Espacios. Vol. 36 (Nº 01) Año 2015. Pág. 13

A teoria das restrições e o sistema de produção

The Theory of Constraints and the production system

Carla Vanessa MERKLE Titz 1, Antonio J. dos SANTOS 2

Recibido: 12/09/14 • Aprobado: 27/11/14


Contenido

1. Introdução

2. Teoria das Restrições e Sistemas de Produção

3. Metodologia da pesquisa e coleta de dados.

4. Resultados e discussão

5. Conclusão

Referências

Apêndices


RESUMO:
Constantemente as empresas buscam a entrega dos produtos com qualidade e agilidade no processo. Porém acabam encontrando gargalos em seu sistema de produção impossibilitando atingir a eficiência do seu processo. Compreender a teoria das restrições significa controlar os elos mais fracos da organização e consequentemente alcançar os objetivos propostos pela empresa. Este artigo buscou elucidar a importância da teoria das restrições no sistema de produção através de um levantamento realizado com empresas participantes do Gestão Compartilhada, da Associação Comercial e Industrial de Joinville (ACIJ) para verificar qual o conhecimento destas empresas com relação a esta teoria observando que o poucas empresas conhecem esta teoria, apesar de implementarem ferramentas relacionadas a mesma, e que as que conhecem a teoria, possuem um crescimento anual bastante expressivo.
Palavras chave: Teoria das restrições, Sistemas de produção.

ABSTRACT:
The companies are looking for delivery the products with quality and agility in the process. However they find bottleneck in the production system hindering be efficient in the process. Understand the Theory of Constraints mean control links more weak in the company and consequently achieve the objective's company. This article tried to show the importance of the Theory of Constraints for the production system through a research with the companies that participate of Gestão Compartilhada, of Associação Comercial e Industrial de Joinville (ACIJ) to check if those companies know this teory.
Key-words: Theory of Constraints, Production system.

1. Introdução

Diante do mercado altamente competitivo constantemente as empresas buscam ser eficientes em seu processo de modo a maximizar os seus resultados. Porém são confrontadas com problemas, não conseguindo atingir as suas metas. Muitas vezes estas metas não são realizadas devido a problemas na produção, como os gargalos. De acordo com RITZMAN, KRAJESKI (2008) os gargalos, ou obstáculos, são processos sobrecarregados, podendo estes processos serem como sistemas de pedidos, o desenvolvimento de novos produtos ou até mesmo uma operação industrial.

Este artigo tem como objetivo, além de elucidar a importância, verificar o conhecimento das empresas diante da Teoria das Restrições. Para aquelas que conhecem e aplicam o mesmo, levantar os resultados obtidos assim como os obstáculos encontrados. Já aquelas que não possuem nenhum conhecimento, ou conhecimento limitado, analisar se elas aplicam conceitos da Teoria das Restrições.

O questionário foi aplicado junto a um grupo de empresários, situados em Joinville, SC, Brasil,  participantes do Gestão Compartilhada. O Gestão Compartilhada é um braço da ACIJ (Associação Comercial e Industrial de Joinville) na qual se encontra quinzenalmente nas regiões Norte, Sul, Leste e Oeste desta cidade. Conforme ACIJ (2014), ele nasceu em outubro de 2003 com o objetivo de aproximar as empresas e empresários, unindo forças locais para pleitos regionais e praticando o compartilhamento de boas práticas.

2. Teoria das Restrições e Sistemas de Produção

A Teoria das Restrições (TOC) para PERGHER, RODRIGUES, LACERDA (2011) consiste em um conjunto de regras visando o gerenciamento da organização. Na década de 80 ela foi criada pelo israelense Eliyahu M. Goldratt a teoria das restrições (SOUZA, 2014). Ela busca a melhoria contínua tanto dos objetivos quanto das metas da empresa (WONG, ORTIZ, TORCASIO, RODRIGUEZ, COLLADO, 2008).  Esta teoria consiste em se concentrar nos obstáculos e impedimentos enfrentados para a realização das metas. Através dela busca-se maximixar os gargalos (RITZMAN, KRAJESWKI, 2008). Estes obstáculos, impedimentos e gargalos podem ser físicos, como por exemplo uma máquina com baixa produtividade, o despreparo ou baixo número de colaboradores ou então restrições políticas, comportamentais, do mercado ou da empresa (SOUZA, 2014).

