Espacios. Vol. 36 (Nº 15) Año 2015. Pág. 12

Aplicação do Rating de Guth em corporações brasileiras

Guth Rating application in Brazilian corporations.

Sergio GUTH 1

Recibido: 15/04/15 • Aprobado: 02/05/2015


Contenido

1. Introdução

2. Referencial Teórico

3. Metodologia

4. Descrição E Análise Dos Dados

5. Considerações Finais

Referências


RESUMO:

No concernente ao objetivo, este estudo teve como escopo o desenvolvimento de um indicador econômico e financeiro visando balizar o grau de investimento que as corporações apresentam em sua estrutura corporativa, por meio de um conjunto de índices econômicos e financeiros ligados à liquidez, à lucratividade, ao endividamento e à rentabilidade. Este estudo caracteriza-se no contexto da tipologia aplicada, de objetivo descritivo com delineamento bibliográfico, na amplitude da problemática, caracteriza-se como quantitativo, compreendendo a população de 155 corporações brasileiras reconhecidas pelas certificadoras internacionais, Standard & Poor's, Moody's e Fitch Ratings, nos períodos de 2008, 2009 e 2010. As conclusões do estudo mostraram-se consistentes para o modelo desenvolvido. A confiabilidade do modelo de grau de investimento corporativo provindo da análise fatorial foi testificada pelo coeficiente do Alpha de Cronbach, que apresentou valor de 0,768, o que indica consistência satisfatória ao estudo. No período a consistência de assertividade do indicador foi de no mínimo 95,72%.
Palavras Chave: Grau De Investimento. Indicador. Corporações.

ABSTRACT:

Regarding the objective of this study was to scope the development of an indicator of economic and financial order to delimit the extent of investment that corporations have in your corporate structure through a set of economic and financial indexes related to liquidity, profitability, indebtedness and profitability. This study characterized in the context of typology applied, objective descriptive design literature, the extent of the problem, is characterized as quantitative, comprising a population of 155 Brazilian corporations recognized by the international certification, Standard & Poor's, Moody's and Fitch Rating, the times 2008, 2009 and 2010. The findings were based which were consistent for the model developed. The reliability of the model of investment grade corporate coming of factor analysis was testified by the Cronbach alpha coefficient, which showed values of 0.768, indicating satisfactory consistency to the study. During the consistency of assertiveness indicator was at least 95.72%.
Keywords: Investment Grade. Indicator. Corporations.

1. Introdução

Este estudo visou á construção de um indicador econômico e financeiro de grau de investimento contemplando a estrutura econômica e financeira das corporações. Neste sentido, o estudo foi embasado no lucro econômico ajustado pelo Ebitda, o endividamento corporativo, a rentabilidade e a liquidez, como bases do grau de investimento de uma corporação. O estudo foi efetuado por Guth (2012), proveniente de pesquisas desenvolvidas em quatro anos com empresas que detinham a certificação do grau de investimento.

O objetivo é o desenvolvimento um indicador econômico e financeiro com vistas a analisar o grau de credibilidade – rating para pagamentos pontuais de obrigações que as organizações apresentam em sua estrutura corporativa, por meio de um conjunto de índices advindos das demonstrações econômicas e financeiras.

Os modelos econômicos e financeiros são decorrência de necessidades advindas das organizações e por elas criados, que vêm se desenvolvendo ao longo do tempo e que visam evidenciar e, por que não dizer, resolver problemas, sempre com vistas a perspectivas de melhorias, quer financeira ou operacional.

Num contexto econômico competitivo e globalizado, as organizações precisam evoluir para acompanhar as mudanças que o ambiente lhes impõe, buscando a sustentabilidade e a perpetuidade. Na medida em que aumenta o ritmo das mudanças, a durabilidade das estratégias empresariais vai diminuindo, ocasionando a necessidade de transformações ininterruptas, com processos de reestruturação permanentes.

Uma economia desenvolvida envolve, necessariamente, corporações consistentes, com isto o grau de investimento assume importância no contexto econômico tendo em vista a atratividade de novos investimentos corporativos gerando novos empreendimentos, ocasionado assim, o desenvolvimento econômico completo. O grau de investimento pode ser visto como sinônimo de economia forte, pois reflete a situação financeira e econômica das corporações que sustentam o mercado interno.

As organizações, independentemente de seu tamanho, têm necessidade de dispor de novos indicadores que possam respaldar sua gestão econômica e financeira, adaptados às suas particularidades e necessidades específicas. Tais modelos, quando adequadamente delineados e interpretados, podem contribuir para assegurar a continuidade e o bom desempenho das organizações. Os gestores dentro dos contextos econômicos, operacionais e financeiros necessitam de informações para tomarem decisões presentes e futuras, tendo em vista as oportunidades competitivas.

2. Referencial Teórico

Com a crescente competitividade empresarial, aliada à dinâmica dos negócios ostentada pela globalização da economia, tem-se verificado o aumento da necessidade de medidas que melhor evidenciem as posições econômicas e o desempenho das organizações.

