Espacios. Vol. 36 (Nº 22) Año 2015. Pág. 14

Proposta de Critérios para avaliação do ciclo de maturidade das empresas incubadas, a partir do Modelo CERNE: um estudo na Incubadora Tecnológica de Curitiba (INTEC)

Proposal of criteria for evaluation of maturity cycle of the incubated companies, based on the CERNE Model: Um study on Technology Incubator of Curitiba (INTEC)

Pricila Santana de ALMEIDA 1; Izabel Cristina ZATTAR 2; Robson SELEME 3; Nara Medianeira STEFANO 4

Recibido: 30/07/15 • Aprobado: 12/08/2015


Contenido

1. Introdução

2. Referencial teórico

3. Metodologia

4. Resultados e Discussões

5. Conclusões

Referências bibliográficas


RESUMO:

Este trabalho teve como objetivo propor critérios para avaliação do ciclo de maturidade das empresas incubadas na Incubadora Tecnológica de Curitiba (INTEC), a partir do Modelo CERNE, o qual visa promover o sucesso das empresas durante seu período de maturidade (implantação, crescimento, consolidação e liberação). Para tal, foram analisados 25 modelos relacionados à inovação e à avaliação de empresas, identificando e selecionando critérios utilizados por instituições internacionais e nacionais, modelos clássicos e modelos diretamente relacionados à avaliação de empresas de base tecnológica. Na sequência os critérios selecionados foram enquadrados nas 5 dimensões do modelo CERNE, sendo posteriormente validados por especialistas e gestores de empresas de base tecnológica incubadas na cidade de Curitiba, Brasil. Como resultado obteve-se 22 critérios a serem avaliados durante cada etapa do ciclo de maturidade de uma empresa incubada.
Palavras-chave: incubadora INTEC; empresas incubadas; critérios de avaliação; CERNE.

ABSTRACT:

This study aims to propose criteria for evaluating the maturity cycle of the incubated companies in the Technology Incubator of Curitiba (INTEC), based on the CERNE Model, which objects to promote the success of their companies during their maturity period (deployment, growth, consolidation and release). To this, 25 models related to innovation and business valuation were analyzed, identifying and selecting criteria used by international and national institutions, classic models and models directly related to evaluation of technology-based companies. Following, the selected criteria were framed in 5 dimensions of the CERNE model, and subsequently validated by experts and managers of technology-based companies incubated in Curitiba, Brazil. As result, 22 criteria were obtained to be evaluated during each cycle stage of maturity of a incubated company.
Keywords: business incubator INTEC; incubated companies; evaluation criteria; CERNE.

1. Introdução

As incubadoras (Ribeiro e Andrade, 2008; Fonseca e Jabbour, 2012; Tola e Contini, 2015) têm se constituído mundialmente como uma base de apoio para a consolidação e otimização do desenvolvimento do empreendedor e das micro e pequenas empresas. Atuam como um estímulo à criação de empreendimentos inovadores, com alto valor tecnológico agregado a seus produtos, processos e serviços, bem como por meio da utilização de modernos métodos de gestão.

Em decorrência da acelerada mudança no ambiente comercial, o investimento em pesquisa por parte dos governos estimula o surgimento das Empresas de Base Tecnológicas (EBTs) (Freitas e Mendes Junior, 2009; Andrade Junior, 2010). No Brasil, o estímulo à criação das EBTs ocorre por meio da criação das incubadoras tecnológicas. Corroboram com essa afirmação Oliva et al. (2011) destacam o crescimento do investimento público e privado em pesquisa e desenvolvimento como uma das estratégias que possibilitam ao Brasil criar e introduzir novas tecnologias, permitindo que as empresas gerem produtos, processos e serviços com alto valor agregado.

Grimaldi e Grandi (2005) relatam que nos últimos 20 anos uma crescente importância tem sido dada às incubadoras. As quais atuam como mecanismo para aumentar o desenvolvimento econômico e tecnológico de países bem como promover o surgimento de ideias empreendedoras e o crescimento de empresas recém-criadas. Assim, sendo utilizadas como ferramentas para reduzir a probabilidade de falha e acelerar o processo de criação de empresas.

Ainda acompanhar os avanços tecnológicos e científicos nas várias áreas do conhecimento e as inovações (Silva Junior, 2009) que surgem a todo o momento possibilita reconhecer oportunidades para negócios de base tecnológica. Com o intuito de dimensionar a incubação no Brasil tendo por base a realidade internacional, em 2012 a ANPROTEC – Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores, em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, apresentou um estudo quanto ao movimento brasileiro de incubação no cenário mundial, visando compreender sua evolução e principais características.

Esse estudo sinaliza um crescimento em ritmo acelerado das incubadoras a partir da década de 1990, resultante de políticas públicas de fomento realizadas em países como Coreia do Sul, França, Alemanha, Estados Unidos, Canadá e Brasil. Entre os sistemas analisados, a América do Norte e a Europa se destacam como os maiores. O Reino Unido é o país no qual estão instaladas as incubadoras de maior porte, com média de 73 empresas e 413 empregos criados. A partir desse estudo, a ANPROTEC destaca a incubação no Brasil e sinaliza aumento na maturidade por parte dos gestores.

