Espacios. Vol. 35 (Nº 9) Año 2014. Pág. 10


Formação do profissional da educação: reflexões e constatações

Professionals' education: reflections and findings

Khaled Omar Mohamad El TASSA 1; Gilmar de Carvalho CRUZ 2; Marisa SCHNECKENBERG 3

Recibido: 28/05/14 • Aprobado: 22/08/14


Contenido

RESUMO:
A formação docente destaca-se como um tema crucial, dentre as políticas para a educação, pois os desafios colocados à escola exigem do trabalho educativo, um patamar superior ao existente hoje. O presente estudo tem como objetivo refletir sobre a formação docente à luz dos conhecimentos científicos acumulados e das concepções contemporâneas da Educação. A pesquisa descritiva e bibliográfica compreendeu procedimentos de revisão de literatura, procurando interpretar o processo e construir compreensões teóricas mais elaboradas relacionadas à formação docente. Conclui-se que uma das principais metas na formação docente, seja ela inicial ou permanente, é aprender a interpretar, compreender e refletir sobre a educação em uma realidade social. E neste contexto, a metodologia deve fomentar os processos reflexivos sobre a educação e a realidade social, por meio de experiências diversificadas. Assim sendo, podemos depreender que as políticas públicas de formação docente implicam no comprometimento de diferentes sujeitos e instâncias, incluindo, professores e gestores das instituições de ensino. Por fim, a revisão da formação pedagógica exige uma articulação entre as referidas políticas e as concepções de formação enquanto processos de ação coletiva.
Palavras chave: Educação. Formação docente. Políticas Públicas.

ABSTRACT:
Teacher training is highlighted as a key issue among policies for education, because the challenges facing the school require the educational work, above the existing level today. The present study aims to reflect on teacher training in the light of accumulated scientific knowledge of contemporary conceptions of Education. The descriptive and bibliographical research included a literature review procedures, seeking to interpret the process and build more elaborate theoretical understandings related to teacher education. We conclude that one of the main goals in teacher training, whether initial or permanent, is to learn to interpret, understand and think about education in a social reality. And in this context, the methodology should foster reflective processes on education and social reality through different experiences. Therefore, we can infer that the public policy of teacher education imply the involvement of different subjects and levels, including teachers and administrators of educational institutions. Finally, a review of teacher training requires a link between these policies and conceptions of education as processes of collective action.
Keywords: Education. Teacher education. Public Policy.


1. Introdução

A educação brasileira vem experimentando na contemporaneidade, importantes desafios no que se refere especialmente a definição de suas políticas públicas. Tratam-se de importantes enfrentamentos relacionados com uma educação ainda dirigidas às elites homogêneas do ponto de vista cultural, social e econômico, considerando um grupo bastante diversificado de alunos.

Outra questão refere-se à realidade de uma educação ainda uniforme e estandardizada complexificando a prática de uma educação diferenciada orientada pela diversidade de interesses e necessidades dos alunos. Por último, cabe reconhecer o conceito de educação baseado num ensino transmissivo, onde os alunos ouvem os professores, pouco participando na construção da aprendizagem junto com os docentes, os colegas e demais intervenientes no processo educativo.

A busca de um modelo educativo centrado na aprendizagem dos alunos parece tornar-se o maior objetivo quando se pensa o papel da educação na sociedade e na responsabilidade daqueles que estão no centro de todo processo de transformação coerente e sustentado. Situam-se aí as políticas públicas de formação docente, foco desta investigação, que encontram lugar a partir de esforços articulados das escolas, universidades e mesmo da comunidade. Diante do exposto, tem-se como objetivo neste estudo, refletir sobre a formação docente à luz dos conhecimentos científicos acumulados e das concepções contemporâneas da Educação.

2. Sobre o método

A pesquisa descritiva e bibliográfica compreendeu procedimentos de revisão de literatura, procurando interpretar o processo e construir compreensões teóricas mais elaboradas relacionadas à formação docente. O trabalho desenvolveu-se através do estudo e incorporação das concepções contemporâneas da Educação, sobre as exigências do mundo do trabalho, da formação humana e da formação profissional.

