Espacios. Vol. 34 (6) 2013. Pág. 9


Adaptação do posto de trabalho do levantamento de paredes ao perfil antropométrico da construção civil

Assessing adaptation of the job of lifting the walls of anthropometric profile of the civil construction

Viviane Leão SAAD 1 y Antonio Augusto de Paula XAVIER 2

Recibido: 03-04-2013 - Aprobado: 20-05-2013


Contenido

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RESUMO:
O estudo objetiva avaliar a adaptação do posto de trabalho do levantamento de paredes ao perfil antropométrico dos trabalhadores da construção civil. A pesquisa realizada caracteriza-se como um levantamento, do tipo descritivo. Para a coleta das informações utilizaram-se medições de postos de trabalho e medições antropométricas de 91 trabalhadores. Observou-se um número preocupante de postos de trabalho pouco adaptados aos padrões antropométricos dos pedreiros da construção civil. A partir das avaliações biomecânicas e antropométricas pode-se sugerir adaptações dos postos de trabalho do levantamento de paredes aos pedreiros da Construção Civil.
Palavras-chave: Antropometria; construção civil; ergonomia.

ABSTRACT:
The study aims to assess the adaptation of the job of lifting the walls of anthropometric profile of the construction workers. The survey characterized himself as a survey, the type descriptive. For the collection of information were used measurements of jobs and anthropometric measurements of 91 workers. There was a worrying number of jobs poorly adapted to the standards of anthropometric bricklayers civil construction. From the biomechanical and anthropometrical evaluations it could be suggested adaptations of the bricklayers workplaces.
Key -words: Anthropometry; construction; ergonomics.


1. Introdução

A indústria da construção civil é uma das atividades de maior índice de empregabilidade em nosso país, impulsionando a economia e gerando empregos. Devido às características sócio-culturais brasileiras, a grande maioria de nossa população apresenta baixo nível de escolaridade tendo que empregar-se em setores onde não existam grandes cobranças de qualificação profissional. Segundo Iida (2005, p.21), a construção civil apresenta uma ampla capacidade de empregabilidade por necessitar de um grande contingente de trabalhadores, e principalmente nas pequenas e médias empresas, não ter exigências quanto ao grau de instrução mínimo para as ocupações de pedreiro e servente.

Como relataram Oliveira, Adissi e Araújo (2004), o fator humano está presente em todos os níveis do processo produtivo e sem ele, os demais se tornam inoperantes. A qualificação, o interesse e a motivação desse fator são fundamentais para o crescimento de uma organização.

A construção civil por sua própria natureza requer de seus colaboradores grandes índices de esforço físico e prática de tarefas árduas para realização de muitas de suas atividades. A fadiga física, gerada por uma grande quantidade de trabalhos manuais, o estresse, causado pela constante necessidade de altos índices produtivos, e ambientes hostis de trabalho com vários riscos ambientais, transformam o canteiro de obras em um inóspito local de trabalho. Segundo Oliveira, Adissi e Araújo (2004), na construção civil existem uma multiplicidade de fatores que predispõe o operário a condições de trabalho desfavoráveis, tais como instalações inadequadas, falta de uso de equipamentos de proteção, falta de treinamentos, má organização do ambiente de trabalho, dentre outros. Conforme Pontes, Xavier e Kovaleski (2004), identificar e dar o tratamento adequado aos riscos ambientais na organização é evitar incalculáveis prejuízos que afetam centenas de empresas e incapacitam milhares de trabalhadores todos os anos no Brasil.

Compreender o comportamento dos problemas laborais dentro do contexto da Gestão Industrial a partir das necessidades locais e segundo as exigências legais é uma maneira de colaborar para equacionar os problemas ergonômicos que afetam os trabalhadores da construção civil. Assim, com a crescente preocupação quanto aos impactos negativos causados pelo setor da construção civil e especialmente em relação às doenças ocupacionais relacionadas ao sistema de produção, observa-se a necessidade de uma avaliação mais completa de dados antropométricos referentes aos trabalhadores da construção civil e conseqüente avaliação da adaptação dos postos de trabalho a estas medidas.

Dentro deste contexto pergunta-se, o posto de trabalho do levantamento de paredes da construção civil está adaptado aos parâmetros antropométricos dos trabalhadores?

2. Referencial teórico

A atividade no canteiro de obras exige constantemente movimentos repetitivos e manuseio de cargas, caracterizando-a como trabalho pesado, dificultando padrões posturais corretos, ocasionando o uso excessivo da musculatura e desencadeando doenças ocupacionais. Ghisleni e Merlo (2005) relatam que os DORT tornaram-se uma epidemia a partir da entrada dos processos produtivos do modelo de acumulação flexível, da reestruturação produtiva e da terceirização.