Com o objetivo de apoiar o panorama da incubação no Brasil, em 2011, a ANPROTEC em parceria com o SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, 2014) lançou o Modelo CERNE (Centro de Referência para Apoio a Novos Empreendedores), que visa fortalecer as incubadoras de empresas e por consequência estimular o desenvolvimento de empreendimentos de sucesso (ANPROTEC, 2014).

Neste contexto, este trabalho tem o objetivo de propor critérios que possibilitem o acompanhamento do ciclo de maturidade das empresas incubadas na Incubadora Tecnológica de Curitiba (INTEC), tendo por base o Modelo CERNE.

Além desta introdução, o artigo apresenta: (ii) o referencial teórico; (iii) a metodologia da pesquisa; (iv) os resultados; (v) as considerações finais; e, por fim, (vi) as referências utilizadas.

2. Referencial teórico

Esta seção apresente os tópicos referentes ao tema em questão, ou seja: Incubadoras de empresas: definições e características, Empresas de base tecnológica (EBTs) e, Modelo Cerne.

2.1.   Incubadoras de empresas: definições e características

O modelo pioneiro de incubadoras de empresas, como conhecido nos dias atuais, surgiu no final da década de 1950, em Nova Iorque (EUA), no qual as empresas emergentes de pequeno porte compartilhavam, além de equipamentos, serviços como secretaria, contabilidade, vendas, marketing e outros, possibilitando a redução dos custos e o aumento da competitividade (Aerts, Matthyssens e Vandenbempt, 2007; Ortigara, 2011).

No Brasil (Stainsack, 2003), com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a primeira incubadora brasileira se instalou na cidade de São Carlos, na década de 1980. Posteriormente, incubadoras foram estabelecidas nas cidades de Florianópolis, Curitiba, Campina Grande e Distrito Federal. Em 1987, ocorreu a criação da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos de Tecnologias Avançadas – ANPROTEC, entidade responsável pela articulação do movimento para a criação de incubadoras de empresas no Brasil.

A Nacional Business Incubation Association (NBIA, 2014), localizada em Ohio (EUA), apresenta as incubadoras de empresas como facilitadores para o crescimento e sobrevivência de empresas emergentes em sua fase inicial, ajudando-as no período em que se encontram mais vulneráveis.

A ANPROTEC (2014), por sua vez, define as incubadoras de empresas como instituições que promovem empreendimentos inovadores, tendo como objetivo dar suporte aos empreendedores para o desenvolvimento de ideias inovadoras, visando transformá-las em negócios bem-sucedidos. Reis, Palma e Crespo (2012), clarificam que as incubadoras de empresas são como catalisadores dos conhecimentos e da prospecção dos ativos tecnológicos desenvolvidos nas instituições parceiras, ajudando a transformar ideias inovadoras em empresas e tendo como foco capacitá-las para sobreviverem no mercado.

Ao destacar a missão de uma incubadora, Medeiros (1998) menciona que seu intuito é o de oferecer suporte e infraestrutura física e administrativa às empresas abrigadas a partir do esforço entre os parceiros envolvidos, atuando como uma prestadora de serviços. No mesmo ponto de vista de Medeiros (1998) Maciel et al. (2014) afirmam que, como agentes promotores de inovação e empreendedorismo, as incubadoras devem proporcionar condições favoráveis para o sucesso das empresas incubadas.

Mas a principal característica (Cajueiro e Sicsú, 2002) das incubadoras de empresas é o compartilhamento de experiências, uma vez que no ambiente da incubadora, as constantes trocas de informações entre os participantes dos empreendimentos podem gerar novas ideias.

Como desafios (Dantas et al., 2014) enfrentados pelas incubadoras pode-se citar alinhamento de suas atividades a suas estratégias organizacionais, a partir de indicadores de desempenho que permitam um direcionamento estratégico.

Portanto, tais esforços presentes nas incubadoras de empresas fazem com que surjam novos empreendimentos, novos produtos e tecnologias que, por sua vez, geram atratividade para a sua região.

2.2.   Empresas de base tecnológica (EBTs)

Ao considerar o contexto das empresas de base tecnológica, convém afirmar que as EBTs são unidades de negócios dinâmicas, essencialmente inovadoras, concebidas por técnicos, cientistas e/ou pesquisadores, estando situadas à fronteira do conhecimento produtivo (Fonseca e Kruglianskas, 2002; Gallon, Ensslin e Silveira, 2009;).

Dentre as características encontradas nas empresas de base tecnológica, Andrade Junior (2010) destaca alguns fatores como o alto grau de conhecimento tecnológico do seu capital intelectual; investimentos em P&D; produtos ainda inexistentes ou com novas características, no entanto com vida útil reduzida devido à velocidade do surgimento das inovações que os formam; tecnologia com valor agregado ao produto, possuindo, na composição do preço, um peso maior que a matéria-prima nele incorporada.

Para tanto, o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas) e a ANPROTEC lançaram, em 2011, um modelo de gestão para as incubadoras brasileiras, denominado CERNE (Centro de Referência para Apoio a Novos Empreendimentos), que visa promover empreendimentos inovadores bem-sucedidos.

