Espacios. Vol. 34 (5) 2013. Pág. 7


Um estudo sobre a influência da força produtiva de uma unversidade pública no desenvolvimento econômico regional

A study on the influence of the productive force of a public university in regional economic development

Rodrigo Roratto 1 y Evandro Dotto Dias 2

Recibido: 11-12-2012 - Aprobado: 18-02-2013


Contenido

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RESUMO:
Atualmente, diversos autores preconizam que o desenvolvimento econômico regional é fruto da interação de diversos fatores, dentre eles da relação entre educação e empreendedorismo. As pesquisas publicadas sobre o assunto, em sua maioria, abordam o empreendedorismo do ator principal, esquecendo-se de tratar das ideias e maneira como foi concebido o empreendimento. Assim, este artigo, através de um estudo de caso de caráter quantitativo-qualitativo, tem por objetivo geral mostrar a influência da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) – e sua força produtiva – no desenvolvimento econômico da região de Santa Maria/RS. Para isso, busca relacionar os fatos e indicadores atuais da instituição com o crescimento do Produto Interno Bruto – PIB. Os resultados mostram a influência que a UFSM teve no desenvolvimento econômico da cidade de Santa Maria. Assim, conclui-se que o modelo de empreendedorismo institucional proposto pelo criador da UFSM, trouxe os resultados esperados para a região, tanto para o crescimento da Instituição quanto para o crescimento econômico da comunidade regional.
Palavras-chave: Empreendedorismo, Universidade pública. Desenvolvimento econômico regional.

ABSTRACT:
Currently, many authors recommend that the regional economic development is the result of interaction of several factors, including the relationship between education and entrepreneurship. The published research on the subject, mostly addressing the entrepreneurship of the main actor, forgetting to address the ideas and how the project was conceived. Thus, this paper through a case study of a quantitative and qualitative, aims to show the general influence of the Federal University of Santa Maria - UFSM - economic development of the region of Santa Maria / RS. It thus tries to relate the facts and current indicators of the institution with the growth of Gross Domestic Product - GDP. The results show the influence that had UFSM economic development of the city of Santa Maria. Thus, we conclude that the model of institutional entrepreneurship proposed by the creator of UFSM, brought the expected results for the region, both the growth of the institution and to the economic growth of the regional community.
Keywords: Entrepreneurship, public university. Regional economic development.


Introdução

A formação em nível superior tem sido de fundamental importância para o desenvolvimento socioeconômico de regiões e países.  Historicamente a oferta de cursos de nível superior cria polos de geração de conhecimento, levando ao empreendedorismo e à inovação. Quanto maior a capacidade das Instituições de Ensino Superior de gerar conhecimento maior é o nível de atração de empresas e pessoas, gerando desenvolvimento da região (NUNES, 2007; MATHEWS e HU, 2007; ANDERSON, 2011).

Durante o planejamento para implantar a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), objeto de estudo deste trabalho, o fundador e seu grupo de apoio, chamavam-na de “Nova Universidade”. Para conseguir isso, várias ações empreendedoras foram desenvolvidas, como a ideia de se construir uma cidade universitária que agrupasse todas as atividades administrativas e de ensino em um local único, a fim de diminuir os deslocamentos e facilitar o aprendizado. Além disso, foram criadas normativas para os professores atuarem tempo integral e com dedicação exclusiva às atividades de ensino e pesquisa. Outras ações empreendedoras que distinguiam a criação da UFSM das demais universidades à época eram: facilitar o acesso ao ensino superior para membros de todas as classes sociais e a sintonia entre a educação e a realidade regional (BARICHELLO, 2000).

A idealização e criação da UFSM foi fruto de atitudes empreendedoras. Isso ocorreu em função da experiência de vida e ideais do fundador, bem como em função do empreendedorismo institucional relacionado aos diferenciais de ensino planejado para a Universidade. As ações envolvidas na busca pela aprovação da criação da UFSM denotam um grau de empreendedorismo institucional, algo que pode ser encontrado em publicações recentes. Kisfalvi e Maguire (2011) apontam que essa modalidade de empreender envolve a mobilização de recursos, a justificativa das propostas e o poder de envolver a todos em busca de um ideal comunitário.