Diante disto "as empresas vêm redescobrindo indicadores tradicionais no campo da economia e das finanças, porém formulados de maneira bastante moderna e sofisticada, disseminando seu uso de forma globalizada" (ASSAF NETO, 2002, p. 206).

A globalização trouxe benefícios e também riscos agregados, pois o processo de tomada de decisões corporativas, no contexto abordado por Gartner, Moreira e Galves (2009) é influenciado pelo grau de risco inerente às variáveis econômicas e financeiras refletidas pelo país, em particular por seu grau de investimento.

2.1 - Grau De Investimento

Em se tratando de finanças internacionais contemporâneas dominadas por um sistema determinado pelos mercados (market led finance), na visão de Prates e Farhi (2009), a necessidade de informação dos agentes ampliou-se consideravelmente. O acesso generalizado à informação, em particular a que permite avaliar a solidez financeira e os riscos das corporações, passou a desempenhar um papel essencial.

O título de "bom pagador" é concedido a empresas e países por meio do grau de investimento. O nome equivale a um "selo de qualidade", que indica baixíssimo risco de não-cumprimento de suas obrigações. As empresas ou países, uma vez que recebem o grau de investimento, podem obter melhores referências de credibilidade no mercado. Esta classificação é concedida por empresas especializadas que atuam em âmbito mundial, sendo que as três agências de classificação de risco de maior visibilidade são a Standard & Poor's Service, Moody's Investors Service e Fitch Ratings (FERREIRA, 2010).

Estas empresas prestam o serviço de classificação de risco, divulgando um rating para determinado devedor. Um rating, segundo Hill (2004), é visto como sendo uma opinião da certificadora sobre a qualidade, especialmente de liquidez do crédito, que tenta estimar a probabilidade de default futuro, ou seja o não pagamento de obrigação financeira. Rating, não se trata, portanto, de uma indicação de compra, venda ou manutenção de qualquer ativo.

Os ratings de crédito na visão de Murcia, Murcia e Borba (2013), servem a dois propósitos: primeiro certificam a condição financeira de uma empresa e evidenciam um sinal de mudança na condição financeira prevalecente (mudanças de rating, ou seja, upgrades e downgrades).

As atividades de ratingvêm sendo desenvolvidas por várias agências, desde 1909, quando John Moody constituiu a primeira agência, a Moody's Investors Service. Posteriormente, foram fundadas a Standard & Poor´s em 1916 e a Fitch em 1924 (HILL, 2004). Os rating são divididos em grau de investimento soberano e corporativo.

2.1.1 - Grau de investimento corporativo

As corporações são classificadas em uma escala que percorre da alta probabilidade de não-cumprimento até á total capacidade de pagar as dívidas dentro do prazo. Tecnicamente, elas são arranjadas em um ranking com notas e são agrupadas em categorias, divididas em grau de investimento e grau especulativo. A melhor qualificação que uma corporação pode atingir é Aaa (para a Moody's) ou AAA (para a Standard & Poor's e para a Fitch, que usam os mesmos símbolos). Por outro lado, a pior é C (Moody's) ou D (Standard & Poor's e Fitch). O Quadro 1 evidencia a escala de risco utilizado pelas empresas.

Quadro 1. Classificação de risco utilizada

Escala de ratings globais das agências

Moody's

Fitch Ratings

Standard & Poor's

Significado

Aaa

AAA

AAA

Mais alta qualidade

AA

AA

AA

Alta qualidade

A

A

A

Qualidade média/alta

Baa

BBB

BBB

Qualidade média

BA

BB

BB

Predominantemente especulativo

B

B

B

Especulativo, baixa classificação

Caa

CCC

CCC

Inadimplemento próximo

C

C

C

Mais baixa qualidade, sem interesse

 

DDD

DDD

Inadimplente, em atraso, questionável

 

DD

DD

Inadimplente, em atraso, questionável

 

D

D

Inadimplente, em atraso, questionável

Fonte: Standard & Poor's, Moody's e Fitch Ratings (2009).

As agências usam praticamente o mesmo sistema de letras e sinais equivalentes. Assim, a melhor classificação de uma corporação pode obter é Aaa (Moody's) ou AAA (Standard & Poor's) que, conceitualmente, significam "capacidade extremamente forte de atender compromissos financeiros". Na ponta oposta, um título classificado como "C", para a Standard & Poor's ou a Moody's, tem altíssimo risco de não ser pago. A classificação "D" é atribuída pela Fitch Ratings e pela Standad & Poor`s por se já tratar de inadimplemento.

Para corporações a má classificação de crédito, conforme The Economist (2012) acabará por minar a capacidade financeira para obter financiamento. O foco de preocupações passa por exemplo pelo centro financeiro de Wall Street, que gera especulações quando o rating de uma corporação cai, ocasionando rebaixamento e o surgimento de dificuldades financeiras.

