Espacios. Vol. 37 (Nº 13) Año 2016. Pág. 22

Classificação da similaridade dos cursos de graduação da UFSM em relação ao índice do aluno equivalente – Uma ferramenta de gestão

Classification of the similarity of the undergraduate courses of UFSM compared to the index of the student equivalent – A management tool

Jean Cauê HUPPES 1; Adriano Mendonça SOUZA 2; Angela Pelgrin ANSUJ 3

Recibido: 27/01/16 • Aprobado: 04/03/2016


Contenido

1. Introdução

2. Materiais e métodos

3. Resultados

4. Conclusão

Bibliografia


RESUMO:

O objetivo desta pesquisa é classificar os cursos que apresentam menor e maior contribuição em relação ao Nfte(G) de oito centros de Ensino da UFSM no período de 2010 à 2013 e identificar a variável que possa sofrer alterações para melhorar o Nfte(G) do curso em cenários otimistas com aumentos de 20, 40 e 60% de modo a auxiliar os gestores na captação de recursos. Os dados foram analisados de forma quantitativa, utilizando como ferramentas estatísticas a análise descritiva e a análise de cluster. A amostra deste estudo é composta com dados de 60 cursos de graduação, subdivididos em 8 Centros de Ensino, coletados no período de 2010 à 2013 na Universidade Federal de Santa Maria-UFSM. Para coleta de dados fez-se uso dos arquivos armazenados no Centro de Processamento de Dados - CPD da UFSM. Os cursos mais similares e com maior aporte de Nfte(G) estão nesta ordem: FLN, CED, FL, DIP, MBV e LE, e os mais similares e com menor aporte de Nfte(G) são: LE, MBV, ACD, MLB, ML e AR, lembra-se que estes grupos de cursos são muito diferentes em termos de variáveis e Nfte com uma diferença de quase 28 vezes entre eles. Sugere-se ao gestor do curso, medidas específicas para o aumento do Nfte(G) em cenários otimistas de 20, 40 e 60%. O estudo possibilitou a classificação dos cursos frente a todas as variáveis envolvidas durante os quatro anos e a identificação da variável de maior impacto na formação do Nfte(G).
Palavras chave: Índice aluno equivalente, IFES, análise multivariada.

ABSTRACT:

The objective of this research is to classify the courses that have lower and higher contribution compared to the Nfte(G) in the eight centers of education at UFSM in the period 2010 to 2013 to identify the variable that can be changed to improve the NFTE (G) Ongoing optimistic scenarios with increases of 20, 40 and 60% in order to assist managers in fundraising. Data were analyzed quantitatively using statistical tools as the descriptive analysis and cluster analysis. The sample is composed with 60 undergraduate courses data, subdivided into eight Learning Center, collected from 2010 to 2013 at the Federal University of Santa Maria-UFSM. For data collection was made use of the files stored in the Data Processing Center - CPD UFSM. The more similar courses and greater contribution of Nfte(G) are in this order: FLN, CED, FL, DIP, MBV and LE, and the most similar and less intake of Nfte(G) are: LE, MBV, ACD, MLB, ML and AR, remember that these groups of courses are very different in terms of variables and Nfte(G) with a difference of nearly 28 times between them. It is suggested to the course manager for specific measures to increase the Nfte(G) in optimistic scenarios of 20, 40 and 60%. The study led to the classification of courses across all the variables involved during the four years and to identify the most impactful variable in the formation of Nfte(G).
Keywords: Contents equivalent student, IFES, multivariate analysis.

1. Introdução

As Instituições Federais de Ensino Superior (IFES), especialmente as criadas na década de 60, organizaram-se sob a forma de autarquia de regime especial, o que significa fazer parte da administração pública, portanto sendo submetida às legislações que regem as demais organizações federais (SANTOS, 2013). Segundo o mesmo autor, no início da década de 90, o conjunto do sistema de ensino superior no país era constituído por 918 instituições, sendo 222 de natureza pública (federais, estaduais e municipais). Vinte anos depois, segundo dados do Censo de Educação Superior, 2010, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP, esse sistema já contava com 2.378 instituições de ensino superior, sendo que apenas 278 pertenciam ao segmento público (Federais: 99, Estaduais: 108 e Municipais: 71), enquanto 2.100 pertenciam ao setor privado.