Segundo Entzel; Albers e Welch (2006) pedreiros e encarregados de pedreiro apresentam um elevado número de distúrbios musculoesqueléticos relacionados ao trabalho, muitos destes que poderiam ser evitados com mudanças nos materiais, nos equipamentos ou nas práticas de trabalho.

Entzel; Albers e Welch (2006) relatam que os fatores de risco identificados para ferimentos em coluna entre os pedreiros são o peso dos tijolos ou blocos, a freqüência de levantar, a altura em que é colocado, a altura da plataforma, a distância do bloco e do trabalhador, o grau e a freqüência da torção, e a elevação das taxas de produção. Existe a necessidade da constatação da atividade do trabalhador durante o assentamento de tijolos para verificação da presença ou inexistência de fatores de risco associados a esta atividade.

Looze et al (2001) relatam que o trabalho dos pedreiros é pegar os tijolos que são entregues por seus assistentes e colocá-los na parede, onde uma mão segura os tijolos enquanto a colher de pedreiro é segurada na outra. Descreve ainda que o pedreiro assenta aproximadamente 800 tijolos por dia, sendo posicionado para a realização desta atividade entre os tijolos e a parede, tendo frequentemente posturas de flexão de tronco associadas a rotação de coluna. Estas posições associadas colocam a coluna em uma postura de fragilidade, podendo ocorrer mais facilmente lesões neste seguimento corpóreo.

A adaptação do posto de trabalho aos padrões do trabalhador que vai utilizá-lo minimiza os riscos ocupacionais inerentes à tarefa, para isto utiliza-se da antropometria.

O levantamento antropométrico de determinada população, segundo Silva et al (2006) é um instrumento importante em estudos ergonômicos, fornecendo subsídios para dimensionar e avaliar máquinas, equipamentos, ferramentas e postos de trabalho, ainda sendo utilizada para verificar a adequação deles às características antropométricas dos trabalhadores, dentro de critérios ergonômicos adequados para que a atividade realizada não se torne fator de danos à saúde e desconforto ao trabalhador. Neste mesmo contexto, Minetti et al (2002) descrevem que as medidas antropométricas são dados de bases essenciais para a concepção de um posto que satisfaça ergonomicamente os trabalhadores, pois só a partir das dimensões dos indivíduos é que se pode definir  o dimensionamento adequado, tanto da máquina de trabalho como da atividade envolvida, visando à segurança, à eficiência e o conforto do trabalhador.

3. Metodologia

Do ponto de vista de sua natureza esta pesquisa será aplicada a gerar conhecimentos a respeito da existência de adaptação ergonômica do posto de trabalho do levantamento de paredes ao perfil antropométrico do trabalhador da construção civil.

Esta pesquisa é quantitativa na abordagem de seus resultados, pois será utilizado o método estatístico para análise de seus resultados. Em relação a seus objetivos é descritiva, pois visa descrever as características dos postos de trabalho e as características físicas, antropométricas dos trabalhadores da construção civil

 É apresentada segundo seus procedimentos na forma de levantamento, pois será realizada diretamente com a população dos pedreiros da construção civil. Segundo Gil (1999, p. 70) as pesquisas deste tipo se caracterizam pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer.

Para avaliação dos postos e conseqüente medição verificou-se a distribuição dos componentes do posto de trabalho com primeiramente com o trabalhador posicionado ao nível do solo e posteriormente em cima do andaime.  

Verificou-se com o trabalhador posicionado ao nível do solo as distâncias entre o pedreiro e a parede, o pedreiro e os tijolos, o pedreiro e a argamassa, a parede e a argamassa, a altura dos tijolos a serem utilizados para o levantamento e da argamassa. As medidas que avaliou-se com o trabalhador acima do andaime foram idênticas ao do primeiro posicionamento adicionando-se a altura do andaime.

Com relação às ferramentas de trabalho, verificou-se a medida da circunferência da colher de pedreiro para verificar-se a adequação destas ao trabalhador.

Realizaram-se medições antropométricas de 91 trabalhadores da construção civil para verificação dos parâmetros próprios da amostra estudada, evitando a utilização de escalas pré-concebidas, por estas não abordarem com fidedignidade os parâmetros antropométricos dos pedreiros da construção civil da região de Ponta Grossa.