A UFSM foi criada em 14 de dezembro de 1960 com o objetivo de desenvolver a região: a primeira universidade pública federal criada no interior do Brasil, fora das capitais. Desde o início de suas atividades, a UFSM cumpre importante papel social e auxilia no desenvolvimento regional (ROCHA FILHO, 1993).

A partir desse contexto, este artigo tem por objetivo analisar a influência da UFSM, com a sua respectiva força produtiva, no crescimento da cidade de Santa MariaRS, sede de seu campus universitário. Para atender a esse objetivo realizou-se uma pesquisa sobre fatos que marcaram o início da Universidade, as ações necessárias para viabilizar sua implantação, a cronologia de implantação dos cursos, a perspectiva de número de municípios e de alunos a serem atendidos e o número de vagas oferecidas. Também foi pesquisada a evolução do PIB na cidade de Santa Maria.

O artigo está organizado em uma sequência que apresenta esta introdução, que trata o tema e os objetivos desse artigo. A seguir é relacionado o empreendedorismo como fator de influência no desenvolvimento regional. Após, relatam-se alguns fatos anteriores à criação da UFSM, sendo em seguida apresentados fatos relacionados ao fundador e à criação da UFSM. Posteriormente, é abordada a metodologia utilizada para desenvolvimento desse estudo. Os resultados mostram os números da Universidade, relacionando-se os cursos, centros de ensino, professores e alunos; além dos dados relativos ao PIB da cidade de Santa Maria. Por fim, é realizada a análise da relação entre o volume financeiro movimentado pela UFSM com a evolução do PIB da cidade de Santa Maria e após, apresenta-se a conclusão deste estudo.

O empreendedorismo como fator de influência no desenvolvimento regional

O empreendedorismo tem sido visto como fator de geração de empregos e prosperidade econômica em países desenvolvidos e em desenvolvimento. Também, há uma correlação positiva entre o empreendedorismo e o crescimento econômico. Por isso, o impacto do empreendedorismo sobre o crescimento econômico vem alcançando destaque em estudos governamentais e acadêmicos, visto que há uma estreita relação entre o empreendedorismo e a inovação, tão necessária para a promoção do desenvolvimento economico regional (PETRIDOU, SARRI e KYRGIDOU, 2009; PACKHAM et al., 2010).

Taatila (2010) salienta a capacidade dos empreendedores em adaptar-se de acordo com as exigências de seus clientes e de seu ambiente próprio pode oferecer um processo constante de inovação para a sociedade. Dessa forma, os empreendedores têm a oportunidade de desenvolver produtos e serviços que atendam às necessidades e demandas regionais, de acordo com o seu conhecimento de mercado e experiências pessoais e profissionais. Empreendedores, em geral, possuem talentos e habilidades para criarem e fornecerem um ambiente criativo de trabalho. Com isso, o nível de inovação nesses ambientes, geralmente é muito alto  (KAUANUI et al, 2010).

Já Vincett e Farlow (2008) consideram que não basta apenas um comportamento empreendedor, mas há a necessidade de mudanças na filosofia, envolvendo um elemento de revolução e inovação do modo de construir novos empreendimentos e negócios. Complementando essa ideia, Gelderen (2010) mostra que as ações dependem dos atores que as tornam realidade. Para tanto, os empreendedores precisam ter autonomia para desenvolver e realizar os objetivos pessoais, estendendo a autonomia para a liberdade na tomada de decisões e na consciência que a realização do planejamento possibilitará o alcance dos objetivos propostos, tanto para o empreendimento quanto para o aspecto pessoal.

