Espacios. Vol. 37 (Nº 15) Año 2016. Pág. 1

Comparativo de perdas de grãos no transporte rodoviário - Estudo de Caso

Comparison of grain losses in road transport - Case Study

Lucio Tadeu COSTABILE 1; Oduvaldo VENDRAMETTO 2; Geraldo Cardoso de OLIVEIRA NETO 3

Recibido: 11/02/16 • Aprobado: 25/03/2016


Contenido

1. Introdução

2. Referencial teórico

3. Metodologia

4. Estudo de caso - Resultados

5. Discussões

6. Conclusão

Referências


RESUMO:

O objetivo deste trabalho foi analisar se a adoção de equipamentos no compartimento de carga dos veículos por uma empresa transportadora de grãos no modal rodoviário na região do Mato Grosso do Sul resultou na minimização de perdas de grãos. O método adotado foi estudo de caso, os dados foram coletados por meio de entrevista ao funcionário responsável pelas quantidades transportadas nos períodos. Os resultados mostram que no período de 2013 a empresa não utilizava equipamento para redução de perdas de grãos no compartimento de carga dos veículos, resultando em perdas durante o transporte. No ano de 2014 a empresa optou por utilizar equipamentos de vedação do compartimento de carga reduzindo drasticamente essas perdas de 26.051 kg. para 6.610 kg. Conclui-se que o estudo demonstrou a importância da utilização de equipamentos que venham a contribuir com a redução de grãos durante o transporte rodoviário.
Palavras- chave: Transporte de grãos, Perdas de grãos, Transporte rodoviário.

ABSTRACT:

The objective of this study was to analyze the adoption of equipment in the vehicle cargo compartment by a carrier grain in road transportation in Mato Grosso do Sul region resulted in reducing grain losses. The method used was case study, data were collected through an interview with the official responsible for the quantities transported in the period. The results show that in the period from 2013 to now no equipment used to reduce grain losses in the vehicle luggage compartment, resulting in losses during transport. In 2014 the company chose to use sealing equipment load compartment drastically reduce these losses of 26,051 kg. to 6610 kg. In conclusion, the study showed the importance of using equipment that may contribute to the reduction of grain during road transport.
Keywords: Transport grains, Grain Loss, Road transport.

1. Introdução

Entre outras culturas agrícolas, o Brasil vem se destacando na cultura de grãos basicamente em todas as regiões, com a maior área entre os países da América do Sul apresenta um grande potencial em crescimento de sua produção agrícola. O agro negócio brasileiro está projetando um cenário otimista de competitividade e modernidade, em seus campos produtivos. A agricultura brasileira é muito importante se comparada a outros países, às exportações em diversas culturas. (FAO e USDA 2009). Com destaque na produção de milho e soja, o país possui uma condição de expansão propícia para a exploração agrícola, devido às condições ambientais e climáticas favoráveis para o cultivo. (FERRAZ e FELÍCIO 2010)

Com o avanço da tecnologia e pesquisas em desenvolvimento, o produtor de grãos tem disponíveis sementes melhoradas de altíssimo nível tecnológico visando alta produtividade. Conforme MAPA (2013), a produção de grãos no país mantém dispersa, sendo os principais produtores as regiões do Paraná, Mato Grosso, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul.

O Brasil ao longo dos anos vem desenvolvendo uma agricultura comercial de grande escala, mantendo o crescimento econômico e expansão nas exportações, ocupando um lugar de destaque no cenário mundial. Para Martinelli et al. (2010), o Brasil optou por uma estratégia de desenvolvimento que depende basicamente do setor agrícola para o desenvolvimento econômico crescente, condição vinda da imensa área territorial para plantio e abundância de mão de obra barata. Estes fatores têm sido acompanhados por ajustes em preço, incentivos fiscais, políticas comerciais e investimentos em pesquisa e desenvolvimento que levam o Brasil em uma potência de alimentos.

