesso aos alimentos através das interações com mercados e recursos locais.

No nível micro, os parâmetros de consumo são usados para determinar as implicações dos preços e da renda sobre o estado nutricional, especialmente entre os pobres. São também necessários para a concepção ou melhoramento de programas governamentais que atuam sobre a população, pois após identificados os grupos vulneráveis à insegurança alimentar e nutricional, políticas públicas podem ser desenvolvidas para cada grupo, de acordo com a necessidades específicas identificadas.

Desta maneira, o objetivo geral deste estudo é analisar o impacto da renda dos países sobre os índices nutricionais (consumo diário de calorias, desnutrição, obesidade e profundidade da fome). Especificamente, pretende-se: i) identificar e comparar as características do comportamento de consumo e da SAN no mundo; ii) quantificar os efeitos de variações da renda dos países sobre o consumo alimentar (kcal/pessoa/dia), desnutrição, obesidade e profundidade da fome da população; e iii) identificar grupos vulneráveis específicos a problemas nutricionais que emergem da variável consumo, em termos mundiais.

2. Metodologia

Este trabalho é caracterizado como uma revisão bibliográfica baseado em fontes secundárias. Consiste em uma pesquisa quantitativa. Utilizou-se a classificação dos países utilizada pelo Banco Mundial (2009), feita de acordo com o nível de renda bruta anual per capita,nos seguintes grupos: i) renda baixa [RB], aqueles países que possuem renda anual per capita menor ou igual a US$935; ii) renda média-baixa [RMB], países com renda per capita entre $936 e US$3.705; iii) renda média-alta [RMA], renda entre US$3.706 e US$11.455; e iiii) renda alta [RA], aqueles que possuem renda anual per capita superior a US$11.456. De acordo com classificações mais abrangentes, os países de renda alta também podem ser chamados de desenvolvidos [PD] e os países com renda média e baixa formam o grupo de países em desenvolvimento [PED].

As variáveis utilizadas para analisar os índices de nutrição no mundo foram: índice de obesidade, índice de desnutrição, consumo energético e profundidade da fome. Os dados foram retirados de FAO (2005). Foi feita média aritmética da prevalescência da obesidade, da desnutrição, da profundidade da fome e do consumo energético em cada grupo de países, de forma a possibilitar a comparação entre eles. Dentro deste banco de dados obtive-se os valores do consumo de calorias diárias de 157 países, profundidade da fome de 163, obesidade de 104 e desnutrição de 30.

Para averiguar se existe alguma relação entre a renda dos países com o comportamento alimentar e SAN, testou-se, primeiramente, as variâncias das quatro variáveis, as quais foram estudadas através do teste ANOVA. Além disso, para que se houvesse uma melhor compreensão, não só da relação de dependência das variáveis com a renda do país, mas também do quanto cada mudança de patamar ou de classe econômica pode afetá-las, optou-se por realizar regressões lineares simples. Utilizou-se a renda como variável independente e cada uma das demais variáveis como dependentes.

Como a regressão linear exige dados quantitativos, criou-se uma escala de 0 a 3 onde 0 significa baixa renda e 3 alta renda. Posteriormente foram realizadas as regressões através do software Minitab. A regressão linear simples é representada pela seguinte fórmula:

Y = α + βx                (1)

Dessa forma, o coeficiente linear α indica o valor que as variáveis assumirão para os países de renda baixa e o coeficiente angular β indica o quanto cada acréscimo da classe econômica afetará o valor daquela variável.

3. Resultados e discussão

Para averiguar se existe alguma relação entre a renda de um país com seu comportamento alimentar, testou-se, primeiramente, as variâncias das quatro variáveis estudadas através do teste ANOVA. Pode-se observar na tabela 1 que as variáveis consumo e profundidade da fome apresentaram médias significativamente diferentes para as quatro classes de renda, tendo aumento gradativo para a primeira variável e acontecendo o oposto na segunda. Para as demais variáveis foi preciso ter pelo menos duas categorias de renda aglutinadas para que houvesse diferença.

Tabela 1: Média do consumo diário de calorias e da profundidade
da fome nos países de alta renda, média alta, média baixa e baixa.