Perante este cenário surge à necessidade de financiamento destas instituições onde em 1920 se iniciou com a Universidade do Rio de Janeiro, transformada na Universidade do Brasil, em 1937, e na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a partir de 1965 (AMARAL, 2008).

Assim, diante do crescente número de instituições públicas tornou-se necessário a criação de critérios para alocação desses recursos, tanto para os cursos de graduação, mestrado strictu senso, doutorado e residência médica. Com isso, iniciou-se a criação de índices formados por diversas variáveis.

Sendo que o índice denominado aluno equivalente é o principal indicador para a análise dos custos de manutenção e desenvolvimento das IFES nas categorias econômicas Capital e Despesas Correntes, financiados com recusos do fundo público federal (BRASIL, 2005). O cálculo deste indicador foi inspirado no modelo inglês de 1998, elaborado pelo Higher Education Council for England (HEFCE), utilizado na Inglatera até o ano de 2004 quando sofreu alterações e foi objeto de estudos realizados pela Secretaria de Educação Superior (SESu)/MEC e pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). Inclui-se no cálculo todos os cursos de caráter permanente que não sejam autofinanciados, mantidos por recursos especiais de convênios ou em parcerias com instituições públicas ou privadas.

Em 1968, durante o período militar, o ensino superior brasileiro passa por mudanças, através da Lei nº 5.540/1968, denominando-se reforma universitária. Segundo Duenhas (2013, p. 42), tal reforma "trouxe uma nova configuração para o nível de ensino terciário e esta lei teve impacto nas instituições públicas e privadas".

As diretrizes básicas e os critérios para distribuição de recursos orçamentários nas Universidades Federais foram estabelecidos por meio do decreto presidencial nº 7.233, de 19 de julho de 2010 que "dispõe sobre procedimentos orçamentários e financeiros relacionados à autonomia Universitária" (BRASIL, 2010). Com o intuito de institucionalizar a alocação dos recursos de custeio e capital de forma a garantir precisão técnica e transparência na distribuição desses recursos, o decreto estabelece diretrizes e indicadores de qualidade e produtividade, denominada Matriz Andifes. Desse modo, a universidade deve apresentar um desempenho e produtividade satisfatórios que são monstrados em seus indicadores, para fins de alocação e uso eficiente de recursos humanos e financeiros. O Ministério da Educação e Cultura- MEC- determina separadamente o volume de recursos para a manutenção, investimentos e para pessoal.

Em relação ao Orçamento Básico, a parcela de Manutenção não utiliza um modelo de partição. Ela é calculada utilizando-se a Unidade Básica de Custeio - UBC- multiplicada pelo número de alunos equivalentes (Nfte) de cada IFES, o que corresponde 80% do valor total do Orçamento de Manutenção. A segunda parcela denominada parcela de Qualidade e Produtividade utiliza um modelo de partição que considera indicadores qualitativos. Segundo Silva (2011, p. 73) "esta parcela deveria manter a política de aperfeiçoamento qualitativo e quantitativo, buscando manter a competitividade das IFES".

Para o cálculo da UBC foi utilizado o número total de alunos equivalentes do sistema, dividido pela soma total de Outros Custeios e Capital – OCC- comprometida com os 12 itens de manutenção básica (combustíveis e lubrificantes; locação de imóveis; locação e manutenção de equipamentos; água e esgoto; serviços de comunicação; cópias e reprodução de documentos; energia elétrica; telecomunicações; serviços de limpeza; serviços de vigilância e portaria; diárias; e passagens) por todas as IFES. O orçamento de cada universidade é definido ao multiplicar o total de seus alunos equivalente- Nfte- pelo valor da UBC calculada.

O conceito de aluno equivalente busca retratar a quantidade total de alunos matriculados em cada IFES, com base em cálculo que equipara aos alunos dos cursos a variáveis, como: nível de custos, tempo previsto de duração dos cursos e eficiência na formação dos ingressantes, o cálculo do Número de Alunos Equivalente total –Nfte- pode ser visto em (BRASIL/MEC, 2005).