2.3.   Modelo CERNE

A implantação do Modelo CERNE tornou-se prioridade em incubadoras brasileiras que objetivam a certificação obtida pela implementação das práticas no modelo descritas (Reis, Palma e Crespo, 2012; CERNE 2011a; Dantas et al., 2014).  Isso se deve às mudanças ocorridas na natureza da competição, que deixa de acontecer entre as empresas e passa a ocorrer entre diferentes regiões.

Ao partir desse contexto, o intuito do Modelo CERNE é o de suprir a necessidade das incubadoras de proporcionar a capacidade de desenvolver empreendimentos de sucesso. Uma vez que a incubadora passa a atuar de maneira proativa na geração do desenvolvimento sustentável, com base na inovação (ANPROTEC, 2014).

Ao estipular procedimentos, este Modelo busca proporcionar uma rede de soluções que capacitem e desenvolvam empresas e empreendedores. De modo a gerar negócios bem-sucedidos, estando norteado por um conjunto de princípios sobre os quais os processos-chaves e as práticas estão fundamentadas, princípios estes apresentados na Figura 01.

Figura 01: Princípios do Modelo CERNE
Fonte: CERNE (2011a)

Dividido em quatro categorias, CERNE 1 Empreendimento, CERNE 2 Incubadora, CERNE 3 Rede de Parceiros e CERNE 4 Melhoria Contínua, o modelo dispõe de níveis de maturidade diretamente relacionados à evolução do desenvolvimento da incubadora, sendo que cada nível de maturidade representa uma etapa a ser alcançada pelas incubadoras.

A lógica de organização do Modelo CERNE baseou-se nas experiências de outros programas, como os modelos Small Business Development Centers (Estados Unidos) e Business Innovation Centre (Europa-Espanha). (Anprotec, 2014). Além dos níveis de maturidade da incubadora para gerar empresas inovadoras de sucesso, também apresenta, para cada um dos quatro níveis de maturidade, um conjunto de "processos-chaves", os quais "procuram garantir que a incubadora esteja utilizando todas as boas práticas relacionadas àquele nível de maturidade em questão" (CERNE, 2011b), como relatado na Figura 02.

Figura 02: Nível de Maturidade versus Processos-chaves do Modelo Cerne
Fonte: CERNE (2011b)

Para cada nível de maturidade, o Modelo CERNE conta ainda com "práticas-chave", indicando o nível de evolução de cada prática implantada em um dado nível (Prática Inicial, Prática Definida, Prática Estabelecida e Prática Sistematizada). A lógica que fundamenta a relação entre os níveis de maturidade e a evolução das práticas-chaves, incentiva as incubadoras a implantarem, desde o princípio, os ensinamentos da "melhoria contínua". Assim, ao detalhar os sistemas que o compõem tem-se que em cada nível de maturidade há processos-chave específicos e suas respectivas práticas-chave.    

Neste trabalho, a abordagem será limitada ao item 1.6 do CERNE 1, que se refere ao Sistema de Acompanhamento, Orientação e Avaliação, e exige a manutenção, orientação e avaliação do desempenho das empresas incubadas por meio de monitoramento realizado a partir de cinco eixos de desenvolvimento do negócio (Figura 03).

Figura 03: os cinco eixos do Modelo CERNE
Fonte: Elaborado pelas autores com base em CERNE (2011b)

Ainda, para esse trabalho foram analisados 25 modelos (Quadro 01), dos quais extraiu-se os critérios de avaliação das EBTs.

Quadro 01: Modelos analisados

Categoria

Autor (es)

Ano

Procedência

Modelo

Instituições

Eurostat

1953

Internacional

Community Innovation Survey (CSI)

Instituições

OCDE

1963

Internacional

Manual Frascati

Instituições

OCDE

1990

Internacional

Manual de Oslo

Instituições

MassTech

1997

Internacional

Innovation Economy Massachusetts

Instituições

COTEC

1999

Internacional

Temaguide

Instituições

COTEC

2013

Internacional

Modelo empresarial da inovação

Instituições

European Commission

2014

Internacional

Innovation Union Scoreboard

Instituições

FNQ

2000

Nacional

Modelo de Excelência da Gestão®

Instituições

PINTEC

2000

Nacional

Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica

Instituições

IEL/SC e UFSC

2004

Nacional

Modelo Nugin

Instituições

INEI

2006

Nacional

Modelo de Avaliação do Grau de Inovação Organizacional

Instituições

CNI

2008

Nacional

Mapel

Instituições

ANPEI

2008

Nacional

Selo Anpei de Empresa Inovadora

Instituições

FIEP

2012

Nacional

Bússola da Inovação

Modelo Literatura

Kaplan e Norton

1990

Internacional

Balanced Scorecard

Modelo Literatura

Sawhney et al

2006

Internacional

Radar da inovação

Modelo Literatura

Silva

2006

Nacional

Modelo Silva

Modelo EBTs

Santos

2013

Internacional

Modelo Santos

Modelo EBTs

Uggioni

2002

Nacional

Modelo Uggioni

Modelo EBTs

Oliveira

2007

Nacional

Modelo Oliveira

Modelo EBTs

Ferreira et al

2008

Nacional

Modelo Ferreira et al

Modelo EBTs

Oliva et al

2010

Nacional

Modelo Oliva et al

Modelo EBTs

Farias et al

2013

Nacional

Termômetro da inovação

Modelo EBTs

Zen et al

2014

Nacional

Rota da inovação

Modelo EBTs

Passoni

2015

Nacional

Modelo Passoni

Fonte: Elaborado pelas autoras (2015)

Na Figura 04 consta o mapa dos critérios finais (com base nos modelos analisados) propostos e adequados às cinco dimensões do Modelo CERNE.