A origem da Universidade Federal de Santa Maria

A história da UFSM se inicia antes mesmo de sua fundação. Em 1931, por iniciativa de alguns médicos que atuavam na cidade fundou-se a Faculdade de Farmácia. A Faculdade de Farmácia de Santa Maria e as faculdades de Direito e Odontologia de Pelotas foram incorporadas à Universidade de Porto Alegre, que passou a denominar-se Universidade do Rio Grande do Sul - URGS, através da lei número 414 de 4 de dezembro de 1948. Com a incorporação da Faculdade de Farmácia à URGS, iniciou-se o trabalho para criar uma extensão da Faculdade de Medicina em Santa Maria, vinculada à Faculdade de Farmácia, fato consumado em 28 de abril de 1954, quando da assinatura da autorização de funcionamento do curso de medicina na cidade. Essa passou a ser chamada de Faculdade de Medicina de Santa Maria em 1956 (ISAIA, 2006).

Com o apoio do fundador da UFSM, Doutor José Mariano da Rocha Filho, então presidente da Associação Santa-mariense de Pró Ensino Superior – ASPES – foram criadas a Faculdade de Ciências Políticas e Econômicas, em 8 de dezembro de 1953 e autorizada pelo decreto 36.680 de 29 de dezembro de 1954. Essa era mantida pela Congregação dos Irmãos Maristas. Em 1955, através do decreto número 37103/55 o Conselho Nacional de Educação – CNE autorizou o funcionamento dos cursos de Pedagogia e de Letras Anglo-Germânicas da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras “Imaculada Conceição”. Também em 1955, através da portaria 144/55, o Ministério da Educação concedeu autorização para o funcionamento do curso de enfermagem da Faculdade de Enfermagem Nossa Senhora Medianeira. Em 17 de dezembro de 1959 foi publicado o decreto número 47.436, autorizando o funcionamento da Faculdade de Direito de Santa Maria. Assim, em 1960 criava-se a Universidade de Santa Maria, reunião das faculdades até então estabelecidas na cidade e da criação das faculdades de Odontologia e Politécnica (ROCHA FILHO, 1993 e ISAIA, 2006).

O empreendedorismo institucional

Uma instituição de ensino superior auxilia no desenvolvimento regional, uma vez que além do papel fundamental de educação, muitas outras atividades são conduzidas pelas universidades. Com isso, estas instituições empregam muitas pessoas, possuem grandes orçamentos e contribuem diretamente para o desenvolvimento econômico das regiões onde se instalam (FELSENSTEIN, 1996). Com mais pessoas empregadas, a influência destas instituições aumenta, elevando os níveis de renda total e uma parcela desta renda será gasta em produtos e serviços, gerando efeitos positivos para o desenvolvimento socioeconômico regional (HARRIS, 1997).

Simonyi (1999) afirma que as instituições de ensino superior geram demandas no mercado de trabalho e em pesquisa e desenvolvimento, o que faz com que os investimentos em qualificação sejam aumentados. Além disso, estas instituições oferecem serviços sociais, culturais e de saúde para toda a comunidade local, estimulando seu desenvolvimento.

Garrido-Yserte e Gallo-Rivera (2010) dividem em duas classes os benefícios de uma instituição de ensino superior para o desenvolvimento regional. Primeiro, classificam os efeitos da universidade sob a região, na qual apontam efeitos na política, como mudanças na estrutura política, aumento da participação dos cidadãos, melhoria na organização dos processos políticos; na demografia, havendo crescimento da população; na economia, devido às mudanças no orçamento e atração de novos investimentos e geração de empregos; na infraestrutura, com investimentos em habitação, trânsito, sistema de saúde e outros; culturais; educação e aspectos sociais, com efeitos sobre a qualidade de vida das pessoas. A segunda classificação é feita tomando os efeitos da universidade sobre a economia, onde apontam: os empregos gerados; a geração de impostos e benefícios; a compra de produtos e serviços pela universidade; o gasto do pessoal da universidade na economia local; e, a geração de empregos para fornecer serviços e produtos para a universidade e seus funcionários.

A proposta do idealizador Doutor José Mariano da Rocha Filho para a criação da “Nova Universidade” distinguia-se, basicamente, em três fatores dos modelos tradicionais da época: facilitar o acesso ao ensino superior a estudantes de todas as classes sociais, tratar a Universidade como ambiente da comunidade e sintonizar o ensino com o ambiente em que está inserido (ROCHA FILHO, 2011).