Explicou-se o procedimento ao trabalhador a ser medido, bem como a finalidade do estudo, dando-lhes a opção de concordar ou não em participar do estudo.

Utilizou-se para a medição das partes anatômicas, fita métrica e trena. Para localização das estruturas e parâmetros anatômicos a serem medidos utilizaram-se 10 variáveis corporais das 294 variáveis de medidas corporais apresentadas no Adult Data (PEEBLES e NORRIS, 1998), por estas serem necessárias para ergonomização do posto de trabalho do levantamento de paredes. As variáveis antropométricas que analisaremos são descritas pelos autores citados acima pelos números 2, 30, 119, 131, 60, 90, 146, 108, 151, 148 e estão apresentados na tabela 1.

TABELA 1 VARIÁVEIS CORPORAIS

Numeração

Descrição

2

Altura total dos trabalhadores

30

Altura dos olhos a base com o trabalhador em pé

119

Altura do cotovelo a base com o trabalhador em pé

131

Altura do punho a base com o trabalhador em pé

60

Altura do meio do ombro a base com o trabalhador em pé

90

Altura do trocanter maior a base com o trabalhador em pé

146

Altura da articulação dos dedos (metacarpofalangeana) a base com o trabalhador em pé

108

Ombro (acrômio) a mão em posição de agarrar (“princh-grip”), com o membro superior na horizontal anteriorizado

151

Pega máxima (garra), polegar indicador, medida com bloco

148

Circunferência da pega cilíndrica

            Fonte: adaptado de Peebles e Norris (1998)

Utilizou-se também “kits” de pega retangular de tamanhos variados para a medição da variável de número 151 descrita na tabela 1. Para a variável de número 148 (tabela 1) será utilizado um objeto em forma de cone, o qual possibilita pegas em diferentes medidas de circunferências, sendo que este possibilitou também que fossem aferidas as pegas cilíndricas de maior conforto.

4. Resultados

4.1 Distribuição espacial do posto de trabalho

Observou-se a distribuição espacial dos componentes do posto de trabalho do levantamento de paredes. Para análise mediu-se as distâncias entre o pedreiro e a parede, o pedreiro e os tijolos, o pedreiro e a argamassa, a parede e a argamassa, a altura dos tijolos, e a altura da argamassa. Para melhor avaliação subdividiu-se a parede em 4 zonas de trabalho. Nas zonas 1 e 2 o trabalhador encontra-se em pé ao nível do solo, e nas zonas 3 e 4 o trabalhador encontra-se posicionado em cima do andaime.

Nas zonas 1 e 2 do levantamento de paredes onde o trabalhador encontra-se posicionado ao nível do solo analisou-se 10 postos de trabalho , obtendo-se as medidas da distribuição espacial (tabela 1).

TABELA 1 DISTRIBUIÇÃO DO POSICIONAMENTO ESPACIAL NOS POSTOS DE TRABALHO DAS ZONAS 1 E 2

 

Posicionamento dos materiais

Zonas 1 e 2

em cm

 

Trab.

Ped/par.

Ped/Tij.

Ped/arg.

Par/arg.

Altura tij.

Altura Arg.

1

55

50

60

55

35

35

8

45

50

55

75

36

25

21

50

60

55

50

9

25

26

45

50

60

65

10

45

27

60

55

55

60

35

35

29

45

40

55

65

35

30

47

50

50

50

60

9

35

61

45

50

50

60

40

30

79

40

50

54

58

38

20

83

50

50

60

70

10

39

Após a constatação das medidas constatou-se a normalidade dos valores e realizou-se a retirada dos refugos através do programa estatístico MiniTab. Nestas fases verificou-se a existência de 3 medidas avaliadas como “refugos”. Após a retirada destes observou-se as médias da distância entre as variáveis descritas acima, seus desvios padrão e coeficientes de variação (tabela 2).

TABELA 2  MÉDIA, DESVIO PADRÃO E COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DAS ZONAS 1 E 2

Trab.

Ped/par.

Ped/Tij.

Ped/arg.

Par/arg.

Altura tij.

Altura Arg.

média

48,50

48,75

55,40

61,80

25,70

31,90

desv. Pad.

5,8

3,54

3,72

7,24

14,03

7,42

Coef. Variação

11,95

7,25

6,71

11,71

54,59

23,25

 

 

 

 

 

 

 

Partindo-se das médias dos valores da distribuição espacial do posto para as zonas 1 e 2 (tabela 2) do levantamento de paredes, elaborou-se visualmente esta distribuição, conforme a figura 1 abaixo.