Teste ANOVA

Consumo diário de calorias

Profundidade da Fome

Renda

média

p-valor

Renda

média

p-valor

Alta

3244,3

0,000

Alta

133,18

0,000

Média Alta

2868,7

Média Alta

169,25

Média Baixa

2496,7

Média Baixa

208,64

Baixa

2185,6

Baixa

282,65

Fonte: elaborado pelos autores com dados da FAO (2005)

A profundidade da fome é mensurada como a diferença entre a energia diária mínima e a média diária de energia consumida pela população desnutrida, de forma a medir o deficit alimentar da população desnutrida. Os dados revelam que a profundidade da fome é inversamente proporcional à renda do país. Nota-se que a fome e a desnutrição estão acopladas à pobreza, formando um elo de desigualdade social. O Haiti é um dos países que tem maior índice de deficiência alimentar do mundo na proporção, com 430 kcal por pessoa ao dia (FAO, 2005). O que se comprova que a fome tem ligação direta com a renda dos povos, ou seja, quanto menor a renda, maior é o deficit alimentar da população, o que leva muitos países em desenvolvimento a precisarem de apoio internacional para melhorar o status de SAN.

O consumo de alimentos aumenta à medida que se aumenta a renda do país. Segundo Cobra (2003), a venda de todas as mercadorias e serviços no nível a varejo é afetado pelo desempenho da economia, quando existe expansão da atividade econômica, por exemplo, existe um aumento do consumo. Quando existe recessão, o consumo diminui. Esses fatores afetam o comportamento do consumidor de diversas formas, podendo conduzir ao adiamento da compra ou substituição de mercadorias habitualmente compradas por outras mais baratas. Quando os juros estão altos e existe restrição de crédito, o consumo apresenta diminuição. Por outro lado, se existe uma política de crédito expansionista e redução dos juros, o consumo aumenta. Os fatores econômicos influenciam ainda a percepção das pessoas sobre o futuro, estimulando ou desencorajando novas aquisições. O sentimento de insegurança ou de segurança dos consumidores é determinante para as perspectivas econômicas do país.

O alto nível de consumo alimentar pela população de países de renda alta e média-alta tem consequência sobre o percentual de obesos nesses países. Como se pode ver na tabela 2, a variável obesidade apresenta diferença significativa entre as médias apenas quando se reúne países de renda alta e média alta, sugerindo, portanto, que para esses dois níveis de renda o comportamento dessa variável é semelhante. Já para a desnutrição, só houve diferença de comportamento nos países de baixa renda.

Tabela 2: Distribuição percentual das pessoas obesas e desnutridas
dos países de alta renda, média alta, média baixa e baixa renda.

Obesidade - ANOVA

Renda

média

p-valor

Alta / Média alta

17,13%

0,000

Média Baixa

10,35%

Baixa

5,37%

Desnutriçao - ANOVA

Renda

média

p-valor

Alta / Média Baixa

5,91%

0,000

Baixa

26,57%

Fonte: elaborado pelos autores com dados da FAO (2005)

Problemas como o excesso de peso são mais abundantes em países de renda alta e média alta. Na tabela 2, pode-se notar que a obesidade apresenta um aumento diretamente proporcional à renda do país. Quanto maior é a renda, maior torna-se a vulnerabilidade da população à obesidade. Se dá em razão de: ao aumentar a renda, é mais fácil o acesso de alimentos industrializados com custos menores e baixa qualidade nutricional.

Segundo Lima-Filho e Oliveira (2009), quanto maior a renda do país, maior é a adoção de tecnologia de distribuição de alimentos e a oferta de produtos industrializados, impactando o comportamento de consumo de alimentos e, por extensão, o estado nutricional da população. Isto pode ser ocorrência do dia-a-dia das pessoas, em que precisam se alimentar fora de casa e devido a isto há um crescimento na oferta de refeições rápidas, meios de locomoção, e equipamentos domésticos. As famílias estão preferindo substituir os produtos in natura pelos industriais.

Sendo assim, esses países passam a consumir mais caloria, de forma muitas vezes descontrolada, gerado pela busca de maior praticidade e pela alimentação hedônica 5, o que leva muitos a consumirem alimentos com alto teor de gordura e alta caloria.

A obesidade tem se mostrado associada com o baixo nível socioeconômico nos EUA (Mauro et al. 2008; Wang et. al. 2007; Hanson, Chen, 2007; Gordon-Larsen et. al., 2006; Okosun et. al. 2006; Albrigth et. al. 2005; Molnar et al. 2004; Bove, Oloson, 2006; Estabrooks et. al. 2003), no Canadá (Janssen et. al., 2006), na Austrália (Proper et. al. 2007; Dollman et al. 2007) e na Nova Zelândia (Metcalf et al. 2007). Nesses países, famílias em situação de insegurança alimentar leve e moderada tendem a enfrentar ganhos de peso por consumirem alimentos com alta densidade energética (Gibson, 2003; Sarlio-Lahteenkorva, Lahelma, 2001), devido à existência de relação positiva entre o custo e a orientação à saúde dos alimentos (Drewnowski, Darmon, 2005; Drewnowski, Specter, 2004; Drewnowski, 2003).