Para tanto, é utilizado um modelo matemático específico que inclui várias constantes e distintas variáveis que  possibilita chegar a um total de alunos que sirva de comparação para todos os cursos em todas as IFES objeto do cálculo (BRASIL/MEC, 2005).

O problema da pesquisa reside em analisar o Nfte de 8 centros de Ensino da UFSM de maneira simultânea considerando-se que existem 60 cursos de graduação analisados durante 4 anos utilizando-se a análise de cluster, o que em uma única análise é capaz de classificar e identificar os cursos em relação as variáveis analisadas

Tem-se como objetivo classificar os cursos que apresentam menor e maior contribuição em relação ao Nfte(G) de oito centros de Ensino da UFSM no período de 2010 à 2013 e identificar a variável que possa sofrer alterações para melhorar o Nfte(G) do curso em cenários otimistas com aumentos de 20, 40 e 60% de modo a auxiliar os gestores na captação de recursos.

2. Materiais e métodos

A realização desta pesquisa deu-se a partir de um levantamento bibliográfico sobre os principais assuntos relacionado ao índice aluno equivalente. As principais fontes de pesquisa foram artigos nacionais, dissertações e teses relacionadas ao assunto e documentos oficiais do Ministério da Educação.

O estudo envolveu os 60 cursos de graduação, nos 8 Centros de Ensino, que se enquadram no índice aluno equivalente de graduação Nfte(G), no período de 2010 à 2013, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) coletados no  Centro de Processamento de Dados (CPD) da UFSM.

Os cursos foram agrupados em oito centros de ensino como apresentados a seguir: CAL - Centro de Artes e Letras (10 cursos selecionados): DIV - Desenho Industrial - Programação Visual; ACD - Artes Cênicas – Direção teatral, AVB - Artes Visuais- Bacharelado em Desenho e Plástica, AVL - Artes Visuais Licenciatura, ML - Música Licenciatura, LPL – Letras (Licenciatura) - Português e Literaturas de Língua Portuguesa, LI – Letras (Licenciatura) - Português e Literaturas de Língua Inglesa, LE- Letras (Licenciatura) - Português e Literaturas de Língua Espanhola, DIP- Desenho Industrial – Projeto de Produto, MBV – Música Bacharelado - Violão. CE- Centro de Educação (4 cursos selecionados): PN – Pedagogia Noturno, PD – Pedagogia Diurno, EES – Educação Especial, PE – Programa Especial de Educação. CCSH – Centro de Ciências Sociais e Humanas (16 cursos selecionados): FL – Filosofia, H – História Licenciatura/Bacharelado, AD – Administração Diurno, CCN – Ciências Contábeis Noturno, DD – Direito Diurno, CEN – Ciências Econômicas Noturno, CJ – Comunicação Social – Habilitação Jornalismo, CPP - Comunicação Social – Habilitação Publicidade e Propaganda, CRP - Comunicação Social – Habilitação Relações Públicas, AR – Arquivologia, AN – Administração Noturno, DN – Direito Noturno, P – Psicologia, CED – Ciências Econômicas Diurno, CSB – Ciências Sociais Bacharelado, CCD – Ciências Contábeis Diurno. CCS – Centro de Ciências da Saúde (6 cursos selecionados): M- Medicina, O - Odontologia, FO - Fonoaudiologia, E- Enfermagem, FI - Fisioterapia, F- Farmácia. CCR – Centro de Ciências Rurais (4 cursos selecionados): A – Agronomia, EF – Engenharia Florestal, Z – Zootecnia, MV- Medicina Veterinária. CCNE - Centro de Ciências Naturais e Exatas (12 cursos selecionados): QL – Química Licenciatura, QI – Química Industrial, CB – Ciências Biológicas, GL – Geografia Licenciatura, GB – Geografia Bacharelado, FB – Física Bacharelado, MLN – Matemática Licenciatura Noturno, FLN – Física Licenciatura Noturno, ME – Meteorologia, MLB – Matemática Núcleo Comum, MLD – Matemática Licenciatura Diurno, QB – Química Bacharelado. CEFD – Centro de Educação Física e Desportos(2 cursos selecionados): EFL – Educação Física Licenciatura, EFB – Educação Física Bacharelado. CT – Centro de Tecnologia (6 cursos selecionados): EC – Engenharia Civil, EE – Engenharia Elétrica, EM – Engenharia Mecânica e  EQ – Engenharia Química, C – Computação, ART – Arquitetura.