Quando de sua criação em 1960, vários fatos relevantes marcaram o empreendedorismo institucional visto que a Universidade possuía circuito fechado de televisão, os móveis eram fabricados em carpintaria própria e cada aluno dispunha de um microscópio. Com uma visão avançada, José Mariano da Rocha Filho viajou por diferentes países para encontrar modelos de universidade que completassem seu ideal para a “Nova Universidade”. Conhecendo modelos americanos e europeus, considerou o modelo brasileiro deficiente para atender a necessidade de interiorizar o ensino superior no Brasil. Além disso, a UFSM foi exaustivamente planejada para atender as necessidades geográficas da região onde se instalaria, fazendo com que atendesse estudantes de diferentes localidades. Por isso, também foi planejada a casa do estudante universitário. A busca por recursos para realizar o sonho do idealizador da Universidade, em fundar a primeira instituição pública de ensino superior fora das capitais do Brasil foi intensa. Passou, em primeiro lugar pela conquista do apoio dos colegas professores, contagiando a comunidade e por fim na busca de apoio político, conseguido por meio de várias viagens à capital federal. (ISAIA, 2006).

O planejamento realizado na década de 1950 foi intenso e exaustivo, concluindo que a Universidade deveria atingir 1815 estudantes, se considerada somente a cidade de Santa Maria e 30000, se considerada a região geo-educacional a ser atendida pela Instituição. O planejamento passou por etapas de avaliação das condições educacionais do país, com as quais o fundador concluiu que os recursos públicos estavam sendo dirigidos às capitais, onde as universidades e demais recursos cresciam. O empreendimento maior do Doutor José Mariano da Rocha Filho foi pleitear meios para iniciar um processo de destinação de recursos à população interiorana, o que representava, à época, mais de 70% da população brasileira. Assim, além de buscar incentivos para criar a Universidade, também foi planejada a mudança de alguns conceitos até então utilizados nas instituições. Foram priorizadas as atividades de tempo integral para professores e alunos; a criação da cidade universitária, para evitar desperdícios de tempo em deslocamento entre unidades de ensino; a criação de estágios obrigatórios para aluno, sendo a primeira Universidade no Brasil a reservar o último ano das faculdades de Farmácia e Medicina apenas para atividades práticas; a instituição de bolsas de estudos rotativas. Além disso, ações de crescimento e ampliação da Universidade foram também planejadas, como: criação de curso colegial agrícola, o primeiro em uma universidade no Brasil; a criação do parque de exposições; a instalação de uma fábrica piloto de laticínios; a inauguração da rádio universitária e a ampliação da atuação da televisão universitária; realização de atividades culturais; instalação de um planetário; as atividades de assistência à saúde e sociais à comunidade. Salienta-se a gestão do planejamento, com metas de tempo e acompanhamento do cumprimento do cronograma estabelecido para implantação de cada ação, sendo que todas foram implementadas.

Metodologia

As ações empreendedoras que deram origem à implantação da UFSM geraram a questão-chave de pesquisa desse artigo: “Qual a influência da UFSM no desenvolvimento de Santa Maria?”. Para responder à questão de pesquisa, partiu-se para a coleta de dados sobre a criação da universidade e sobre o seu crescimento. O objetivo desse artigo é apresentar as ações de empreendedorismo institucional da fundação da UFSM durante o processo de criação e ampliação da Universidade e a influência dessa Instituição no crescimento da cidade de Santa Maria.

Para alcançar o objetivo foram utilizados estudos bibliográficos e pesquisa documental. O estudo bibliográfico busca explicar um problema a partir de referencial teórico já publicado (CERVO e BERVIAN, 2002 e GIL, 2010). A pesquisa documental é semelhante à pesquisa bibliográfica, porém as fontes de pesquisa são oriundas de materiais internos da organização estudada (GIL, 2010).