Admite-se que o mercado não cria um consenso em torno das empresas que possam vir a se tornar investment grade nem passa a declarar essa expectativa como acontece com a avaliação de países. Mas, como a análise é feita caso a caso, uma observação das características da empresa pode indicar se a companhia está no caminho para isso e serve de alerta para o mercado investidor. O investidor deve ficar atento à qualidade de crédito da empresa, em relação à sua moeda local, bem como á conjuntura dos mercados internacionais. Carvalho (2008) explica que especialistas afirmam que esta é a primeira análise a ser feita, pois a empresa pode ter notas diferentes em moeda local e estrangeira e que é preciso ter investment grade em moeda local antes de receber em moeda estrangeira. Após isto, é imprescindível avaliar como se apresenta a transparência dessa corporação no mercado e se a mesma tem condições de honrar os compromissos, locais e internacionais.

As empresas que adotam medidas de governança corporativa, na visão de Lopes e Walker (2012), são propensas a obter transparência de gestão, bem como a se envolver em ações destinadas a manipular as suas demonstrações financeiras.

2.2 - Indicador Econômico E Financeiro

Na visão de Guth (2012), a criação de um indicador econômico e financeiro que contemplasse o grau de investimento teve como base a verificação da inexistência de um indicador desta natureza. As últimas décadas presenciaram importantes mudanças no âmbito da economia global, na administração das corporações, a exemplo da reestruturação produtiva, nas novas formas de gerir os negócios, tendo em vista o processo de globalização financeira.

 Conforme Wernke e Lembeck (2004), a profissionalização da gestão das corporações, tem exigido, cada vez mais, modelos econômicos e financeiros que consigam produzir informações úteis e relevantes para o apoio à decisão, pelo que, o grau de investimento corporativo passa a ser extremamente relevante.

Diante deste cenário, o foco da análise deste estudo está embasado no resultado econômico, na rentabilidade, no endividamento e na geração de caixa, tendo em vista, que uma organização que vise a perpetuidade em seus negócios, deverá manter seus resultados operacionais derivados de suas atividades fins positivos, pois desta forma poderá manter sua rentabilidade, atraindo investidores e ocasionando geração de dividendos. Estes índices são literalmente conhecidos como índices de lucratividade, de rentabilidade, de endividamento e de liquidez.

Estas variáveis podem proporcionar aumento da capacidade de geração de caixa com os resultados sendo reinvestidos na estrutura operacional, ocasionando novos resultados e, por consequência, mantendo a liquidez do empreendimento, que por sua vez gerará passivos que comprometam cada vez menos a estrutura de capital. Desta forma, passam-se a tratar individualmente os índices que embasam a construção do indicador de grau de investimento, sendo: índices de liquidez, índices de lucratividade, índices de endividamento e índices de rentabilidade, embasados nos quocientes de liquidez imediata, liquidez corrente, liquidez seca, Ebitda, solvência, giro do ativo, endividamento total, endividamento do patrimônio líquido,  rentabilidade do ativo e a rentabilidade do patrimônio líquido.

3. Metodologia

No que concerne aos métodos e procedimentos, utilizou-se primeiramente a análise de correlação dos índices extraídos das corporações estudadas, que segundo Corrar, Paulo e Dias Filho (2009) é uma medida que mostra o grau de relacionamento entre duas variáveis. Esta análise mostra o grau de relacionamento entre as variáveis, fornecendo um número, que indica  como as variáveis variam conjuntamente. O método usualmente conhecido para medir a correlação entre duas variáveis é o Coeficiente de Correlação Linear de Pearson, também conhecido como Coeficiente de Correlação do Momento Produto. Este foi o primeiro método de correlação, estudado por Francis Galton e seu aluno Karl Pearson, em 1897 (SCHULTZ; SCHULTZ, 1992). Este coeficiente de correlação é utilizado na Análise de Componentes Principais, Análise Fatorial, Análise de Confiabilidade.

Este estudo utilizou-se para criação do indicador econômico e financeiro de grau de investimento corporativo a base das corporações reconhecidas pelas certificadoras internacionais, Standard & Poor's, Moody's e Fitch Ratings que detinham o grau de investimento o ano de 2008, sendo selecionados aleatoriamente 11 (onze) índices ligados à estrutura conjuntural econômica e financeira, abrangendo aspectos de liquidez, lucratividade, endividamento e rentabilidade.

O modelo desenvolvido pelo estudo teve como base de construção a análise fatorial confirmatória que é um método utilizado para investigar a dependência de um conjunto de variáveis manifestas em relação a um número menor de variáveis latentes. Trata-se de uma técnica de análise estatística multivariada criada para identificar estruturas em conjuntos de variáveis observadas (HAIR Jr. et al., 2005). A testificação do indicador aplicou-se além das corporações certificadas no ano de 2008, para as corporações certificadas em 2009 e 2010.

Esta análise tem sua aplicação no momento que existe um número grande de variáveis e correlacionadas entre si, com o objetivo de identificar um número menor de novas variáveis alternativas, não correlacionadas e que, de algum modo, sumarizem as informações principais das variáveis originais encontrando os fatores ou variáveis latentes (MINGOTI, 2005).

4. Descrição e Análise dos Dados

Nesta seção, apresentam-se os resultados da pesquisa tendo por base os índices econômicos e financeiros das corporações brasileiras bases estudadas.

