Espacios. Vol. 35 (Nº 10) Año 2014. Pág. 8


O Brasil no Ranking da competitividade mundial. Um estudo de sua evolução no período de 2003 a 2013

The Ranking of Brazil in global competitiveness. A study of its evolution in the period 2003-2013.

Sérgio DITKUN 1, Renata Vidart KLAFKE 2, Rudy de Barros AHRENS 3, João Luiz KOVALESKI 4, Nelson Ari CANABARRO 5

Recibido: 11/06/14 • Aprobado: 25/08/14


Contenido

RESUMO:
O presente artigo teve por objetivo principal compreender os requisitos de avaliação utilizados pelo Institute for Management (IMD), divulgado através do The Global Competitiveness Report no World Economic Forum (Fórum Econômico Mundial) que ocorre anualmente e divulga as posições dos países avaliados em termos de competitividade mundial. Especificamente foi analisado a evolução do Brasil nos últimos dez anos (2003 a 2013) e chegou-se à conclusão que o país vem perdendo sua competitividade. O que poderia estar corroborando para o decrescimento do país, apesar de existirem políticas de fomento, seria o IDH que praticamente estagnou a partir de 2007. Com isso, percebe-se o reflexo no decrescimento da participação da indústria no PIB (Produto Interno Bruto) trazendo o país aos tempos da era do então presidente Jucelino Kubitschek (1956 a 1961).
Palavras-chave: competitividade brasileira mundial, decrescimento da indústria, ranking brasileiro.

ABSTRACT:
The present article had the main objective to understand the requires of evaluation used by the Institute for Management (IMD), released through The Global Competitiveness Report in the World Economic Forum, that annually takes place and releases the positions of the countries valued in terms of world-wide competitiveness. The evolution of Brazil was specifically analyzed in the last ten years (2003 to 2013) and it was concluded that the country is losing its competitiveness. What it might be corroborating for the decrease of the country, even though there are incentive policies, would be the HDI (Human Development Indicator) which has practically stagnated from 2007 on. With it, it´s possible to notice the reflex in the decrease of participation of the industry in the GNP (Gross national product) bringing the country to the times of the then president Juscelino Kubitschek (1956 to 1961).
Key Words: Brazilian worldwide competitiveness, economic decrease of the industry, Brazilian ranking.


1. Introdução

Percebe-se que o Brasil veio melhorando significativamente nos últimos anos desde sua arrancada rumo ao crescimento econômico iniciado na era Vargas (1951-1954) e expressado no governo do então presidente Jucelino Kubitschek (1956 a 1961). Ousado e determinado a projetar o país através de seu plano de governo, 50 anos de progresso em 5 anos de realizações, somados mais 30 objetivos a serem alcançados em diversos setores da economia, tornou-se conhecido como Programa ou Plano de Metas. Acontecimento marcante que se mantém na história do Brasil como o momento de um grande arranco desenvolvimentista consolidado através de políticas que resultaram, para a época, boas taxas de crescimento social e industrial no país.

O intuito desse esforço era tornar o país mais competitivo, depender menos de importações, ser autossuficiente e ter uma participação menos tímida nas exportações. para saber se uma organização ou um país é competitivo, é preciso saber se sua eficiência e sua produtividade, em relação aos seus concorrentes, apresentam bons resultados. Ambas variáveis (eficiência e produtividade) podem ser consideradas medidas de desempenho. Para os autores Fried; Lovell; Schmidt (1993), o desempenho de uma empresa é função do estado da tecnologia e do grau de eficiência ao seu uso, sendo eficiência a relação entre insumo e produtos. Em relação à produtividade, é a capacidade de alocar e aproveitar ao máximo os insumos de produção. Quanto maior for a produção de um determinado produto utilizando menos recursos possíveis, mais produtiva é uma organização. Hoje é possível saber se os esforços iniciados na era Vargas, com a continuidade dos governos seguintes, trouxeram ou não os resultados esperados.

Uma das ferramentas utilizadas para saber em que nível um país se encontra em termos de competitividade, se dá através do relatório apresentado anualmente pelo Fórum Econômico Mundial (The Global Competitiveness Report).Neste relatório são apresentados doze pilares, requisitos avaliados nos países pesquisados, onde cada um possui uma pontuação de acordo com o resultado das pesquisas. No relatório 2013-2014 foram 148 países avaliados nestes requisitos e foram classificados no ranking de acordo com a pontuação alcançada. Cada pilar possui um peso onde são calculados o indicador.

