Espacios. Vol. 34 (9) 2013. Pág. 15


Gestão do ensino de estatística e probabilidade no Brasil entre os anos de 2001 a 2010: teses e dissertações de cursos recomendados pela Capes

Management of teaching statistics and probability in Brazil between the years 2001 to 2010: Thesis and dissertation courses recommended by Capes

Sabrina Anne de LIMA 1; Guataçara dos SANTOS JUNIOR 2; Danieli WALICHINSKI 3; Luciana Boemer Cesar PEREIRA 4

Recibido: 26-06-2013 - Aprobado: 05-08-2013


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RESUMO:
Este trabalho teve como objetivo analisar os trabalhos acadêmicos (dissertações e teses) dos cursos recomendados pela Capes entre os anos de 2001 a 2010, na grande área multidisciplinar de ensino. As dissertações pesquisadas dizem respeito a pesquisas de ensino/estudo de Estatística e Probabilidade. Para isso realizou-se uma pesquisa no portal Capes, norteando-se pelos cursos recomendados foi realizado um levantamento das principais instituições do país que se dedicam a pesquisas nesta área. Foram encontradas 54 trabalhos publicadas sendo uma tese e cinquenta e três dissertações entre mestrado profissional e acadêmico. Os trabalhos foram separados por regiões de modo a saber a região mais rica em publicações, bem como a mais carente. Em seguida foi feita outra divisão por nível de estudo, considerando-se para que tipo de estudantes foi realizada a pesquisa (Ensino Fundamental, Médio ou Superior). Por fim, verificaram-se as metodologias adotadas por cada trabalho (modelagem, estudo de caso, projetos). Dentro dos estudos de caso, foram analisados os objetos de estudo. Conclui-se então, da carência do número de publicações desta área no Brasil, bem como a dificuldade em fazer um levantamento correto desses dados por conta da indisponibilidade de dados de algumas instituições. Palavras-chave: Ensino. Estudo. Estatística. Probabilidade

ABSTRACT:
This working has objective to examine the academic papers (dissertations and theses) of the recommended courses by Capes between 2001 until 2010, in the large multidisciplinary area of study. The surveyed papers relate to research teaching / study Statistics and Probability. For this research was done on the portal Capes, guiding themselves by the recommended courses a survey of the country's leading institutions dedicated to research in this area. We found 54 published papers beign one thesis and fifty three dissertations between professional and academic masters. The work were separated by regions in order to know the richest region in publications as well as the poorest. Then another division was made by focus of study, considering what kind of students was investigated (Elementary Education, Secondary Education and Higher Education). Finally, we found the methodologies adopted by each work (modeling, case studies, projects). It is concluded, the lack of the number of publications in this area in Brazil and the need to properly teach the discipline of Statistics and / or Probability.
Keywords: Education. Study. Statistics. Probability


1. Introdução

Nos dias atuais, a maioria dos meios de comunicação remetem-se à modelos estatísticos como parte integrante de suas ações, visando enriquecer suas informações que pretendem divulgar a uma determinada população. Porém, parte destas pessoas não consegue absorver os conteúdos apresentados através desta linguagem específica.

Isso faz com que o estudo da Estatística torne um tema cada vez mais presente no cotidiano das pessoas. Talvez pelo fato de que, muitas áreas do conhecimento se utilizam desta ferramenta como auxilio em suas práticas e estudos. (Cordani, 2003).

Assim sendo, a necessidade de um letramento estatístico cada vez mais precoce, inserindo esta problemática nos bancos escolares desde os anos iniciais, torna-se cada vez mais indispensável para formação de um senso crítico nos alunos, tornando-os capazes de desenvolver sua cidadania de forma consciente e concisa.

Além disso, o grau de desenvolvimento de um país, segundo Batanero (2001a), está, intrinsecamente, ligado ao modo de se colocar, de forma estatística, as situações que regem o país, de tal forma que esses dados possam ser utilizados para nortear as tomadas de decisões em diversas áreas sociais. Desta forma, torna-se importante uma maneira mais coerente e eficaz de se realizar um estudo da Estatística, realmente eficiente.