Figura 04: Critérios finais adequados as dimensões do Modelo CERNE
Fonte: Elaborado pelas autoras (2015)

Salienta-se ainda que, os modelos pesquisados e analisados, também foram escolhidos seguindo os seguintes critérios: atualidade, afinidade com o tema pesquisado, bem como o desenvolvimento do modelo já voltado para empresas de base tecnológica (EBTs) ou derivação direta dos modelos de referência.

Também foi realizado um pré-teste, com base nas cinco dimensões do Modelo CERNE, em janeiro/2015 com um especialista da INTEC (Incubadora Tecnológica de Curitiba, situada na Cidade Industrial de Curitiba) e um gestor de uma de suas empresas incubadas. Foi apresentado aos respondentes em duas partes denominadas questionário parte I e parte II. Durante sua aplicação, melhorias na apresentação das duas partes do questionário foram propostas pelos participantes.

Utilizou-se uma escala Likert de 7 pontos, ou seja: (DP) Discordo plenamente – peso 1; (DM) Discordo moderadamente – peso 2; (DL) Discordo levemente – peso 3; (IND) Indiferente – peso 4; (CL) Concordo levemente – peso 5; (CM) Concordo moderadamente – peso 6; (CP) Concordo plenamente – peso 7.

3. Metodologia

Quanto à sua finalidade, este trabalho é classificado como uma pesquisa aplicada (Malhotra, 2006), uma vez que tem como interesse principal resolver um problema específico: propor critérios para avaliação do ciclo de maturidade das empresas incubadas na INTEC – Incubadora Tecnológica de Curitiba, situada na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), no Paraná. Quanto aos procedimentos técnicos utilizados, foram selecionados a pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental e o método de estudo de caso, como detalhado a seguir:

  1. Pesquisa bibliográfica: os critérios propostos para avaliação do ciclo de maturidade das empresas incubadas foram identificados a partir de modelos decorrentes da leitura de livros, teses, dissertações e artigos publicados. Além disso, a revisão bibliográfica serviu como base para a elaboração de um questionário, o qual será detalhado ao longo do trabalho.
  2. Pesquisa documental: a partir dos documentos disponibilizados pela Intec, obteve-se um quadro atualizado do controle e acompanhamento do ciclo de maturidade ou de vida das empresas incubadas na incubadora em estudo.
  3. Estudo de caso único: o método escolhido é o estudo de caso por seu caráter empírico e por sua condução possibilitar, como benefícios principais, o aumento do entendimento sobre eventos reais, bem como o desenvolvimento de novas teorias (Miguel et al., 2012).

No que se refere à classificação, esta pesquisa é de caráter exploratório-descritivo, uma vez que o seu intuito é proporcionar maior familiaridade com o problema a ser solucionado e descrever as características de modelos relacionados ao tema, estabelecendo relações entre as variações (Robson, 2000).

Quanto à técnica de análise de dados (Marconi e Lakatos, 1990), trata-se de uma pesquisa qualitativa, por considerar a existência de uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, partindo de uma amostragem não-probabilista intencional.

4. Resultados e Discussões

A seção 4 do trabalho apresenta a análise referente aos dados da pesquisa.

4.1. Ambiente da pesquisa

Atuante no ramo de incubação de empresas de base tecnológica desde a década de 1990, a INTEC oferece suporte a empresas iniciantes, desde a orientação empresarial e jurídica e disponibilização de laboratórios e serviços, até consultorias técnicas e treinamentos aos empreendimentos incubados (INTEC, 2014). Como opção de incubação para as empresas iniciantes, dispõe de duas modalidades de incubação em seu edital de seleção: residente e não residente. Na modalidade residente, há disponibilização de espaço físico para alocação nas dependências do TECPAR (Instituto de Tecnologia do Paraná). O mesmo já não ocorre na modalidade não residente, na qual a empresa incubada se estabelece em outro local por ela definido.

O processo de incubação atual realizado pela INTEC dispõe de mecanismos cujas etapas consistem em:

Processo de seleção: para que empresas de base tecnológica iniciantes possam ter acesso ao ambiente oferecido pela incubadora INTEC, se faz necessária à sua participação em um processo de seleção, o qual ocorre anualmente, mediante edital de seleção (Passoni, 2015).

Processo de Incubação: ao serem aprovadas no processo de seleção, as empresas iniciantes passam a serem denominadas empresas incubadas ou residentes, e percorrem o chamado processo ou fase de incubação, no qual há o acompanhamento do seu ciclo de maturidade por parte da incubadora em estudo.