O Brasil tem uma área total de 851 milhões de hectares, sendo que 264 milhões de hectares são classificados como agricultura, distribuídos em pasto e plantações de soja abrangendo a maior área no Brasil, seguido pelo milho, cana de açúcar, arroz, feijão e outros alimentos básicos. (FAO 2010). De acordo com Martinelli et al. (2010), a boa condição do país na agricultura é devido ao aumento da produtividade nas áreas plantadas, especialmente nas culturas de exportação, como a soja, milho e a cana de açúcar.

Neste contexto a agricultura brasileira avança fronteiras com safras recordes de grãos, onde setor agroindustrial tem investido em altas tecnologias de plantio e colheita, diante de vários problemas vencidos pelos produtores como exemplo, qualidade de sementes, irrigação da área cultivada, maquinários agrícolas obsoletos, há uma enorme preocupação em relação à logística desses produtos.

Para Caixeta-Filho (2003) ocorre um consenso observado, a baixa expectativa em relação ao sistema de transporte rodoviário na total falta de investimentos pelos órgãos públicos. Atualmente a baixa satisfação do serviço rodoviário enfrentado pelas empresas de transporte, resulta em redução de lucros, considerando também que o produto transportado é de baixo valor como é o caso dos grãos.

Com isso o Brasil possui uma das maiores extensão territorial do mundo, utilizada em grande porcentagem pelo modal rodoviário, para suportar um grande volume de movimentações de carga. Em agronegócio os produtores devem estar atentos em alguns fatores de acordo com Anand et al. (2006), a posição geográfica avaliando de que forma empresas do setor do agro negócio competem e de que forma é realizada essa comparação, e o grau de integração vertical comparando os serviços de distribuição e serviços logísticos de terceiros.

Na literatura pesquisada sobre perdas de grãos no transporte rodoviário brasileiro, os produtores encontram grande dificuldade na locomoção de suas produções para fora da fazenda por não ter outra opção de modal, utilizando caminhões não específicos para a carga transportada resultando em perdas. (AZEVEDO et al 2008; PEREIRA et al 2007; MORCELLI, 2011; CANEPPELE e SARDINHA, 2014; PONTES et al 2009; BORGES et al 2013; MARTINS et al 2005).

O modal rodoviário é o mais utilizado devido sua flexibilização de porta a porta, e na maioria de vezes não se encontra em condições favoráveis para o transporte deixando parte da colheita pelo caminho. (PEREIRA et al 2007; BORGES et al 2013; MARTINS et al 2005; CORREA e RAMOS 2010).

No trajeto para o armazenamento ou transbordo da carga o veículo é pesado em balanças desreguladas sem conservação até mesmo sucateadas o que resulta em veículos com excesso de carga, e aliados com alta velocidade, falta de conscientização dos motoristas e precariedade nas rodovias os grãos ficam pelo caminho. (SOARES e FILHO 1997; BORGES et al 2013; MARTINS et al 2005.; CAMARGO e VENTURA 2012; CANEPPELE e SARDINHA 2014; FOGLIATTI et al 2012; APROSOJA 2012).

Constatou-se a ausência de pesquisa sobre quais ações contribuem para minimizar as perdas de grãos durante a movimentação da carga pelas transportadoras, portanto essa é a lacuna de pesquisa a ser explorada nessa pesquisa.

 Neste contexto, é necessário que o transportador, invista em novas tecnologias nos compartimentos de carga do caminhão, acondicione a carga de acordo com o limite da capacidade do compartimento de carga, utilize a lona de amarração no caminhão durante qualquer trajeto a ser transportado. (SILVA 2006) e (CANEPELE e SARDINHA 2014)

Dessa forma nas rodovias considerando a precariedade das condições, os motoristas devem estar conscientes de que toda e qualquer ação para reduzir a perda de grãos durante o transporte rodoviário deva ser colocada em prática por todas as empresas responsáveis pelo transporte rodoviário de grãos.