Mas para que isso se torne uma realidade consciente, é necessário que a maneira de se estudar a Estatística seja realizada de modo a satisfazer as necessidades latentes de outros grupos ou instituições que se utilizam desta “ferramenta” como parâmetro para nortear seus trabalhos.

Alguns grupos de estudo como o da professora Carmen Batanero, da Universidade de Granada, na Espanha, têm se dedicado ao estudo da didática da Estatística e da Probabilidade, abordando as concepções e raciocínios dos alunos, análises epistemológicas, bem como trabalhos teóricos e metodológicos para a formação de professores desta área.

Acredita-se, assim, que professores melhores preparados para o ensino da Estatística e Probabilidade, sejam capazes de desenvolver em seus alunos, uma capacidade mais elaborada e comprometida com o estudo desta disciplina.

Isso se faz importante à medida que o devido valor seja dado a essa área do conhecimento tão importante e significativa para diversos ramos de estudo, uma vez que, ao entendermos o contexto e a maneira correta de se ensinar a Estatística, talvez sejamos capazes de lhe agregar a significância real deste ramo da Matemática.

Com base nisso, esta pesquisa fez uma abordagem dos estudos direcionados ao estudo/ensino de Estatística e Probabilidade que foram publicados no Brasil nos últimos anos de modo a averiguar a carência deste tipo de trabalho no Brasil. Além disso, por meio deste estudo, poderá ter-se uma breve ideia do que se tem estudado referente a essa temática, facilitando e direcionando novas pesquisas para aquilo que, realmente, seja inédito ou necessário.

2. Referencial Teórico

2.1 A estatística

A Estatística é um ramo da Matemática aplicada que surgiu por questões governamentais, isto é, do estado. Diversas situações, como o número de habitantes de um determinado local, a quantidade de óbitos e/ou nascimentos, a quantificação de riquezas e da produção, foram os primeiros problemas a serem estudados por essa área. (Rosseti Júnior e Schimiguel, 2011).

Pelo menos era essa visão que se tinha desta área do conhecimento. Os ingleses, por exemplo, viam a Estatística como uma ciência política destinada a delinear as peculiaridades de um determinado país. Partindo disso, passou a ser vista como uma ferramenta de caracterização numérica de diversos dados populares. (Szwarcwald e Castilho, 1992).

A visão da Estatística, como ciência passou a ser fundamentada apenas a partir do século XVIII, com os registros de um alemão chamado Godofredo Achenwall, vista ainda como catalogação. (Crespo, 2002).

Porém, nos dias atuais, o significado de estatística não se resume, simplesmente, à simples coleta de dados. Caracteriza-se por ser um conjunto de procedimentos denominados métodos estatísticos, capazes de tratar de dados quantitativos associados a uma série de causas. Desta forma, a Estatística se utiliza de artifícios matemáticos na coleta, exposição, apreciação e interpretação de dados’. (Memória, 2004)

Cordani (2003) afirma que uma das ferramentas mais utilizadas nos dias atuais em diversas áreas do conhecimento é a Estatística, por poder descrever e observar informações, além de estabelecer estratégias para decisões mais acertadas.

2.2 O ensino da Estatística e Probabilidade

A Estatística e a Probabilidade são temas fundamentais para uma educação que visa construir cidadãos conscientes, pois permite o crescimento de um senso nevrálgico sob diversas perspectivas sejam elas, cientificas ou não. (Lopes, 2008).

Desta forma, o letramento estatístico, isto é, “a capacidade em organizar dados em uma tabela, de perceber e analisar a variação destes dados, de interpretar informações gráficas,” (Ribeiro, 2010, p 13), torna-se um quesito indispensável para uma sociedade onde a informação faz parte do cotidiano com um grau de importância bastante elevado.

Isso faz com que o indivíduo passe a compreender com maior facilidade os fenômenos sociais que o rodeiam, variando desde dados criminais a aproveitamento escolar. (Toni, 2006).

Portanto, o acesso precoce do cidadão a questões sociais e econômicas através de levantamentos contidos em gráficos e/ou tabelas pode servir como critério de defesa de ideias previamente estabelecidas. Assim sendo, é dever da escola proporcionar ao estudante, desde a educação básica inicial, a concepção de conceitos e definições que possam auxiliá-lo em sua pratica cidadã. (Lopes, 2008).