3. Formação profissional e intervenção pedagógica: reflexões e apontamentos necessários

A formação é um tema que tem sido tratado constantemente e que cada vez mais têm ocupado a labuta dos docente, educadores em geral e dos políticos que legislam sobre ela. A formação docente destaca-se como um tema crucial, dentre as políticas para a educação, pois os desafios colocados à escola exigem do trabalho educativo, um patamar superior ao existente hoje. Evidências vêm revelando que a formação que se dispõe hoje, não tem sido suficiente para o sucesso escolar, e apresenta dificuldades na participação social em um mundo cada vez mais exigente.

As discussões sobre formação e profissão docente surgem com mais intensidade no âmbito internacional nas décadas de 1980 e 1990 (FERNANDES, 2006; FERREIRA, 2000; COÊLHO, 1996; ESTEVE, 1991). E no Brasil, ainda que de forma mais branda, as discussões ganham envergadura a partir da década de 1990, com investigações na busca de novos enfoques e paradigmas para compreender a prática e os saberes pedagógicos e epistemológicos relativos ao conteúdo escolar a ser ensinado e aprendido (NUNES, 2001).

A educação está se reforçando como um dos pilares fundamentais dos direitos humanos, da democracia, do conhecimento, da solidariedade, na busca de uma sociedade mais igualitária. Como reafirma o Artigo 26 no parágrafo 1º, da Declaração Universal dos Direitos Humanos: "[...] toda pessoa tem direito a educação" e "[...] a educação superior deverá ser igualmente acessível a todos com base no respectivo mérito" (Conferência Mundial sobre Ensino Superior, 1998, p.13).

Nesta via de compreensão, resgatar determinados valores que a sociedade capitalista tem obscurecido, e possibilitar a todos condições mínimas de existência garantidos por lei, são enfrentamentos para mudanças que se refletem nas desigualdades sociais da economia, deficiência na área da saúde, habitação, saneamento e educação. Coêlho relaciona a existência individual e coletiva à construção de nossa identidade e autonomia, como indivíduo, grupo e nação,

No mundo moderno cabe ao Estado, dentro dos princípios de igualdade e de justiça, garantir os direitos fundamentais dos indivíduos e grupos, o que pressupõe assegurar condições mínimas de existência nas áreas de segurança, habitação, saúde, trabalho e educação. Se, por um lado, não se questiona a necessidade desta para a continuidade das instituições e da própria sociedade, por outro, a complexidade crescente da vida social torna imprescindível a existência da escola e de indivíduos especializados para o equacionamento das questões da educação em geral e da própria escola. E como estes não são dados pela natureza, cabe à sociedade e ao Estado prepará-los para o desempenho de funções tão importantes. Formar professores, educadores é, então uma necessidade da sociedade e um dever do Estado. E ainda sua responsabilidade se estende ainda à formação continuada dos que atuam nas redes públicas de educação (COÊLHO, 1996, p. 19).

Portanto, torna-se de grande importância o acervo de conhecimentos e a forma como vêm sendo preparadas essas pessoas que trabalham com educação, e terão a responsabilidade, dentre outras, da formação integral das cidadãs e cidadãos conscientes para a nossa sociedade.

A missão de promover o desenvolvimento e melhoramento da sociedade como um todo, se constitui como objetivo geral da educação, e como função da educação superior, ou seja, trata-se de

[...] contribuir para o desenvolvimento e melhoria da educação em todos os níveis, em particular por meio da capacitação de pessoal docente que devem colocar estudantes no centro das suas preocupações, dentro de uma perspectiva continuada, para assim permitir a integração total de estudantes na sociedade de conhecimento global do novo século (Conferência Mundial sobre Educação Superior, 1998, p. 15-16).

Nesta busca da formação para a emancipação, tendo como foco a solidariedade humana, a Universidade constitui-se como importante centro na propagação de valores. Assim, cabe à Universidade, papel de formação integral no processo, sendo que,

[...] é importante resgatar e construir a Universidade como instituição cuja natureza é educar homens para a liberdade, a autonomia, o rompimento com as amarras do estabelecido, do mundo físico e social, ou seja, como locus privilegiado da reflexão, do pensamento, do debate rigoroso e radical, da busca de alternativas para a existência do indivíduo e da sociedade, da formação do cidadão, do intelectual - e não apenas do profissional - e, em especial, da formação de docentes para a escola fundamental e média e para o ensino superior (COÊLHO, 1996, p. 35).

Da mesma forma, "Na formação de professores há diferentes racionalidades que, muitas vezes, são pouco articuladas entre si ou mesmo contraditórias. São racionalidades que é necessário ter em conta se quisermos transformar e melhorar os cursos de formação de professores" (FERNANDES, 2006, p. 21).