Neste presente artigo não se propõe demonstrar como é feito o cálculo, mas têm por objetivo geral compreender os requisitos utilizados para avaliar um país em termos de competitividade, especificamente analisar a evolução do Brasil nos últimos dez anos (2003 a 2013) no ranking entre os países mais competitivos do mundo.

2. História do Comércio Exterior brasileiro

O comércio exterior é fundamental para o superávit econômico de um país em desenvolvimento como o Brasil. Além da viabilidade de modernização dos parques fabris nacionais com a importação, o comércio exterior também possibilita o aumento da entrada de capital estrangeiro no país, o aumento da competitividade industrial, uma vez que as indústrias nacionais passam a ter concorrentes globais com métodos de produção inovadores, capital humano profissionalizado e custos mais gerenciados. Isso faz com que os empresários nacionais saiam da zona de conforto, e produzam produtos com mais qualidade e custo reduzido.

Contudo, não foi sempre assim. Desde a proclamação da república até meados do século XX, o comercio exterior brasileiro estava voltado, praticamente, à exportação de produtos agrícolas e à importação de poucos bens manufaturados. No final da era Vargas (1930 – 1945) e logo após o fim da II Guerra Mundial (1939 – 1945), o Brasil reativou seu ciclo de investimentos com o processo de desenvolvimento acelerado.

Segundo Ludovico (2007), os aspectos e fatos mais concernentes à política de comercio exterior Brasileiro, visando traçar um breve histórico das políticas de comercio exterior adotadas no Brasil são:

• Período de 1991 a 2000: Abertura comercial, superávits e déficits na balança comercial – oscilações.

• Período de 2001 a 2005: Ritmo acelerado das exportações e diminuição das importações, com ajustes de mercados, superávit comercial e desenvolvimento logístico.

Pode-se, assim dizer, que o governo Collor (1990-1992) contribuiu de forma significativa para a abertura do Comércio Exterior Brasileiro. Nessa mesma época ocorreu a consolidação do regime político democrático por meio das eleições diretas. Nesse governo foram formuladas as diretrizes e os objetivos do comercio exterior, bem como a implantação de suas normas específicas.

Outra contribuição significativa para a evolução e crescimento do Comércio Exterior Brasileiro ocorreu em 1991, quando houve a assinatura do Tratado de Assunção, o qual deu origem ao acordo regional MERCOSUL, desde então, a política tarifária dos países membros passou a ser conduzida pelo consenso dos países, no entanto, com autonomia individual para cada setor especifico. Atualmente o bloco é composto por Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela. Bolívia, Chile, Colômbia, Equador e Peru são Estados associados.

A ideia do tratado é, basicamente, proporcionar benefícios fiscais no comércio internacional entre esses países e reduzir as barreiras tarifárias e não tarifárias, facilitando as trocas e tornando o comércio regional mais competitivo e atraente.

Um marco importante para a história do comércio exterior brasileiro é a utilização do sistema chamado SISCOMEX, que ocorreu a partir de 1997. Antes a esse período, as guias de exportação, por exemplo, eram emitidas manualmente. A partir desse ano, os registros passaram a ser eletrônicos, e iniciaram-se as estatísticas do setor pelo governo brasileiro.

Conforme relatórios do site do Ministério Indústria e Comércio (MDIC) pode-se afirmar, que de 2003 a 2007, o Brasil conheceu o mais longo ciclo superavitário já registrado (figura 1).

Figura 1: Evolução Balança Comercial adaptado

Fonte: MDIC

As quantidades exportadas de bens manufaturados e industriais proporcionaram um superávit na balança comercial brasileira. Não obstante, a partir de 2008, com a crise imobiliária financeira americana dos "sub-primes" (traduzido como "de segunda linha"), crise a qual gerou consequências a vários países na Europa e na Ásia, fez com que o mercado global se retraísse, caindo então o bom superávit brasileiro da balança comercial.

Ainda que a crise tenha afetado de maneira significativa a vários países ricos, o Brasil conseguiu manter sua economia relativamente estável, e, na última década, o Brasil maturou uma inserção definitiva na economia global, sendo referência na exportação de commodities agrícolas e minerais.

