Espacios. Vol. 33 (11) 2012. Pág. 9


Inovação tecnológica como forma de desenvolvimento sustentável no setor de saneamento ambiental

Technological innovation as means of sustainable development in the sector of environmental sanitation

Katiuscia Schiemer Vargas 1, Janaina Mortari Schiavini 2, Janaina Schiemer da Rosa Schreiner 3, Gilnei Luiz de Moura 4 y Flávia Luciane Scherer 5

Recibido: 04-03-2012 - Aprobado: 23-06-2012


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RESUMO:
O presente estudo busca discutir de que forma a inovação tecnológica contribui para o desenvolvimento sustentável no setor de saneamento ambiental. Sabe-se que a inovação tecnológica pode contribuir para o desenvolvimento sustentável na medida em que proporciona benefícios ambientais, econômicos e sociais para a comunidade em que atua. Nesse sentido, buscou-se como unidade de análise a maior empresa privada do sul do Brasil no setor de tratamento de água e saneamento ambiental, que possui práticas reconhecidas e premiadas de inovação tecnológica sustentável, caracterizando a pesquisa como um estudo de caso de caráter qualitativo e exploratório. Os dados coletados foram obtidos por meio de informações disponibilizadas no web site da empresa e de entrevistas semi-estruturadas com o presidente e os clientes da mesma. Os resultados da pesquisa evidenciam que a empresa motivou-se a investir em inovação a partir da percepção da ausência de tecnologia no mercado que atendesse as necessidades do público-alvo, e assim, os clientes da empresa também perceberam a inovação como uma oportunidade de crescimento da região e como uma fonte de melhoria para a qualidade de vida. Além disso, constatou-se que o sucesso da competitividade da empresa está aliado às suas inovações tecnológicas orientadas para o desenvolvimento sustentável.
Palavras-chave: Inovação Tecnológica, Desenvolvimento Sustentável, Saneamento Ambiental.

 

ABSTRACT:
This study aims to discuss how the technological innovation contributes to sustainable development in the sector of environmental sanitation. It is known that technological innovation can contribute to sustainable development as it provides environmental, economic and social benefits to the community in which it operates. Thus, it was sought as the unit of analysis the largest private company in the south of Brazil in the sector for the treatment of water and environmental sanitation, which has recognized by their practice and award-winning technology innovation sustainable, characterizing the research as a case study of a qualitative and exploratory nature. The collected data were obtained through available information on the web site of the company and semi-structured interviews with their president and customers. The research results show that the company was motivated to invest in innovation from the perception of lack of technology on the market that meet the needs of the target public. This way, their customers also realized the innovation as an opportunity for growth in the region and as a source of improvement in their quality of life. It was also noted that the success of the company's competitiveness is allied to their technological innovations geared to sustainable development.
Key-words: Technological Innovation, Sustainable Development, Environmental Sanitation.


1. Introdução

O processo de globalização e o incremento competitivo dele decorrente configuram-se em importantes pilares que impulsionam e estimulam uma nova configuração organizacional, em que se deve pensar e investir em estratégias que proporcionem a manutenção e o crescimento sustentáveis. Essa realidade reforça a idéia de que a razão do porque as organizações obtêm sucesso ou fracassam deve ser uma das questões centrais da estratégia (PORTER, 1991), i.e., pela percepção porteriana de quase três décadas atrás, tem-se que a criação e exploração de vantagens competitivas são fundamentais para o sucesso organizacional. Portanto, em mercados normais, a concorrência conduz a melhorias inexoráveis em termos de qualidade e de custo (PORTER; TEISBERG, 2006, p. 3), tornando-se a inovação normal e preponderante ao cotidiano das organizações neste princípio de milênio.

Em outras palavras, o desenvolvimento da tecnologia é um dos determinantes decisivos da competitividade empresarial, ou seja, a Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) de uma organização pode levar a uma vantagem competitiva, seja em termos de custos, seja em termos de diferenciação ou de enfoque (PORTER, 1985), uma vez que pela inovação constante em seus processos de gestão, pode manter seus posicionamentos nos setores onde atua e, na medida do possível superar a gama de concorrentes novos que emergem continuamente.

De acordo com o Department of Trade and Industry (DTI), órgão público responsável pelas áreas de comércio, negócios, empregos, consumo, ciência e energia e globalização do Reino Unido, R&D pode ser considerado como qualquer projeto para solucionar incertezas científicas ou tecnológicas para alcançar um avanço – criação ou melhora de produto, processo ou serviços – em ciência ou tecnologia (DTI, 2006). Todavia, a inovação é, geralmente, considerada como a mais importante contribuição para a degradação do meio ambiente, em função da sua associação com o aumento do crescimento econômico e de consumo (BESSAND e TIDD, 2009). Por outro lado, Bessand e Tidd (2009) alertam que a inovação pode e deve ser parte considerável de qualquer solução possível para muitas questões ambientais, e.g., produtos mais limpos, processos mais eficientes, tecnologias alternativas, novos serviços e inovações sistêmicas.

Dessa forma, a crescente preocupação com o ambiente trata-se de outro importante pilar que se agrega à globalização e o seu incremento competitivo, configurando-se dessa forma em um difícil caleidoscópio, onde se tenta ao mesmo tempo equilibrar a busca de vendas e os lucros com o uso correto e preservação do ambiente e as gerações atuais e futuras, em uma espécie de jogo ganha-ganha, onde tanto as empresas, quanto o ambiente podem ganhar. Neste contexto, essa preocupação ambiental pode ser percebida como um incentivo e motivação para a inovação, para a exploração de novas oportunidades de mercado e para uma nova forma de geração de riquezas (PEATTIE e CHARTER, 1997; BESSAND e TIDD, 2009).