A formação universitária não pode ser confundida com apenas transmissão de informações e técnicas, mais do que isto o homem deve ser entendido empregando a categoria da totalidade, como um ser capaz de pensar, compreender e recriar a natureza, a sociedade e o próprio homem. Apenas a profissionalização pode se constituir num emprego restrito das potencialidades humanas.

Esteve (1991) nas investigações realizadas, enumera doze elementos de transformação no sistema escolar, que incidem diretamente na ação do professor em sala de aula, entre eles: aumento das exigências com relação ao professor, inibição educativa de outros agentes de socialização, desenvolvimento de fontes de informação alternativas à escola, ruptura do consenso social sobre a educação, mudança de expectativas em relação ao sistema educativo, menor valorização social do professor, mudança dos conteúdos curriculares, escassez de recursos materiais e deficientes condições de trabalho, mudanças nas relações professor-aluno, e outros.

Cabe mencionar, no entanto, que situações de desconforto vêm aumentando de forma assustadora no cotidiano das escolas, e se constituem em fator de descontinuidade do processo educativo. Nesse entendimento, Ferreira constata que, "Estas mudanças em curso estão exigindo da administração da educação e dos educadores a tarefa de traduzir as determinações do mundo em que vivemos em conteúdos que possibilitem uma formação humana e cidadã, forte e capaz de enfrentar estes e outros desafios que estão por vir" (2000, p. 298).

Como a educação dos seres humanos se torna cada vez mais complexa, o mesmo acontece com a profissão docente. A evolução acelerada da sociedade, seja de informações, tecnologias, estruturas materiais, institucionais, de produção e outros, requer uma mudança de posicionamento, tanto da instituição educativa como daqueles que trabalham na educação.

A nova forma de ensinar requer uma redefinição da formação docente, pois a capacidade de ensinar um conteúdo acabado e formal já não é o suficiente. Em um mundo que nos cerca, onde a complexidade, a falta de certezas, o acúmulo de informações são cada vez mais constantes, o conhecimento em construção e os avanços científico-tecnológicos se tornam a linha mestra a ser seguida. Assim,

A pedagogia tradicional era baseada nos conhecimentos e na transmissão dos conhecimentos. A grande ruptura provocada pela pedagogia moderna foi colocar os alunos no centro do sistema. Mas a pedagogia moderna precisa ser reinventada na sociedade contemporânea. Não se trata de centrar na escola nem nos conhecimentos, como advogava a pedagogia tradicional, nem dos alunos, como advogava a pedagogia moderna, mas, sim, na aprendizagem (NÓVOA, 2007, p. 1).

A formação dos professores, seguindo uma tendência internacional no âmbito das pesquisas, constata a valorização dos saberes da experiência do professor no processo educativo, sendo que,

O repensar a concepção da formação dos professores, que até bem pouco tempo objetivava a capacitação destes, através da transmissão do conhecimento, a fim de que aprendessem a atuar eficazmente na sala de aula, vem sendo substituído pela abordagem de analisar a prática que este professor vem desenvolvendo, enfatizando a temática do saber docente [4] e a busca de uma base de conhecimento para os professores, considerando os saberes da experiência (NUNES, 2001, p. 38).

Até mesmo porque elementos característicos formadores de uma consciência crítica nos alunos, advém não apenas das relações formais da escola, mas dos espaços que surgem para trocas de experiências, onde o professor-educador desempenha papel importantíssimo, ou seja,

A escola não educa a consciência social apenas através dos conteúdos críticos devidamente sequenciados e dosados que transmite. A consciência da criança não se desenvolve tão somente através de conceitos que ela assimila em seu contato com os detentores da cultura elaborada, mas as condições para o desenvolvimento desta consciência crítica são criadas pela participação da criança na experiência social coletiva, a qual se compõe, em parte, das experiências práticas que a escola propicia através de sua organização interna e do sentido que assumem suas relações internas (BONAMINO, 1989, p. 205-206).