Pelo exposto acima, visto que o comércio internacional, face sua própria dinâmica, sujeita os seus participantes a um constante aprimoramento de seus conhecimentos, rígido controle de suas operações e a uma vigília constante sobre os acontecimentos nacionais e mundiais, para que se evitem problemas que possam resultar, muitas vezes, em prejuízo financeiro ou de imagem, afetando negativamente o desempenho empresarial (VAZQUEZ, 1998).

3. The Global Competitiveness Report (GCR)

O relatório de competitividade entre países é publicado anualmente pelo Institute for Management (IMD). É considerada a pesquisa mundial líder quando à análise de rankings das competências de uma nação que proporciona um ambiente que sustenta a competitividade das empresas. Quatro são os principais fatores considerados na pesquisa: A eficiência empresarial; a eficiência governamental; a performance econômica e as infraestruturas. Estes fatores incluem vinte subfatores, nomeadamente finanças públicas, política fiscal, mercado de trabalho, sistema financeiro, práticas de gestão, atitudes e valores, produtividade e educação. Segundo Porter (1999, p. 168), "de acordo com o pensamento predominante, os custos da mão de obra, as taxas de juros, as taxas de câmbio e as economias de escalas são os determinantes mais poderosos da competitividade".

A competitividade para o World Economic Forum (2013) significa o conjunto de instituições, políticas que determinam o nível de produtividade do país.

Os países participam do comércio internacional por duas razões básicas, cada uma delas contribuindo para seus ganhos de comércio. Primeiro, os países comercializam porque são diferentes uns dos outros (...). Segundo, os países comercializam para obter economias de escalas de produção (KRUGMAN E OBSTFELD, 2002, p. 13)

O comércio não se destina apenas a produtos e serviços, mas também na transferência de tecnologia que impacta diretamente na evolução produtiva de um país através da adoção de novos processos. A produtividade é considerada um fator primordial para a sustentabilidade da prosperidade econômica das nações.

O GCR foi lançado em uma época em que a economia mundial estava passando por mudanças significativas. A crise pós segunda guerra mundial e os desenvolvimentos que se seguiram após ela, aumentaram o papel das economias emergentes no contexto global (WEF, 2013). Ele é utilizado pelos gestores que formulam as políticas de suas respectivas nações como uma ferramenta de benchmarking onde é possível saber que posição sua nação ficou em comparação às demais avaliadas.

Há mais de três décadas o Fórum Econômico Mundial tem fornecido e avaliado o potencial das nações do mundo todo. O relatório tem contribuído para a compreensão dos principais fatores que determinam o crescimento econômico e ajuda a compreender porque alguns países apresentam melhor desempenho que outros. Com os resultados do relatório, os principais agentes dos países pesquisados poderão saber em quais fatores estão apresentando déficit e onde deverão focar seus esforços para buscar as melhorias nos respectivos setores.

A pesquisa WEF é realizada anualmente para identificar o nível de produtividade de um país. A principal prioridade econômica para os países desenvolvidos deve ser elevar a produtividade do trabalho do conhecimento e em serviços. O país que conseguir isso primeiro irá dominar economicamente o século XXI (DRUCKER, 1998).

Os principais interessados por elevar a produtividade da nação estão nas esferas microeconômica (empresariado da iniciativa privada) e macroeconômicas (políticas econômicas do país). Ao trabalharem em parceria, estes passam a produzir mais, exportar mais, empregar mais e aumentar a eficiência das organizações (público e privadas) melhorando a qualidade de vida de todo o país. Isto se dá através da implementação de políticas catalizadoras ao desenvolvimento e transferência de tecnologias.

A pesquisa é feita anualmente tomando as opiniões dos executivos (Executive Opinion Survey - EOS), uma vez que são eles os primeiros a serem afetados quando das ações governamentais através de suas políticas econômicas. Para que a pesquisa ocorra nos países analisados são feitas parcerias locais, no caso do Brasil, a Fundação Dom Cabral e o Movimento Brasil Competitivo conduzem estas pesquisas. Junto aos executivos são colhidas informações complementares, como qualidade das instituições públicas, independência do poder judiciário e o grau da corrupção em uma economia.