FIGURA 1 MEDIDAS MÉDIAS DA DISPOSIÇÃO ESPACIAL DO POSTO NAS ZONAS 1 E 2

Para melhor visualização do posto de trabalho a figura 2 representa a distribuição espacial em 1 dos postos que avaliou-se.

FIGURA 2 POSTO DE TRABALHO DAS ZONAS 1 E 2

            Nota-se o posicionamento dos tijolos ao nível do solo, a argamassa posicionada a cima do carrinho de mão e mais posteriormente em relação aos tijolos.

Para análise das zonas 3 e 4 também mediu-se as distâncias entre o pedreiro e a parede, o pedreiro e os tijolos, o pedreiro e a argamassa, a parede e a argamassa, a altura dos tijolos, e a altura da argamassa, porém mediu-se também a altura do andaime, que é colocado para a realização do levantamento nestas zonas.

Nas zonas 3 e 4 do levantamento de paredes onde o trabalhador encontra-se posicionado acima do andaime analisou-se 12 postos de trabalho , obtendo-se as medidas da distribuição espacial (tabela 2).

Após a avaliação das medidas constatou-se a normalidade dos valores e realizou-se a retirada dos refugos através do programa estatístico MiniTab. Nestas fases verificou-se a existência de 2 medidas avaliadas como “refugos”. Após a retirada destes observou-se as médias da distância entre as variáveis descritas acima, seus desvios padrão e coeficientes de variação (tabela 3).

TABELA 2 DISTRIBUIÇÃO DO POSICIONAMENTO ESPACIAL NOS POSTOS DE TRABALHO DAS ZONAS 3 E 4

 

 

 

Posicionamento dos materiais

 

 

 

 

Zonas 3 e 4  em cm

 

 

Trab.

Ped/par.

Ped/Tijolo

Ped/arg.

Par/arg.

Altura tij.

Altura Arg.

Altura And.

10

45

60

55

45

10

20

140

15

45

40

50

45

9

20

130

16

55

50

50

55

15

35

140

17

50

60

60

50

10

30

140

18

45

50

60

55

14

25

140

19

50

40

55

50

16

30

140

48

45

60

55

45

9

20

130

70

40

50

40

80

16

50

74

62

50

45

40

50

14

15

74

73

40

43

45

66

15

13

74

83

50

60

60

50

17

23

140

84

50

60

60

50

10

20

140

----

TABELA 3 MÉDIA, DESVIO PADRÃO E COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DAS ZONAS 3 E 4

Trab.

Ped/par.

Ped/Tij.

Ped/arg.

Par/arg.

Altura Tij.

Altura arg.

Altura and.

média

47,08

51,50

52,50

53,42

12,91

22,82

121,83

desv. pad.

4,50

8,24

7,54

10,18

3,05

6,68

29,09

coef.

9,56

16,00

14,36

19,07

23,68

40,30

29,26

Partindo-se das médias dos valores da distribuição espacial do posto para as zonas 3 e 4 do levantamento de paredes, elaborou-se visualmente esta distribuição, conforme a figura 3 abaixo.

FIGURA 3 MEDIDAS MÉDIAS DA DISPOSIÇÃO ESPACIAL DO POSTO NAS ZONAS 3 E 4

Para melhor visualização do posto de trabalho a figura 4 representa a distribuição espacial em 1 dos postos que avaliou-se.

Nota-se o posicionamento dos tijolos ao nível do andaime, a argamassa posicionada em cima do andaime. Com relação ao andaime notou-se 2 alturas que prevaleceram, 140 cm e 74 cm.

FIGURA 4 POSTO DE TRABALHO DAS ZONAS 3 E 4

4.2 Antropometria dos trabalhadores da construção civil

Neste estudo aferiram-se 11 variáveis antropométricas de 91 trabalhadores, pedreiros da construção civil da região de Ponta Grossa. As variáveis que se verificaram são: altura total dos trabalhadores (denominada “2”), altura dos olhos a base com o trabalhador em pé (denominada “30”), altura do cotovelo a base com o trabalhador em pé (denominada “119”), altura do punho a base com o trabalhador em pé (denominada “131”), altura do meio do ombro a base com o trabalhador em pé (denominada “60”), altura do trocanter maior a base com o trabalhador em pé (denominada “90”), altura da articulação dos dedos (metacarpofalangianas) a base com o trabalhador em pé (denominada “146”), ombro (acrômio) a mão em posição de agarrar (“princh-grip”) com o membro superior na horizontal anteriorizado (denominada “108”), pega máxima (garra) polegar/indicador (denominada “151”), circunferência da pega cilíndrica (denominada “148”) e a pega cilíndrica de maior conforto.