Nesta nova arena de decisões, tem-se por um lado, nas percepções de Roussel, Saad e Bohlin (1991) e de Bone e Saxon (2000) que é mister a integração das estratégias de inovação com as tecnologias e estratégias de negócios da organização (KOKUBO, 1992). Por outro lado, tem-se que o mercado atual é marcado pela existência de um forte sistema regulatório que influencia e é influenciado por mudanças tecnológicas, visando a atender a demandas cada vez maiores relacionadas ao desenvolvimento sustentável. Portanto, voltar-se para o desenvolvimento sustentável significa desenvolver práticas e estratégias no âmbito organizacional, que sejam economicamente viáveis e minimamente impactantes ao ambiente, e que contribuam para o desenvolvimento social da região e do país onde atuam, considerando as gerações atuais e vindouras (FRIEDMAN, 1970; OTTMAN, 1994; POLONSKY, 1995; ELKINGTON, 1997; SIMINTIRAS, SCHLEGELMILCH e DIAMANTOPOULOS, 1997; ALMEIDA, 2002, 2007; CHAMORRO, 2003; BÄVERSTAM e LARSSON, 2009).

Considerando-se que a configuração supracitada atinge e influencia qualquer tipo de organização, independente de seu tamanho e configuração, seja no setor primário, secundário ou terciário, seja na área privada, pública ou de ONGs, este artigo tem por propósito central  verificar como uma pequena empresa gerencia suas inovações tecnológicas orientadas para o desenvolvimento sustentável, mais especificamente busca-se identificar os aspectos motivadores para o desenvolvimento de uma inovação tecnológica orientada para a sustentabilidade e a percepção de seus clientes acerca dos benefícios sustentáveis desta inovação. Para tanto, escolheu-se o setor de saneamento ambiental brasileiro como pano de fundo deste trabalho, não apenas pelos investimentos em produtos e serviços alinhados com as preocupações ambientais, mas principalmente pelos progressos que vem apresentando no desenvolvimento e implantação de inovações tecnológicas orientadas para a sustentabilidade.

A metodologia adotada consiste em estudo de caso, em que o objeto de investigação é a Lics Super Água, empresa localizada na Linha Cristal - Distrito Industrial no município de Selbach, Rio Grande do Sul, que atua no desenvolvimento e comércio de produtos e serviços para saneamento ambiental. Deste modo, o artigo estrutura-se em seis partes: (i) a introdução; (ii e iii) o referencial teórico, que abrange conceitos atinentes à contextualização sobre inovação tecnológica, desenvolvimento sustentável e saneamento ambiental; (iv) o método de pesquisa; (v) o estudo de caso; e (vi) as considerações finais.

2. Desenvolvimento Sustentável

O conceito de desenvolvimento sustentável surge em meio a controvérsias importantes sobre a relação entre crescimento econômico, da sociedade e do meio ambiente. As discussões acerca do conceito, a amplitude de aplicação e a viabilidade operacional de ações sociais relacionadas ao desenvolvimento sustentável vêm tomando espaço crescente principalmente em pautas acadêmicas e políticas, tanto nos âmbitos nacionais, quanto internacionais.

O termo desenvolvimento sustentável surgiu em 1981 sendo consagrado em 1987 pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como Comissão Brundtland, onde foi produzido um relatório considerado básico para a definição desta noção e dos princípios que lhe dão fundamento. De acordo como Relatório Brundtland,

[...] desenvolvimento sustentável é um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforça o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações futuras [...] é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades (IBGE, 2010).

Para Steurer et al. (2005), o desenvolvimento sustentável necessita da integração entre as dimensões econômicas, sociais e ambientais em todas as esferas e níveis da sociedade, inclusive na corporativa. Em sua percepção, na linguagem gerencial, esta situação é identificada como “triple bottom line” e implica na tripla otimização com relação aos custos econômicos, sociais e ambientais dos produtos e das atividades produtivas. A Figura 1 mostra as relações entre as três dimensões do desenvolvimento sustentável de acordo com a Organization for Economic Co-operation and Development - OECD (2001).

Figura 1 - Interações entre os fatores econômico, ambiental e social

 

Fonte: Adaptado de OECD (2001, p. 37)

As interações das dimensões de acordo com as direções apontadas pela OECD (2001), conforme a Figura 1 podem ser de até seis formas: (i) Interação 1 - os recursos naturais e os custos econômicos da proteção do meio-ambiente; (ii) Interação 2 - as pressões exercidas pelas atividades produtivas nos recursos naturais, investimento na proteção do meio ambiente, direitos de propriedade sobre os recursos naturais; (iii) Interação 3 - a importância do meio-ambiente para o bem-estar do indivíduo, riscos para a saúde e a segurança em função da degradação do meio-ambiente; (iv) Interação 4 - as pressões exercidas pelo modo de consumo dos recursos naturais, consciência dos cidadãos sobre problemas ambientais; (v) Interação 5 – a possibilidade de emprego e melhor qualidade de vida, redistribuição de renda, financiamento de programas de seguridade social, pressões sobre os sistemas sociais e culturais; e (vi) Interação 6: o volume e qualidade da mão-de-obra, importância das regulamentações sociais para o funcionamento dos mercados.

Mesmo que o modelo conceitual do triple bottom line (STEURER et al., 2005) seja o mais difundido entre acadêmicos e gestores, e que sua aplicação e adequado entendimento sejam mais simples, existem outras dimensões já anteriormente consideradas por Sachs (2002), onde alerta que muitas vezes o termo desenvolvimento sustentável é utilizado para expressar apenas sustentabilidade ambiental, e também pode haver confusão entre os termos sustentabilidade e viabilidade econômica. Por essa razão, Sachs (2002) destaca que há outras dimensões a serem consideradas. O Quadro 01 apresenta os oito critérios de sustentabilidade definidos Sachs (2002).