O WEF e as instituições parceiras selecionam a amostra dos executivos que participarão da EOS visando representar da melhor forma possível o universo das empresas do país, ou seja, considerando a dispersão geográfica, estrutura setorial e o tamanho das empresas" (ARRUDA; ARAÚJO; KUX; 2011)

De acordo com o relatório, é de responsabilidade dos políticos evitar o acomodamento e avançar com as reformas estruturais no país. Dentre elas estão a preocupação com a geração de energia limpa, movimentação de materiais, atração de capital estrangeiro, investimentos em educação e o desenvolvimento para a inovação com o intuito de que seus países possam oferecer um ambiente próspero e de geração de renda para os seus cidadãos. Quando um país ou uma organização não desenvolve tecnologias que lhe permita criar uma vantagem competitiva, a saída poderá ser através da transferência de tecnologias entre países ou organizações. Os principais interessados pela melhoria de posição no ranking de competitividade mundial são os líderes políticos, o governo, líderes empresarias e também a sociedade civil que de alguma forma, direta ou indireta influenciam no desenvolvimento do país.

4. Metodologia

O presente artigo é de uma abordagem qualitativa, utilizando da pesquisa bibliográfica e documental com método descritivo. De acordo com Gil (1999), a pesquisa documental assemelha-se à pesquisa bibliográfica, pois utiliza documentos primários, como documentos oficiais, reportagens de jornais e revistas, filmes, fotos, gravações, dentre outros, e documentos secundários, relatórios de pesquisa, relatórios de empresas ou governos, etc.

Para o relatório de 2013-2014, foram pesquisados 148 economias sendo os seus respondentes empresários. A amostra de respondentes contem obrigatoriamente firmas com participação estatal, privada nacional e privada estrangeira; além de firmas domésticas que vendem em mercados internacionais. São selecionados para responder ao questionário os executivos da alta gerência das empresas, com conhecimentos sobre o ambiente econômico nacional e internacional. Os executivos responderam aproximadamente 150 questões sobre o ambiente no qual seus negócios estão inseridos, apontando sua percepção em uma escala entre 1 a 7, em que 1 geralmente corresponde à pior opção e 7 à melhor. Foram pesquisados ao todo 13 mil líderes empresariais em 148 economias, entre janeiro e maio de 2013. Isso dá uma média por país de aproximadamente 88 respondentes. No Brasil foram 98 executivos pesquisados sendo que 82,7% deles responderam via internet. No Brasil, a Fundação Dom Cabral e o Movimento Brasil Competitivo conduziram estas pesquisas. Para garantir a qualidade do processo de revisão metodológica e técnica da pesquisa por seus representantes no país, o instituto Gallup International atua como consultor do World Economic Fórum.

Cada empresa parceira (quem efetua a pesquisa no país) recebeu entre 80 a 100 questionários para entregar às empresas selecionadas. Para definir a amostra, são levadas em consideração o tamanho das empresas e os setores que atuam, sendo àquelas que representam os principais setores da economia (agricultura, indústria de transformação, serviços, etc.).

Na pesquisa a que foram submetidas, foram avaliadas: As Instituições, a Infraestrutura, o Ambiente Macroeconômico, a Saúde e Educação primária, a Educação e a formação superior, a Eficiência do Mercado, a Eficiência do mercado de trabalho, o Desenvolvimento no mercado financeiro, o Preparo tecnológico, o Tamanho de mercado e Sofisticação dos negócios e Inovação.

5. Requisitos avaliados no The Global Competitiveness Report

Os doze requisitos de avaliação a que os países são submetidos estão: Instituições, Infraestrutura, Ambiente Macroeconômico, Saúde e Educação primária, Educação e formação superior, Eficiência de Mercado, Eficiência do mercado de trabalho, Desenvolvimento no mercado financeiro, Preparo tecnológico, Tamanho de mercado e Sofisticação dos negócios e Inovação.

Os requisitos estão subdivididos em três grupos de análise: Requisitos Básicos, Propulsores de Eficiência e Inovação e Sofisticação Empresarial. A seguir serão descritos os requisitos e compreender o que é avaliado em cada requisito.