O processo de melhoria continua no TOC consiste em cinco passos. O primeiro é identificar o recurso crítico, o segundo incide em explorar o potencial deste recurso crítico. Depois, busca-se a subordinação dos demais recursos diante deste recurso crítico. Então, deve-se relaxar a restrição que limita o potencial deste recurso crítico, sendo que por fim deve-se retornar ao inicio, buscando novas oportunidades de melhorias (MESQUITA, CASTRO, 2008).

Já o sistema de produção é um conjunto de ações e operações envolvidas na produção de serviços ou bens (PAULA, 2014).  Ele é criado com o objetivo de executar uma função implicando recursos, como materiais, financeiros e humanos, e estes deverão estar organizados de forma a obter um conjunto coerente (TORRES, 2014). Conforme CAUZZO, BIANCHI (2005) ele surge apartir do momento que de define um objetivo assim como qual produto será comercializado sendo que posteriormente é organizado todos os setores para que ocorra a operação de produção, utilizando sempre uma sequencia lógica nas etapas deste processo produtivo (ou seja, ocorrendo a adição de valor nos produtos).

3. Metodologia da pesquisa e coleta de dados.

O questionário foi aplicado por meio de um site especializado, o www.onlinepesquisa.com. Para o envio do questionário, utilizou-se de e-mail contendo o endereço para a pesquisa. O período de respostas foi entre os dias 22/07/2014 a 25/07/2014.

Devido à limitação de recursos e tempo, optou-se pela redução desta população às empresas que participam do Gestão Compartilhada. Este questionário foi encaminhado para 132 contatos sendo que destes, 21 pessoas responderam, representando 15,9%. Para esta coleta de dado utilizou-se de 10 perguntas. No Apêndice 1 encontra-se a relação de perguntas presentes neste questionário.

Conforme pode-se observar, 20% das perguntas são relacionadas a questões financeiras da empresa (faturamento e crescimento anual), 20% são referente a gargalos, 30% são referentes a Teoria das Restrições, e 30% são relacionados a estoque de matéria prima, estoque de produto acabado e limitações das máquinas e colaboradores.

4. Resultados e discussão

Com base no questionário aplicado anteriormente, primeiro foi possível verificar o perfil das empresas. Pode-se observar que 14,3%, ou seja 3, tinham um faturamento até R$ 500.000,00. Já 28,6%, ou seja 6, tinham um faturamento de R$ 1.000.001,00 até R$ 5.000.000,00. Uma única empresa tinha um faturamento de R$ 5.000.001,00 até R$ 15.000.000,00 e o restante (11 empresas, representando 52,4%) possuía o faturamento acima de R$ 15.000.001,00.

 Figura 1. Faturamento das empresas entrevistadas.

Fonte: Autor (2014)

Quando questionado sobre o crescimento anual das empresas, 61,9%, representando 13 pessoas, possuíam um crescimento anual de aproximadamente 10%. Já 7 entrevistados, representando 33,3%, cresciam de 11 a 20% e somente 1 entrevistado (4,8%) possuía um crescimento entre 21 a 40%.

Sobre os gargalos nas empresas, 90,5% ou seja 19 empresas, responderam que existe gargalos na sua companhia. Somente 9,5%, neste caso 2 empresas, responderam que não existe gargalo em nenhum setor. Como solução para os gargalos, 11 entrevistados (representando 52,4%) disseram estar investindo em uma nova máquina/sistema. Já 3 empresas não estão tomando nenhuma providencia para solucionar estes gargalos, e o restante, neste caso 7 empresas, estão tomando outras atitudes como terceirização, contratação de novos funcionários e investimento em pessoas.

Ao serem questionados sobre o grau de conhecimento da Teoria das Restrições, 7 pessoas (33,3%) informaram não ter nenhum conhecimento, 8 pessoas (38,1%) tinham pouco conhecimento, 3 pessoas (14,3%) tinham conhecimento razoável e o restante, neste caso 3 (14,3%) tinham bom domínio do assunto.