4.1 - Análise Fatorial Dos Índices Em Análise

Segundo Johnson e Wichern (2002), um dos objetivos da análise fatorial é a combinação de variáveis que criam novos fatores, construtos ou dimensões de análise. Essas variáveis, de acordo com Lachenbruch (1985), são agrupadas em função de suas correlações. Dessa forma, objetivou-se, mediante aplicação da técnica de análise fatorial, substituir o conjunto inicial de 10 índices, por um número menor de fatores, mantendo uma significativa explicação das variáveis originais, de modo a identificar as dimensões latentes do fenômeno.

Neste estudo utilizou-se o coeficiente de  Kaiser-Meier-Olkin (KMO) e o teste de esfericidade de Bartlett Test of Sphericity (BTS). O coeficiente  de KMO testa a adequação da utilização da análise fatorial. Se a correlação entre as variáveis testadas for pequena, ou seja, o resultado do teste KMO for próximo a 0, a utilização da análise fatorial é inadequada. Por outro lado, se esse valor for próximo de 1, a análise fatorial poderá ser empregada. Logo, este indica o grau de explicação dos dados a partir dos fatores encontrados na análise fatorial.. Em todos os casos reportados, as amostras mostraram-se adequadas para a aplicação de análise fatorial (KMO > 0,5). Já o teste Bartlett Test of Sphericity (BTS), verifica a hipótese de que a matriz de correlação é uma matriz identidade (diagonal igual a 1 e todas as outras medidas igual a zero), ou seja, que não há correlação entre as variáveis (PEREIRA, 2001).

O Teste de Esfericidade de Bartlett é utilizado para analisar a matriz de correlação como um todo. Noronha (2005) afirma que a hipótese nula desse teste reforça que a matriz de correlação é igual a matriz identidade, ou seja, não existe correlação suficiente entre as variáveis, recomenda-se que o valor de significância seja menor que 0,05.

Na análise fatorial, utilizou-se a matriz fatorial rotacionada, também chamada de Rotação Varimax com a Normalização de Kaiser, usando o software Statistical Package for the Social Scienses (SPSS)versão 16.0. Pois, através deste processo pretende-se que, para cada componente principal, existam apenas alguns pesos significativos e todos os outros sejam próximos de zero, através da maximização da variância entre os fatores para a rotação das matrizes fatoriais (MALHOTRA, 2006).

Tabela 1. Resultado do KMO e Bartlett

Teste

Valor Encontrado

Kaiser-Meyer-Olkin

0,728

Teste de esfericidade de Bartlett

Qui-quadrado aproximado

1423,746

Significância

0,000

Fonte: Dados da pesquisa – programa SPSS

O coeficiente  KMO apresentou valor de (0,728), logo, a análise fatorial é uma técnica adequada para ser aplicada nos dados desta pesquisa, conforme ratificam Pestana, Gageiro (2005) e Malhotra (2006). Para o teste de esfericidade de Barlett, foi encontrado um grau de significância de p = 0,000, inferior ao nível de significância de 0,05, o que garante a rejeição da hipótese da matriz de correlações ser uma matriz identidade, mostrando, portanto, que existe correlação entre as variáveis, e que a análise fatorial pode ser utilizada.

Foram calculadas as comunalidades que estão apresentadas no Tabela 2. As comunalidades foram 1 e para os fatores extraídos, a percentagem da variância de cada indicador explicado pelos fatores comuns extraídos é superior a 70% para todos os índices.

Tabela 2.  Cumunalidades

Índices

Inicial

Extração

Endividamento Total

Liquidez Imediata

Rentabilidade do Ativo

Lucratividade

Liquidez Corrente

Liquidez Seca

Solvência

Endividamento do PL

Rentabilidade do PL

Giro do ativo

1.000

1.000

1.000

1.000

1.000

1.000

1.000

1.000

1.000

1.000

0.891

0.714

0.950

0.879

0.890

0.937

0.739

0.920

0.886

0.854

Fonte: Dados da pesquisa – programa SPSS

Constatada a adequação da análise fatorial para o tratamento estatístico dos indicadores financeiros em estudo , identificaram-se os fatores através do método de análise de componentes principais, que transforma um conjunto de variáveis em um novo conjunto de variáveis compostas que não são correlacionadas entre si, pelos fatores comuns extraídos superiores a 71,40% (COOPER; SCHINDLER, 2003).