Empresa graduada: ao finalizar as quatro fases do ciclo de maturidade a empresa incubada passa ao título de empresa graduada, estando liberada do processo de incubação.

4.2.   Questionários

Em um primeiro momento os questionários foram aplicados à especialistas e gestores das empresas incubadas da INTEC. Porém, para que os critérios propostos não se baseassem somente nos modelos apresentados neste trabalho e no entendimento da própria INTEC, o mesmo foi aplicado em todas as 4 incubadoras de base tecnológica sediadas em Curitiba e em suas empresas incubadas, também localizadas neste mesmo município.

Com isto a intenção foi a de submeter os critérios propostos à avaliação de outras incubadoras e incubadas sediadas no município de Curitiba e, deste modo, verificar se o que estava sendo proposto faz parte do entendimento geral do que é necessário como critério para avaliação de empresas incubadas de base tecnológica, por parte destas empresas.

Desta forma a amostra utilizada é não probabilística por julgamento, com impossibilidade de estender o resultado a todo universo. Esta amostra foi composta por 9 especialistas das incubadoras de base tecnológica e 21 gestores de empresas incubadas, totalizando 30 respondentes. Por questão de confidencialidade, os dados dos respondentes serão preservados.

A seguir serão apresentadas as análises dos questionários parte I e parte II.

4.2.1. Análise da parte I do questionário

O "questionário parte I" tem como enfoque à utilização de cada critério proposto a partir dos modelos estudados, tendo em vista a sua avaliação no ciclo de maturidade da empresa incubada. Na Tabela 01 constam os valores de cada critério multiplicados pelos respectivos pesos, já dispostos em ordem decrescente de escore obtido, dentro de cada dimensão do Modelo CERNE.

Tabela 01: Escore dos critérios em ordem decrescente a partir do julgamento dos especialistas de incubadoras de EBTs da região de Curitiba

Dimensão CERNE

Critério

Peso

1

2

3

4

5

6

7

Escore

Likert

DP

DM

DL

IND

CL

CM

CP

Empreendedor

Competência

Critério 4

 

 

 

 

 

 

9

63

Liderança

Critério 2

1

1

7

60

Cultura

Critério 3

1

2

2

4

54

Treinamento

Critério 1

 

1

1

 

1

1

5

51

Tecnologia

Inovação

Critério 6

2

7

61

P&D

Critério 5

1

2

6

59

Informação e Conhecimento

Critério 7

1

2

6

58

Tecnologia

Critério 8

2

2

5

57

Patentes

Critério 9

 

 

 

2

1

2

4

53

Capital

Rentabilidade

Critério 12

2

7

61

Finanças

Critério 11

2

7

59

Recursos de Terceiros

Critério 10

 

 

 

 

2

3

4

56

Mercado

Vendas/Marketing

Critério 13

1

1

7

60

Cliente

Critério 14

1

1

7

60

Concorrentes

Critério 15

1

 

 

2

 

 

6

51

Gestão

Pessoas

Critério 17

1

8

60

Estratégia Organizacional

Critério 18

2

7

59

Processos

Critério 16

2

2

5

57

Interação Externa

Critério 19

1

4

4

56

Orientação Empresarial

Critério 20

2

3

4

56

Responsabilidade Socioambiental

Critério 21

2

1

1

5

54

Administração Legal

Critério 22

 

 

 

2

2

2

3

51

Fonte: Dados da pesquisa

Comparando todos os critérios das cinco dimensões, o critério Competência foi o único que apresentou resultado unanime de que a sua utilização deveria ser aplicada para avaliação das empresas incubadas na dimensão Empreendedor.

Apesar dos outros critérios não apresentarem unanimidade na sua aplicação, os resultados demonstraram uma forte concordância por parte dos entrevistados quanto a sua utilização para avaliação das empresas incubadas, nas cinco dimensões do Modelo Cerne. Quanto ao julgamento da utilização dos critérios por parte dos Gestores das empresas incubadas, na Tabela 02 constam os valores de cada critério multiplicados pelos respectivos pesos, já dispostos em ordem decrescente de escore obtido, dentro de cada dimensão do Modelo Cerne.

Tabela 02: Escore dos critérios em ordem decrescente a partir do julgamento dos gestores de empresas incubadas (EBTs) da região de Curitiba