Para a condução de pesquisas sobre empreendedorismo e desenvolvimento regional, Kisfalvi & Maguire (2011) utilizam a pesquisa qualitativa, visto que esse tipo de pesquisa é mais apropriado para a construção e elaboração de teoria e adequada para examinar um fenômeno, como o empreendedorismo institucional. Esta pesquisa parte do centro de estudo, a UFSM e as ações empreendedoras de sua fundação. Ao lado deste centro coloca-se a evolução do PIB da cidade de Santa Maria. Os dados coletados foram analisados por meio de comparação, método que pode ser encontrado em Petridou, Sarri e Kyrgidou (2009); Packham et al. (2010); Varblane e Mets (2010). Esses autores utilizam a comparação e a pesquisa qualitativa para corrigir potenciais problemas de interpretação e eliminar potenciais análises tendenciosas sobre os dados.

O método de coleta de dados dividiu-se em duas etapas. A primeira foi realizada por meio documental sobre os dados da UFSM, através da pesquisa dos indicadores da Universidade, disponibilizados no site da instituição. Nessa fase da pesquisa foram quantificados os investimentos realizados na Universidade. A segunda etapa da coleta de dados utilizou a pesquisa bibliográfica, na qual se identificou a evolução do PIB da cidade de Santa Maria, através de pesquisa em dados disponibilizados pela Fundação de Economia e Estatística do Estado do Rio Grande do Sul.

Segundo Gil (2010), após a coleta e registro dos dados, é necessário que esses sejam analisados e interpretados. A análise tem como objetivo sumarizar a apresentação dos dados, fornecendo respostas ao problema da pesquisa. Já a interpretação busca uma maior fundamentação das respostas, relacionando os dados a conhecimentos prévios.

O tratamento dos dados foi realizado utilizando-se a tabulação e análise estatística do relacionamento entre a evolução do crescimento da UFSM e do PIB da cidade de Santa Maria, com auxílio do software “Statistica 9.0 ®”. O uso desse software teve a finalidade de verificar a existência de relação entre as variáveis desse estudo, que são as despesas com pessoal da UFSM e o PIB da cidade de Santa Maria. Essa análise foi realizada através dos cálculos dos coeficientes de correlação simples de Pearson com intervalo de confiança de 95%. Nesse tipo de análise interessam, principalmente, os casos em que a variação de uma variável é sensivelmente dependente de outra variável.

Após essa análise, foi realizada a avaliação da importância das ações empreendedoras de criação e crescimento da UFSM no desenvolvimento econômico da cidade de Santa Maria.

Indicadores da Universidade Federal de Santa Maria

A UFSM conta atualmente com 272 cursos de nível médio, técnico, tecnológico, graduação e pós-graduação, distribuídos em seis diferentes localizações geográficas. A Universidade é formada por unidades de ensino, as quais hospedam cursos, de acordo com sua área de conhecimento. São quinze unidades e o número de cursos em cada uma pode ser visualizado no Quadro 1.

Quadro 1: Cursos da UFSM por unidade universitária

Unidade Universitária

Presencial

EAD

Total

Centro de Artes e Letras – CAL

31

3

34

Centro de Ciências da Saúde – CCS

37

0

37

Centro de Ciências Naturais e Exatas - CCNE

33

3

36

Centro de Ciências Rurais – CCR

25

2

27

Centro de Ciências Sociais e Humanas - CCSH

34

5

39

Centro de Educação - CE

9

3

12

Centro de Educação Física d Desportos - CEFD

5

0

5

Centro de Educação Superior Norte - RS/UFSM – Cesnors

14

2

16

Centro de Tecnologia - CT

18

1

19

Colégio Agrícola de Frederico Westphalen - CAFW

10

0

10

Colégio Agrícola de Santa Maria - CASM

1

0

1

Colégio Politécnico da Universidade Federal De Santa Maria

16

0

16

Colégio Técnico Industrial - CTISM

13

1

14

Reitoria

2

0

2

Unidade Descentralizada Educação Superior UFSM Silveira Martins

4

0

4

Total

252

20

272

 Fonte: UFSM (2011)

Essas unidades universitárias estão distribuídas em cinco campus universitários e nos polos de ensino à distância. Essa distribuição é mostrada na Figura 1.