Os veículos utilizados no transporte de grãos na maioria das vezes não são apropriados, com furos no compartimento de carga (bicas), que resulta em perdas. (MORCELLI 2011; CORREA e RAMOS 2010; BAHIA et al 2007; MARTINS et al 2005)

O escoamento da safra de grãos vem intensificando as perdas no transporte rodoviário com acidentes no trajeto por excesso de carga e velocidade, veículos em más condições e sem equipamentos para redução das perdas, falta de acostamentos, iluminação, faixas de ultrapassagem, pavimentação nas vias, estacionamento e circulação de pedestres agravam ainda mais a questão da perda. (MORCELLI 2011; FOGLIATTI et al2012; CANEPPELE e SARDINHA 2014; ALBINO et al 2011; PONTES et al 2009; SOARES e FILHO 1997; CAMARGO e VENTURA 2012; APROSOJA 2012; AZEVEDO et al 2008; MARTINS et al 2005)

Portanto constatou-se a ausência de uma pesquisa relacionada ao comparativo de perdas de grãos no transporte rodoviário para auxiliar e corroborar para com os transportadores, em um planejamento que contribua na redução das perdas dos grãos durante o transporte rodoviário.

Para atender a lacuna nesse estudo foi considerada a análise quantitativa dos dados fornecidos pela transportadora como base os anos de 2013 e 2014, sendo que foi realizado um levantamento das quantidades transportadas em toneladas, perdas dos grãos ocorridas em cada período, e o comparativo de perdas de grãos no transporte rodoviário por uma transportadora entre os períodos sendo que no ano de 2014 foi implantado equipamentos para auxiliar na redução das perdas.

 Neste contexto para que ocorra a efetividade na redução das perdas dos grãos no transporte rodoviário, novas formas de planejamento durante o manuseio dos grãos podem ser realizadas baseadas nas quantidades de grãos dispersos durante o transporte rodoviário, ou seja, a utilização de novas tecnologias e práticas adotadas pelos transportadores. Emergindo a seguinte pergunta de pesquisa, a adoção de equipamentos no compartimento de carga para o transporte rodoviário de grãos resultou na minimização dessas perdas?

Tendo em vista a pergunta de pesquisa, este trabalho tem por objetivo analisar se a adoção de equipamentos no compartimento de carga dos veículos por uma empresa transportadora de grãos no modal rodoviário na região do Mato Grosso do Sul resultou na minimização de perdas de grãos.

2. Referencial teórico

2.1 Problemas no transporte rodoviário no Brasil

O Brasil é responsável pela participação na produção mundial de grãos ocupando um lugar de destaque no cenário global de abastecimento, com grandes volumes exportados para países consumidores tais como China e Estados Unidos. No entanto para que grandes volumes sejam movimentados das fazendas para postos de armazenagem, e na sequência para o embarque nos portos, o meio de transporte mais utilizados é o modal rodoviário, que vem enfrentado diversos problemas para cumprir seu papel na cadeia logística.

No Brasil a maior parte de toda produção de grãos é transportada por rodovias, que se apresentam em sua maioria sem manutenção, com falta de sinalização e que além dos problemas de conservação, para agravar mais o quadro no transporte rodoviário, têm-se a obsolescência da frota de caminhões, congestionamento nos portos durante o escoamento da safra nacional. (PONTES et al. 2009).

De acordo com Coppead (2002) O Brasil tem uma grande dependência no modal rodoviário, devido à falta de planejamento logístico para o escoamento das safras de grãos, tornando assim uma série de problemas para o transporte da carga considerando também as dimensões continentais do país.

Os investimentos na malha rodoviária brasileira refletem as más condições de suas rodovias, com uma malha de transporte extremamente deficitária, comparada com países como China com 38 quilômetros de vias a cada 1.000 quilômetros quadrados, o México com 57 quilômetros e Estados Unidos com 447, e o Brasil por sua vez com apenas 26 quilômetros. (PADUAN 2005).

No Brasil, existem poucas regras para o transporte rodoviário, e devido ao grande número de prestadores de serviços de transporte ser autônomos, os veículos operam em condições precárias de conservação em longas jornadas de trabalho, e para agravar ainda mais, somente um quarto de toda malha rodoviária brasileira, está em condições de trafegar. (CNT 2015).