No Brasil, a inserção do estudo da Estatística no ensino básico, tornou-se efetivo a partir de 1997, com a publicação deste tópico nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). Em 1998, os PCN se propõem a garantir uma base comum a todos os alunos para que estes tenham acesso a sua formação cidadã. Uma vez que os PCN são um documento de referência para a educação no Brasil, a introdução de conteúdos de Estatística, por exemplo, nos bancos escolares passou a ser cada vez mais uma preocupação por parte dos professores que ministram aulas não somente na educação básica, como também para pesquisadores que desprendem seus estudos nesta área. (Ribeiro, 2010).

Ainda neste item, os PCN apontam para o estabelecimento de uma base comum, de modo que os alunos possam acessar todos os recursos necessários à sua formação como cidadãos, isto é, o ensino de Estatística e Probabilidade deve levar o aluno a questionar, relacionar as mais diversas situações entre si, justificar seus resultados e desenvolver um caráter investigativo em relação ao que se vê. Não é suficiente, apenas que os alunos saibam ler e interpretar gráficos, mas que também sejam capazes de desvendar os conhecimentos matemáticos inseridos nesta temática, descrevendo e interpretando sua realidade. (Brasil, 1998).

Porém a questão do ensino da Estatística não está condicionada apenas à Educação Básica, e por tal motivo, deve ser analisada também no Ensino Superior. Segundo Ara (2006), a prática docente para o ensino de Estatística, para cursos de Engenharia, por exemplo, tem apresentado certas dificuldades quanto ao entendimento dos alunos em relação aos conceitos envolvidos em determinados conteúdos estatísticos, levando, então, os alunos, a uma falta de motivação para sua aprendizagem, e até mesmo, gerando altos índices de reprovação.

De acordo com Cordani (2001), a importância da Estatística, num contexto acadêmico, é de suma importância, uma vez que, diversas áreas do conhecimento têm seus contextos justificados e/ou, até mesmo, explicados por conceitos estatísticos. Um exemplo disso é o fato de que muitas publicações de caráter cientifico se dispõe de recursos estatísticos para a apresentação de seus resultados que deverão ser interpretados, analisados e considerados, até mesmo, para fins de novas pesquisas.

Porém, para que os alunos possam ter essas concepções, se faz necessário também que os professores sejam capacitados de maneira adequada, de modo a ensinar de forma coerente assuntos relacionados à Estatística e Probabilidade. (Cordani, 2001).

Então é necessário partir-se para uma concepção estocástica, ou seja, um estudo da Probabilidade e da Estatística, que esteja sujeito ao acaso, o que exige, porém, uma nova forma de pensar capaz de resilir a essa coesão determinista adotada pelos alunos, transformando seu modo de pensar onde o incerto tenha vez. Para tal, se faz necessário a construção do conhecimento através da contextualização de situações-problema que levem o aluno a buscar soluções, firmando um elo entre o conhecimento já adquirido e os novos dados que lhe estão sendo apresentados. Porém, não basta que sejam lançados problemas de nível real para os alunos. É indispensável, também, que tenham sentido para o discente, tornando a aprendizagem, verdadeiramente, significativa. Isso faz com que os alunos busquem soluções reais, para problemas reais de acordo com suas áreas de interesse, fazendo que o conhecimento se construa de forma pessoal, porém através da interação de um individuo com os demais. (Ara, 2006).

Assim sendo, a escolha do método de ensino mais adequado é algo que envolve um grande senso de responsabilidade por parte do professor, uma vez que ao escolher sua metodologia deve, primeiramente, conhecê-la, analisando suas vantagens, além de perceber sua adequação ao que está sendo proposto. Isso pode, então, justificar a falta de motivação por parte dos alunos em relação a determinados conteúdos, por conta de procedimentos de ensino que não atendem às verdadeiras necessidades dos educandos. Parece que, muitas vezes, para o professor o ensino é, extremamente, prazeroso, mas por parte dos alunos, não há entendimento e, consequentemente, nem dúvidas. (Vianna, 2001).