Quadro 1 - As oito dimensões da sustentabilidade

Dimensões da sustentabilidade

Descrição

Social

  • Alcance de um patamar razoável de homogeneidade social, distribuição de renda justa, emprego pleno e/ou autônomo com qualidade de vida decente, igualdade no acesso aos recursos e serviços sociais;

Cultural

  • Mudanças no interior da continuidade (equilíbrio entre respeito à tradição e inovação), capacidade de autonomia para elaboração de um projeto nacional integrado e endógeno (em oposição às cópias servis dos modelos alienígenas), autoconfiança combinada com abertura para o mundo;

Ecológico

  • Preservação do potencial do capital natureza na sua produção de recursos renováveis, limitando o uso dos recursos não-renováveis;

Ambiental

  • Respeitar e realçar a capacidade de autodepuração dos ecossistemas naturais;

Territorial

  • Configurações urbanas e rurais balanceadas (eliminação das inclinações urbanas nas alocações do investimento público), melhoria do ambiente urbano, superação das disparidades inter-regionais, estratégias de desenvolvimento ambientalmente seguras para áreas ecologicamente frágeis (conservação da biodiversidade pelo eco-desenvolvimento);

Econômico

  • Desenvolvimento econômico inter-setorial equilibrado, segurança alimentar, capacidade de modernização contínua dos instrumentos de produção, razoável nível de autonomia na pesquisa científica e tecnológica, inserção soberana na economia internacional

Político (nacional)

  • Democracia definida em termos de apropriação universal dos direitos humanos, desenvolvimento da capacidade do Estado para implementar o projeto nacional, em parceria com todos os empreendedores; um nível de coesão social;

Político (internacional)

  • Eficácia do sistema de prevenção de guerras da ONU, na garantia da paz e na produção da cooperação internacional, um pacote Norte-Sul de co-desenvolvimento, baseado no princípio de igualdade, controle institucional efetivo do sistema internacional financeiro e de negócios, controle institucional efetivo da aplicação do Princípio da Precaução na gestão do meio ambiente e dos recursos naturais, prevenção das mudanças globais negativas, proteção da diversidade biológica (e cultural), e gestão do patrimônio global, como herança comum da humanidade, sistema efetivo de cooperação científica e tecnológica internacional e eliminação parcial do caráter de commodity da ciência e tecnologia, também como propriedade da herança comum da humanidade.

Fonte: Adaptado de Sachs (2002)

De modo genérico, Zandoná (2010, 54) afirma que

“a sustentabilidade está destinada a dominar o comércio do século XXI, dados os preços ascendentes de energia, o crescimento populacional e consumo de recursos na Ásia e pressões políticas que chamam a atenção quanto às mudanças climáticas, razões as quais conduzem à inovação rumo a produtos mais saudáveis, mais eficientes e de alto desempenho (OTTMAN, STAFFORD e HARTMAN, 2006), embora tenha um longo caminho para trilhar tanto na pesquisa quanto na prática (HARTMANN e APAOLAZA-IBÁÑEZ, 2006)”.

Verifique-se que Zandoná (2010), quase duas décadas após a alusão de Serres (1991) sobre suas preocupações com o ambiente, corrobora de certo modo suas constatações de que sem a menor dúvida não apenas a natureza depende do ser humano, mas de forma mais intensa, o ser humano depende desse “[...] sistema atmosférico móvel, inconstante mas muito estável, determinístico e estocástico, com alguns semiperíodos cujos ritmos e tempos de resposta variam de modo colossal” (SERRES, 1991, p.39).

3. Inovação Tecnológica

Um dos determinantes decisivos da competitividade é o desenvolvimento da tecnologia, uma vez que pela inovação constante em seus processos de gestão pode manter seus posicionamentos nos setores onde atua e, na medida do possível superar a gama de concorrentes novos que emergem continuamente (PORTER, 1992). Barney e Hesterly (2007, p.74) de certo modo fomentam essa concepção por meio do modelo RBV (Resource-Based View of the Firm) em que apresentam o framework VRIO (Value -Rarity - Imitability - Organization). Nesse modelo, diferentemente de Porter (1992), consideram que a vantagem competitiva da empresa pode ser alicerçada sobre alguns recursos (financeiros, físicos, humanos e/ou organizacionais) diferenciados e únicos que ela dispõe, i.e., são recursos da empresa e não da cadeia ou indústria a que pertencem. Portanto, a inovação pode trabalhar essas particularidades (Value e Rarity), protegendo os produtos e serviços da empresa da cópia pela concorrência (Imitability - costly-to-imitate), por meio de políticas e procedimentos por ela desenvolvidos (Organization).

Ao discorrer sobre o vocábulo ‘inovação’, o Manual de Oslo de 1997 apresenta diferença entre ‘inovação do produto’ e ‘inovação do processo de produção’, por meio da definição do TPP – Technological Product and Process innovation (CHEN e WU, 2006, p. 198). Concomitantemente, a inovação é reconhecida há muito tempo como uma das principais forças que ajustam o mercado e moldam as estratégias para as vantagens competitivas (RADAS, 2005; STEWART e FENN, 2006).

Na década de 30, a definição de inovação em seus primórdios já mencionava que “[...] produzir significa combinar materiais e forças [...] produzir outras coisas, ou as mesmas coisas com método diferente, significa combinar diferentemente esses materiais e forças” (SCHUMPETER, 1997, p. 76), em outras palavras, esse processo de “novas combinações”, as quais são suscetíveis a certas mudanças e, surgindo descontinuamente, podem levar ao desenvolvimento econômico. Schumpeter por esse conceito talvez seja um dos precursores da discussão sobre a inovação (novas combinações).