Caixeta-Filho (2001) salientam que normalmente o grãos são transportado à granel, que por sua vez, na maioria das vezes por transportadores autônomos com baixa especificidade do veículo, e devido a grande utilização dos serviços de transporte para o escoamento da safra,agravam ainda mais os problemas tais como, deterioração das rodovias, falta de fiscalização nas vias, acidentes e tombamentos de carga.

2.2 Perdas de grãos no transporte no Brasil

Com o avanço tecnológico nos campos, as colheitas resultam em excelentes resultados, o mesmo não ocorre na movimentação dos grãos para armazéns e portos para embarque. O transporte rodoviário é responsável por grande parte da movimentação das colheitas acarretando perdas significativas de grãos. As perdas são conseqüências de fatores tais como, carga mal acondicionada, excesso de carga, falta de enlonar a carga, falta de manutenção nos caminhões, condições das rodovias e orientação aos funcionários.

As perdas na movimentação dos grãos da fazenda aos armazéns, chamado de transporte curto representa perda de 0,5% o que pode representar até três sacas por caminhão representando grande prejuízo para os agricultores, já no transporte longo até aos portos e indústrias esmagadoras chega até 0,25%, na maioria das vezes a carga é mal acondicionada, o motorista não protege a carga com amarração de lona. (APROSOJA 2014)

De acordo com Pasqua e Lima (2004), a perda de grãos no transporte é observada ao redor dos acostamentos das rodovias, no escoamento da produção para os armazéns, devido ao estado precário das rodovias que se encontram esburacadas, sem pavimentações ocasionando quebras na frota, bem com aumentos nos preços dos fretes.

Para Carvalho et al.(2012), é justamente durante o transporte no caminhão da carga granulada que ocorrem as maiores perdas devido a trepidações da carroceria, a não vedação da carga no compartimento de carga, frota de veículos antiga.

Para os produtores, cooperativas e transportadores as péssimas condições das estradas, incluindo as que estão nas propriedades rurais, rodovias municipais, estaduais ou federais, causam as maiores perdas de grãos no transporte, variando de algo em torno de 5% a 20% do volume de grãos produzidos no país. (TSILOUFAS et al. 2011)

O modelo de logística no Brasil está ultrapassada, e de nenhuma forma foi planejada para contribuir com o escoamento de grãos, os conceitos de logística são frágeis e centrados em uma infra estrutura precária sem condições de enfrentar os obstáculos, e com poucas ou quase nenhuma alternativa de escoamento da produção, refletindo a total falta de estrutura desde o plantio até o desembarque nos portos, e que por outro lado, obras de infra estrutura reduziriam as perdas e custos, agilizando o transporte dos grãos. (CARVALHO et al. 2012)

2.3 Transportes de grãos no Brasil

Com o avanço tecnológico nos campos, as colheitas resultam em excelentes resultados, o mesmo não ocorre na movimentação dos grãos para armazéns e portos para embarque. O transporte rodoviário é responsável por grande parte da movimentação das colheitas acarretando perdas significativas de grãos. As perdas são conseqüências de fatores tais como, carga mal acondicionada, excesso de carga, falta de enlonar a carga, falta de manutenção nos caminhões, condições das rodovias e orientação aos funcionários. (APROSOJA 2014)

Empresas buscam em aumentar a participação no mercado e competitividade melhorando seus níveis de serviços, reduzindo custos operacionais com objetivo de alcançar as metas da organização, dessa forma o agronegócio com expressiva participação na economia do país, possui grande participação no mercado nacional e internacional, e que como qualquer setor sofre com os gargalos, tais como infra estrutura logística em armazéns e locais para embarque e pelas condições das rodovias acarretando perdas no transporte rodoviário. (CAMARGO e VENTURA, 2012)

O modal rodoviário é o mais utilizado para transporte de grãos, devido a facilidade de embarque da carga em qualquer ponto, devido a falta de outros modais e por abranger em sua maioria as regiões do país. (CAMARGO e VENTURA, 2012)

Prevalecendo de forma significativa no transporte de grãos em relação aos outros modais, o transporte rodoviário de grãos como qualquer outra forma de negócio, também sofre pressões da concorrência pela captação de serviços, fazendo com que os gestores diminuam seus custos, o que pode acarretar em perdas de grãos durante o transporte. (VENTURA e FRECCIA 2015)

Segundo Martins (2010), o custo é fator principal para a execução de um serviço, e que para uma gestão eficaz merece uma atenção especial.