A Tabela 2 apresenta os valores próprios para cada fator (componente principal, pois usou-se o método de componentes principais para extrair os fatores) e a percentagem da variância explicada. O poder de explicação, apresentou-se no intervalo de 71,40% a 95,00%. Ressalta-se que dos 10 (dez) índices, 80% deles estão acima dos 85% de poder de explicação. Para a definição do número de fatores, que não foi previamente definido, tem-se a Tabela 3:

Tabela 3. Eigenvalues

Componente

Initial Eigenvalues

Extraction Sums of Squared Loadings

Rotation Sums of Squared Loadings

 

Total

% of Variance

Cumulative %

Total

% of Variance

Cumulative %

Total

% of Variance

Cumulative %

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

3.953

2.264

1.403

1.041

.625

.397

.187

.054

.050

.026

39.531

22.638

14.033

10.413

6.253

3.970

1.866

.541

.500

.255

39.531

62.169

76.203

86.616

92.868

96.838

98.704

99.245

99.745

100.000

3.953

2.264

1.403

1.041

 

39.531

22.638

14.033

10.413

 

39.531

62.169

76.203

86.616

 

2.813

2.561

1.880

1.408

28.126

25.607

18.799

14.083

28.126

53.733

72.532

86.616

Fonte: SPSS - Extraction Method: Principal Component Analysis

Conforme Hair Jr. et al. (2005) consideram-se apenas aqueles que apresentam autovalor (eigenvalue) superior a 1. Assim, foram considerados 4 fatores, que explicam 86,62% da variância dos dados. Após um procedimento de oito estágios chegou-se aos fatores identificados e respectivos eingenvalues, os quais encontram-se na Tabela 4 que segue:

Tabela 4 . Fatores identificados e respectivos eigenvalues

Fatores

Eigenvalaues

Total

% de Variância

% Cumulativo

1

2,813

28,126

28,126

2

2,561

25,607

53,733

3

1,880

18,799

72,532

4

1,408

14,083

86,616

Fonte: Dados da pesquisa – programa SPSS

Os autovalores (eigenvalues),  correspondendo a sua importância para a explicação da variância total dos dados, neste estudo significaram 86,62%. A seguir, foi analisado o gráfico "Scree", desenvolvido por Cattell (1966), em que o número de fatores foi confirmado (LITWIN, 1995).

Com isso, após 5 interações, obteve-se uma redução do número de 10 variáveis em 4 fatores ou dimensões de análise. Os fatores encontrados, bem como os atributos pertencentes a cada um deles e suas respectivas cargas fatoriais, são apresentados na Tabela 5.

Tabela 5. Cargas Fatoriais

Índices

Fatores Identificados

1

2

3

4

Endividamento total

0,802

-0.112

-0,483

0,011

Solvência

-0,642

0,084

0,558

-0,096

Endividamento do patrimônio líquido

0,953

-0,049

-0,036

-0,093

Rentabilidade do patrimônio líquido

0,869

-0,111

0,012

0,344

Liquidez imediata

0,014

0,840

0,006

-0,093

Liquidez corrente

-0,148

0,927

0,068

-0,062

Liquidez seca

-0,114

0,951

0,092

-0,105

lucratividade

-0,093

-0,014

0,858

0,367

Giro do ativo

0,169

-0,169

-0,768

0,452

Rentabilidade do ativo

0,108

-0,170

0,037

0,953

Fonte: Dados da pesquisa – programa SPSS

O primeiro fator (F1) foi responsável por 28,126% das variâncias. É composto pelo endividamento total, endividamento do patrimônio líquido, rentabilidade do patrimônio líquido e solvência. Pode-se verificar que o fator é predominantemente ligado a índices de endividamento, pois apresenta as maiores cargas fatoriais. O fator deixa evidenciado o comprometimento do endividamento em relação ao investimento, bem como o reflexo em sua remuneração. Por este motivo nomeia-se este fator como "ENDIVIDAMENTO". Tem-se o índice de solvência com sinal negativo, movendo-se, portanto, em direção oposta aos demais índices, isto indica em que na medida em que o endividamento aumenta a solvência diminui, sendo esta situação praticamente padrão dentro do contexto da análise econômica financeira.

O segundo fator (F2) que explica 25,607% do total da variação dos dados é composto pelos indicadores de liquidez imediata, liquidez corrente e liquidez seca conforme a Tabela 5. A alta correlação entre as variáveis citadas pode ser explicada pelo fato de que todas elas se referem à liquidez das corporações. Este fator mostra a base da situação financeira da empresa, e se possui uma boa base de pagamento de suas obrigações correntes. Devido a isso, o segundo fator foi denominado "LIQUIDEZ".

O terceiro fator (F3) explica 18,799% da variação total e é composto pela lucratividade e pelo giro do ativo. Ambos os índices estão ligados ao desempenho da corporação, um na relação ao desempenho e outro na velocidade operacional do empreendimento. Assim denominou-se este fator de "LUCRATIVIDADE". Neste fator o giro do ativo apresenta-se com sinal negativo, sendo que na medida em que a lucratividade aumenta o giro do ativo diminui, característica de operações com maior margem e baixo giro.

Finalmente o quarto fator (F4) explica 14,083% da variação total dos dados e é composto pela rentabilidade do ativo, sendo o reflexo da conjuntura de capitais da corporação. Entende-se este fator como "RENTABILIDADE".