Figura 2. Grau de conhecimento da Teoria das Restrições

Fonte: Autor (2014)

As empresas que tinham conhecimento razoável ou bom conhecimento do assunto posteriormente deveriam responder quais os maiores resultados obtidos com a aplicação da Teoria das Restrições. De acordo com estas empresas, houve a melhora na lucratividade, um atendimento as expectativas dos clientes com relação ao prazo de entrega, ganhos na produtividade e o esclarecimento do foco da empresa, diminuindo drasticamente o tempo e o dinheiro envolvido no alinhamento e resolução dos problemas.

Estas mesmas empresas deveriam citar as dificuldades e obstáculos encontrados para a aplicação desta teoria. Para eles, os empecilhos encontrados foram a falta de capital  para fazer os investimentos nas máquinas e eliminar os gargalos e a dificuldade de compreensão dos envolvidos devido a cultura da organização.

Posteriormente todos os entrevistados deveriam responder perguntas relacionadas ao sistema de produção da empresa. Neste caso 71,4%, ou seja 15 entrevistados, possuíam estoque de produtos acabados. Somente 6 pessoas, representando 28,6%, não possuíam. Todos os entrevistados tinham consciência da limitação das máquinas e dos colaboradores, 66,7%, 14 entrevistados, possuíam estoque de matéria prima e 6 entrevistados, neste caso representando 33,3%, não tinham este estoque.

Com base nos dados demonstrados acima foi possível observar que apesar do pouco ou nenhum conhecimento em grande parte dos entrevistados sobre a Teoria das Restrições, eles utilizavam-se dos conceitos desta teoria. De um total de 15 entrevistados, 9 responderam como positiva as perguntas relacionadas a possuir estoque de produto acabado e de matéria prima e conhecer o limite das máquinas e colaboradores.

Figura 3. Conhecimento bom ou razoável do TOC versus crescimento anual

Fonte: Autor (2014)

Conforme pode-se observar na Figura 3, as empresas que possuíam razoável ou bom conhecimento na Teoria das Restrições tinha um crescimento anual podendo chegar até 40%. Aqueles que possuíam bom conhecimento iam até 40% de crescimento, já as que possuíam conhecimento razoável podiam chegar até 20% de crescimento.

5. Conclusão

A Teoria das Restrições, que tem como objetivo maximizar os gargalos, tem ampla utilização para o gerenciamento das empresas, pois conforme MESQUITA, CASTRO (2008) os estoques devem ser administrados de modo a garantir o fluxo máximo, estando preparado para as incertezas do mercado sendo que neste caso funcionarão como pulmões e como recursos críticos nos processos de produção. Sendo que neste caso se for difundida entre os empresários e colaboradores certamente trará resultados significativos para as empresas.

Com base na pesquisa bibliográfica sobre Teoria das Restrições e Sistemas de Produção e posteriormente na aplicação no questionário junto as empresas participantes do Gestão Compartilhada, em Joinville, observou-se a importância do conhecimento da Teoria das Restrições diante das empresas. Pode-se levantar os benefícios assim como os obstáculos enfrentados pelas empresas que conhecem e aplicam esta teoria.

O questionário também possibilitou constatar que mesmo desconhecendo esta teoria, muitas empresas se utilizam de questões relacionadas a ela, ou seja, se a mesma fosse implementada integralmente certamente as companhias teriam um crescimento ainda maior.

Como exemplo, pode-se verificar o crescimento anual médio das empresas que possuem conhecimento sobre esta teoria. Conforme pode-se observar na Figura 3, algumas empresas alcançaram um crescimento de até 40%, comprovando neste caso a importância de conhecer e aplicar os fundamentos desta teoria junto aos gargalos localizados no sistema de produção dentro das empresas.

Referências

ACIJ. 2014. Gestão Compartilhada. Disponível em < http://www.acij.com.br/nucleo/gestao_compartilhada>. Acesso em 22 de julho de 2014.

ANTUNES, Junico [et al.]. 2008. Sistemas de produção: conceitos e práticas para projeto e gestão da produção enxuta. Porto Alegre: Bookman.

CAUZZO, Juliana dos Santos, BIANCHI, Renata Coradini. 2005. Sistema de produção nas organizações de pequeno, médio e grande porte no setor calçadista do vale do Rio dos Sinos. Disc. Scientia. Série: Ciências Sociais Aplicadas, Santa Maria, v.1, n.1, p. 153-166.