O preço relacionado ao frete do transporte é o resultado do estudo dos fatores que envolvem as atividades de transporte e influenciam no custo no transporte de carga, como distância, volume, densidade, facilidade de acondicionamento, facilidade de manuseio, responsabilidade, risco da carga, mercado, sazonalidade, trânsito, carga retorno e especificidade do veículo de transporte, e de fatores que compõem os custos do transporte rodoviário de carga sendo, depreciação, remuneração do capital, pessoal, IPVA, seguro obrigatório, custos administrativos, combustíveis e pneus. (VENTURA e FRECCIA 2015.)

3. Metodologia

Para realização deste trabalho, foi utilizado um estudo de caso comparativo durante os períodos de 2013 e 2014 por uma transportadora de grãos do estado de Mato Grosso do Sul aos pontos de embarque. A região é o quinto maior produtor de oleaginosas do país, e no momento de escoar a produção de grãos sofre com problemas de infraestrutura nas rodovias em más condições resultando em perdas de grãos.

De acordo com Yin (2015), o que justifica a utilização do método de estudo de caso único é o fato de preencher as condições exigidas para testar os objetivos pro­postos no trabalho, e por uma estratégia escolhida ao se examinar acontecimentos contemporâneos.

A definição do estudo de caso enfrenta uma situação tecnicamente única, baseadas em várias fontes de evidências Yin (2015). No trabalho o objeto em estudo é uma transportadora que utiliza o modal rodoviário para o escoamento da safra de grãos na região do Mato Grosso do Sul aos pontos de embarque, levando em consideração que durante o ano de 2013 a transportadora não utilizava equipamentos para redução das perdas de grãos durante o transporte, já em 2014 a empresa optou pela utilização de equipamentos para reduzir essas perdas.

A coleta de dados foi realizada por meio de um agendamento para entrevista do funcionário responsável pelas quantidades de toneladas transportadas durante os períodos de 2013 e 2014, de forma espontânea com perguntas direcionadas somente às quantidades transportadas, com duração de aproximadamente de duas horas e que os dados somente foram coletados desde que seja preservado o nome da transportadora em estudo. A entrevista é uma das mais importantes fontes de informações para o estudo de caso. (YIN, 2015).

Os dados coletados no período de 2013 correspondem quando a transportadora não utilizava nenhum equipamento que contribuísse para a redução das perdas dos grãos, já os dados do período de 2014 a transportadora utilizava equipamentos para a redução dessas perdas.

O processo de análise dos dados foi realizado pelas quantidades transportadas em toneladas de grãos e as perdas durante o transporte nos períodos de 2013 e 2014, e realizado o comparativo dos percentuais entre os períodos.  Em um estudo de caso os eventos podem ser diferentes de outros períodos em estudo, criando condições para compreensão (YIN, 2015).

4. Estudo de caso - Resultados

A coleta de dados foi em uma transportadora de grãos, que decidiu utilizar em sua frota de caminhões o sistema de vedação do compartimento de caixa de carga com a finalidade de reduzir as perdas de grãos durante o transporte.

  Foi realizado um comparativo de perdas entre os períodos de 2013 e 2014, demonstrando as perdas entre os períodos.

Este estudo demonstra a importância em utilizar meios que contribuam para a redução de perdas de grãos no transporte rodoviário.

A análise quantitativa do objeto de estudo tem como base os anos de 2013 e 2014, sendo que foi realizado um levantamento das quantidades transportadas em toneladas, perdas dos grãos levando em consideração os problemas no transporte rodoviário, e o comparativo de perdas de grãos no transporte rodoviário por uma transportadora entre os períodos.

Com base nos dados pesquisados, as tabelas demonstram às perdas percentuais em 2013 e 2014 no transporte rodoviário de grãos, que em 2013 a empresa não utilizava nenhum sistema de vedação no compartimento da caixa de carga do caminhão, já em 2014 a empresa transportadora inicia a utilização de um sistema de vedação do compartimento da caixa de carga o que impede o vazamento dos grãos durante o transporte rodoviário, seguido de um comparativo de perdas entre os períodos estudados.