As variáveis utilizadas para a construção do índice foram: Duração média dos cursos (D), número de diplomados (Ndi), número de matriculados (Ni), peso do grupo (PG), fator de retenção (R), bônus por turno (BT) e bônus fora de sede (BFS).

Segundo Brasil (2005), o cálculo do índice Aluno Equivalente de graduação é subdividido em três grupos; Cursos de tempo integral de acordo com a  equação  (1).

Nfte(G)={[Ndi.D.(1+R)]+[(Ni-Ndi)/4] .D}. BT. BFS.PG                        (1)

Para cursos novos e para cursos intervalados com Ndi=Ni=zero aplica-se a equação (2).

Nfte(G)= NMR. BT. BFS. PG                                                        (2)

Onde NMR é o número de alunos matriculados no ano de referência do cálculo e, para cursos que não apresentam ingressantes (Ni=zero) ou para cursos que apresentam o número de ingressantes menor que o número de diplomados (Ni<Ndi), a segunda parcela da equação (3) torna-se zero.

 Nfte(G)= [Ndi. D. (1+R)]. BT. BFS. PG                                       (3)

Os dados serão analisados de forma quantitativa, utilizando-se a análise descritiva como média, desvio padrão, coeficiente de variação e medidas separatrizes como os quartis. A média aritmética quando analisada isoladamente, pode ser insuficiente, mas, a utilização da medida do desvio padrão que é uma medida de dispersão, mede o grau de afastamento dos valores de um conjunto de dados em relação ao valore médio. Todavia, o desvio padrão é que indica quantas unidades variam para cima ou para baixo da média.

Para verificar a qualidade das médias é necessário calcular o coeficiente de variação, que é o desvio padrão dividido pela média vezes 100, o qual é expresso em percentuais. Esse valor deve estar abaixo de 50%, mostra assim, que a média é representativa do conjunto de dados. A média, o desvio padrão e o coeficiente de variação são medidas descritivas univariada, isto é, quando aplicadas, analisam individualmente o conjunto de dados sem levar em consideração quaisquer relação.

Com o intuito de separar os cursos em mais similares e menos similares, lança-se mão da técnica de análise de cluster, pois baseando-se nas variáveis utilizadas, busca-se identificar quais cursos possuem um maior e/ou menor Nfte(G) e consequentemente uma maior ou menor aporte de recursos. Esta técnica se justifica dado ao grande número de cursos envolvido e o número de variáveis e apenas com a medida de  distâncias e o método de aglomeração adequado é possível classificar  os cursos. A análise de cluster, segundo Hair (2005, p 384), Malhorta (2001, p 526), será utilizada para agrupar os cursos que apresentam maior e menor desempenho em relação ao índice Nfte(G). De acordo com Souza (2011), a análise de cluster é utilizada para classificar objetos ou casos em grupos relativamente homogêneos. Os clusters devem apresentar uma grande homogeneidade interna (dentro do grupo) e heterogeneidade externa (entre os grupos), sendo semelhantes entre si, se diferenciando dos demais. Segundo Souza e Vicini (2005) a análise de cluster pode ser organizada baseando-se no cálculo das distâncias euclidianas entre os objetos identificados no espaço multiplano de todas as variáveis consideradas, logo, a distância euclidiana pode ser calculada com a fórmula e seus respectivos pares de coordenadas de pontos quaisquer do plano. Uma vez que os objetos encontram-se ligados pela menor distância, é necessário definir igualmente a noção de distância entre os grupos de objetos, ou individualmente, entre um objeto e um grupo. Os métodos mais usuais são: a inserção pelo vizinho mais próximo, a inserção pelo vizinho mais distante e a inserção pela distância média. Subsequente a esses procedimentos identifica-se a coerência de grupos dentro do universo de objetos estudados e realizam-se as análises através de um pacote estatístico.