Batanero (2000), afirma que para que os alunos tenham um bom desempenho em relação à Estatística devem compreender e contemplar seu papel na sociedade e desse modo cheguem a perceber e a valorizar o método estatístico, por meio das possíveis respostas que a esta disciplina pode fornecer, bem como as formas básicas de raciocínio probabilístico, percebendo seu potencial e também suas limitações.

Como grande parte dos professores de Estatística procede de cursos de formação em Matemática, normalmente são dotados de uma linha de raciocínio determinista, com raro contato com o pensamento estatístico, o que dificulta a mudança na linha tradicional de ensino de Estatística e Probabilidade. (Ara, 2006).

Ao analisar as reflexões que seriam necessárias à formação didática de estatísticos e matemáticos, que possuem formação suficiente e atualizada de métodos e técnicas de suas disciplinas, surge a necessidade de verificar o conhecimento sobre a didática de ensino aplicada por tais profissionais. Deste modo há uma preocupação por parte próprios estatísticos pelas questões didáticas do ensino desta disciplina. (Batanero, 2001b).

Por isso, Lopes (2008) acredita ser preciso uma visão curricular para este ensino diferente da tradicional, uma vez que a linearidade tem predominado nos currículos da área, com a justificativa de que um conteúdo depende, intrinsecamente do outro para ser ensinado e aprendido. D’Ambrosio, (1998, apud Lopes, 2008) vê esse aspecto como mito que conduz a uma prática educativa desinteressada, desinteressante, sem inspiração, sem necessidade, sem senso crítico e, em alguns casos, até mesmo, equivocada.

Devido aos avanços tecnológicos e à rapidez com que são repassadas as informações, surge a necessidade de profissionais que saibam trabalhar com grande quantidade de informações. A Estatística, por sua vez, torna-se, então, uma arma poderosa no auxílio deste processo auxiliando o cidadão a sintetizar dados e tomar decisões baseadas neles. (Oliveira, 2007).

Assim sendo, Figueiredo (2000), propõe como sugestão para a melhoria do aprendizado dos alunos uma sequência baseada na Engenharia Didática 5, com base em realizações didáticas em sala de aula, tratando de concepções, realizações e análise da sequência proposta. Os principais objetivos deste tipo de metodologia são: as interações entre a pesquisa e a prática no sistema de ensino e o espaço reservado para a execução de caráter didático entre as metodologias de pesquisa.

Assim sendo é preciso dispor de professores qualificados, aptos a, talvez, mudar antigas concepções diferente daquela, baseada unicamente em uma orientação computacional, repleta de cálculos fastiosos, levando o aluno a uma base experimental do conhecimento, intrinsecamente ligada ao seu contexto. (Cordani, 2001).

Isso faz com que se faça necessária a reflexão sobre um ensino de Estatística que possa contribuir para o desenvolvimento do aluno para um pensamento mais crítico, isto é, uma prática pedagógica que não elimine os pressupostos de um ensino crítico-reflexivo com a finalidade de trazer a tona a utilização de procedimentos estatísticos em diferentes ramos da sociedade. (Pinheiro, 2007, apud Santana, 2011).

3. Metodologia

Este trabalho caracteriza-se por uma pesquisa básica, com uma abordagem tanto qualitativa, quanto quantitativa.

Trata-se de uma pesquisa exploratória e descritiva, bem como uma pesquisa bibliográfica e de levantamento.

Para a realização deste trabalho foi consultado o portal Capes onde foram selecionados os cursos recomendados e a partir de links do portal direcionou-se para os sites dos programas considerados.

4. Análises e discussões

A primeira análise apontou 54 trabalhos, sendo 53 dissertações e uma tese. Após a verificação dos números de dissertações e teses disponíveis, os dados encontrados foram abordados de modo a facilitar o entendimento sobre o tema proposto.

Assim sendo, foram estabelecidos alguns critérios para a análise das informações obtidas:

4.1 Divisão por regiões geográficas

Neste parâmetro, foi analisada a região com maior número de produções acadêmicas no Brasil.