            Inicialmente, após a coleta dos dados, verificou-se se as variáveis obedeciam a uma distribuição normal. Obteve-se que 4 das variáveis antropométricas aferidas não apresentavam uma distribuição normal, sendo estas as denominadas “108”, “151”, “148” e “pega cilíndrica de maior conforto”.

Porém ao observar-se os motivos dos dados não seguirem uma distribuição normal, verificou-se que a variável “108”, após eliminar-se dois dados apresentados pelo programa estatístico MiniTab como refugos, assumiu uma distribuição normal.

Nas variáveis denominadas como “151”, “148” e pega cilíndrica de maior conforto, a ausência de normalidade deu-se ao fato de que os valores obtidos nas medições são extremamente semelhantes entre si, igualando-se em muitos casos (figuras 5,6,7).

FIGURA 5  DISTRIBUIÇÃO DA VARIÁVEL PEGA MÁXIMA (GARRA) POLEGAR/INDICADOR ( “151”)

---

FIGURA 6 DISTRIBUIÇÃO DA VARIÁVEL CIRCUNFERÊNCIA DA PEGA CILÍNDRICA (“148”)

---

FIGURA 7 DISTRIBUIÇÃO DA VARIÁVEL “PEGA DE MAIOR CONFORTO”

Após verificar-se a distribuição dos dados, avaliou-se a existência de refugos, ou seja, dados que conforme o software estatístico utilizado deveriam ser retirados da análise de resultados, para evitar-se a constatação de resultados errôneos. Do total de 1001 medidas realizadas, 9 medidas foram excluídas da análise de resultados, ou 0,89 % das medidas que aferiu-se.

            Seguindo-se a exclusão dos refugos, prosseguiu-se com a análise estatística (tabela 2).

TABELA 2 ESTATÍSTICA DESCRITIVA DAS VARIÁVEIS ANTROPOMÉTRICAS

Variáveis

 

“2”

 “30”

“119”

“131”

 “60”

 “90”

“146”

“108”

“151”

“148”

 “pega de maior conforto”

Média (em cm)

170,17

158,72

108,99

84,154

138,51

88,382

75,300

63,438

13,879

13,077

10,593

Desvio padrão

6,89

6,96

5,81

4,521

6,51

4,435

4,004

3,811

1,200

1,231

1,414

Coeficiente de variação

4,05

4,38

5,33

5,37

4,70

5,02

5,32

6,01

8,65

9,42

13,35

Conforme apresentou-se na tabela 1 a variável “2” apresentou-se com média de 170,17 cm, desvio padrão de 6,89 e coeficiente de variação de 4,05. A variável “30” apresentou média de 158,72 cm, desvio padrão de 6,96 e coeficiente de variação de 4,38. A variável “119” apresentou média de 108,99 cm, desvio padrão de 5,81 e coeficiente de variação de 5,33. A variável “131” apresentou média de 84,154 cm, desvio padrão de 4,521 e coeficiente de variação de 5,37. A variável “60” apresentou média de 138,51 cm, desvio padrão de 6,51 e coeficiente de variação de 4,70. A variável “90” apresentou média de 88,382 cm, desvio padrão de 4,435 e coeficiente de variação de 5,02. A variável “146” apresentou média de 75,300 cm, desvio padrão de 4,004 e coeficiente de variação de 5,32. A variável “108” apresentou média de 63,438 cm, desvio padrão de 3,811 e coeficiente de variação de 6,01. A variável “151” apresentou média de 13,879 cm, desvio padrão de 1,200 e coeficiente de variação de 8,65. A variável “148” apresentou média de 13,077 cm, desvio padrão de 1,231 e coeficiente de variação de 9,42. A variável “pega de maior conforto” apresentou média de 10,593 cm, desvio padrão de 1,414 e coeficiente de variação de 13,35.

4.3 Avaliação da adaptação do posto de trabalho

Após realizar-se as medições antropométricas e da distribuição espacial dos componentes do posto de trabalho do levantamento de paredes deu-se a avaliação por contraste dos resultados métricos encontrados em ambas as situações. As medidas antropométricas compararam-se com o trabalhador ao nível do solo e com o trabalhador posicionado em cima do andaime.