 Determinados os processos de cálculo das distâncias deve-se utilizar os métodos de aglomeração. Segundo Souza e Vicini (2005), os métodos aglomerativos ou métodos de aglomeração são as formas em que cada elemento será aglutinado a um determinado cluster, os métodos de aglomeração, dividem-se em métodos de encadeamento, métodos de variância e métodos de centróide. Nesta pesquisa será utilizado o método da regra do vizinho mais próximo (Single Linkage), onde a distância entre o grupo formado e um outro é igual à menor das distâncias entre os elementos dos dois grupos.

Identificados os cursos mais similares e serão investigadas as variáveis que compõem o Nfte(G) dos seis cursos com menor desempenho e os seis cursos com maior desempenho, com o intuito de verificar qual variável pode ser aprimorada para fornecer um melhor aporte de recursos via Nfte. A escolha dos seis cursos é arbitrária, pois corresponde apenas a 10% dos cursos mais similares e dos menos similares, desta forma é possível verificar o comportamento dos cursos com maior Nfte(G) e com menor Nfte(G).

Após identificados os 10% dos extremos em termos de Nfte(G), passa-se a identificação das as variáveis que compõem o Nfte(G) e que podem ser melhoradas pelo desempenho do gestor. Estas variáveis sofrerão um incremento de 20, 40 e 60% respectivamente de modo a formar cenários para verificar o seu comportamento em relação ao Nfte(G) proporcionando cenários otimistas que possibilitem galgar maiores recursos orçamentários para os cursos e subsidiar os gestores dos cursos com tomadas de decisões e iniciativas para um maior aporte de Nfte.

3. Resultados

Serão apresentados os resultados da estatística descritiva que busca caracterizar cada curso individualmente e posteriormente aplica-se a análise de cluster para se ter uma visão conjunta do comportamento dos cursos entre si.

3.1. Estatística descritiva

O índice Nfte(G) de cada Instituição Federal de Ensino Superior -IFES- é elaborado com o somatório do Nfte(G) de cada curso. A média, desvio padrão, coeficiente de variação, valores máximos e mínimos foram calculados com os dados dos índices por ano, no período de 2010 à 2013 de 60 cursos de graduação, totalizando 240 observações.

No ano de 2010 a média do índice Nfte(G) foi de 326,35, com desvio padrão de 536,57, coeficiente de variação de 164,42% com o valor máximo de 3044,52 e valor mínimo de 6,34. No ano de 2011 a média do índice Nfte(G) foi de 335,34, com um desvio padrão de 541,83, coeficiente de variação de 161,58% com valor máximo de 2947,99 e valor mínimo de 4,35. No ano de 2012 a média do índice Nfte(G) foi de 322,98, com um desvio padrão de 533,04, coeficiente de variação de 165,09% com valor máximo de 3096,76 e valor mínimo de 4,66. No ano de 2013 a média do índice Nfte(G) foi de 330,16, com um desvio padrão de 537,12, coeficiente de variação de 1,63% com valor máximo de 2986,74 e valor mínimo de 5,21.

A média dos 60 cursos dos 4 anos foi de 328,7, com um desvio padrão de 51,4, com valor máximo de 3019,005 e valor mínimo de 5,14. A média do índice Nfte(G) dos 60 cursos de graduação foi subdividido em três medidas separatrizes, primeiro quartil=104,67, segundo quartil ou mediana=139,01 e terceiro quartil=240,99.  

Os três cursos que apresentaram maior variabilidade entre eles foram artes cênicas – direção teatral, matemática núcleo comum e matemática licenciatura diurno.

Os cursos com maior índice médio Nfte(G), pertencentes ao terceiro quartil são respectivamente: Medicina (M), Medicina Veterinária (MV), Odontologia (O), Zootecnia (Z), Agronomia (A) e Farmácia (F), como pode ser visto na Tabela 1.          

Tabela 1: Cursos com maior média do índice Nfte(G) no período de 2010 à 2013

Cursos

2010

2011

2012

2013

Média

D. Pad.

C.V.