Outro fator que leva famílias em situação de insegurança alimentar a serem mais propensas à obesidade é o acesso inconsistente aos alimentos, caracterizado por períodos de subconsumo seguidos de consumo excessivo, visto como forma de compensação (Townsend et. al., 2001; Adams et. al., 2003). Segundo Monteiro (2003), a população de baixa renda, apesar de ter acesso ao alimento, tende a economizar na compra mediante redução da qualidade e variedade. Segundo o Policy Working Group of The Nova Scotia (2006), o tempo disponível também exerce impacto sobre o consumo de alimentos, pois quando pessoas não têm tempo para preparar refeições, frequentemente ingerem alimentos muito pesados e com alto nível de processamento, os quais são menos nutritivos. A freqüência da alimentação fora de casa também tem sido relacionada os índices de sobrepeso e obesidade (Mccrory, 1999; Pereira, 2005; Thompson et. al. 2004). Estudos apontam que isso ocorre devido à escolhas de alimentos não saudáveis disponíveis em restaurantes e ao maior consumo de energia (French et. al. 2001; Ebbeling et. al. 2004; Diliberti et. al. 2004).

Por outro lado, as taxas elevadas de sobrepeso e obesidade em países de renda média baixa, como Equador (Bernstein, 2008), China (Xu et. al., 2005) e India (Reddy et. al., 2002), são prevalecentes nas famílias de alto nível socioeconômico. Explicação para tal fenômeno pode ser inferida da afirmação de D’haese, Van-Den-Berg, Speelman (2008) de que a estratégia de expansão (“supermercadização”) das redes internacionais de alimentos fora dos seus mercados domésticos – Estados Unidos (EUA), União Européia (UE) e Japão – focaliza a inovação centrada no consumidor de renda média e alta. Nesse sentido, a renda do país é determinante da tecnologia de distribuição de alimentos e, por sua vez, influencia o comportamento de consumo de alimentos e, por conseguinte, o estado nutricional da população.

Nos países de renda baixa a principal preocupação é com o índice de desnutrição, por consequência do baixo poder de consumo, ocasionando insegurança alimentar elevada, ou seja, a desnutriçao é inversamente proporcional à renda do país, atingindo diretamente os pobres. Nesse sentido, este dado vai ao encontro da afirmação de Timmer et. al (1983), que destacam o fato da necessidade de trabalho conjunto entre a política alimentar e a política de renda, para o estabelecimento de programas de segurança alimentar eficazes.

Foram feitas regressões lineares (tabela 3) utilizando a renda como variável independente e a obesidade, a desnutrição, o consumo diário de calorias e a profundidade da fome - cada uma isoladamente - como dependente. Os resultados mostram o quanto cada mudança de patamar ou de classe econômica exerce impacto sobre as variáveis investigadas. As quatro variáveis apresentaram relação de dependência com a renda, tendo seus coeficientes significativamente diferentes de 0, como indica o p-valor inferior a 0,05, e o R2  (número que representa o quanto a variável independente explica a dependente) expressivo, uma vez que utilizou-se de apenas uma variável explicativa, chegando até 60,9% para o consumo alimentar.

Tabela 3: obesidade, desnutrição, consumo diário de calorias e profundidade da fome

Variável

Alfa

p-valor

Beta

p-valor

R2

Obesidade

5,10%

0,000

5,96%

0,000

36,90%

Desnutrição

26,60%

0,000

-20,70%

0,000

42,40%

Consumo diário de calorias

2165

0,000

356

0,000

60,90%

Profundidade da fome

270

0,000

-47,8

0,000

58,80%

Fonte: elaborado pelos autores com dados da FAO (2005)

Segundo Timmer et. al. (1983), um sistema alimentar que contém muitas pessoas em estado de insegurança alimentar possui falhas em pelo menos uma dessas dimensões: é um fracasso na produção de alimentos em quantidade suficiente, na determinação dos tipos de alimentos a serem produzidos, na geração de renda suficiente para comprá-los ou na educação das famílias sobre os alimentos que devem ser consumidos ou evitados. Cada um desses fatores pode contribuir para o problema da alimentação, o que devem ser identificadas são as causas diretas e indiretas da fome. Desta maneira, entre as dimensões que medem a SAN, a renda foi identificada nesse estudo como determinando 36,9% da obesidade dos países; 42,4% da desnutrição; 58,8% da profundidade da fome e 60,9% do consumo energético.

4. Considerações finais

O índice de desnutrição e profundidade da fome nos países estudados é inversamente proporcional à renda, mostrando que a renda é fator determinante para a SAN. Já os índices de consumo energético e obesidade são diretamente proporcionais ao aumento da renda. Os resultados demonstram que a desigualdade de renda entre os países é fator determinante da (in)segurança alimentar. Desta maneira, a política alimentar no mundo deve focalizar os aspectos distributivos da renda, de maneira a melhorar o acesso a alimentos da população de baixa renda a alimentos saudáveis, em quantidade suficiente e com regularidade.