Cunha (1998) com a pesquisa intitulada "A construção do conhecimento na prática pedagógica do ensino superior", objetivou analisar os profissionais da educação na superação do paradigma tradicional, com o estabelecimento de novas alternativas de aprendizagens, obtendo resultados importantes relacionados à prática docente, onde foi percebido,

[...] o valor que os professores dão à prática docente enquanto a sua grande inspiração para a mudança e ao saber que constroem a partir daí. Nela localizam a possibilidade de aprenderem com colegas de trabalho, com alunos e de, refletindo sobre a própria docência, reformularem sua forma de pensar e agir. Há a confirmação de que a prática é um elemento importante na aprendizagem e que a experiência que o indivíduo vive é insubstituível no seu significado educativo. O fazer e o refletir sobre este fazer tem sido, no dizer dos bons professores, um mecanismo fundamental para delinearem seu desempenho docente (CUNHA, 1998, p. 35).

O estudo evidencia que as interações que os professores estabelecem com seus pares e seus alunos, desenvolvidas por meio de uma forma de comunicação sutil e privada, são ricas em informações, em trocas e truques da profissão.

Nunes (2001) enfatiza o quanto os estudos sobre formação de professores ignoram a relação entre a formação e a prática cotidiana, não dando a importância devida aos saberes que são reelaborados na prática, ou seja, aos saberes da experiência. Estes constituem elementos fundamentais nas práticas e decisões pedagógicas, e são originários do cotidiano e do meio vivenciado do professor.

Percebe-se desta forma, o valor dado pelos professores à interação e troca de experiências no crescimento profissional. Borges e Tardif (2001) constatam que, neste período de reformas importantes na formação dos docentes, mudanças profundas no modelo de formação até então em vigor nas universidades são propostos, emergindo o novo perfil da formação docente, onde o referencial se baseia não só na importância dos conteúdos, disciplinas e pesquisa universitária, mas principalmente nos saberes da ação, na experiência e eficácia dos docentes e nas práticas profissionais.

Esta visão diferenciada de referencial para a formação é relatada por Borges e Tardif (2001, p. 14-15) quando reconhecem que,

O docente é um profissional, que a natureza do seu trabalho é definida em função do entendimento de que o professor atua com e nas relações humanas; que a gestão da sala de aula, tarefa que é de sua responsabilidade por excelência, exige o confronto com situações complexas e singulares, cuja solução nem sempre é dado a priori, mas que requerem soluções imediatas; que o futuro professor precisa dominar certas competências e saberes para agir individual e/ou coletivamente, a fim de fazer face às especificidades de seu trabalho. É a propósito dos conhecimentos profissionais que devem ser garantidos na formação de professores, seja ela inicial, continuada, à distância, etc., o documento propõe:

  • O conhecimento sobre as crianças, adolescentes, jovens e adultos;
  • O conhecimento sobre as dimensões culturais, sociais e políticas da educação;
  • A cultura geral profissional;
  • O conhecimento para a atuação pedagógica;
  • O conhecimento experiencial contextualizado na ação pedagógica

Isto reflete a preocupação de grande número de profissionais da educação, que inseridos no processo, sentem a necessidade de rupturas de paradigmas e avanços educacionais rumo a novas práticas. E como constatação da pesquisa de Tardif (2007), dados indicam que o relacionamento interpessoal com os elementos integrados no processo educativo favorece o avançar da área da educação, ou seja, trata-se da formação da identidade do professor frente a toda mudança histórica. Identidade essa que precisa ser formada, como agentes de mudança e não agente de tarefas pedagógicas (TARDIF, 2007).

Pacheco (1995, p. 62), examinando que a indissociabilidade teoria/prática, se faz complexa quando os profissionais da educação não possuem uma sólida formação teórica, afirma:

Um dos maiores problemas na formação de professores, de todos os modos, não é tanto o desenvolvimento da compreensão dos alunos e das aulas e do papel do processo educativo por parte dos alunos em formação, mas o de facilitar aos professores que integrem esses conhecimentos dentro da sua própria prática. Como se pode ajudar os alunos em formação a desenvolver uma prática com bases teóricas?

Tal afirmação evidencia o fato de que, no que se refere a programas de formação de professores, uma grande questão a resolver é justamente a quantidade de lacunas deixadas entre a teoria e a prática, sendo que um número considerável de profissionais educadores não conseguem desenvolver uma prática com bases teóricas, por insuficiência teórica. Nesta via de raciocínio, vale lembrar Santos (1991), que em suas reflexões afirma que, nos anos 90, as discussões sobre formação de professores continuam enfatizando que "[...] o problema da defasagem existente entre a preparação ou treinamento oferecido pelas escolas de formação profissional e a realidade da atividade prática futura" (1991, p. 320-321).