M

3044,52

2948,00

3096,77

2986,74

3019,01

65,27

0,02

MV

2348,33

2444,18

2132,66

2276,44

2300,40

131,25

0,06

O

1561,73

1604,03

1554,64

1505,25

1556,41

40,48

0,03

A

1307,50

1353,50

1110,50

1107,50

1219,75

129,26

0,11

Z

1003,32

1003,32

1309,16

1461,49

1187,76

229,15

0,19

F

919,12

1074,16

919,12

946,10

964,63

74,12

0,08

Na Tabela 2 estão localizados os cursos com menor média Nfte(G) dos 4 anos pesquisados. Dos 6 cursos com menor Nfte(G), 2 cursos não são representativos – ACD e MLB- pois tem um coeficiente maior que 50%.

Tabela 2 – Cursos com menor índice Nfte(G) no período de 2010 à 2013

Cursos

2010

2011

2012

2013

Média

D.Pad.

C.V.

LE

6,35

4,35

4,66

5,22

5,14

0,88

0,17

MBV

6,69

13,38

6,69

13,38

10,04

3,86

0,38

ACD

6,69

6,69

33,45

6,69

13,38

13,38

1,00

MLB

20,74

18,86

6,62

58,24

26,11

22,31

0,85

ML

38,07

52,14

80,28

37,26

51,94

20,09

0,39

AR

62,76

64,26

71,34

82,53

70,22

9,02

0,13

Esta análise descritiva mostra o comportamento dos cursos em termos de Nfte durante os quatro anos em análise de forma individualizada, mas busca-se agora analisar o comportamento conjunto destes cursos.

3.2. Análise de Cluster

A Figura 1 mostra o cluster utilizando a média do índice Nfte(G), por ano, dos 60 cursos.

Figura 1 - Cluster da média do índice Nfte dos 60 cursos analisados de 2010 à 2013.

Pela Figura 1 verifica-se o comportamento da média do índice Nfte(G) ao longo dos 4 anos analisados, que 2013 e 2012 possuem um comportamento similar, concomitantemente aos anos 2011 e 2010. Pela análise descritiva verifica-se que o índice Nfte(G) de 2013 e 2012 apresentam comportamento similar devido ao fato de existir pouca variação, assim como nos anos de 2011 a 2010. Vale ressaltar que na análise dos clusters foram utilizados os Nfte(G) de cada curso no período de 4 anos, desta forma quando se realiza a análise descritiva utilizando a média e o desvio padrão, pode haver uma influência no valor da média por valores extremos. Uma outra observação que deve ser feita é que quando se traça o dendrograma, calcula-se a distância de cada uma das variáveis em relação aos anos e é possível dizer que os anos de 2011 e 2012 foram similares em termos de Nfte(G) e que os anos de 2012 e 2013 embora similares são diferentes de 2010 e 2011. O que se busca é verificar como estes cursos se comportaram em relação a estes quatro anos.

A Figura 2, mostra o agrupamento de 60 cursos de graduação, utilizando o Nfte(G) dos 4 anos coletados.

Figura 2 - Cluster do Nfte(G) dos 60 cursos analisados do período de 2010 à 2013.

Observa-se na Figura 2 que os 6 cursos mais discrepantes dos demais são: medicina, medicina veterinária, odontologia, zootecnia, agronomia e farmácia, são considerados discrepantes, pois possuem maior distância de ligação, isto é, MV e M, possuem uma distância de ligação acima de 1400 observado no eixo Y da Figura 2. Os cursos mais similares, isto é, que possuem menor distância de ligação, estão melhor representados na Figura 3 que são ciências econômicas diurno, física licenciatura noturno, filosofia, desenho industrial – projeto de produto, química industrial e desenho industrial – programação visual em relação aos demais.

Figura 3 – Cluster formado por 46 cursos de graduação mais discrepantes

Analisam-se as medidas descritivas no intuito de identificar as variáveis de maior contribuição. A média dos seis cursos que mais contribuem para a elaboração do índice Nfte(G) sequencialmente são, M, MV, O, Z, A e F como pode ser constatado na Tabela 1, que foi construída com base nos 6 primeiros cursos que pertencem ao primeiro quartil das médias do Nfte(G). Concomitantemente pode-se constatar ao observar na Figura 2, a mesma constatação com os grupos discrepantes, ou seja, duplas de cursos que formam um grupo com maior distância euclidiana entre si.