As “novas combinações” schumpeterianas apresentam-se em cinco casos: 1. introdução de um novo bem; 2. introdução de um novo método de produção; 3. abertura de um novo mercado; 4. conquista de uma nova fonte de oferta de matérias-primas ou bens semimanufaturados e 5. aparecimento de uma nova estrutura de organização num setor. Passado mais de meio século desse conceito, Sbragia et al. (2006, p. 50) e Andreassi (2007, p.11) apontam que “[...] a P&D não é a única fonte geradora de tecnologia empresarial”. Esses autores lembram a engenharia industrial, o design, a engenharia reversa e a imitação. Analogamente, guardadas as singularidades organizacionais e econômicas de cada época, há certa semelhança entre as duas percepções. Pode se constatar também que a tecnologia não é nem exógena, nem endógena à organização. (TIGRE, 2006)               

Wonglimpiyarat (2004) elaborou um conjunto dos vários conceitos de inovação disponíveis na literatura administrativa (Quadro 2), em que destaca o conjunto (3) onde o vocábulo inovação é tido como um processo de transformação da tecnologia frente à comercialização do novo produto/processo no mercado competitivo.

Quadro 2 - Conceitos de inovação

CONCEITOS DE INOVAÇÃO

AUTORES/PESQUISADORES

(1) Inovação: um processo de aumentar a tecnologia existente

  • Rosenberg (1976; 1982); Nelson e Winter (1977; 1982); Dosi (1982)

(2) Inovação: um processo de transformar as oportunidades em usos práticos

  • Pavitt (1984); Tidd, Bessant e Pavitt (1997)

(3) Inovação: processo integrado que envolve (1) e (2)

  • Schott (1981); Daft (1982); Rothwell eGardiner (1985)

(4) Inovação: uma nova tecnologia e um novo processo

  • Rogers e Shoemaker (1971); Porter (1990); Voss (1994)

Fonte: Adaptado de WONGLIMPIYARAT (2004, p. 230)

De modo geral, as atividades de inovação têm três grandes características. Primeiro, seus dispêndios habitualmente são irreversíveis. Segundo, os retornos futuros advindos de suas atividades freqüentemente são incertos. E, terceiro, suas atividades podem resultar em externalidades positivas. (JOU e LEE, 2003). Partindo-se da ótica de que a inovação de um negócio não é apenas a inovação do produto, mas, sobretudo a inovação dos valores, segue-se que a inovação de um negócio pode ser dividida em quatro quadrantes: Produto, Cliente, Processo e Lugar (SAWHNEY, WOLCOTT e ARRONIZ, 2006).

Em relação ao impacto gerado pela inovação, Dosi (1988) categoriza a inovação em dois tipos: inovação radical e inovação incremental. A inovação radical preconiza a introdução de um novo produto, processo ou formas organizacionais da produção, que pode causar uma ruptura estrutural com o padrão tecnológico vigente até então, originado novas indústrias, setores e mercados, enquanto que as melhorias nos produtos, processos ou organização da produção são classificadas como inovações incrementais, pois não alteram a estrutura industrial. De modo análogo, dependendo do nível de tecnologia envolvido no produto ou processo, as inovações tecnológicas podem ser classificadas em quatro tipos (Figura 2): (i) baixa tecnologia; (ii) média tecnologia; (iii) alta tecnologia; e (iv) altíssima tecnologia (SHETH, MITTAL e NEWMAN, 2001).

Figura 2 - Nível de tecnologia envolvido e tipos de inovações tecnológicas

Fonte: Adaptado de Sheth; Mittal e Newman (2001)

Por fim, a inovação tecnológica “[...] visa obter novos conceitos, definições e parâmetros para serem desenvolvidos novos métodos e técnicas destinados à obtenção de novos produtos e processos.” (JUNG, 2004, p. 34) O critério de sucesso da inovação tecnológica é mais mercadológico do que técnico, ou seja, uma inovação tecnológica de sucesso é aquela cujo resultado operacional obtido é superior ao investimento requerido. (BURGELMAN et al., 2004). Nesse sentido, a tecnologia somente poderá tornar-se um fator diferencial se for aceita pela alta administração, se a estratégia tecnológica estiver em sintonia com a estratégia global da organização e se a P&D estiver integrada com as demais áreas organizacionais (VASCONCELLOS, 2001). Em outras palavras, há necessidade de que as Core Technologies estejam de acordo com a estratégia global da organização (RANSLEY e ROGERS, 1994).

3.1 Inovação Tecnológica Orientada para o Desenvolvimento Sustentável

Uma maneira de contribuir para o desenvolvimento sustentável é demonstrando que as empresas podem prosperar na medida em que contribuam para a prosperidade da sociedade por meio de da inovação, da criação de novos bens e serviços capazes de que atender aos desafios atuais, e do atendimento a novos grupos de consumidores (Fischer, 2002).

Hall e Vredenburg (2003) acreditam que as inovações, para que estejam alinhadas com o desenvolvimento sustentável, devem incorporar as restrições trazidas pelas pressões sociais e ambientais, assim como considerar as gerações futuras. Portanto, para que se produza com menor impacto no meio ambiente pela utilização eficiente dos recursos naturais e pela minimização dos resíduos pós-consumo, a inovação também deve ser melhor compreendida no contexto social uma  vez que as inovações tecnológicas desencadeiam as suas próprias necessidades (FELDMANN, 2003).