Repensando a formação dos professores a partir da análise da prática pedagógica dos professores, Pimenta (1999) relaciona a construção da identidade da profissão do professor com o desenvolvimento dos saberes docentes. Surge a partir daí não apenas a significação social da profissão mas também da reafirmação das práticas consagradas culturalmente e que permanecem significativas. Desta forma, ressalta a importância de se considerar o professor em sua própria formação, num processo de auto formação, possibilitando através desta tendência reflexiva a reelaboração dos saberes iniciais em confronto com a prática vivenciada, onde os conhecimentos vão se constituindo a partir de uma reflexão na e sobre a prática.

A relação dos docentes com o saber não se reduz à transmissão de conteúdos já construídos, sendo a prática e a expressão destes múltiplos saberes a demarcação de um novo idioma pedagógico. Os educadores precisam hoje, ser capazes de construir novos conhecimentos ou reconstruir os já existentes. Conforme Imbernón,

Hoje a profissão já não é a transmissão de um conhecimento acadêmico ou a transformação de um conhecimento comum do aluno em um acadêmico. A profissão exerce outras funções: motivação, luta contra exclusão social, participação, animação de grupos, relações com estruturas sociais, com a comunidade. E é claro que tudo isto requer uma nova formação: inicial e permanente (2000, p. 14).

A partir da prática vivenciada e do conhecimento científico adquirido cotidianamente, um posicionamento comprometido com os avanços educacionais se faz necessário. Na construção do conhecimento de base para ensinar, a formação acadêmica, as inúmeras influências, as observações, as vivências e as experiências cotidianas nos diferentes contextos por onde circula o docente, tudo é filtrado como referência, para que o professor possa adquirir e redimensionar visões, de modo a construir no processo, seu desenvolvimento pessoal e profissional.

A formação inicial do professor, em nível de graduação, realizada em instituições de nível superior, é uma primeira etapa da vida profissional, onde lhe é apresentado o conhecimento científico, que deve ser incorporado, instigando-lhe a propor novas investigações. Assim, o educador não se limita ao desenvolvimento apenas na sua formação inicial, mas continuamente e permanentemente.

A Lei 9.394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – em seu Art. 61 refere-se aos profissionais da educação, em sua permanente atualização as novas informações, e estabelece que:

A formação de profissionais da educação, de modo a atender aos objetivos dos diferentes níveis e modalidades de ensino e às características de cada fase do desenvolvimento do educando, terá como fundamentos:
I – a associação entre teorias e práticas, inclusive mediante capacitação em serviço;
II – aproveitamento da formação e experiências anteriores em instituições de ensino e outras atividades (1996, p. 35-36).

Um tema marcante na reconstrução da identidade do educador é o desenvolvimento da competência na dimensão profissional de seu trabalho, e isto envolve a capacidade de mobilizar recursos, dentre eles os saberes teóricos e as experiências práticas no campo profissional e pessoal, para atender as diferentes necessidades do mundo do trabalho e das demandas sociais e políticas deste "mundo confuso e confusamente percebido" do qual nos fala Santos (2001), no sentido de, superando preconceitos e incompreensibilidades de que nos alerta, construir e formar conhecimentos para uma vida decente, assentada em princípios ético-solidários, político-participativos e estéticos. O domínio destes saberes com estas compreensões se constituem suportes importantes na resolução de situações complexas nos campos teórico e prático, na busca da competência profissional.

Tavares (1997), em sua reflexão, considera de grande importância para o aperfeiçoamento do educador, o desenvolvimento de três competências: a competência científica, no domínio de uma especialidade e inserção investigatória com as outras áreas, aliada à competência pedagógica, que decorre da competência científica, e relaciona-se ao saber fazer, executar, com recursos didáticos e da comunicação e a competência pessoal que está diretamente relacionada ao desenvolvimento inter e intrapessoal do professor. Nesse sentido o Artigo 12, da Conferência Mundial sobre Educação Superior (1998) enfatiza:

[...] as novas tecnologias oferecem oportunidades de renovar o conteúdo dos cursos e dos métodos de ensino, e de ampliar o acesso à educação superior. Não se pode esquecer, porém, que as novas tecnologias e informações não tornam os docentes dispensáveis, mas modificam o papel destes em relação ao processo de aprendizagem, e que o diálogo permanente que transforma a informação em conhecimento e compreensão passa a ser fundamental (1998, p. 29).