4.3.1 Pedreiro ao nível do solo

A medida que encontrou-se quando medida a distância entre o pedreiro e a parede resultou em 48,5 cm. A distância entre o ombro (acrômio) a mão em posição de agarrar (“princh-grip”) , com o membro superior na horizontal anteriorizado (variável “108”), seria a medida máxima aceitável, pois este seria o posicionamento para que o pedreiro pudesse desenvolver suas atividades sem realizar sobrecarga da coluna com flexões. Porém o posicionamento de trabalho com menor risco postural seria com membro superior do trabalhador com flexão de cotovelo de aproximadamente 30 graus. Diminuindo-se o valor da variável “60” (meio do ombro a base com o  trabalhador em pé) pelo da variável “131” (punho a base com o trabalhador em pé) obteve-se o valor da medida do ombro ao punho. Encontrou-se o valor de 54,51 cm para o comprimento do meio do ombro ao punho. Portanto a distância para a realização da atividade com menor risco ao trabalhador seria inferior a 54,51 cm, enquadrando o valor que encontrou-se de 48,5 cm como aceitável.

A medida que encontrou-se quando aferiu-se a distância entre o pedreiro e os tijolos foi de 48,75 cm. Porém para que o trabalhador possa pegar os tijolos a medida máxima seria próximo a 63,438 cm (variável”108”). Neste caso encontrou-se 12,938 cm “de sobra”, classificando este posicionamento como dentro dos padrões antropométricos, pois possibilita que o pedreiro trabalhe com leve flexão de cotovelo.

A medida que encontrou-se quando aferiu-se a distância entre o pedreiro e a argamassa resultou em 55,4 cm. A medida máxima aceitável para este posicionamento seria a distância entre o ombro (acrômio) a mão em posição de agarrar (“princh-grip”) , com o membro superior na horizontal anteriorizado (variável “108”). Esta distância seria a máxima aceitável, pois este seria o posicionamento para que o pedreiro pudesse desenvolver suas atividades sem realizar sobrecarga da coluna com flexões. A medida da variável “108” resultou em 63,438 cm, ocasionando uma diferença de 8,035 cm. Neste caso classificou-se a medida entre o pedreiro e a argamassa como dentro dos parâmetros antropométricos, pois não excede o valor da variável “108”.

A medida que encontrou-se quando aferiu-se a distância entre a parede e a argamassa foi em média de 61,8 cm. A distância entre o pedreiro e a parede é de 48,5 cm em média, então, subtraindo-se as medidas, obteve-se  que a argamassa esta posicionada13,3 cm atrás (porém na diagonal) do trabalhador. Isto faz com que haja aumento da rotação de tronco, movimento muitas vezes lesivo para a coluna vertebral.

A altura dos tijolos que estavam sendo utilizados para realizar o levantamento resultou em uma média de 25,7 cm. Se os dedos estão a 75,3 cm do solo (variável “146”, altura das articulações metacarpofalangeanas a base com o trabalhador em pé) e os tijolos a 25,7 cm, existe uma diferença de 49,6 cm em média, diferença esta que o trabalhador deve compensar com uma flexão de tronco para conseguir alcançar os tijolos. Ainda com relação a altura dos tijolos, segundo Dul e Weerdmeester (2004), a altura da superfície de trabalho para este tipo de atividade deve variar de 0 a 30 cm abaixo da altura dos cotovelos. Porém subtraindo-se a altura dos cotovelos a base com o trabalhador em pé (variável “119”), equivalente a 108,99 cm, da altura média dos tijolos equivalente a 25,70 cm, encontra-se um resultado de 83,29 cm. Este valor indica que no mínimo a superfície dos tijolos utilizados está a 53,29 cm abaixo do que deveria, incrementando enormemente as flexões de coluna utilizadas para esta atividade em determinados momentos.

A altura do posicionamento da argamassa utilizada durante o assentamento de tijolos foi em média de 31,9 cm. Utilizando-se o mesmo pensamento anteriormente relatado, se os dedos estão a 75,3 cm do solo (variável “146”, altura das articulações metacarpofalangeanas a base com o trabalhador em pé) e a argamassa a 31,9 cm do solo, existe uma diferença de 43,4 cm em média, diferença esta que o trabalhador deve compensar com uma flexão de tronco para conseguir alcançar a argamassa. Ainda com relação a altura dos tijolos, segundo Dul e Weerdmeester (2004), a altura da superfície de trabalho para este tipo de atividade deve variar de 0 a 30 cm abaixo da altura dos cotovelos. Porém subtraindo-se a altura dos cotovelos a base com o trabalhador em pé (variável “119”) da altura média do posicionamento da argamassa, encontra-se um resultado de 77,09 cm , indicando que a superfície dos tijolos utilizados está a pelo menos 47,09 cm abaixo do indicado, incrementando novamente as flexões de coluna utilizadas para a atividade.