5.1 Requisitos Básicos

Entende-se que os requisitos básicos se aplicam nas esferas que impactam diretamente a mobilidade do país e sua população. Dentre eles estão:

5.1.1 Instituições: São avaliadas a transparência, ética no setor público e privado, proteção aos direitos de propriedade, qualidade da segurança pública, bem como a eficácia das auditorias e padrões contábeis do setor privado.

5.1.2 Infraestrutura: Avalia-se a qualidade da infraestrutura do país em relação à transportes, comunicação e fornecimento de energia.

5.1.3 Estabilidade Macroeconomia: É avaliado, na percepção dos pesquisados, o nível de endividamento do país, a inflação atual, contas públicas e o spreadbancário (lucro dos bancos devidos às taxas cobradas em transações bancárias. Quanto menor estas taxas, mais dinheiro circulará no mercado fazendo girar a economia do país)

5.1.4 Saúde e Educação Primária: Refere-se à qualidade e controle de doenças e seus impactos na economia, bem como a expectativa de vida e à abrangência do sistema educacional primário.

5.2 Propulsores de eficiência

Entende-se que os requisitos propulsores de eficiência elevam o país em termos de produtividade, uma vez que são avaliados a qualidade do ensino superior, o desenvolvimento e pesquisa e ações governamentais que facilitam a vida dos empreendedores ao acesso de capital para investimentos. Dentre eles estão:

5.2.1 Educação Superior e Treinamento: Refere-se à abrangência e qualidade do sistema educacional do país nos níveis secundário e terciário, bem como a capacitação técnica e investimento em pesquisas especializadas.

5.2.2 Eficiência do Mercado de Bens: Refere-se aos impactos causados na atividade empresarial privada pelas políticas de regulamentações do governo. Também avalia as características competitivas do ambiente empresarial.

5.2.3 Eficiência do Mercado de Trabalho: Reflete o grau de flexibilidade das leis do trabalho e as práticas de meritocracia adotadas nas empresas.

5.2.4 Sofisticação do Mercado Financeiro: Avalia as práticas e recursos que facilitam o acesso das empresas do setor privado ao capital no mercado bancário.

5.2.5 Prontidão Tecnológica: Relacionada à difusão de novas tecnologias nas empresas e na sociedade.

5.2.6 Tamanho do Mercado: Refere-se ao tamanho do mercado pelo qual as empresas se orientam.

5.3 Inovação e sofisticação empresarial

Entende-se que os requisitos Inovação e sofisticação empresarial avaliam a capacidade das empresas em inovar para criar vantagem competitiva no país e no mercado internacional. Dentre eles estão:

5.3.1 Sofisticação dos Negócios: Relacionado à qualidade e quantidade de fornecedores locais, às práticas empresariais e à natureza da vantagem competitiva das organizações.

5.3.2 Inovação: Refere-se à capacidade inovativa da economia.

Estes são os requisitos a que os países participantes são avaliados através de seus executivos e elencados no ranking de competitividade mundial de acordo com sua pontuação. Foi possível compreender o quão abrangente a pesquisa é possibilitando obter um diagnóstico do país naquele período consultado.

A seguir serão apresentados os resultados do Brasil em comparação com a Suíça que desde o ano 2009 até o ano de 2013 manteve-se em primeiro lugar do ranking mundial de competitividade.

6. Resultados de competitividade Brasil

6.1 A posição do Brasil no ranking de competitividade em uma década

No ranking dos países mais competitivos de 2013 o Brasil ficou na 56ª posição, uma queda de 8 pontos em relação ao ano anterior (2012). Os dados foram extraídos dos respectivos relatórios de competitividade mundial. No gráfico 1 é possível verificar em uma janela de tempo de dez anos como o Brasil se saiu em relação à Suíça, que até então é a primeira no ranking entre as 148 economias avaliadas.

Gráfico 1. Fonte: Adaptado de World Economic Forum, (2013).

Ao observar a evolução de posições do Brasil no ranking nestes últimos dez anos, percebe-se que o país veio perdendo posições de 2003 até 2007. Em 2004 o governo brasileiro lançou da Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior – PITCE e colocou em marcha um conjunto de iniciativas voltadas ao enfrentamento dos desafios do desenvolvimento produtivo. Dentre elas estão:

A edificação do moderno marco legal, formado pela Lei de Inovação (Lei 10.973/2004), pela Lei do Bem (Lei 11.196/2005), pela Lei de Biossegurança (Lei 11.105/2005) e pela Política de Desenvolvimento da Biotecnologia (Decreto 6.041/2007), com base no qual se criaram condições favoráveis à promoção da inovação no País.