Pela composição dos fatores, pode-se verificar que as variáveis que comporão o indicador de grau de investimento foram todas contempladas, divididas nos fatores e alocadas pelos seus maiores pesos, tanto positivos quanto negativos, totalizando os 10 (dez) índices. Partindo-se da idéia de se criar um indicador que abrangesse os níveis de grau de investimento oriundos da aplicação nas variáveis econômicas e financeiras, formam-se os fatores em função dos índices, conforme a Tabela 6, sendo:

Tabela 6. Fatores bases do indicador

Fatores

Equação

FATOR 1

0,802 * endividamento total  -  0,642 * solvência + 0,953 * endividamento do
PL + 0,869 * rentabilidade do PL;

FATOR 2

0,840 * liquidez imediata + 0,927 * liquidez corrente + 0,951 * liquidez seca;

FATOR 3

0,858 * lucratividade  -  0,768 * giro do ativo;

FATOR 4

0,958 * rentabilidade do ativo.

Fonte: Elaborado pelo autor

Observa-se que dos 10 (dez) índices econômicos e financeiros contemplados nos fatores resultantes (F1-F2-F3-F4), todos possuem pesos diferenciados, os quais contemplam o indicador de grau de investimento. Onde se tem:

a) Índices de análise são:

F1 = Endividamento

F1.1 -  (Passivo Exigível/Ativo Total);

F1.2 -  (Ativo Total/Passivo Exigível);

F1.3 -  (Passivo Exigível/Patrimônio Líquido);

F1.4 -  (Lucro "Ebitda"/Patrimônio Líquido).

F2 = Liquidez

F2.1 -  (Disponibilidades/Passivo Circulante);

F2.2 -  (Ativo Circulante/Passivo Circulante);

F2.3 -  (Ativo Circulante (-) Estoques/Passivo Circulante).

F3 = Lucratividade

 F3.1 -  (Lucro "Ebitda"/Receita Operacional Líquida);

F3.2 -  (Receita Operacional Líquida/Ativo Total).

F4 = Rentabilidade

F4.1 -  (Lucro "Ebitda"/Ativo Total).

Sinteticamente, obtém-se a seguinte expressão:

Indicador do Grau de Investimento = (F1+F2+F3+F4) / 1000

Concluída a análise fatorial, aplicou-se o teste de confiabilidade que, de acordo com Churchill Jr. (1979) e Hair Jr. et al. (2005), é o recurso estatístico capaz de verificar a consistência interna de uma variável com o que se pretende medir. Para tanto, a consistência interna de cada um dos fatores foi verificada pelo Alpha de Cronbach (Quadro 2).

Quadro 2. Consistência interna dos fatores identificados

Fator

Número de índices

Alfa de Cronbach

Fator 1

4

0,777

Fator 2

3

0,905

Fator 3

2

0,744

Fator 4

1

 

Fonte: Dados da pesquisa – programa SPSS

É importante destacar que o valor encontrado em cada um dos fatores mostrou-se adequado, uma vez que está acima de 0,7. O Fator 4 não apresenta o valor de Alpha de Cronbach, pois possui apenas um único índice.

O valor do Alfa de Cronbach variou de 0,777 a 0,905, em geral, escalas com valor do alfa menor do que 0,70 devem ser evitadas, por outro lado, para Hora, Monteiro a Arica (2010), valores superiores a este fazem surgir uma estimativa "otimista" da confiabilidade.

Para o modelo que contempla todos os fatores, o Alfa de Cronbach, apresentou-se com o valor de 0,768, o que indica consistência interna do estudo, pois mesmo não existindo uma escala definitiva norteadora o valor apresentado é satisfatório, pois, este é visto como uma ferramenta de estimação de confiabilidade, portanto o valor apresentado encontra-se superior ao índice mínimo de confiabilidade.

4.2 - Aplicação Do Indicador De Grau De Investimento Em Corporações Brasileiras

Após efetuado o tratamento estatístico, formaram-se os fatores, mesclando os índices e seus respectivos pesos, assim aplicando-os na base de 2008, tem-se os seguintes resultados do indicador de grau de investimento, alocados na Tabela 6.

A classificação foi efetuada, tomando por base o formato das classificações utilizadas pelas certificadoras internacionais, Standard & Poor's, a Moody's e a Fitch Ratings, porem de forma mais sintética, com apenas quatro saídas.

4.2.1 – Aplicação do Rating de GUTH no ano base 2008

Na análise dos dados do ano base 2008, que montaram em 70 corporações, obtêm-se a seguinte classificação, conforme a Tabela 7.

Tabela 7 – Classificação dos rating ano 2008

Classificação

Percentual Resultante

Indicação

De 0 a 0,499

81,43%

Rating de cumprimento forte

De 0,5 a 0,999

11,43%

Rating de cumprimento

De 1 a 1,499

2,86%

Rating de incumprimento com margem de segurança

Acima de 1,5

4,28%

Rating de incumprimento provável

Fonte: Elaborado pelo autor

Percebe-se que 81,43% das corporações analisadas apresentam Rating de cumprimento forte, outras 11,43% apresenta-se com Rating de cumprimento,
2,86% apresentaram Rating de incumprimento com margem de segurança e apenas 4,28% das corporações analisadas apresentaram Ratingde incumprimento provável. Assim pode-se concluir que o indicador de grau de investimento testificado nas 70 (setenta) corporações certificadas apresentou-se com um grau de acertividade de 95,72% do total analisado. Desta forma, pode-se afirmar que o indicador criado por este estudo, possui condições de ser utilizado como base para certificação das organizações a obterem o grau de investimento por demonstrar alto grau de acertividade nas corporações que detinham o grau de investimento no ano base 2008. Tendo isto posto, buscou-se analisar as corporações que alcançaram este grau em 2009, conforme segue.