4.3.2 Pedreiro posicionado no andaime

A medida que encontrou-se quando medida a distância entre o pedreiro e a parede resultou em 47,083 cm. A distância entre o ombro (acrômio) a mão em posição de agarrar (“princh-grip”) , com o membro superior na horizontal anteriorizado (variável “108”), seria a medida máxima aceitável, pois este seria o posicionamento para que o pedreiro pudesse desenvolver suas atividades sem realizar sobrecarga da coluna com flexões. Porém o posicionamento de trabalho com menor risco postural seria com membro superior do trabalhador com flexão de cotovelo de aproximadamente 30 graus. Diminuindo-se o valor da variável “60” (meio do ombro a base com o trabalhador em pé) pelo da variável “131” (punho a base com o trabalhador em pé) obteve-se o valor da medida do ombro ao punho. Encontrou-se o valor de 54,51 cm para o comprimento do meio do ombro ao punho. Portanto a distância para a realização da atividade com menor risco ao trabalhador seria inferior a 54,51 cm, enquadrando o valor que encontrou-se de 47,083 cm como aceitável.

A medida que encontrou-se quando aferiu-se a distância entre o pedreiro e os tijolos foi de 51,5 cm. Porém para que o trabalhador possa pegar os tijolos a medida máxima seria próximo a 63,438 cm (variável”108”). Neste caso encontrou-se 11,938 cm “de sobra”, classificando este posicionamento como dentro dos padrões antropométricos, pois possibilita que o pedreiro trabalhe com leve flexão de cotovelo.

A medida que encontrou-se quando aferiu-se a distância entre o pedreiro e a argamassa resultou em 52,5 cm. A medida máxima aceitável para este posicionamento seria a distância entre o ombro (acrômio) a mão em posição de agarrar (“princh-grip”) , com o membro superior na horizontal anteriorizado (variável “108”). Esta distância seria a máxima aceitável, pois este seria o posicionamento para que o pedreiro pudesse desenvolver suas atividades sem realizar sobrecarga da coluna com flexões. A medida da variável “108” resultou em 63,438 cm, ocasionando uma diferença de 10,938 cm. Neste caso classificou-se a medida entre o pedreiro e a argamassa como dentro dos parâmetros antropométricos, pois não excede o valor da variável “108”.

A medida que encontrou-se quando aferiu-se a distância entre a parede e a argamassa foi em média de 53,416 cm. A distância entre o pedreiro e a parede é de 47,083cm em média, então, subtraindo-se as medidas, obteve-se  que a argamassa está posicionada 6,333 cm atrás (porém na diagonal) do trabalhador. Isto faz com que haja aumento da rotação de tronco, movimento muitas vezes lesivo para a coluna vertebral.

A altura dos tijolos que estavam sendo utilizados para realizar o levantamento resultou em uma média de 12,916 cm. Se os dedos estão a 75,3 cm do solo (variável “146”, altura das articulações metacarpofalangeanas a base com o trabalhador em pé) e os tijolos a 12,916 cm, existe uma diferença de 62,384 cm em média, diferença esta que o trabalhador deve compensar com uma flexão de coluna para conseguir alcançar os tijolos. Ainda com relação a altura dos tijolos, segundo Dul e Weerdmeester (2004), a altura da superfície de trabalho para este tipo de atividade deve variar de 0 a 30 cm abaixo da altura dos cotovelos. Porém subtraindo-se a altura dos cotovelos a base com o trabalhador em pé (variável “119”) da altura média dos tijolos, encontra-se um resultado de 95,574 cm , indicando que no mínimo a superfície dos tijolos utilizados está a 65,574 cm abaixo do que deveria, incrementando enormemente as flexões de coluna utilizadas para esta atividade em determinados momentos.

A altura do posicionamento da argamassa utilizada durante o assentamento de tijolos foi em média de 25,083 cm. Utilizando-se o mesmo pensamento anteriormente relatado, se os dedos estão a 75,3 cm do solo (variável “146”, altura das articulações metacarpofalangeanas a base com o trabalhador em pé) e a argamassa a 25,083 cm, existe uma diferença de 50,217 cm em média, diferença esta que o trabalhador deve compensar com uma flexão de tronco para conseguir alcançar a argamassa. Subtraindo-se a altura dos cotovelos a base com o trabalhador em pé (variável “119”) da altura média do posicionamento da argamassa, encontra-se um resultado de 83,907 cm , indicando que a superfície dos tijolos utilizados está a pelo menos 53,907 cm abaixo do máximo indicado por Dul e Weerdmeester (2004) , incrementando novamente as flexões de coluna utilizadas para a atividade.