Nesta realidade da ciência, torna-se fundamental o papel da universidade, como berço da investigação científica, sendo maior apenas que a formação de profissionais para o mercado de trabalho. Cabe a esta certamente, a produção, transmissão e difusão de conhecimentos, contribuindo juntamente com a ação pedagógica para minimizar problemas de nossa sociedade, unindo a teoria e a prática social.

Valorizar a formação profissional, através de tecnologias avançadas, e fundamentar o professor numa consistente concepção de homem, constitui elemento importante na construção de uma sociedade humana, competente e solidária. Ferreira acredita que,

A formação dos profissionais da educação necessita incorporar todos os avanços científicos e tecnológicos que foram criados pelo homem para o bem de toda a humanidade e não de um segmento dessa humanidade. Para tanto, não só a instrumentalização técnica é necessária, mas as finalidades e o compromisso ético-político de socializar o conhecimento e as informações na tentativa humana de tornar o mundo humano. Essa é, realmente a verdadeira tecnologia educacional que deve formar o profissional qualificado e competente para o exercício da cidadania (FERREIRA, 1998, p. 29).

Buscando minimizar a crise na educação, e indo contra a tendência crescente de enfraquecimento do professor, reduzindo-o ao papel de técnico especializado, Giroux (1997) propõe a valorização do docente e a caracterização do professor como um intelectual transformador.

O autor enfatiza o desserviço ao ensino ao considerar o professor um repetidor de conteúdos, onde, "Em vez de aprenderem a refletir sobre os princípios que estruturam a vida e a prática em sala de aula, os futuros professores aprendem metodologias que parecem negar a própria necessidade de pensamento crítico" (GIROUX, 1997, p.159).

Ser um professor como intelectual transformador significa assumir um papel responsável na formação de propósitos e condições de escolarização, que utilize formas pedagógicas que incorporem os interesses políticos da maioria da população brasileira, visando permitir aos estudantes voz ativa em suas experiências de aprendizagem. Da mesma forma, "Formar professores com qualidade social e compromisso político de transformação tem se mostrado um grande desafio às pessoas que compreendem a educação como um bem universal, como espaço público, como um direito humano e social na construção da identidade e no exercício de cidadania" (FELDMANN, 2009, p. 71).

Objetivando garantir a qualidade da educação, o professor considerado como intelectual transformador, necessita desenvolver um ensino que possibilite a aquisição e a produção do conhecimento emancipador, que se baseia na solidariedade. Deste modo, a formação de cidadãos capazes de intervir na sociedade, através de práticas transformadoras e coletivamente solidárias, só pode se efetivar quando, em estreita ligação com a capacidade e a competência de reconstruir o conhecimento, em consonância com o movimento histórico da reconstrução da sociedade.

A este respeito, Alarcão (1996) transporta o conceito de professor reflexivo, que emergiu inicialmente nos EUA, em oposição à concepção tecnocrática de professor como mero aplicador de técnicas, para emancipação da função docente com importante papel na produção e estruturação do conhecimento pedagógico. Nesse entendimento, a autora define o professor reflexivo, enfatizando que,

[...] ser professor reflexivo implica saber quem sou, as razões pelas quais faço o que faço, e conscientizar-me do lugar que ocupo na sociedade. Numa perspectiva de promoção do estatuto da profissão docente, os professores têm de ser agentes activos do seu próprio desenvolvimento e do funcionamento das escolas como organização ao serviço do grande projecto social que é a formação dos educandos (1996, p. 177).

Segundo Demo (1996), o signo da competência todo dia se renova, e o papel desempenhado pelo professor não vem atendendo às exigências de nossa sociedade. Não cabe apenas ao educador formar-se, mais do que isto é necessário reformar-se sempre. E estabelece linhas norteadoras na superação do professor como reprodutor de conhecimentos, sendo que este,

Não poderá mais apresentar-se apenas como mediador da transmissão do conhecimento, pela razão central de que, se for assim, não aparece o sujeito histórico capaz de se emancipar. Um professor-objeto - que copia conhecimento alheio e, de forma copiada, repassa para frente - tende a moldar alunos-objeto, cuja a função será apenas absorver e reproduzir. Além de não se constituir o passo primeiro da emancipação, que é a formação da consciência crítica (1996, p. 274).