Figura 1: Cursos da UFSM por local de oferta

Fonte: UFSM (2011)

A Figura 2 apresenta a divisão da modalidade dos cursos, por ensino presencial ou à distância, em cada nível de ensino.

Figura 2: Cursos da UFSM por modalidade de ensino

Fonte: UFSM (2011)

Desses 272 cursos, pode-se visualizar pela Figura 3, que a maior oferta é por cursos de Graduação – Bacharelado, com 83 cursos.

Figura 3: Cursos da UFSM por nível de ensino

Fonte: UFSM (2011)

Dos cursos da UFSM, vinte são ofertados na modalidade à distância. Desses, nove são de Graduação – Licenciatura Plena e oito de Pós-Graduação a nível de especialização. As outras modalidades de ensino que oportunizam cursos à distância são: bacharelados de graduação, Graduação – Tecnológico e Pós-Médio de nível técnico, todos com uma opção de curso à distância.

Em todos os cursos e unidades universitárias, a UFSM possui 26.208 estudantes. A divisão do número de alunos em cada unidade está apresentada no Quadro 2. Observa-se que do total de alunos, a maioria está matriculada nos cursos de graduação, 18.999 estudantes.

Quadro 2: Número de alunos matriculados por campus e nível de ensino

Local de Oferta

Graduação

Pós-Graduação

Médio

Pós-Médio

Total

Campus Camobi - UFSM

12519

3089

389

822

16819

Campus Centro - UFSM

2067

135

0

0

2202

Campus Frederico Westphalen

1105

10

452

128

1695

Campus Palmeira das Missões

1103

0

0

0

1103

Campus Silveira Martins

274

0

0

0

274

Pólos EAD

1931

1797

0

387

4115

Total

18999

5031

841

1337

26208

Fonte: UFSM (2011)

Dos 26.208 estudantes matriculados, 22.093 estão na modalidade presencial e 4.115 no ensino à distância, distribuídos nas unidades universitárias, como mostra o Quadro 3.

Quadro 3: Número de alunos matriculados por unidade universitária e nível de ensino

Unidade Universitária

Grad.

Pós-Grad.

Médio

Pós-Médio

Total

Centro de Artes e Letras – CAL

1537

92

0

0

1629

Centro de Ciências da Saúde - CCS

2080

517

0

0

2597

Centro de Ciências Naturais e Exatas - CCNE

1560

590

0

0

2150

Centro de Ciências Rurais - CCR

2188

852

0

0

3040

Centro de Ciências Sociais e Humanas - CCSH

3545

1119

0

0

4664

Centro de Educação – CE

1954

588

0

0

2542

Centro de Educação Física e Desportos - CEFD

531

93

0

0

624

Centro de Educação Superior Norte-RS/UFSM – Cesnors

2292

185

0

0

2477

Centro de Tecnologia – CT

2234

673

0

0

2907

Colégio Agrícola de Frederico Westphalen - CAFW

108

0

452

128

688

Colégio Agrícola de Santa Maria - CASM

0

0

0

1

1

Colégio Politécnico da Universidade Federal De Santa Maria

263

15

108

607

993

Colégio Técnico Industrial - Ctism

245

0

281

601

1127

Reitoria

188

307

0

0

495

Unidade Descentralizada Educação Superior UFSM Silveira Martins

274

0

0

0

274

Total

18999

5031

841

1337

26208

Fonte: UFSM (2011)

Para atender aos 26.208 alunos, a UFSM conta com um quadro docente que atua em todos os níveis de ensino. Em relação aos docentes do ensino superior, estes se distribuem nas unidades universitárias, totalizando 1.515. Além dos docentes, a UFSM conta com um quadro de 2.670 técnico-administrativos. A alocação por unidade universitária é apresentada no Quadro 4.