Outro valor avaliado quando o posicionamento do obreiro encontrava-se acima do andaime é a altura que este andaime estava posicionado em relação ao solo.  A altura média dos andaimes foi de 121,83 cm. Porém deve-se considerar que a altura média do ombro ao chão  foi de 138,51 cm. A média da altura do andaime está adequada, tendo em vista que não irá ocorrer flexão de ombro acima de 90°, o que seria extremamente nocivo. Um fato preocupante em relação a altura dos andaimes concentrou-se nas variações das medidas destes, que  subdividiram-se em três medidas básicas, 140 cm, 130 cm e 74 cm. Quando o andaime estiver posicionado a 140 cm do solo  este adaptava-se antropometricamente às medidas médias meio do ombro/chão dos trabalhadores pesquisados, sendo que estes não precisariam em nenhum momento realizar flexão de ombro acima de 90°. Quando o andaime estiver posicionado a 130 cm,  do solo, o trabalhador quando estiver posicionado acima deste terá que realizar uma flexão de ombro ligeiramente acima de 90°, pois a parede construída tem 270 cm de altura. Irão sobrar 1,49 cm de parede acima da altura ombro/chão dos trabalhadores pesquisados. Quando o andaime estiver posicionado a 74 cm, do solo, o trabalhador terá, após subir ao andaime, que levantar ainda 196 cm de parede, o que fará o trabalhador realizar flexão de ombro acima de 90° para compensar 57,49 cm acima da altura do meio de seu ombro.

Avaliou-se a circunferência da pega da colher de pedreiro para verificar sua adaptação aos padrões do trabalhador.  A média da circunferência da colher de pedreiro resultou em 8,7606 cm, porém o valor da circunferência da pega mais confortável para os trabalhadores foi de 10,593 cm, o que apresenta uma diferença de 1,8324 cm entre o confortável e o real. Porém ressalta-se um ponto positivo que, sendo o valor da circunferência média da pega da colher de pedreiro menor que o da pega cilíndrica máxima, seu risco fica reduzido, pois a maior demanda será imposta na palma da mão ao invés dos dedos.

5. Conclusão

Verificou-se após a coleta de dados antropométricos dos trabalhadores da construção civil que grande parte das medidas dos postos de trabalho apresentam-se não adaptadas ou pouco adaptadas aos obreiros. Avaliou-se que das 14 medidas verificadas nos postos de trabalho ao nível do solo e acima do andaime, 6 foram satisfatórias quando comparadas a antropometria dos trabalhadores da construção civil. Sendo a construção civil um grande pólo empregador e a tarefa do levantamento de paredes indispensável em grande parte das edificações realizadas, os postos de trabalho do levantamento de paredes devem ser revistos, para enfim, torná-los mais seguros e adaptados a grande massa de trabalhadores ocupantes desta função.

6. Referências

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IIDA, I. (2005). Ergonomia, projeto e produção, em São Paulo,  Edgard Blucker .

ENTZEL, P.; ALBERS, J.; WELCH, L.(2006) “Best practices for preventing musculoskeletal disorders in masonry: stakeholder perspectives”. Applied Ergonomics, 38, 557-566.

OLIVEIRA, D. E. S.; ADISSI, J. O.; ARAÚJO, N. M. C. (2004) “Vestimenta de trabalho para a construção civil: a opinião do usuário”. In: Anais XXIV Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Florianópolis.

PONTES, H.; XAVIER, A. A. P.; KOVALESKI, J. L. (2004) “Redução dos riscos ambientais como responsabilidade da gestão industrial – um enfoque ergonômico”. In: Anais XI SIMPEP. Bauru.

MINETTI, L. J. et al. (2002) “Estudo antropométrico de operadores de motosserra”. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, 6 (1), 166-170.

GHISLENI, Â. P.; MERLO, Á. R. C. (2005) “Trabalhador Contemporâneo e Patologias por Hipersolicitação.” Psicologia: Reflexão e Crítica, 18 (2), 171-176.

LOOZE  M. P. et al. (2001) “Towards successful physical stress reducing products:an evaluation of seven cases.” Applied Ergonomics, 32, 525–534.


1 Universidade Tecnológica Federal do Paraná – (UTFPR) - E-mail: farca@bol.com.br
2 UTFPR - E-mail: augustox@utfpr.edu.br


Vol. 34 (6) 2013
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