A OECD (2001) afirma que, para permitir que a tecnologia e a inovação desempenhem o papel que lhes é atribuído (de crescimento e desenvolvimento), é necessário em primeiro lugar compreender a natureza de seus efeitos. A tecnologia é uma “faca de dois gumes” que pode produzir efeitos ao mesmo tempo positivos e negativos. Efeitos positivos são induzidos pelos conhecimentos novos, que se traduzem em melhorias da produtividade, as quais favorecem o crescimento e a melhoria do bem-estar. A utilização de novos conhecimentos pode igualmente gerar efeitos ambientais e sociais negativos (degradação do meio-ambiente e perturbações sociais). Por isso, muitas vezes a tecnologia e a inovação são vistas como únicas responsáveis por numerosos efeitos ambientais e sociais negativos. Conseqüentemente, esta visão de que a inovação é prejudicial muitas vezes impediu que houvesse a pesquisa de meios de tornar os seus efeitos positivos também na dimensão sócio-ambiental, em prol da sustentabilidade.

4. Método de Pesquisa

Esta pesquisa trata de uma investigação acerca da contribuição da inovação tecnológica para o desenvolvimento sustentável. Neste sentido, o estudo caracteriza-se como de natureza qualitativa, que segundo Hair Jr. et al. (2006) oferece informações aprofundadas sobre algumas características do objeto de análise. As investigações que se voltam para uma análise qualitativa têm como objetivo situações complexas ou estritamente particulares (RICHARDSON, 1999, p. 80).

De acordo com seus objetivos a pesquisa caracteriza-se como exploratória, que conforme MALHOTRA (2001) tem como objetivo principal fornecer critérios sobre um problema ou uma situação e assim prover critérios e compreensão.

E por fim, a pesquisa configura-se como um estudo de levantamento de informações com características de um estudo de caso, que é definido como estratégia de pesquisa quando se tem questões do tipo “como” e “porque”, quando se examina acontecimentos contemporâneos no seu contexto de vida real, mas o pesquisador tem pouco ou mesmo nenhum controle sobre os eventos, ou seja, os limites entre o acontecimento e o contexto não estão claramente definidos (YIN, 2001).

O método adotado para coleta dos dados da primeira parte da pesquisa consiste de uma pesquisa bibliográfica como instrumento de sumo valor para o decorrer da pesquisa que fornece e contribui com a teoria já existente sobre o referido assunto, a pesquisa bibliográfica que se baseia em materiais publicados em livros, sites, artigos e publicações de cunho científico, ou seja, em materiais acessíveis ao público em geral. Portanto, nesta fase da pesquisa, serão utilizados dados secundários que são definidos como dados coletados para uma finalidade diversa do problema em pauta e incluem informações que já foram coletadas para outro problema (MALHOTRA, 2001).

Parte-se então para a segunda etapa da pesquisa, a etapa exploratória, que compreende a obtenção de dados primários obtidos oriundos da unidade de análise. Para coleta dos dados primários utilizou-se entrevista semi-estruturada visando identificar os aspectos motivadores do desenvolvimento da inovação tecnológica orientada para a sustentabilidade, o Gutwasser, isto por parte do presidente da empresa; e ainda, a percepção dos clientes acerca dos benefícios da inovação tecnológica para o desenvolvimento sustentável.

Foram entrevistados o presidente e cinco clientes da empresa que serviram como unidade de análise. A seleção destes se deu por escolha intencional ou seleção racional (BARROS e LEHFELD, 2007), devido à importância econômica e social que os entrevistados representam para o setor a qual fazem parte.

Por fim, a análise dos dados coletados se deu por meio da técnica de análise de conteúdo proposta por Bardin (1977, p. 46) que a considera como a “manipulação de mensagens para evidenciar os indicadores que permitam inferir sobre uma realidade que não é a mensagem”. Os dados foram analisados de acordo com os objetivos da pesquisa.

5. Caso: Lics Super Água

Os resultados estão apresentados conforme os objetivos da pesquisa, sendo assim, os mesmos compreendem questões relativas à caracterização da unidade de análise e ao desenvolvimento da inovação tecnológica orientada para a sustentabilidade ambiental, envolvendo os aspectos motivadores para o desenvolvimento desta inovação e a percepção dos clientes que investiram na sua aquisição.

5.1 Saneamento Ambiental

Saneamento ambiental é o conjunto de ações socioeconômicas que têm por objetivo alcançar salubridade ambiental, por meio de abastecimento de água potável, coleta e disposição sanitária de resíduos sólidos, líquidos e gasosos, promoção da disciplina sanitária de uso do solo, drenagem urbana, controle de doenças transmissíveis e demais serviços e obras especializadas, com a finalidade de proteger e melhorar as condições de vida urbana e rural (FUNASA, 2006).

Entende-se por salubridade ambiental o estado de higidez em que vive a população urbana e rural, tanto no que se refere a sua capacidade de inibir, prevenir ou impedir a ocorrência de endemias ou epidemias veiculada pelo meio ambiente, como no tocante ao seu potencial de promover o aperfeiçoamento de condições mesológicas favoráveis ao pleno gozo de saúde e bem estar (FUNASA, 2006)

Quando se fala em saneamento ambiental, uma das principais preocupações é em relação á água. Ainda que só 0,1% do esgoto de origem doméstica seja constituído de impurezas de natureza física, química e biológica, e o restante seja água, o contato com esses efluentes e a sua ingestão é responsável por cerca de 80% das doenças e 65% das internações hospitalares (AMBIENTE BRASIL, 2011).