Os dados obtidos constam na tabela 1 a seguir:

Sul

Sudeste

Centro-Oeste

Norte

Nordeste

TOTAL

11

36

1

0

6

54

20%

67%

2%

0%

11%

100%

Tabela 1: O ensino de Estatística e Probabilidade por regiões geográficas

Fonte: Autores

Com base nisso, pode-se observar que a maior parte dos trabalhos publicados encontra-se na Região Sudeste. Boa parte deste índice deve-se à PUC – SP, onde foram encontrados, ao todo, 29 trabalhos, inclusive, a única tese encontrada.

4.2 Divisão por níveis de ensino

A segunda análise foi feita, considerando-se o nível de ensino para o qual os trabalhos se direcionam. O gráfico 2 a seguir, ilustra esta situação:

Gráfico 1: O ensino de Estatística e Probabilidade por níveis de ensino
Fonte: Autores

Conforme analisado, percebe-se que o grande destaque para o ensino de Estatística e Probabilidade concentra-se na Educação Básica (Ensino Fundamental I e II e Ensino Médio). Esta parcela agrupa 61% dos trabalhos publicados. O Ensino Superior, fica com apenas 7% das publicações.

Uma dificuldade, porém, para esta análise, está no fato de que 31% dos trabalhos não apontam um nível específico de estudo.

4.3 Divisão por objeto de estudo

Realizou-se ainda uma divisão por objeto de estudo, isto é, do que se trata em cada trabalho. Estes dados, podem ser observados na tabela 3, que segue:

MODELAGEM

PROJETOS

SEQUÊNCIA
DIDATICA

ESTUDO
DE CASO

TOTAL

3

3

8

40

54

6%

6%

15%

74%

100%

Tabela 2: O estudo de Estatística e Probabilidade por objeto de estudo
Fonte: Autores

Conforme analisado, verifica-se que 74% dos trabalhos dedicam-se a estudos de caso, seguido de 15% que tratam de estabelecer uma sequência didática para o ensino. O restante dedicam-se a projetos (6%) e modelagem (6%).

Como grande parte dos trabalhos dedicam-se à estudo de caso, foi, então, feita uma nova subdivisão para analisar de que tipo de estudo de caso tratam os trabalhos.

4.4 Divisão por estudo de caso

Este tipo de subdivisão foi feita de modo a averiguar o objeto dos estudos de caso das teses e dissertações encontradas nesta pesquisa. Estes dados estão dispostos no gráfico 4, seguinte:

Gráfico 2: O ensino de Estatística e Probabilidade através de estudo de caso
Fonte: Autores

Ao verificar estes dados, podemos perceber que grande parte dos estudos de caso dedica-se a averiguar possíveis concepções de alunos e professores ou métodos de construção de conhecimento (68%).

Em segundo lugar, com 18%, foi verificado o estudo de casos através da implantação de recursos didáticos a serem utilizados por alunos e professores. Esses recursos, observados na maioria dos trabalhos, tratam da utilização recurso de informática, tais como planilhas eletrônicas ou softwares matemáticos.

Com 15% dos estudos, encontra-se a análise de material didático (livros didáticos, por exemplo) e/ou documentos oficiais, tais como os PCN.

5. Considerações finais

Este trabalho objetivou fazer um levantamento de teses e dissertações relacionadas ao estudo/ensino de Estatística e Probabilidade no Brasil entre os anos de 2001 a 2010, tendo como base para seleção do programa de pós - graduação, os cursos recomendados pela Capes.

Foram pesquisadas as instituições de ensino superior do país, com base nas recomendações da Capes, de modo a pesquisar, em cada universidade, o número de produções acadêmicas (teses e /ou dissertações) em cada uma delas.

Para melhor entendimento da necessidade de se averiguar esses estudos, foram abordados temas referentes ao ensino/estudo da Estatística e da Probabilidade de modo a compreender a importância desta disciplina no cotidiano das pessoas, em todos os níveis de formação, bem como sua contribuição para a melhoria de diversas situações presentes na vida das pessoas.

O estudo foi divido em etapas de modo a apresentar os focos do ensino, isto é, para que tipo de público se escreve (Ensino Fundamental, Ensino Médio ou Ensino Superior), sendo a maior parte deles para a Educação Básica, deixando, na maioria dos casos, o Ensino Superior em segundo plano.