Políticas públicas eficientes para uma melhor distribuição de renda e diminuição dos preços de alimentos são uma alternativa que poderia diminuir o índice de pessoas desnutridas e com baixa segurança alimentar. Mas esta questão não é simples, pois é preciso estudo intensivo, investimentos em grandes proporções para que se ache uma alternativa adequada e segura e que possa ser cumprida de que será possível uma diminuição neste índice.

A análise dos dados ainda revela que, apesar de a renda ser fator determinante da aquisição de alimentos, pois um aumento na renda leva a um aumento na quantidade de alimentos ingeridos, não necessariamente o aumento da renda resulta em dieta equilibrada. Deste modo, ao aumentar a renda da população, amplia-se a disponibilidade e o acesso a alimentos, mas não a segurança nutricional da população. O aumento da renda pode causar efeitos adversos e levar ao que se pode chamar de "doenças de excesso de consumo", tais como obesidade, diabete e doenças cardiovasculares.

Assim, além de proporcionar à população renda suficiente para a aquisição de alimentos, as políticas governamentais precisam incluir em seu bojo programas de educação em nutrição e de orientação ao consumidor. Há necessidade de projetos e programas intersetoriais que possuam metas detalhadas e bem definidas e que garantam a adesão da população a um estilo de vida saudável na perspectiva do controle do crescimento da prevalência da obesidade nos países. Os programas governamentais devem incluir a conscientização da importância da prática de exercícios físicos nas escolas, nas universidades, em casa, entre outros. Além disso, a regulamentação de propagandas de alimentos industrializados e bebidas, principalmente em horários em que as crianças estejam assistindo, e a obrigatoriedade de informações nutricionais nos alimentos podem ser utilizados como mecanismos de combate ao excesso de consumo.

Aliado a programas de educação e conscientização, a política alimentar presente em muitos países de renda alta e média alta, que torna os alimentos com maior densidade de energia, na sua maioria industrializados, relativamente mais baratos a alimentos com maior saudabilidade, como frutas e hortaliças, deve ser revista. Além disso, políticas que tornem os alimentos saudáveis mais acessíveis à população de baixa renda devem ser desenvolvidas, em nível internacional e nacional. Para isso, a política alimentar deve ser combinada com política agrícola, políticas de preços, ações reguladoras e educação no consumo, conforme destaca OMS (2003). Essas abordagens inclui a atuação conjunta de diversos agentes, como o governo, as universidades e a indústria de alimentos.

Nesse sentido, o embasamento para políticas públicas de inclusão social que emergem a partir da variável consumo apresenta-se como uma grande contribuição do estudo. As políticas agroalimentares, ao melhorarem as condições de saúde da população e auxiliarem no combate à fome, à miséria, à desnutrição e à mortalidade infantil, proporcionam também emprego e renda, movimentam, dinamizam e exercem efeito multiplicador na economia, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social.

Para o campo empresarial, a análise do comportamento de consumo de alimentos da população fornece base para o desenvolvimento de estratégias adequadas a esse mercado. O conhecimento do mercado foi definido anteriormente por King e Venturini (2005) como essencial para agricultores, fabricantes e varejistas criarem valor aos produtos. À academia, este estudo oferece uma visão aplicada do comportamento de consumo e da SAN, possibilitando melhor compreensão das variáveis que os determinam.

Como sugestão para trabalhos futuros, considera-se importante o cálculo da elasticidade-renda da demanda mundial por alimentos específicos, de forma a direcionar a escolha dos produtos que devem ser alvo da política alimentar. Produtos com alta elasticidade renda agregada, por exemplo, não são veículos eficientes para subsídios, porque as famílias de renda alta consomem mais e, portanto, seriam mais beneficiadas que famílias de baixa renda.

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1 Universidade de Brasília/Brasil adm.leidyoliveira@gmail.com
2 Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/Brasil dariolimafilho@gmail.com
3 Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/Brasil mayra_bitencourt@yahoo.com.br
4 Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/Brasil admquevedo@hotmail.com
5 Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/Brasil lillianerenata@gmail.com
6 De acordo com o dicionário eletrônico Priberam (2009), hedonismo é um sistema filosófico que considera o prazer individual e imediato o único bem possível, princípio e fim da vida moral; portanto, o hedonismo considera a alimentação como fonte de prazer. O utilitarismo, por outro lado, diz respeito a tudo o que visa exclusivamente à utilidade, ou seja, considera a alimentação somente fonte de sobrevivência do indivíduo.



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