Água de boa qualidade para o consumo humano e seu fornecimento contínuo assegura a redução e controle de doenças como diarréias, cólera, dengue, febre amarela, tracoma, hepatites, conjuntivites, poliomielite, escabioses, leptospirose, febre tifóide, esquistossomose e malária. Os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade são definidos pela Portaria nº. 518, de 25 de março de 2004 do Ministério da Saúde, que coloca que água de qualidade é obrigação do governo e direito de todos os cidadãos.

A partir deste aporte teórico, o presente estudo discute de que forma uma inovação tecnológica orientada para a sustentabilidade desenvolvida por uma pequena empresa da cidade de Selbach, Rio Grande do Sul, pode contribuir para o desenvolvimento sustentável da sua região. Na próxima seção será descrito o método utilizado nesta pesquisa.

5.2 Caracterização da unidade de análise: a Lics Super Água

Desde sua fundação, em 02 de janeiro de 2002, a Lics Super Água, localizada na Linha Cristal - Distrito Industrial no município de Selbach, Rio Grande do Sul, vem desenvolvendo tecnologias para o aprimoramento dos seus próprios equipamentos para oferecer maior segurança, praticidade operacional, redução de custos de manutenção, melhoria no desempenho e resolutividade no tratamento microbiológico de água o para consumo humano, atendendo aos padrões estabelecidos pelo Ministério da Saúde.

Atualmente, é a maior empresa privada do sul do país no setor de tratamento de água e saneamento ambiental, possuindo um vasto portfólio de produtos e serviços e estrutura técnica e operacional para atender com qualidade a demanda do mercado nacional, promovendo saúde e qualidade de vida a milhares de pessoas, o que lhe dá autonomia e prerrogativas de atuação no segmento.

A Lics Super Água tem como diretriz de seu negócio “atuar no desenvolvimento e comércio de produtos e serviços para saneamento ambiental” e como missão “promover qualidade de vida ao ser humano e preservação da biodiversidade por meio de soluções em saneamento ambiental”. Em seus princípios e valores a empresa enfatiza além do respeito e honestidade, seriedade e profissionalismo, compromisso com a qualidade de vida do ser humano e o meio ambiente, dentre outros, a inovação e o empreendedorismo. Para isso, investe continuamente em novas tecnologias, aprimoramento dos processos e práticas de gestão da qualidade, desenvolvimento de novos produtos e capacitação de sua força de trabalho, por meio de da transferência de conhecimentos que são medidos por meio de planejado sistema de informações gerenciais cotidianamente avaliadas pela direção.

O setor industriário e agropecuário estão recebendo atenção especial na aplicação de tecnologia para desinfecção microbiológica no tratamento de água para dessedentação e sanidade animal bem como para higienização dos processos produtivos da bovinocultura de corte, produção de leite, suínos e aves, em conformidade com as exigências legais estabelecidas. Além deste, a empresa atua no perímetro urbano e comunidades do meio rural; área de saúde e hospitais; instituições de ensino (escolas e universidades); indústrias em geral (alimentos, frigoríficos, laticínios e etc.); atividades agropecuárias (gado de corte, produção de leite e lácteos, suínos e aves); esporte e lazer (tratamento de piscinas).

Para a promoção da disciplina sanitária com a finalidade de proteger e melhorar as condições de vida urbana e rural, a empresa presta os serviços de Tratamento Microbiológico de Água, Tratamento da Dureza da Água, Outorga para o Direito de Uso de Águas, Limpeza de Reservatórios, Laboratório de Análise da Água, dentre outros produtos e serviços 6.

Com os avanços em tecnologia e tratamento de água, o foco da de produção e vendas da Lics Super Água, devido a tecnologia inédita, é o produto denominado Gutwasser, ilustrado na Figura 03, objeto de estudo desta pesquisa. O Gutwasser foi desenvolvido para resolver a escassez de água potável inclusive em situações de desastres, emergência e calamidades públicas. Além disso, o funcionamento mecânico do sistema, por meio do fluxo da própria água, não depende de energia elétrica e pode ser implantado em áreas urbanas, rurais, unidades móveis, caminhões pipa e captação de difícil acesso. A Estação permite obter até 20 mil litros de água tratada por hora, sendo própria para o consumo humano, processos produtivos industriais, dessedentação e sanidade animal.

Figura 3
Inovação Tecnológica Gutwasser

Fonte: Disponível em http://www.licssuperagua.com.br/

No ano de 2005 a empresa filiou-se ao Programa Gaúcho de Qualidade e Produtividade (PGQP) com o objetivo de aprimorar as práticas de gestão e incorporação de novos conceitos e disseminação de uma cultura voltada à qualidade. Em 2007, participando pela primeira vez, a empresa foi finalista do prêmio MPE Brasil – Prêmio de Competitividade para Micro e Pequenas Empresas - que busca reconhecer boas práticas de gestão e disseminá-las para outras empresas e em 2008, pelo segundo ano consecutivo, dentre as 9.125 inscritas no estado do Rio Grande do Sul, classificou-se entre as 18 melhores empresas que se destacaram pelo comportamento empreendedor, inovação tecnológica, método de gestão, planejamento estratégicos, desenvolvimento de pessoas e resultados financeiros.

A partir dos investimentos e empenho da empresa em conquistar cada vez mais o mercado, no ano de 2008, a empresa conquistou a Certificação da NBR ISO 9001:2008, tendo como órgão certificador a BSI Brasil, reafirmando seu compromisso com a qualidade, o desenvolvimento econômico, reconhecimento social e contribuição na preservação ambiental.