Outro aspecto analisado foram as regiões que mais produzem este tipo de trabalho no país. Indubitavelmente, a região sudeste é a mais rica neste tipo de pesquisa, seguida da região sul. O norte, por exemplo, não apresentou nenhum trabalho direcionado a esta temática, segundo os parâmetros adotados para esta pesquisa.

Para melhor identificar as dissertações e/ou teses, foram também consideradas as metodologias de pesquisa adotadas por cada trabalho. 74% das pesquisas dizem respeito a estudos de caso em salas de aula da disciplina de Estatística e/ou Probabilidade. Em seguida aparecem os trabalhos referentes à aplicação de sequências didáticas. Com menos intensidade são propostos projetos para o ensino aprendizagem da disciplina, bem como a utilização de modelagem matemática.

Como grande parte das publicações se refere a um estudo de caso, foi aberto um novo parâmetro (subdivisão) deste estudo para averiguar o tipo de situação que se investigava. Foi verificado, então, que grande parte dos estudos de caso se dedicam à análises de conceitos estatísticos e/ou probabilísticos dos alunos em relação a conteúdos a serem aprendidos. Em outros casos foram verificadas as construções de conhecimento a partir de uma proposta do educador.

Alguns trabalhos verificavam a abordagem de livros didáticos e outros documentos oficiais quanto ao ensino de Estatística e/ou Probabilidade e também a aprendizagem através da utilizam de recursos didáticos, principalmente, o ambiente computacional.

Ao todo, formam encontrados 54 trabalhos relacionados ao ensino da Estatística e/ou Probabilidade no período descrito, sendo 53 dissertações de mestrado e uma tese de doutorado, sendo a PUC – SP a universidade com maior número de publicações na área considerada.

Contudo, estes dados podem conter falhas devido à indisponibilidade de alguns links de programas de pós-graduação, tanto quanto ao não funcionamento do link, quanto ao fato de as instituições que oferecem os programas de pós-graduação não disponibilizarem em suas páginas, as dissertações e teses respectivas, uma vez que se tem conhecimento da existência de outras teses, porém não estão disponíveis nos links dos programas.

Isto nos leva a concluir que, apesar da importância da Estatística e da Probabilidade para a vida, em geral, o estudo/ensino desta área o conhecimento, ainda é bastante restrito e pouco abordado, se comparado com outras áreas de pesquisa no ensino de Matemática, em geral.

Percebe-se, assim, que, mesmo sendo uma disciplina presente, em todos os níveis, ou seja, da Educação Básica ao Ensino Superior, a maneira como é abordada, muitas vezes fuja ao verdadeiro valor desta área, de modo a, nem sempre, trabalhá-la eficazmente contribuindo para um aprendizado adequado e coerente.

No caso do Ensino Superior, por exemplo, onde a Estatística e/ou Probabilidade está presente no currículo de diversos cursos de graduação, a abordagem adotada deveria ser direcionada de acordo com a especificidade do curso e a finalidade de aplicação desta(s) disciplina(s) na área de atuação do futuro profissional que está sendo formado. Isto se justifica pelo fato que profissionais de áreas distintas, aplicam esta(s) disciplina(s) em situações diferentes e, deste modo, deveriam ser preparados de maneiras diferentes através de um estudo direcionado para sua área de afinidade.

Conclui-se, então, que apesar da grande importância da Estatística e/ou Probabilidade, ainda pouco se estuda sobre o assunto de modo a relevar o valimento desta(s) disciplinas tanto na vida escolar ou acadêmica de um aluno, quanto na vida social de cada indivíduo.

Referências bibliográficas

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1 Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR. Email: sabrinamauc@yahoo.com.br
2 Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR. Email: guata@utfpr.edu.br
3 Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR. Email: dani.walichinski@ig.com.br
4 Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR. Email: lucesarboemerpg@yahoo.com.br
5 Forma de trabalho didático comparada ao ofício de um engenheiro que, ao elaborar um projeto, norteia-se em conceitos científicos, submete-se a um controle cientifico, porém se depara com trabalhos e objetos de maior complexibilidade que os propostos pela ciência. (Almouloud, Coutinho, 2008)


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