GHINATO, Paulo. 2014. Sistema Toyota de produção: mais do que simplesmente Just-In-Time. Disponível em < http://www.scielo.br/pdf/prod/v5n2/v5n2a04>. Acesso em 30 de junho de 2014.

MESQUITA, Marco Aurelio de, CASTRO, Roberto Lopes de. 2008. Analise das práticas de planejamento e controle da produção em fornecedores da cadeia automotiva brasileira. Gest. Prod, São Carlos, v.15, n.1, p. 33-42, jan-abr.

PAULA, Wagner de. 2014. A administração da produção. Disponível em < http://www.administradores.com.br/artigos/carreira/a-administracao-da-producao/23401/>. Acesso em 30 de junho de 2014.

PERGHER, Isaac, RODRIGUES, Luis Henrique, LACERDA, Daniel Pacheco. 2011. Discussão teórica sobre o conceito de perdas do Sistema Toyota de Produção: inserindo a lógica do ganho da Teoria das Restrições. Gest. Prod: São Carlos, v.18, n.4.

TUBINO, Dalvio Ferrari. 1999. Sistemas de produção: a produtividade no chão de fabrica. Porto Alegre: Bookman.

RITZMAN, Larry P., KRAJESWKI, Lee J. 2008. Administração da produção e operações. São Paulo: Person Prentice Hall.

SLACK, Nigel, CHAMBERS, Stuart, JOHNSTON, Robert. Administração da produção. São Paulo: Atlas, 2002.

SOUZA, Fernando Bernardi de. 2014. TOC (Theory Of Constraints).  Disponível em <http://www.numa.org.br/conhecimentos/conhecimentos_port/pag_conhec/TOC.html>. Acesso em: 30 junho 2014.

 

TORRES, Divonir Ribas Teixeira.  2014. Analise da produção em sistemas de produção. Disponível em < http://www.revistas2.uepg.br/index.php/exatas/article/viewFile/758/671>. Acesso em 01 de julho de 2014.

WONG, Carolina, ORTIZ, Mercedes, TORCASIO, Aurelia, RODRIGUEZ, Edgar, COLLADO, María. 2009. Estrategias para el meloramiento de la gestión de mantenimiento usando la teoría de restricciones. Espacios, Vol. 30 (2) Pag. 24.


Apêndices

APÊNDICE 1

Quadro 1. Perguntas presentes no questionário aplicado junto as empresas participantes do Gestão Compartilhada.

1) Qual é o faturamento anual da sua empresa (R$ - aproximadamente)?

Até R$ 500.000,00

De R$ 500.001,00 a R$ 1.000.000,00

De R$ 1.000.001,00 a R$ 5.000.000,00

De R$ 5.000.001,00 a R$ 15.000.000,00

Acima de R$ 15.000.000,00

2) Qual é o crescimento anual da sua empresa (R$ - aproximadamente)

10%

11 a 20%

21 a 40%

Acima de 50%

3) Na sua empresa, existe gargalo em algum setor?

Sim

Não

4) Quais atitudes são tomadas para solucionar o problema com o gargalo?

Estamos investindo em uma nova    máquina/sistema

Pretendemos contratar uma empresa de consultoria para nos auxiliar a solucionar este problema

Não tomamos nenhuma atitude

5) Antes de responder as perguntas subsequentes, avalie o seu grau de conhecimento sobre a Teoria das Restrições:

Domínio total do assunto

Bom domínio do assunto

Razoável conhecimento

Pouco conhecimento

Nenhum conhecimento

6) No seu ponto de vista, quais os maiores resultados obtidos devido a aplicação da teoria das restrições na sua empresa?

(Resposta aberta)

7) No seu ponto de vista, quais os maiores dificuldades/obstáculos encontrados para a aplicação da teoria das restrições na sua empresa?

(Resposta aberta)

8) A sua empresa possui estoque que busca garantir a entrega dos produtos aos clientes (conhecimento no TOC como Pulmão de Mercado)?

Sim

Não

9) A sua empresa tem consciência das suas limitações - quanto consegue produzir - assim como as suas limitações por máquina/colaborador?

Sim

Não

10) A sua empresa possui estoque de matéria prima?

Sim

Não

Fonte: Autor (2014)


1. Email: carlamerkle@carlamerkle.com.br
2 Email: antoniodos.santos@bol.com.br


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