Dimensão CERNE

Critério

Peso

1

2

3

4

5

6

7

Escore

Likert

DP

DM

DL

IND

CL

CM

CP

Empreendedor

Competência

Critério 4

4

5

12

134

Liderança

Critério 2

4

3

6

8

123

Treinamento

Critério 1

2

5

8

6

119

Cultura

Critério 3

1

1

1

7

7

4

114

Tecnologia

Informação e conhecimento

Critério 7

3

6

12

135

Inovação

Critério 6

1

3

3

14

132

P&D

Critério 5

2

4

1

14

130

Tecnologia

Critério 8

1

1

4

10

5

120

Patentes

Critério 9

2

3

2

9

5

117

Capital

Finanças

Critério 11

1

2

1

4

6

7

117

Rentabilidade

Critério 12

1

3

1

4

2

10

116

Recursos de terceiros

Critério 10

1

1

3

5

5

6

113

Mercado

Cliente

Critério 14

1

5

4

11

128

Vendas/Marketing

Critério 13

6

8

7

127

Concorrentes

Critério 15

1

1

1

5

6

7

119

Gestão

Pessoas

Critério 17

5

5

11

132

Estratégia Organizacional

Critério 18

1

1

3

5

11

126

Interação Externa

Critério 19

1

1

6

4

9

124

Orientação Empresarial

Critério 20

1

1

7

3

9

123

Processos

Critério 16

3

4

8

6

122

Administração Legal

Critério 22

1

5

2

3

10

119

Responsabilidade Socioambiental

Critério 21

1

1

3

7

3

6

112

Fonte: Dados da pesquisa

  Considerando os dados apresentados se verifica que existe concordância quanto à utilização dos critérios propostos tanto por parte da maioria dos Especialistas de Incubadoras como por parte dos gestores das empresas incubadas.

4.2.2. Análise da parte II do questionário

As opções de respostas estão relacionadas ao ciclo de maturidade das empresas incubadas na INTEC, que se inicia na fase implantação da empresa, passando para a fase de crescimento, seguida da fase de consolidação e, posteriormente, da fase de liberação. Na Tabela 03 são apresentados os dados compilados dos 9 especialistas de incubadoras (GRUPO A), constando na cor cinza, os critérios com maior número de votos por parte dos especialistas.

  Tabela 03: Critérios mais pontuados pelos especialistas nas 4 fases do ciclo de maturidade (GRUPO A)

Ciclo de Maturidade

CERNE

Critérios

Implantação

Crescimento

Consolidação

Liberação

Não compatível

Empreendedor

Competência

7

8

9

8

 

Liderança

4

7

6

6

Cultura

5

5

4

4

1

Treinamento

6

7

5

5

1

Tecnologia

Inovação

9

7

5

5

 

P&D

6

8

5

3

Informação e Conhecimento

5

6

6

5

1

Tecnologia

6

7

5

3

Patentes

4

3

3

4

2

Capital

Rentabilidade

1

4

6

8

 

Finanças

5

7

9

5

Recursos de Terceiros

5

6

5

4

 

Mercado

Vendas/marketing

3

9

9

8

 

Cliente

3

8

9

7

Concorrentes

5

6

5

5

3

Gestão

Pessoas

6

8

8

7

1

Estratégia Organizacional

7

7

6

7

1

Processos

2

6

8

6

Interação Externa

3

7

6

6

1

Orientação Empresarial

6

6

7

6

Responsabilidade Socioambiental

5

6

6

6

2

Administração Legal

5

4

4

6

2

Fonte: Dados da pesquisa

Na primeira fase do ciclo de maturidade, denominada implantação, o critério Inovação, pertencente à dimensão Tecnologia, obteve unanimidade dentre os respondentes quanto a sua participação nessa fase do ciclo de maturidade. Enquanto que os critérios Cultura (dimensão Empreendedor), Patentes (dimensão Tecnologia) e Estratégia Organização (dimensão Gestão) obtiveram julgamentos 5, 4 e 7 respectivamente como pertinentes de serem avaliados nessa fase do ciclo. Dos 22 critérios, foi obtido o seguinte Cenário (Tabela 04) quanto ao julgamento dos Especialistas de incubadoras tecnológicas do município de Curitiba (GRUPO A).

Tabela 04: critérios com escores mais altos, para acompanhamento do ciclo de maturidade
das empresas incubadas a partir do julgamento dos especialistas das incubadoras tecnológicas de Curitiba (GRUPO A)

Ciclo de Maturidade

CERNE

Implantação

Crescimento

Consolidação

Liberação

Empreendedor

Cultura

Liderança

Competência

xx

Cultura

Treinamento

Tecnologia

Inovação

P&D

Informação e conhecimento

Patentes

Patentes

Informação e conhecimento

Tecnologia

Capital

xx

Recursos de terceiros

Finanças

Rentabilidade

Mercado

xx

Vendas/Marketing

Vendas/Marketing

xx

Concorrentes

Cliente

Gestão

Estratégia organizacional

Pessoas

Pessoas

Estratégia organizacional

Estratégia organizacional

Processos

Responsabilidade socioambiental

Interação externa

Orientação empresarial

Responsabilidade socioambiental

Responsabilidade socioambiental

Administração legal

Fonte: Dados da pesquisa

Na Tabela 05 os dados compilados dos 21 respondentes dos gestores de empresas incubadas (GRUPO B). Na primeira fase do ciclo de maturidade, denominada implantação, o critério Competência obteve 15 respostas dos entrevistados julgando esse critério como pertinente de avaliação nesta fase do ciclo de maturidade. Seguido pelos critérios P&D (dimensão Tecnologia) e Pessoa (dimensão Gestão) com 13 respostas pertinentes cada. Os critérios Cultura (dimensão Empreendedor) e Inovação (dimensão Tecnologia) obtiveram 12 julgamentos cada, os considerando pertinente de avaliação nesta fase do ciclo. Enquanto que o critério Administração Legal obteve 11 julgamentos como pertinente de ser avaliado nessa fase do ciclo.