Ao analisar a Figura 3, observa-se melhor as duplas de cursos com menor distância euclidiana, ou seja, grupo de pares mais similares. Os seis cursos com o Nfte(G) mais similares, no período de 4 anos subsequentemente, encontram-se nos seguintes cursos respectivamente com as distâncias entre si: Ciências Econômicas Diurno (CED) e Física Licenciatura Noturno (FLN) com distância euclidiana igual a 6. Filosofia (FL) e Desenho Industrial – Projeto de Produto (DIP) com distância euclidiana igual a 9 e em terceiro lugar o curso com menor distância euclidiana entre os pares é Letras Espanhol (LE) e Música Bacharelado Violão (MBV) com distância euclidiana igual a 12.

Ao observar a Tabela 2 com as variáveis que formam o Nfte(G), compostas pelas médias aritméticas, no período de 4 anos, organizadas em ordem decrescente pela média do Nfte(G), constata-se que 6 cursos estão localizados no terceiro quartil, isto é, os cursos com menor Nfte(G) são: LE, MBV, ACD, MLB, ML e AR.

Nesta análise foi possível identificar que a variável Ndi foi a que influenciou diretamente no cálculo do Nfte(G). Constatou-se o número de diplomados (Ndi) pode sofrer intervenções e ações pedagógicas específicas para cada curso de modo que ocorram incrementos de forma a melhorar o Nfte(G).

A discrepância em termos de aporte de Nfte(G) possibilitou selecionar cursos com cenários otimistas para uma investigação futura, com base nas medidas implementadas pelos gestores. O número de diplomados e o número de ingressantes são as duas variáveis que podem a curto prazo modificar o cenário pré analisado na matriz de distribuição ANDIFES. O número de ingressantes é em geral fixo, pois são as vagas oferecidas que geralmente são preenchidas. Desta forma, modifica-se primeiramente o Ndi(G) apresentado na Tabela (3) com alterações de 20, 40 e 60%.

Tabela 3 – Cursos com menores médias Nfte(G) no período de 2010 à 2013

CURSOS

LE

MBV

ACD

MLB

ML

AR

D

5

4

4

5

4

3

Ni

28,5

0,75

0

7,75

13

29,25

Ndi

8,75

1,5

2

1,75

6,25

18,5

Ndi(20%)

10,5

1,8

2,4

2,1

7,5

22,2

Ndi(40%)

12,25

2,1

2,8

2,45

8,75

25,9

Ndi(60%)

14

2,4

3,2

2,8

10

29,6

PG

1

1,5

1,5

1,5

1,5

1

R

0,115

0,115

0,115

0,1325

0,115

0,12

BT

0,07

1

1

1

1

1

BFS

1

1

1

1

1

1

Nfte

5,14

10,04

13,38

26,11

51,94

70,23

Nfte(G) 20%

5,67

12,04

16,06

28,43

58,43

79,88

Nfte(G) 40%

6,20

14,05

18,73

30,75

64,91

89,54

Nfte(G) 60%

6,73

16,06

21,41

33,06

71,40

99,19

Ao analisar o curso com menor índice Nfte(G), Letras Espanhol (LE) por exemplo, com a média aritmética elaborada no período de 2010 à 2013, Nfte(G) = 5,14, pode-se constatar na Tabela 3 uma possível previsão ao aumentar o número de diplomados (Ndi) em 20, 40 e 60%. Respectivamente o Nfte(G) passará de 5,14 com um aumento de 20% no Ndi (de 8,75 para 10,5), acarretará num Nfte(G)=5,67 resultando um aumento de aproximadamente 10%. Diretamente proporcional ao aumentar a variável Ndi, aumentará a variável Nfte(G), salienta-se que o aumento do número de diplomados tem um limite a ser cuidado, pois existem cursos como o de medicina que o número de formados é quase igual o número de ingressantes, não possibilitando incrementos de 20, 40 e 60% no Ndi. Quando o número de ingressantes foi igual a zero ou menor que o número de diplomados, aplica-se a fórmula (3), neste caso, dentre os cursos de menor Nfte, dois deles aplicam-se a fórmula (3), MBV e ACD. Nestes dois cursos se aumentar 20% o Ndi de  1,5 para 1,8 e 2 para 2,4, os Nfte(G) aumentará aproximadamente 20% o Nfte(G). Se nos dois cursos aumentar o número de diplomados em 40 e 60%, terá um aumento no Nfte(G) diretamente proporcional.