No ano de 2009 a empresa conquistou a 2ª classificação dentre 44 organizações recomendadas com seus projetos de inovação tecnológica, num universo de 494 empresas inscritas em âmbito nacional. O projeto premiado consiste numa “Compacta e simplificada disposição construtiva automatizada e termodinâmica em estação para tratamento de água captada para consumo humano diverso”, com a finalidade específica de atender as mais variadas situações e necessidades para tratamento microbiológico de água. O reconhecimento do projeto por órgãos científicos e técnicos vinculados ao governo abre oportunidades de significativos avanços em tecnologia de vanguarda com prospecção do novo produto ao mercado nacional e internacional. O Projeto é apoiado pelo SEBRAE por meio de da Chamada Pública Inova Pequena Empresa RS FINEP/PAPPE Subvenção nº 01/2009.

5.3 Aspectos motivadores para o desenvolvimento da inovação tecnológica orientada para o desenvolvimento sustentável

A fim de compreender e posteriormente discutir de que forma a inovação tecnológica desenvolvida pela empresa, Lics Super Água pode contribuir para o desenvolvimento sustentável, iniciou-se indagando ao entrevistado se a inovação é um dos valores que norteiam a empresa desde que a mesma iniciou suas atividades. Apontou-se então, que a inovação e o empreendedorismo fazem parte dos princípios da organização e que os resultados benéficos que a inovação está proporcionando à empresa e à sociedade estimula a mesma a continuar inovando.

Quando a Lics Super Água iniciou suas atividades, mesmo possuindo uma visão abrangente das dificuldades e adversidades do mercado em que atua, não vislumbrava focar em produtos inovadores, a perspectiva era desenvolver atividades atuando no setor de saneamento ambiental que fizessem uso das tecnologias já disponíveis no mercado. No entanto ao deparar-se com a realidade do mercado, percebeu-se havia uma oportunidade, oriunda de necessidades não atendidas dos clientes da empresa. Diante disto, tem-se como aspecto motivador do desenvolvimento da inovação tecnológica orientada para a sustentabilidade a ausência de tecnologia para o tratamento de água, suprindo as necessidades dos clientes que a Lics Super Água pretendia atender.

Foi então que, segundo o presidente da empresa, mediante tal motivação, a empresa projetou suas expectativas e experiências adquiridas ao longo do seu exercício para desenvolver um produto sem precedentes quanto sua funcionalidade, praticidade e segurança, que fosse exclusivo e inédito, que pudesse ser aplicado nas mais diversas e adversas situações e, sobretudo proporcionasse melhoria na qualidade de vida por meio de do tratamento microbiológico de água de consumidores em condições desfavorecidas em termos de saneamento básico. O produto em questão é o Gutwasser, que veio a ser premiado pela FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos - como a 2ª maior inovação tecnológica do país.

Acerca disto, o presidente da empresa ressalta:

“a pretensão era a inclusão social de um expressivo contingente populacional que ainda se encontra à mercê das políticas públicas de saneamento básico, no que se refere ao fornecimento de água tratada "desinfetada e fluoretada", vital para a sobrevivência de qualquer espécie, considerando-se que 80% das doenças são contraídas por veiculação hídrica, por ocasião da ingestão direta da água, na manipulação de alimentos ou na utilização de materiais e utensílios lavados com água contaminada que, em caso adverso, implica diretamente na saúde e na qualidade de vida da população e nas atividades econômicas por elas desenvolvidas”.

O Gutwasser é feito de material durável e de longa vida útil, totalmente reciclável e anti-corrosivo, incluindo proteção contra intempéries e a acessos indesejados que dispensa qualquer tipo de construção civil. O produto não utiliza energia elétrica, é de operação simplificada e segura com utilização de insumos orgânicos que não geram resíduos, atendendo assim, as dificuldades operacionais e funcionais de sistemas de abastecimento de água para cidades, condomínios residenciais, indústrias, agroindústrias, comunidades rurais, áreas indígenas e demais atividades e empreendimentos que necessitam de qualidade da água para desempenho das suas atividades.

Para o presidente da empresa, as características de fabricação e uso do Gutwasser fazem-no um produto ecologicamente correto e que contribui para o desenvolvimento sustentável na medida em que integra dimensões econômicas, sociais e ambientais. Neste caso, a Lics Super Água, contribui para o desenvolvimento sustentável da região em que atua, a partir do momento que o uso do produto inovador proporciona a curto e médio prazo ganhos produtivos devido a maior segurança com a utilização de água tratada para todos os fins de usos bem como para industrialização de produtos, melhoria da qualidade de vida das pessoas e contribuição ambiental pela maior consciência ecológica decorrente.

Acerca da contribuição da inovação tecnológica para o desenvolvimento sustentável da região, o presidente enfatiza que esta é notável considerando a realidade dos 476 municípios do estado do Rio Grande do Sul, sendo que destes um terço na área urbana e a maioria das comunidades e famílias do meio rural não tem acesso a tratamento de água para consumo. Estas pessoas estão mais sujeitas a serem acometidas por doenças que poderiam ser evitadas caso tivessem água tratada, diferentemente das beneficiadas pela inovação tecnológica orientada para a sustentabilidade desenvolvida pela Lics Super Água.

A inovação tecnológica desenvolvida promove a potabilização da água para consumos diversos, reduzindo drasticamente as doenças de veiculação hídrica que afetam o ser humano, gastos com ações curativas em internações hospitalares e medicamentos, contribuindo para a reserva de recursos financeiros da área da saúde que podem ser aplicados em outras ações sociais básicas à sadia qualidade de vida das pessoas.

Por ser um produto fabricado com materiais 100% recicláveis não terá qualquer resíduo sólido lançado no meio ambiente, não afetando as condições atmosféricas, água e solo. Sendo assim, a consciência ecológica orientada para e desenvolvimento de produtos ecologicamente corretos e a sadia qualidade de vida da população da região, conforme discurso do entrevistado “reserva em si energia para produzir e se desenvolver economicamente, rendendo ganhos para sua família, comunidade e região, estado e para o país como um todo”.