Quadro 4: Número de docentes de ensino superior e funcionários técnicos administrativos por unidade universitária

Unidade de Exercício

Docentes

Técnicos

Auditoria Interna da UFSM

-

1

Centro de Artes e Letras – CAL

115

34

Centro de Ciências da Saúde – CCS

293

160

Centro de Ciências Naturais e Exatas – CCNE

192

76

Centro de Ciências Rurais – CCR

175

163

Centro de Ciências Sociais e Humanas – CCSH

190

71

Centro de Educação – CE

109

44

Centro de Educação Física e Desportos – CEFD

30

20

Centro de Educação Superior Norte-RS/UFSM – Cesnors

140

56

Centro de Tecnologia – CT

172

72

Colégio Agrícola de Frederico Westphalen – CAFW

11

24

Colégio Politécnico da Universidade Federal de Santa Maria

13

35

Colégio Técnico Industrial – CTISM

14

29

Hospital Universitário de Santa Maria – HUSM

6

1248

Reitoria

35

632

Unidade Descentralizada Educação Superior UFSM Silveira Martins

20

5

Total

1515

2670

Fonte: UFSM (2011)

Para manter essa estrutura, a UFSM insere um montante financeiro na cidade de Santa Maria, como mostrado na Tabela 1, que relaciona as movimentações da Universidade e o PIB da cidade.

Tabela 1: Movimentação financeira da UFSM e PIB da cidade de Santa Maria

Ano

Despesa com pessoal

Despesas correntes

Despesas de capital

PIB em R$

1994

70.034.042,47

16.007.215,18

1.248.013,09

 

1995

210.206.420,00

24.567.370,00

3.868.092,00

 

1996

132.972.914,43

29.693.128,57

7.216.431,53

907.025.000

1997

150.652.850,72

33.655.237,00

5.454.300,68

997.563.000

1998

149.115.415,51

41.357.861,62

4.371.733,30

1.043.087.000

1999

158.824.861,50

41.504.044,00

2.848.228,00

1.236.570.000

2000

171.792.584,00

24.357.226,00

3.325.113,00

1.319.426.000

2001

181.709.168,00

21.659.314,00

3.151.504,00

1.403.146.000

2002

313.645.794,00

57.591.262,00

2.055.295,00

1.679.746.000

2003

223.516.396,00

34.288.231,00

5.435.712,00

1.923.917.000

2004

266.927.334,00

40.085.891,00

7.084.271,00

2.151.923.000

2005

262.185.887,00

80.155.804,00

22.454.055,00

2.347.705.000

2006

321.352.408,42

87.998.200,17

9.112.925,55

2.650.012.000

2007

351.446.217,51

99.026.726,87

30.842.840,61

2.922.995.000

2008

416.712.638,59

108.805.274,57

28.002.220,66

3.196.207.000

2009

 

 

 

3.457.585.000

Fonte: Gubiani (2011) e Fundação de Economia e Estatística do Estado do Rio Grande do Sul

Observa-se pela Tabela 1 que o PIB da cidade de Santa Maria evoluiu continuamente desde o ano de 1996. Pela mesma tabela, vê-se que o PIB em 2009 atingiu o montante aproximado de R$ 3,5 bilhões.

Relação entre montante financeiro movimentado pela UFSM e PIB da cidade de Santa Maria

Os dados utilizados compreendem os anos de 1996 a 2008, porque nesse período as variáveis estudadas estão disponíveis. No primeiro momento se construiu o diagrama de dispersão para analisar a relação entre as variáveis. Esse gráfico pode ser observado na Figura 4.

 

Figura 4: Gráfico de dispersão entre PIB e despesas com pessoal da UFSM

 

Observa-se pela Figura 4 que existe uma relação linear forte e positiva, ou seja, na medida em que aumentam as despesas com pessoal da UFSM, cresce o PIB da cidade de Santa Maria. Conhecendo-se a forte relação entre as variáveis, partiu-se para a determinação do valor e da significância do coeficiente de correlação entre as variáveis, obtendo-se rxy = 0,9402 e p<0,001, o que permite concluir que a correlação entre as duas variáveis é significativa.