4. Conclusão

Este estudo objetivou analisar as variáveis que compõe o principal índice de alocação de recursos financeiros das IFES. Para efetivar com sucesso a autonomia orçamentária das IFES, é necessário para o gestor público utilizar ferramentas quantitativas eficazes. Nesta pesquisa, apresenta-se duas ferramentas estatísticas importantes, análise descritiva e a análise de agrupamento ou análise de cluster. Ná primeira análise pode-se concluir no conjunto de 240 observações organizados com o índice de aluno equivalente de graduação – Nfte(G)- de 60 cursos da UFSM coletados no período de 2010 à 2013.

Com a primeira análise de cluster, pode-se observar o grau de similaridade entre os 4 anos com os 60 cursos. Ao comparar com os dados descritivos dos respectivos anos, constatou-se que a distância entre os anos 2013 e 2012 possuem um comportamento similar, concomitantemente aos anos 2011 e 2010. Pela análise descritiva verifica-se que o índice Nfte(G) de 2013 e 2012 apresentam comportamento similar devido ao fato de existir pouca variação, assim como nos anos de 2011 a 2010.

Na segunda análise, constatou-se que os cursos com menor distância apresentados na Figura 3, nesta ordem, são: FLN, CED, FL, DIP, MBV e LE, pode-se constatar também que a menor distância euclidiana entre os índices de cada curso, não significa que estes cursos são os de menor orçamento ou menor índice Nfte(G), como pode ser visto na Tabela 2 construída a partir da média das variáveis que compõem o Nfte(G) dos 4 anos pesquisados. Os cursos com menor índice Nfte(G) são nesta ordem, LE, MBV, ACD, MLB, ML e AR. Ao comparar a média do Nfte(G) do curso que mais contribui (M = 3019) com o curso que menos contribui (CED = 108) constata-se uma diferença de quase 28 vezes.

Na terceira e última análise, foi identificado o fator de maior impacto na elaboração do índice aluno equivalente de graduação – Nfte(G)- que deve ser avaliado cuidadosamente na tomada de decisão do gestor público das IFES, visto que tal ferramenta estatística (Cluster) identifica os cursos que devem ser priorizados na decisão e repasses orçamentários e que o gestor deve tomar medidas de modo que exista um aumento de número de formados nestes cursos, implementando medidas didáticas ou de incentivo específicas para cada curso de modo a baixar o número de retenção e/ou desistência dos alunos.

A análise descritiva focou diretamente no índice do Nfte(G), identificado por meio dos quartis os cursos com maior e menor aporte nestes índices, já análise de cluster buscou identificar os comportamentos similares entre os cursos, baseando-se nas sete variáveis originais dos sessenta cursos de graduação durante os quatro anos. Esta análise de cluster foi importante porque forneceu uma medida que englobou todas as variáveis simultaneamente. O fato de alguns cursos identificados com maior e menor Nfte(G) pelos quartis serem os mesmos que os identificados pela análise de cluster, mostra que pela análise de cluster, o gestor terá melhor subsídios na identificação das variáveis originais que mantiveram os cursos semelhantes próximos, onde foi possível identificar que a variável Ndi é a variável que impacta diretamente neste índice, e que pode ser melhorada pelo gestor.

Deixa-se como sugestão para estudos futuros a aplicação da análise de cluster de modo a se ter uma outra visão sobre o problema proposto.

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1. Licenciado em Matemática pela Universidade Federal de Santa Maria e estudante de mestrado no Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Maria.
2. Professor associado do Departamento de Estatística e atua no Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Maria.
3. Professora associada do Departamento de Estatística da Universidade Federal de Santa Maria.


 

Vol. 37 (Nº 13) Año 2016

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