4.2.2 – Aplicação do Rating de GUTH no ano base 2009

Na análise dos dados do ano base 2009, que contemplaram 50 corporações obtêm-se a seguinte classificação, conforme a Tabela 8.

Tabela 8 – Classificação dos rating ano 2009

Classificação

Percentual Resultante

Indicação

De 0 a 0,499

80,00%

Rating de cumprimento forte

De 0,5 a 0,999

14,00%

Rating de cumprimento

De 1 a 1,499

2,00%

Rating de incumprimento com margem de segurança

Acima de 1,5

4,00%

Rating de incumprimento provável

Fonte: Elaborado pelo autor

Aplicando o indicador de grau de investimento nas 50 novas corporações que obtiveram o grau de investimento do ano 2009, verifica-se que 80,00% das corporações apresentam rating de cumprimento forte, outras 14,00% apresentam-se com rating de cumprimento, as que apresentam Rating de incumprimento com margem de segurança totalizaram 2,00% e 4,00% apresentaram Ratingde incumprimento provável. Percebe-se que o comportamento do indicador de grau de investimento para as novas corporações certificadas no ano de 2009, apresenta um grau de acertividade de 96,00% semelhante ao ano base de 2008 com 95,72%. A Tabela 9 contempla o conjunto de 35 novas corporações que obtiveram o grau de investimento no ano de 2010.

4.2.2 – Aplicação do Rating de GUTH no ano base 2010

Na análise dos dados do ano base 2010, que somaram 35 corporações obtendo a seguinte classificação.

Tabela 9 – Classificação dos rating ano 2010

Classificação

Percentual Resultante

Indicação

De 0 a 0,499

85,71%

Rating de cumprimento forte

De 0,5 a 0,999

8,58%

Rating de cumprimento

De 1 a 1,499

0,00%

Rating de incumprimento com margem de segurança

Acima de 1,5

5,71%

Rating de incumprimento provável

Fonte: Elaborado pelo autor

Aplicando o indicador de grau de investimento nas 35 novas corporações que obtiveram o grau no ano de 2010, verifica-se que 85,71% das corporações apresentam Rating de cumprimento forte, 8,58% Rating de cumprimento, nenhuma corporação apresentou-se com Rating de incumprimento com margem de segurança e 5,71% com Ratingde incumprimento provável. Percebe-se que o comportamento do indicador de grau de investimento para as novas corporações certificadas no ano de 2010, apresenta um grau de acertividade de 94,29%, semelhante ao de 2009 de 96,00% e de 2008 com 95,72%.

4.3. Resumo Da Aplicação Do Rating De Guth Em Corporações Brasileiras

Com o intuito de analisar a evolução do indicador de grau de investimento, buscou-se resumir a performance do indicador na evolução do tempo. Assim a Tabela 10 contempla os resultados da aplicação do indicador para os anos de 2008, 2009 e 2010.

Tabela 10 – Resumo da evolução do rating de GUTH  das 70 corporações nos anos 2008, 2009 e 2010

Indicação

Classificação

2008 - 70 corporações

2009 - 70 corporações

2010 - 70 corporações

Rating de cumprimento forte

De 0 a 0,499

81,43%

88,33%

90,00%

Rating de cumprimento

De 0,5 a 0,999

11,43%

7,50%

10,00%

Rating de incumprimento com margem de segurança

De 1 a 1,499

2,86%

2,50%

0,00%

Rating de incumprimento provável

Acima de 1,5

4,28%

1,67%

0,00%

Fonte: Elaborado pelo autor

Fica evidente a evolução da acertividade do indicador, pois parte de 4,28% com Rating de incumprimento provável e de 2,86 de Rating de incumprimento com margem de segurança no ano base de 2008, para 0,00% no ano de 2010. Assim o indicador no ano de 2010, no tangente às 70 corporações bases, atinge 500px de acertividade. Elaborou-se esta mesma evolução para as corporações certificadas no ano de 2009 que mantiveram o grau para o ano de 2010, sendo:

Tabela 11 – Resumo da evolução do rating de GUTH  das 50 corporações nos anos 2009 e 2010

Indicação

Classificação

2009 - 50 corporações

2010 - 50 corporações

Rating de cumprimento forte

De 0 a 0,499

80,00%

84,00%

Rating de cumprimento

De 0,5 a 0,999

14,00%

14,00%

Rating de incumprimento com margem de segurança

De 1 a 1,499

2,00%

0,00%

Rating de incumprimento provável

Acima de 1,5

4,00%

2,00%

Fonte: Elaborado pelo autor

Dentro deste contexto a evolução da acertividade do indicador, parte de 4,00% com Rating de incumprimento provável e de 2,00 de Rating de incumprimento com margem de segurança no ano base de 2009, para 2,00% no ano de 2010. Assim, o indicador no ano de 2010 no tangente às 50 corporações bases atinge 98,00% de acertividade. No concernente à evolução global do indicador tem-se a Tabela 12 que contempla todas as corporações alocadas nos anos de 2008, 2009 e 2010, sendo:

Tabela 12 – Resumo da evolução global do rating de GUTH  nos anos de 2008, 2009 e 2010

Indicação

Classificação

2008 - 70 corporações

2009 - 120 corporações

2010 - 155 corporações

Rating de cumprimento forte

De 0 a 0,499

81,43%

88,33%

86,45%

Rating de cumprimento

De 0,5 a 0,999

11,43%

7,50%

11,61%

Rating de incumprimento com margem de segurança

De 1 a 1,499

2,86%

2,50%

0,00%

Rating de incumprimento provável

Acima de 1,5

4,28%

1,67%

1,94%

Fonte: Elaborado pelo autor

Analisando a aplicação do indicador de grau de investimento nos anos de 2008, 2009 e 2010, percebe-se a evolução do mesmo no tocante às corporações com Rating de cumprimento forte, partindo de 81,43% em 2008, evoluindo para 88,33% em 2009 e para 86,45% em 2010, demonstrando a solidificação das corporações na evolução do tempo. No contexto do Rating de cumprimento permanece estável no decurso do tempo, encerrando 2010 com 11,61%. Já as corporações com Rating de incumprimento com margem de segurança, a evolução foi também positiva passando dos 2,86% em 2008 para 0,00% em 2010. O Rating de incumprimento provável das corporações apresentou-se de forma involutiva passando dos 4,28% em 2008 para 1,94% em 2010. Logo é perceptível que o grau de acertividade é satisfatório, pois na amplitude longitudinal atinge-se variabilidade de 95,72% a 98,33%.

5. Considerações Finais

No contexto atual, no qual a economia se conecta ao desempenho das corporações, principalmente no âmbito financeiro, a sobrevivência de ambas é fundamental, pois são dependentes.

As mudanças assumiram características dinâmicas, no conteúdo de intensidade e velocidade, o equilíbrio tão desejado passa do plano estático para o dinâmico, os mercados local e nacional, muitas vezes, não são suficientes, sendo necessário buscar o global, a atualização e a reinvenção contínuas tornam-se cada vez mais imperiosas, as arquiteturas corporativistas modificam-se exigindo que a economia e as corporações estejam abertas a essas transformações.

Os resultados, após o ajuste dos índices em número inicial de onze para dez, apresentaram um KMO de 0,728, logo, ratificando-se a aplicação da análise fatorial nos dados. No teste de esfericidade de Barlett, foi encontrado um valor p de aproximadamente  p = 0,000, inferior ao nível de significância de 0,05, o que garante a rejeição da hipótese da matriz de correlações se tratar de uma matriz identidade, portanto, a análise fatorial pode ser utilizada.

Constatada a adequação da análise fatorial para o tratamento estatístico dos indicadores econômicos e financeiros em estudo e a consistência interna dos mesmos, o número de 10 índices analisados, transformou-se em 4 fatores, que explicam 86,62% da variância dos dados, sendo os que apresentaram autovalor (eigenvalue) superior a 1.

Efetuada a análise fatorial, aplicou-se o teste de confiabilidade pelo Alpha de Cronbach, aplicados aos fatores individuais de 0,777 a 0,905, em geral, escalas com valor do alfa menor do que 0,70 devem ser evitadas. Os resultados, portanto, podem ser vistos como otimistas de confiabilidade. Para a modelo contemplando todos os fatores, o Alfa de Cronbach, apresentou-se com o valor de 0,768, o que indica consistência interna do estudo, portanto o valor encontra-se superior ao índice mínimo de confiabilidade, ratificando o modelo criado.

Os resultados da aplicação do indicador de grau de investimento foi satisfatório e dentro das expectativas iniciais referentes a sua performance, sendo que no ano de 2008 do total das corporações, 81,43% apresentam Rating de cumprimento forte, outras 11,43% apresentaram Rating de cumprimento, 2,86% apresentaram Rating de incumprimento com margem de segurança e apenas 4,28% das corporações analisadas apresentaram Rating de incumprimento provável. Logo, as corporações certificadas, quando analisadas pelo indicador de grau de investimento, o grau de acertividade foi de 95,72% do total.

Assim pode-se afirmar, com base nas variáveis do estudo (lucratividade, rentabilidade, liquidez e endividamento), é possível embasar o grau de investimento de uma corporação. A ampliação do estudo pode ser efetuado com a apliação do rating de GUTH em períodos posteriores, bem como testificá-lo em outras corporações não detentoras, mas proponentes a obterem o titulo de grau de investimento

Referências

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1. Doutor em Economia Universidade de Aveiro/UFMG – PPGA – Universidade de Caxias do Sul – UCS - Email: Sergio.guth@terra.com.br


Vol. 36 (Nº 15) Año 2015

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