O teste de ANOVA foi utilizado para confirmar a possibilidade de ajuste de uma equação linear entre as variáveis (p < 0,001). Assim, o modelo de regressão linear ajustado foi   onde Y = PIB e X = despesas com pessoal da UFSM. Essa equação demonstra que, para cada aumento de uma unidade nos gastos com despesas de pessoal (R$ 1,00), o PIB da cidade de Santa Maria aumenta, aproximadamente, R$ 8,00.

Após, foi calculado o coeficiente de determinação para o PIB e despesas com pessoal, encontrando-se um valor de R² = 0,8841. Isso indica que 88,41% da variação do PIB da cidade de Santa Maria podem ser explicadas pela variação das despesas com pessoal da UFSM.

Para verificar os pressupostos básicos do ajuste da análise de regressão, realizou-se a análise de resíduos, concluindo-se que os mesmos são normalmente distribuídos e homocedásticos, ou seja, têm variância constante e são descorrelacionados. Além disso, não foi observado nenhum outlier, ou seja, nenhuma observação discrepante.

Considerações finais

O objetivo desse trabalho foi apresentar a influência da UFSM, com a sua força produtiva, no crescimento da cidade de Santa Maria/RS. Pode ser observado, pelos dados da pesquisa, que a UFSM, sendo a primeira Instituição de Ensino Superior Pública no Brasil, instalada fora das capitais foi um marco para a interiorização do ensino superior no país, demonstrando a importância do empreendedorismo institucional na educação desse nível para as comunidades regionais envolvidas em um projeto dessa magnitude. Após o minucioso planejamento, a Universidade criada em 1960 apresentou diferenciais tanto nas instalações físicas, buscando concentrar todas as atividades administrativas e de ensino; quanto educacionais, com planejamento de unidades universitárias de acordo com a área de conhecimento. Isso demonstra que as ações empreendedoras utilizadas à época, fizeram com que a recém-criada Universidade pleiteasse lugar de destaque entre as demais instituições de ensino superior do Brasil.

Notou-se que a implantação de uma Instituição de Ensino Superior pública, assim como a UFSM, pode contribuir substancialmente para o crescimento econômico e desenvolvimento de uma comunidade; visto que conforme pode ser visto junto ao objeto de estudo o número de pessoas atendidas pela instituição está próximo do planejado pelo fundador, cerca de 26.208 alunos ante os 30.000 planejados. Isso faz com que seja necessário também um grande número de professores e funcionários para atender todas as necessidades dos estudantes. Isso não foi diferente no caso da UFSM, que evoluiu muito nos últimos anos, comparando-se os dados dos anos de 1998 e 2008, com os quais se observa o crescimento de 2,79 vezes nas despesas com pessoal; 2,63 vezes nas despesas correntes e 6,4 vezes nas despesas de capital. Esse crescimento pode ser atribuído à implantação do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais – Reuni – através do Decreto Nº 6.096 de 24 de abril de 2007. A meta deste programa é dobrar o número de alunos nos cursos de graduação em dez anos, contados a partir de 2008.

O estudo da correlação entre as variáveis PIB da cidade de Santa Maria e despesas com pessoal da UFSM tem uma alta significância para explicar a influência que a UFSM exerce sobre o crescimento econômico da cidade de Santa Maria. Esse crescimento pode ser observado, comparando-se a evolução do PIB no mesmo período, de 1998 a 2008, quando o valor do PIB da cidade de Santa Maria cresceu 3,06 vezes.

Com os resultados apresentados conclui-se que o artigo atingiu o objetivo, demonstrando as correlações existentes entre as variáveis avaliadas. Assim, conclui-se que as ações empreendedoras planejadas e implementadas pelo fundador da UFSM, Doutor José Mariano da Rocha Filho, foram fundamentais para que a UFSM fosse a primeira Universidade pública localizada fora de capitais de estado, bem como para que a Universidade se transformasse em um importante agente transformador do desenvolvimento econômico da comunidade santa-mariense.

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1 UFSM. Santa Maria/RS. Email: roratto_rs@hotmail.com
2 Doutorando em Educação pela UFSM. Santa Maria/RS. Email: peritoseconsultores@hotmail.com


Vol. 34 (5) 2013
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