O autor defende a ideia da formação pela pesquisa, através da indissociabilidade entre ensino e pesquisa e o caráter formador da atividade de pesquisa, destacando sete pontos relevantes a serem desenvolvidos pelo professor que esteja comprometido com os avanços educacionais. São eles: capacidade de pesquisa, capacidade de elaboração própria, capacidade de avaliar processualmente, capacidade de teorizar as práticas, capacidade de atualização permanente, capacidade de trabalho interdisciplinar e capacidade de manejar instrumentos eletrônicos (DEMO, 1996).

O pressuposto do inacabamento do indivíduo e da sua necessidade e capacidade de aperfeiçoar-se faz parte da natureza humana, onde, o ser humano está sempre em movimento, buscando novas formas de aperfeiçoamento de sua capacidade de sobrevivência no planeta.

A formação do educador em uma política global busca a melhoria da qualidade de ensino aliando formação básica, condições de trabalho e formação continuada. A formação de professores é um desafio que se relaciona com o futuro da educação básica, que diretamente está vinculada com o futuro de nosso povo e a formação de nossas crianças, jovens e adultos. No entanto, para que possamos vislumbrar uma formação docente com bases sólidas, fomentadas na qualidade e relevância social, reverter o rumo das políticas educacionais se faz necessário, na busca da superação das fragmentações da formação, e a introdução da investigação e da pesquisa sobre as condições concretas que geram este problema.

Na perspectiva da produção de um paradigma emancipatório onde o conhecimento emancipador se assente no lugar da regulação, deve-se também reafirmar a construção da concepção social-histórica de educador, que converge com os mesmos princípios, concepção de formação do profissional de caráter amplo, com pleno domínio e compreensão da realidade do seu tempo, com uma consciência crítica que lhe permita interferir e transformar as condições da escola, da educação e da sociedade.

Importante então, relembrar, assumindo, os princípios que a Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação (ANFOPE, 2000) defende para a formação do profissional de educação baseado na docência e na identidade profissional que todo educador requer. Trata-se de sólida formação teórica e interdisciplinar do sistema educacional, angariando condições de uma análise crítica da sociedade brasileira e da realidade educacional. Compõem ainda tais princípios:

  1. Unidade entre teoria e prática na produção do conhecimento;
  2. Gestão democrática e não autoritária;
  3. Compromisso social do profissional da educação;
  4. Trabalho coletivo e interdisciplinar entre alunos, professores e instituição, na construção do projeto pedagógico curricular;
  5. Incorporar a concepção de formação continuada,.

A profissionalização e valorização do educador requer a adoção de uma política que estreite a vinculação da formação inicial, continuada e condições adequadas para o exercício da profissão.

A ANFOPE sempre defendeu em seus Documentos Finais que a caminhada na formação dos profissionais da educação é longa e não tem fim, pois acompanha as questões políticas, sociais e econômicas de nossa sociedade. A Associação ressalta ainda, que a formação continuada,

[...] trata da continuidade da formação profissional, proporcionando novas reflexões sobre a ação profissional a novos meios para desenvolver e aprimorar o trabalho pedagógico, um processo de construção permanente do conhecimento e desenvolvimento profissional, a partir da formação inicial e vista como uma proposta mais ampla, de hominização na qual, o homem integral, unilateral, produzindo-se a si mesmo, também se produz em interação com o coletivo (ANFOPE, 1992, p. 22).

Estabelecer uma política de formação e condições favoráveis de trabalho comprometidos com a qualidade da educação, podem contribuir na valorização profissional, contudo, parece não ser o suficiente para o necessário salto que carece o trabalho docente, ou seja:

Todas as instituições e cidadãos comprometidos com a educação brasileira parecem concordar que sem investimento na formação dos profissionais da educação não se conquistará as metas de qualidade que vêm se tornando cada vez mais consensuais. Entretanto, será a capacidade de gestar e implementar políticas de formação profissional e de valorização do magistério – ou seja, de realizar o investimento necessário – que pode fazer a diferença de fato (BRASIL, Referencial para a formação de professores, 1998, p. 20).

A formação do professor precisa possibilitar o seu desenvolvimento como pessoa, como profissional e como cidadão, nas múltiplas capacidades dos seres humanos, para que na sua prática pedagógica a concepção de educar seja ampliada para além do instruir, englobando conceitos de totalidade, na aquisição de conhecimento e desenvolvimento humano.