Tabela 05: Critérios mais pontuados pelos gestores de empresas incubadas da região de Curitiba nas 4 fases do ciclo de maturidade (GRUPO B)

Ciclo de Maturidade

CERNE

Critérios

Implantação

Crescimento

Consolidação

Liberação

Não compatível

Empreendedor

Competência

15

11

11

6

 

Liderança

7

10

12

6

4

Treinamento

12

15

9

8

Cultura

12

9

8

7

1

Tecnologia

Informação e Conhecimento

9

16

14

11

 

Inovação

12

12

9

11

1

P&D

13

12

10

9

Tecnologia

10

12

9

8

2

Patentes

7

5

4

7

5

Capital

Finanças

3

12

12

10

1

Rentabilidade

4

6

10

10

3

Recursos de Terceiros

6

7

8

7

4

Mercado

Cliente

8

12

12

13

 

Vendas/marketing

7

15

14

8

Concorrentes

9

11

7

8

1

Gestão

Pessoas

13

13

13

12

 

Estratégia Organizacional

7

13

11

10

1

Interação Externa

5

12

12

11

1

Orientação Empresarial

7

12

12

7

1

Processos

6

11

12

7

3

Administração Legal

11

6

7

8

6

Responsabilidade Socioambiental

7

8

10

12

4

Fonte: Dados da pesquisa

 

A partir da análise dos resultados das respostas dos Gestores de empresas incubadas os critérios que devem ser considerados na fase Implantação são: Competência, Cultura, Inovação, P&D, Patentes, Pessoas e Administração Legal. Estes 7 critérios estão dispostos nas dimensões Empreendedor, Tecnologia e Gestão, não havendo critérios julgados necessários de serem avaliados nas dimensões Capital e Mercado nesta fase inicial.

Na segunda fase do ciclo de maturidade, denominada Crescimento (obteve o maior número de critérios a serem avaliados, 13 dos 22 critérios foram julgados pertinentes de serem avaliados nesta fase), o critério Informação e Conhecimento, pertencente à dimensão Tecnologia, foi considerado por 16 respondentes como devido de ser avaliado nessa dimensão, obtendo assim a maior pontuação dentre os 22 critérios julgados pelos respondentes.

Quanto à terceira fase do ciclo de maturidade, denominada Consolidação, o critério Pessoas (dimensão Gestão) foi o mais pontuado, sendo considerado devido de avaliação nesta fase por 13 respondentes. Quatro critérios obtiveram 12 julgamentos como pertinentes de serem avaliados nessa fase do ciclo: Liderança (dimensão Empreendedor), Finanças (dimensão Capital), Interação Externa e Orientação Empresarial (dimensão Gestão). O critério Rentabilidade foi julgado devido de avaliação nesta fase por 10 respondentes e o critério Recursos de terceiros por 8 respondentes.

Na quarta fase, denominada Liberação, o critério Cliente (dimensão Mercado) obteve 13 respostas como concordantes com sua avaliação nessa fase. O critério Responsabilidade Socioambiental (dimensão gestão) obteve 12 julgamentos como pertinente de ser avaliado nessa fase do ciclo. Já no critério Rentabilidade (dimensão Capital) houve 10 julgamentos de concordância. O critério com menor quantidade de concordância a ser avaliado nessa fase do ciclo é o critério Patentes (dimensão Tecnologia) com 7 julgamentos como pertinente.

Dos 22 critérios, foi obtido o seguinte cenário (Tabela 06) quanto ao julgamento dos Gestores de empresas incubadas em Incubadoras de base tecnológica no município de Curitiba (GRUPO B).

Tabela 06: Critérios com escores mais altos, para acompanhamento do ciclo de maturidade das empresas           
incubadas a partir do julgamento dos gestores de empresas incubadas em incubadoras tecnológicas do de Curitiba (GRUPO B)

Ciclo de Maturidade

Dimensões CERNE

Implantação

Crescimento

Consolidação

Liberação

Empreendedor

Competência

Treinamento

Liderança

xx

Cultura

Tecnologia

Inovação

Informação e conhecimento

Xx

Patentes

P&d

Inovação

Patentes

Tecnologia

Capital

Xx

Finanças

Finanças

Rentabilidade

Rentabilidade

Recursos de Terceiros

Mercado

Xx

Vendas/Marketing

Xx

Cliente

Concorrentes

Gestão

Pessoas

Pessoas

Pessoas

Responsabilidade Socioambiental

Estratégia Organizacional

Interação Externa

Administração Legal

Interação Externa

Orientação Empresarial

Orientação Empresarial

Processos

Fonte: Dados da pesquisa

Ao ser analisada a proposta de critérios, baseada no julgamento de concordância dos 21 Gestores de Empresas, percebe-se que alguns critérios se destacaram em relação aos outros. Na fase Implantação, o critério Competência foi considerado por 15 dos 21 respondentes como devido de ser avaliado nesta fase do ciclo de maturidade. Lembrando que a definição do critério competência faz menção à capacidade real do indivíduo para dominar o conjunto de tarefas que configuram uma função. Na fase Crescimento, o critério Informação e Conhecimento foi considerado por 16 dos 21 respondentes como pertinente de ser avaliado nesta fase do ciclo de maturidade. Além do critério Informação e Conhecimento os critérios Vendas/Marketing e Treinamento foram julgados por 15 dos 21 respondentes como pertinente de avaliação nesta fase do ciclo.