A tabela 1 demonstra os dados obtidos durante o ano de 2013, quando a empresa transportadora de grãos não utilizava em seus veículos nenhum recurso para a redução de perdas dos grãos durante o transporte rodoviário. Os dados são referentes às quantidades transportadas em toneladas, às perdas no transporte rodoviário em toneladas e os valores percentuais das perdas no transporte a cada mês, onde temos a quantidade total de toneladas de grãos transportadas, o valor total das perdas em toneladas no transporte e o valor percentual das perdas durante 2013.

Ano 2013

Quantidade transportada (ton.)

Perdas no transporte rodoviário. (ton.)

Perdas no transporte rodoviário. (%)

Janeiro

19.000

1.342

7,1

Fevereiro

29.000

1.794

6,2

Março

38.000

2.470

6,5

Abril

32.000

2.496

7,8

Maio

38.000

1.648

4,3

Junho

42.000

2.214

5,3

Julho

39.000

1.958

5,1

Agosto

40.000

2.256

5,6

Setembro

44.000

2.758

6,3

Outubro

45.000

2.298

5,1

Novembro

47.000

3.159

6,7

Dezembro

27.000

1.658

6,1

Total

440.000

26.051

5,92

Tabela 1. Perdas no transporte rodoviário de grãos em % ano de 2013.

A tabela 2 demonstra os dados obtidos durante o ano de 2014, quando a empresa optou pela utilização de um sistema de vedação do compartimento da caixa de carga o que impede o vazamento dos grãos durante o transporte rodoviário. Os dados são referentes às quantidades transportadas em toneladas, às perdas no transporte em toneladas e os valores percentuais das perdas no transporte a cada mês, onde temos a quantidade total de toneladas de grãos transportados, o valor total das perdas em toneladas e o valor percentual das perdas durante 2014.

Ano 2014

Quantidade transportada (ton.)

Perdas no transporte rodoviário. (kg.)

Perdas no transporte rodoviário. (%)

Janeiro

21.000

854

4,1

Fevereiro

30.500

948

3,1

Março

40.000

748

1,9

Abril

42.000

802

1,9

Maio

43.500

659

1,5

Junho

44.000

541

1,2

Julho

43.000

512

1,2

Agosto

45.500

523

1,1

Setembro

47.500

421

0,9

Outubro

55.000

235

0,4

Novembro

52.000

189

0,4

Dezembro

31.000

178

0,6

Total

495.000

6.610

1,34

Tabela 2. Perdas no transporte rodoviário de grãos em % ano de 2014.

A tabela 3 resulta no comparativo da variação percentual entre os períodos de 2013 e 2014 das perdas de cargas de grãos no transporte rodoviário. Os dados são referentes aos valores percentuais de cada mês do ano de 2013 antes da utilização do sistema de vedação do compartimento da caixa de carga do caminhão, e os valores de cada mês do ano de 2014 já com a utilização do sistema de vedação do compartimento da caixa de carga do caminhão. Para obter os resultados das variações percentuais, foram utilizados os valores percentuais de cada mês dos anos de 2013 e 2014. Desta forma pode-se notar que as perdas em relação de um ano para outro diminuíram expressivamente com a utilização do sistema de vedação.

Meses

Perdas em % 2013

Perdas em % 2014

Perdas Δ%

Janeiro

7,1

4,1

-42,25

Fevereiro

6,2

3,1

-50

Março

6,5

1,9

-70,77

Abril

7,8

1,9

-75,64

Maio

4,3

1,5

-65,12

Junho

5,3

1,2

-77,36

Julho

5,1

1,2

-76,47

Agosto

5,6

1,1

-80,36

Setembro

6,3

0,9

-85,71

Outubro

5,1

0,4

-92,16

Novembro

6,7

0,4

-94,03

Dezembro

6,1

0,6

-90,16

Tabela 3. Comparativo da Δ% de perdas das cargas de grãos
no transporte rodoviário entre os períodos de 2013 e 2014

5. Discussões

O estudo de caso demonstrou a importância da utilização de meios que venham a contribuir para a redução de grãos durante o transporte rodoviário, durante o ano de 2013 as perdas chegam ao valor de 26.051 toneladas, e com a utilização do sistema de vedação no ano de 2014 as perdas reduzem para 6.610 kg.