Na busca da melhoria da qualidade de ensino, o incentivo e a viabilização de uma política que valorize a formação inicial, condições de trabalho e um programa de formação continuada, se traduz na constante capacitação e conhecimento da realidade necessários na atualização constante dos profissionais da educação.

Segundo a ANFOPE, é preciso aproximar as relações teoria e prática com a realidade escolar, sem realizar uma justaposição de uma sobre a outra, mas buscando vínculos que articulem uma sólida formação teórica à pesquisa, como um meio de produção de conhecimento e intervenção na prática social. O documento amplia o conceito de formação do profissional da educação, e reforça o conceito da teorização na construção dos saberes (ANFOPE, 1992).

A associação do conhecimento pedagógico especializado à ação favorece a formação de um professor prático reflexivo, dotado da capacidade de refletir sobre a própria prática. Aliado a isto, envolver os professores em tarefas de formação comunitária pode estabelecer à educação escolarizada, o vínculo entre o saber intelectual e a realidade social.

Entende-se, pois que o objetivo da educação é ajudar a construir pessoas mais livres, tornando-as em escala progressiva, cada vez mais independentes sobre o mundo a sua volta, adquirindo uma maior autonomia diante do poder econômico, político e social.

4. Considerações finais

A reflexão sobre a implementação de políticas públicas de formação docente no Brasil na contemporaneidade, permite conhecer a demanda de cenários complexos junto aos sistemas educativos. A formação ocupa, nesse cenário, parte constitutiva e constituinte na construção do homem, do mundo e da sociedade. Nesse sentido, "[...] a educação é entendida como processo amplo de socialização da cultura, historicamente produzida pelo homem, e a escola, como lócus privilegiado de produção e apropriação do saber, cujas políticas, gestão e processos se organizam, coletivamente ou não, em prol dos objetivos de formação" (DOURADO, 2007, p. 923).

Uma das principais metas na formação docente, seja ela inicial ou permanente, é aprender a interpretar, compreender e refletir sobre a educação em uma realidade social. E neste contexto, a metodologia deve fomentar os processos reflexivos sobre a educação e a realidade social, por meio de experiências diversificadas. A formação permanente do professor centrado na escola transforma a instituição educacional em um local de ações formativas, baseado no diálogo e na ação-reflexão-ação.

Assim sendo, podemos depreender que as políticas públicas de formação docente implicam no comprometimento de diferentes sujeitos e instâncias, incluindo, professores e gestores das instituições de ensino. Por fim, a revisão da formação pedagógica exige uma articulação entre as referidas políticas e as concepções de formação enquanto processos de ação coletiva.

5. Referências

ALARCÃO, I. Ser professor reflexivo. In: ALARCÃO, I. (org). Formação reflexiva de professores: estratégias de supervisão. Portugal: Porto Editora, 1996.

ANFOPE, Associação nacional pela formação dos profissionais da educação. VI Encontro Nacional. Belo Horizonte, 1992.

_____. X Encontro Nacional. Brasília, 2000.

BONAMINO, A.M.C. O pensamento pedagógico-político de Demerval Saviani: até que ponto Gramsci? Dissertação de Mestrado em Educação- Departamento de Educação da Pontifícia Universidade Católica, Rio de Janeiro, 1989.

BORGES, C.; TARDIF, M. Os saberes dos docentes e sua formação. Revista Educação & Sociedade, n. 74, CEDES, 2001.

BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Lei nº 9.394, de 20.12.96, Lei de diretrizes e bases da educação nacional: Brasília, 1996.

_____. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial para a formação de professores. Brasília, 1998.

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1 Professor do Curso de Educação Física e do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Comunitário da Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO. Doutor em Educação Física – UFPR. khaledunicentro@hotmail.com. Paraná, Brasil.
2 Professor do Curso de Educação Física da Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO e do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG. Doutor em Educação Física – UNICAMP. gilmailcruz@gmail.com. Paraná, Brasil.
3 Professora do Curso de Pedagogia e do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO. Doutora em Educação – UNICAMP. marisas@irati.unicentro.br. Paraná, Brasil.
4 No entendimento de Nunes (2001) saberes docentes são aqueles adquiridos para o ou no trabalho e mobilizados tendo em vista uma tarefa ligada ao ensino e ao universo de trabalho do professor, exigindo da atividade docente uma reflexão prática (2001, p. 34).


Vol. 35 (Nº 9) Año 2014
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