O acesso a condições sanitárias adequadas especialmente água de qualidade nos centros sociais – urbanos e rurais, em particular as famílias do campo, fará com que sua permanência seja mantida no convívio em comunidade e possam manter suas atividades agrícolas produtivas e contribuam assim para a redução do êxodo para as cidades.

As perspectivas da empresa ao desenvolver o produto não só refletem o empreendedorismo, a partir do momento que identifica uma oportunidade no mercado e a explora, como também o foco no desenvolvimento sustentável, já que a inovação desenvolvida abarca questões sociais, culturais, ecológicas, ambiental, econômicas e também políticas.

5.4 Percepções dos clientes sobre os benefícios da inovação tecnológica orientada ao desenvolvimento sustentável

Quando indagado aos clientes a respeito dos motivos que os levaram a investir no produto inovador no tratamento de água, o Gutwasser, todos citaram a busca pela melhoria na qualidade do leite e da água para o consumo humano e animal e complementam que os resultados foram além de suas expectativas, oferecendo à eles melhoria na sua própria qualidade de vida, como relata uma cliente:“a água parece que fica mais gostosa e minhas mãos não racham mais”

O produto utilizado pelos produtores da região, como forma de tratamento da água utilizada durante a ordenha, lhes trouxe resultados e benefícios econômicos também, já que segundo um dos clientes entrevistados, por meio de da ação de desinfecção microbiológica da água utilizada nos processos produtivos do leite, o leite das propriedades rurais da região passou a ser mais valorizado devido à sua boa qualidade, como relata um deles: “logo no primeiro mês de uso do Gutwasser, as análises de contagem bacteriana reduziram de 840 para 22 mil e isso valoriza muito o leite que é produzido na propriedade”.

Os clientes entrevistados deixaram claro sua satisfação com o produto, com os benefícios que o mesmo proporciona à suas famílias, à comunidade e ao meio ambiente e também com a empresa, que presta os serviços de assistência.

Quanto aos benefícios sustentáveis do Gutwasser, os clientes acreditam que estes existem sim e que vão desde a não ocorrência de acúmulo de água parada em desníveis do solo onde os animais acabavam bebendo e às vezes contaminando-se com produtos da lavoura, até o fato de não deixar resíduos e a não utilização da energia elétrica, o que por si só já torna a inovação orientada para a sustentabilidade.

Tais constatações mostram a abrangência da inovação tecnológica desenvolvida e sua relação com a sustentabilidade, haja vista que abrange questões ambientais, econômicas e sociais. As melhorias ambientais referem-se a toda questão ecológica do produto, que além de ser feito de material totalmente reciclado, não deixa resíduos, não utiliza energia elétrica proporcionando assim melhores resultados aos negócios de seus clientes. Com o acúmulo de água nos desníveis do solo, os animais poderiam beber água contaminada com os produtos da lavoura, diminuindo assim a qualidade do leite produzido e conseqüentemente o rendimento e os lucros das famílias produtoras. Economicamente então, com a utilização do Gutwasser e a melhoria da qualidade de seus produtos, os clientes ganham por meio do aumento de sua produção e venda, já que com um produto de mais qualidade e confiabilidade há mais procura e, por conseguinte, um lucro maior. Para a sociedade, os benefícios vão desde a melhoria na qualidade de vida da comunidade, o crescimento dos negócios da mesma que por sua vez refletem na economia local e sob um âmbito maior, a contribuição ambiental.

6. Considerações Finais

A presente pesquisa, que apresentou como objetivo discutir de que forma a inovação tecnológica pode contribuir para o desenvolvimento sustentável da região em que atua, baseou sua relevância na importância das organizações considerarem as práticas sustentáveis em suas ações e perspectivas, haja vista, os possíveis impactos que as mesmas podem ocasionar no meio ambiente e o que pode significar o investimento em práticas deste âmbito no desenvolvimento de uma comunidade ou região.

Assim, por meio de da efetuação das entrevistas foi possível identificar a significância das práticas inovadoras orientadas para o desenvolvimento sustentável, já que a inovação desenvolvida pela unidade de análise trouxe benefícios para toda a comunidade regional, no que diz respeito a melhorias a qualidade de vida, maiores oportunidades de crescimento para as empresas locais, incluindo principalmente as propriedades rurais que passaram a oferecer produtos de melhor qualidade ao mercado, crescimento econômico com os maiores lucros das empresas locais e, sobretudo, benefícios ambientais devido às características ecologicamente corretas do produto.

O comprometimento da empresa com o desenvolvimento de uma estratégia de produtos em conformidade com o desenvolvimento sustentável é evidenciado pela obtenção das diversas certificações, seguindo a tendência mundial de demanda por produtos sustentáveis. Percebe-se que questão socioambiental faz parte da estratégia tecnológica da empresa, levando em consideração os interesses institucionais e dos grupos de interesse envolvidos. As informações obtidas evidenciam que o sucesso da competitividade da empresa está baseado no oferecimento de soluções tecnológicas inovadoras, comprometidas com o desenvolvimento sustentável.

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1 Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). E-mail: kati_schiemer@yahoo.com.br
2 Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). E-mail: janaina.schiavini@gmail.com
3 E-mail: janainamima@yahoo.com.br
4 Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). E-mail: mr.gmoura.ufsm@gmail.com
5 Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). E-mail: flaviascherer@globo.com
6 www.licssuperagua.com.br Acesso em: 23 de ago de 2011.


Vol. 33 (11) 2012
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