  Na fase Consolidação, fase na qual há o início da participação no mercado, o critério Pessoas teve maior pontuação (13 julgamentos) por parte dos respondentes. O critério Cliente foi julgado por 13 dos 21 respondentes como devido de ser avaliação na fase Liberação, sendo o critério com maior pontuação nesta fase.

  Assim, os 22 critérios propostos encontram-se distribuídos nas quatro fases do ciclo de maturidade, sendo que alguns deles foram julgados relevantes em mais de uma fase como é o caso dos critérios: Inovação presente nas fases implantação e crescimento; Finanças (faturamento) presente nas fases crescimento e consolidação; Rentabilidade presente nas fases consolidação e liberação, Interação Externa e Orientação empresarial, presentes nas fases crescimento e consolidação. O critério Pessoas, no entanto, está presente em 3 fases do ciclo de maturidade implantação, crescimento e consolidação.

5. Conclusões

Este trabalho teve como objetivo propor critérios para a avaliação do ciclo de maturidade das empresas incubadas, a partir da adequação às cinco dimensões do Modelo CERNE, mediante uma fundamentação acadêmica.

Na pesquisa realizada identificou-se 7 modelos de instituições internacionais, 7 modelos de instituições nacionais, 3 modelos denominados clássicos e 8 modelos específicos para empresas de base tecnológica (EBTs), totalizando 25 modelos. Dos quais forma selecionados os critérios e integrados ao Modelo CERNE. Assim, os critérios finais propostos para acompanhamento das empresas incubadas na fase implantação foram: na dimensão empreendedor os critérios competência e cultura; na dimensão tecnologia os critérios inovação, P&D, patentes e; na dimensão gestão os critérios pessoas, estratégia organizacional e administração legal.

Na fase inicial do ciclo de maturidade, não há nenhum critério relacionado à dimensão capital ou a dimensão mercado, refletindo concordância por parte dos respondentes quanto imaturidade das empresas iniciantes para a obtenção de recursos, faturamento e rentabilidade/resultados, uma vez que tais empresas ainda não iniciaram a comercialização de seus produtos/serviços e, portanto, ainda não lucraram não sendo cabível desta forma um acompanhamento das empresas incubadas quanto a critérios relacionados a essas duas dimensões.

Na fase Crescimento, 16 critérios de um total de 22 critérios foram propostos para acompanhamento das empresas incubadas, sendo estes: na dimensão empreendedor os critérios liderança, cultura e treinamento; na dimensão tecnologia os critérios informação e conhecimento, P&D, inovação e tecnologia; na dimensão capital os critérios finanças e recursos de terceiros; na dimensão mercado os critérios vendas/marketing e concorrentes e; na dimensão gestão os critérios pessoas, estratégia organizacional, interação externa, orientação empresarial e responsabilidade socioambiental.

  Ao seguir para a fase de Consolidação os critérios propostos para acompanhamento da empresa incubada nesta fase foram: na dimensão empreendedor os critérios liderança e competência; na dimensão tecnologia o critério informação e conhecimento; na dimensão capital os critérios finanças, rentabilidade e recursos de terceiros; na dimensão mercado os critérios vendas/marketing e cliente e; na dimensão gestão os critérios pessoas, processos, orientação empresarial, interação externa e responsabilidade socioambiental.

  Na fase de Liberação os critérios propostos foram: na dimensão tecnologia o critério patentes; na dimensão capital o critério rentabilidade; na dimensão mercado o critério cliente e; na dimensão gestão o critério responsabilidade socioambiental. A proposta do acompanhamento de apenas quatro critérios na última fase evidencia que a empresa incubada já se encontra matura nos demais critérios anteriormente propostos, não necessitando de acompanhamento externo (da incubadora) para tais critérios. Com relação às limitações da pesquisa, devido ao estudo partir de uma amostra não probabilística intencional, não é possível a generalização dos resultados, sendo interessante a aplicação desta pesquisa em outras incubadoras de base tecnológica.

Como proposta de estudos futuros, recomenda-se a criação de indicadores de desempenho para cada um dos critérios propostos para a avaliação do ciclo de maturidade das empresas incubadas, bem como a adoção de um método específico para o acompanhamento das empresas incubadas, tendo por base os critérios propostos nesta dissertação.

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1. Brasil, Mestre em Engenharia de Produção, Universidade Federal do Paraná (UFPR). E-mail: psalmeida.ead@gmail.com.

2. Brasil, Doutora, Professora, Universidade Federal do Paraná (UFPR). E-mail: izabel.zattar@gmail.com

3. Brasil, Doutor, Professor, Universidade Federal do Paraná (UFPR). E-mail: robsonseleme@hotmail.com

4. Brasil, Pós-Doutorado em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). E-mail: stefano.nara@gmail.com.


Vol. 36 (Nº 22) Año 2015

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