A análise quantitativa realizada foi entre os anos de 2013 e 2014, quando justamente a empresa transportadora de grãos optou pele utilização do sistema de vedação do compartimento da caixa de carga do caminhão o que impede o vazamento dos grãos durante o transporte rodoviário.

No estudo a transportadora de grãos, durante o ano de 2013 registrou a movimentação de 440.000 toneladas de grãos, resultando em perdas de 26.051 toneladas, ou seja, perda de 5,92% do volume transportado no período, corroborando com Pontes et al.(2009), Tsiloufas et al.(2011) e Camargo e Ventura (2012), que devido a excelentes resultados nas colheitas as perdas se encontram na movimentação dos grãos nas fazendas, para armazéns e portos de embarques, tendo como maior responsável por essas perdas o transporte rodoviário.

Essas perdas no transporte rodoviário se justificam conforme Paduan (2005), afirma que os investimentos na malha rodoviária são ineficientes e refletem em más condições para o transporte quando comparado a países como Estados Unidos. Contribuindo com Pasqua e Lima (2004) que devido a precariedade das rodovias a perda é observada ao redor dos acostamentos das rodovias.

Em 2014 a empresa optou em investir em equipamentos de vedação no compartimento da carga que venham a contribuir na redução de perdas de grãos, sendo transportada nesse período uma quantidade de 495.000 toneladas de grãos, seguida de uma perda de 6.610 kg., o que representa uma perda de 1,34% do volume transportado no período, corroborando com Carvalho et al. (2012) em que as maiores perdas é devido a não vedação no compartimento da carga.

Essa pesquisa trouxe indícios importantes para que ocorra um planejamento por parte das empresas transportadoras para redução das perdas.

6. Conclusão

Este artigo demonstrou a importância da utilização de equipamentos para redução de grãos no transporte rodoviário, realizando um comparativo entre os períodos de 2013 e 2014, que foi possível constatar uma redução de perdas de grãos de 26.051 toneladas para 6.610 kg., e que outros fatores também devem ser levados em consideração.

Cabe ressaltar que as perdas de grãos não são somente provenientes do  transporte, a exemplo neste estudo o rodoviário, fatores tais como mal acondicionamento da carga, excesso de carga, falta de lona nas carrocerias dos caminhões, falta de manutenção dos caminhões, condições das rodovias e falta de orientações dos funcionários também contribuem para as perdas dos grãos no transporte rodoviário.

Espera-se que esse estudo possa auxiliar os gestores de transporte de grãos no planejamento para a redução das perdas no transporte rodoviário, como limitação foi estudada um canal único de perda por meio de estudo de caso, o que não generaliza.

Pesquisas futuras devem ser realizadas em outros canais de transportes, Survey para apresentar as falhas que ocorrem na locomoção dos grãos durante o transporte rodoviário.                                                                                          

Referências

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Azevedo, L. F., de Oliveira, T. P., Porto, A. G., & da Silva, F. S. (2008). A capacidade estática de armazenamento de grãos no Brasil. XXVIII Encontro Nacional de Engenharia de Produção-ENGEP. A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro-RJ.

Borges, R.G., Araujo, F., Solon, A.S. (2013). Desperdício de soja nas estradas: Análise de perdas de soja nas regiões Sudeste e Centro-Oeste.  XXXIII Encontro Nacional de Engenharia de Produção.

Caixeta, J. F.V.; Gameiro, A. H. (2001); Transporte e logística em sistemas agroindustriais. São Paulo: Atlas.

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1. Universidade Paulista- UNIP- luciocostabile@hotmail.com
2. Universidade Paulista- UNIP
3. Universidade Nove de Julho- UNINOVE



Vol. 37 (Nº 15) Año 2016

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