A construção de uma engenharia institucional apta a dar coerência às ações propostas e fortalecer o diálogo entre o setor público e o setor privado, com a criação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial – CNDI e da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI.

Os avanços logrados no âmbito dos processos relacionados ao registro de propriedade intelectual, para o que contribuiu, notadamente, a reestruturação do Instituto Nacional de Propriedade Intelectual – INPI.

A criação de programas de financiamento específicos, pelo BNDES, para alguns dos setores estratégicos definidos pela PITCE, como o Profarma e o Prosoft. (www.mdic.gov.br)

O governo, dentro de uma perspectiva desenvolvimentista, lançou em 2008, no segundo mandato do então presidente Lula, a Política de Desenvolvimento Produtivo - PDP, sob a coordenação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). A intenção com a implantação da política foi consolidar o crescimento de longo prazo da economia brasileira. O objetivo principal da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP) foi o de intensificar o diálogo entre o governo e o setor produtivo, visando proporcionar à indústria brasileira maior competitividade no mercado nacional e internacional. Vários programas de alta importância estratégica também foram implantados como: o Plano de Aceleração do Crescimento – PAC, o Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE e também o Plano de Ação em Ciência, Tecnologia e Inovação – PACTI e o Programa Mais Saúde, mobilizando investimentos imprescindíveis e estruturantes de longo prazo

O resultado destas ações é possível perceber nitidamente no gráfico 1 logo acima, quando em 2009 o país passa a avançar no ranking de competitividade internacional. Em 2011, no mandato da então presidente Dilma Rousseff, especificamente em agosto foi lançado o Plano Brasil Melhor com o lema inovar para competir, competir para crescer, ampliando a política industrial do governo anterior. Este plano deu maiores oportunidades de crescimento às micro e pequenas empresas.

Em 2013 o país teve uma queda no ranking e não está conseguindo manter sua posição alcançada entre os períodos 2008 e 2012. Pode se perceber também que o Índice de Desenvolvimento Humano do país se apresenta estagnado desde 2007 (figura 1).

O governo tem se esforçado com políticas específicas para o crescimento e em capacitar a mão de obra no país através de programas também específicos como o PRONATEC (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego) para tornar o país mais produtivo. Tanto as políticas quanto os programas de desenvolvimento profissional dos cidadãos brasileiros podem vir a dar resultados a médio e longo prazo e por tanto se faz necessário acompanhar estes índices e medi-los nas próximas pesquisas.

6.2 O Índice de Desenvolvimento Humano e a produtividade

Um indicador que pode avaliar o desenvolvimento econômico de uma população é o IDH. O Índice de Desenvolvimento Humano é uma medida importante concebida pela ONU (Organização das Nações Unidas) para avaliar a qualidade de vida e o desenvolvimento econômico de uma população. O relatório é anualmente elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) com base em três pilares (Saúde, Educação e Renda). Na saúde é avaliado a expectativa de vida, na educação o acesso ao conhecimento e na renda o padrão de vida (rendimento per capita - indicador que ajuda a saber o grau de desenvolvimento econômico de um país ou região). Este índice (IDH) varia entre 0 (nenhum desenvolvimento humano) e 1 (desenvolvimento humano total), revelando que quanto maior a proximidade de 1, mais desenvolvido é o país. A seguir um breve histórico evolutivo do IDH brasileiro (Figura 2).

Figura 1 – Evolução do IDH Brasileiro (1980 – 2012)

Fonte: Pnud / Relatório do Desenvolvimento Humano (2013)

Ao serem comparados os Índices de Desenvolvimento Humano no Brasil, pode se perceber que houve um crescimento até 2007. Após isso o desempenho do país veio se mantendo. De forma direta ou indireta o IDH também pode ter contribuído com a queda de oito posições do Brasil (48ª para 56ª) no ranking de competitividade.

Recentemente saiu o resultado do ranking internacional de educação 2013. O Brasil piorou na posição passando a ocupar o penúltimo lugar, ou seja, 38.ª posição entre 40 países analisados no The Learning Curve (Curva do Aprendizado, em inglês), realizado pela The Economist Intelligence Unit (EIU) e Pearson Internacional. O país estava em 39ª posição e só melhorou porque o México piorou. Ao comparar com o estudo anterior, de 2012, o país subiu uma colocação, apesar de ter piorado seu desempenho no índice.

Percebe-se que há um déficit na educação do país e está claro que há necessidade de se investir mais neste setor. As políticas de crescimento são boas, porém necessita de pessoas competentes para corresponder a elas. Uma nação com o mínimo de educação, torna-se mais difícil produzir, inovar e empreender.

Se compararmos o IDH do Brasil e da Suíça (primeira no ranking de competitividade), verifica-se uma expressiva diferença nos números, um dos justificadores do porquê a Suíça ocupar sua liderança. Enquanto o Brasil obteve uma pontuação de 0,730 (2012) lhe dando uma posição no ranking com a 85ª posição de acordo com o (PNUD, 2012), a Suíça obteve pontuação de 0,913 lhe garantindo ocupar o 9º lugar no ranking mundial.

6.3 Os esforços iniciados por JK surtiram efeito ao longo dos anos de desenvolvimento?

De acordo com os dados do IBGE e reportagem de Agnaldo Brito, jornal FOLHA (09/03/2012), a participação da indústria no PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro recuou aos níveis de 1956 (figura 2), ano em que o presidente Juscelino Kubitschek (1956 a 1961) deu impulso à industrialização do país ao lançar seu Plano de Metas, que prometia fazer o Brasil avançar "50 anos em 5″.

Figura 2 – Participação da Indústria no PIB, em %

Fonte: Folha.uol (2012)

Isso demonstra que o país, após sofrer um crescimento em sua economia, vem apresentando um decrescimento, ainda mais acentuado após a abertura econômica. Um dado preocupante que está afetando diretamente a produtividade do país. Isso vem reforçar ainda mais que os efeitos estão se mostrando nos indicadores de competitividade do Brasil.

7. Considerações Finais

É notório que a competitividade do país está com tendências negativas e é preocupante os resultados quanto à participação das industrias no PIB brasileiro. Fica evidente que o país apresenta uma deficiência em conseguir avançar em termos de produtividade e seu crescimento não está consolidado. O objetivo deste artigo foi de compreender os requisitos de avaliação utilizados para analisar um país em termos de competitividade e especificamente analisar a evolução do Brasil nos últimos dez anos (2003 a 2013) no ranking dos países mais competitivos do mundo.

Assim, analisando os resultados obtidos percebe-se que no ranking dos países mais competitivos de 2013 o Brasil ficou na 56ª posição, uma queda de 8 pontos em relação ao ano anterior (2012). Também foi possível perceber que o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) no Brasil praticamente estagnou a partir de 2007 com crescimentos nada significativos. De forma direta ou indireta o IDH pode estar contribuindo para a queda posições do ranking de produtividade bem como no ranking global de educação (2013). Programas de governo como o PRONATEC podem elevar este índice, porém não se pode afirmar em quanto tempo isto ocorrerá, visto ter mais dois índices a serem trabalhados, como a saúde por exemplo.

Estes dados são importantes para que o governo avalie melhor suas políticas para elevar o IDH do país, em especial no quesito educação e buscar uma saída para impulsionar novamente a produtividade industrial no país e se tornar mais competitivo.

A participação da indústria no PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro recuou aos níveis de 1956, ano em que o presidente Juscelino Kubitschek (1902-1976) deu impulso à industrialização do país ao lançar seu Plano de Metas, que prometia fazer o Brasil avançar "50 anos em 5″.

Podemos concluir que o país está se esforçando em elevar o seu nível de competitividade. Isso só é possível com investimentos em políticas específicas como leis para pequenas, médias e grandes empresas e também investir na educação do cidadão que ao longo do tempo passará a ser mais produtivo e eficiente.

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1 Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, Brasil. sditkun@yahoo.com.br
2 Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, Brasil. nena.klafke@gmail.com
3 Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, Brasil. rudy_barros@hotmail.com
4 Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, Brasil. kovaleski@utfpr.edu.br
5 Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, Brasil. ncanabarro@yahoo.com.br


Vol. 35 (Nº 10) Año 2014
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