Espacios. Vol. 37 (Nº 15) Año 2016. Pág. 3

Aglomerados Produtivos e Inovação: O Estado da Arte em uma Revisão Bibliográfica utilizando Análise Estrutural de Redes

Productive clusters and Innovation: the State of the art in a review Bibliography using structural analysis of networks

Eduardo Esteves ZANIN 1; Cleber Carvalho de CASTRO 2

Recibido: 14/02/16 • Aprobado: 12/03/2016


Contenido

1. Introdução

2. O método de seleção de artigos para revisão

3. Inovação

4. Cluster, distrito industrial e arranjo produtivo local

5. Inovação e aglomerados

6. Considerações finais

7. Referências bibliográficas


RESUMO:

Este artigo tem como objetivo realizar uma revisão sobre o que existe de mais atual em estudos sobre inovação em aglomerados produtivos, através de um método misto próprio, com etapas inspiradas na revisão de escopo e sistemática, utilizando-se da análise estrutural de redes para identificar os artigos mais influentes da amostra. Obteve-se uma revisão bibliográfica sobre aglomerados produtivos e outra sobre inovação, buscando-se conectar os temas e os resultados dos estudos. Foram elaborados dois quadros sintéticos com fatores que podem incentivar ou inibir a inovação em aglomerados. Por fim realizou-se uma breve discussão sobre o principal achado da revisão.
Palavras-chave: Aglomerados Produtivos; Inovação; Análise Estrutural de Redes

ABSTRACT:

: This paper aims to conduct a review of what is most current on studies about innovation in business clusters through a mixed method with steps inspired by the scope review and systematic review, utilizing structural analysis of networks to identify the most influential articles in the sample. We obtained a literature review on business clusters and another on innovation, searching for connections between the themes and the results of the studies. Two synthetic frames with factors that may encourage or inhibit innovation in clusters have been prepared. Finally, held a brief discussion of the main findings of the review.
Keywords: Productive Clusters; Innovation; Structural analysis of networks

1. Introdução

O termo "distrito Industrial" foi cunhado por Alfred Marshall no início do século passado, tendo sido inspirado pelo encontro de aglomerados de pequenas firmas produtoras de algodão em Lanchashire e cutelaria em Sheffield (Lazerson, Lorenzoni, 1999). Entretanto, muito tempo se passou sem que existisse grande interesse no estudo aprofundado deste tipo de fenômeno organizacional.

Na década de 1980, motivados pelo sucesso de diversos aglomerados, no que viria a ser chamada de "Terceira Itália", diversos pesquisadores passaram a se debruçar sobre o tema, destacando-se alguns trabalhos iniciais como os de Piore e Sabel, Giacomo Becattini, Storper e Scott e Lorenzoni (Lazerson, Lorenzoni, 1999). A partir deste movimento inicial, os estudos sobre aglomerados produtivos desenvolveram-se rapidamente, sendo possível afirmar que cooperação e redes interorganizacionais, abrangendo os distritos industriais, jamais receberam tanto interesse quanto atualmente (Balestrin et al., 2010).

Os aglomerados produtivos são pauta constante no mundo acadêmico, sendo possível verificar certa evolução no tratamento do tema, partindo-se de um paradigma unicamente econômico e avançando rumo a uma visão mais social, que considera aspectos culturais, relações de parceria, confiança e poder (Silva et al., 2012). A crescente importância das redes de cooperação interorganizacionais deriva especialmente da forte dimensão econômica e social, visto que estas se têm caracterizado como uma importante ferramenta no fortalecimento e desenvolvimento de pequenas e médias empresas (Balestrin et al., 2010).

A grande quantidade de trabalhos na área alavancou a obtenção de políticas e estratégias para maior competitividade, mas também gerou certa fragmentação teórica, o que pode ser observado por meio de estudos sobre distrito industrial cluster, milieu inovateur, arranjo produtivo local, dentre outros. Diversas correntes teóricas analisam os aglomerados produtivos sobre diferentes perspectivas e nem sempre apresentam resultados compatíveis. Este fato, apesar de enriquecer a complexidade teórica, dificulta a iniciação de pesquisadores no tema.

Independentemente da abordagem ou corrente teórica adotada nos estudos sobre aglomerados produtivos, a inovação aparece como uma temática recorrente e de grande importância. Incontáveis pesquisadores dedicam-se ao estudo da inovação, adotando diversas correntes teóricas, que nem sempre dialogam entre si. Existe tanta diversidade no campo teórico, que chega a ser difícil definir uma corrente dominante que estabeleça um conceito de inovação universal e amplamente aceito. Inovação pode definir desde uma pequena mudança em uma tarefa cotidiana organizacional, até uma tecnologia revolucionária que irá mudar radicalmente a vida de grande parte da população mundial. Ao mesmo tempo, pode acontecer dentro de uma pequena empresa familiar, em um país pouco desenvolvido, ou ser implementada por uma organização extremamente poderosa, com dezenas de milhares de funcionários e presente em muitos países.

A ligação entre aglomerados produtivos (e suas diferentes denominações) e atividades inovativas encontra-se vastamente documentada em trabalhos acadêmicos publicados, principalmente, nas últimas décadas. Este tópico de estudos sofre da mesma riqueza e complexidade teórica dos campos isolados e pode ser extremamente desafiador para o neófito possuir uma perspectiva geral dos trabalhos publicados e do que é mais relevante.

Neste sentido, o presente artigo tem como objetivo realizar uma revisão sobre o que existe de mais atual e relevante em estudos sobre inovação em aglomerados produtivos. Apesar da existência de diversas técnicas conhecidas optou-se pelo desenvolvimento de um método misto próprio, sem reivindicar qualquer tipo de pioneirismo. A partir deste objetivo pretendeu-se chegar a compilados teóricos sobre inovação, aglomerados produtivos e quadros sínteses com fatores que influenciam a inovação em um aglomerado e fontes para aprofundamento no tema.

Assim, organizou-se este artigo em seis tópicos, sendo eles: (1) a introdução, com contextualização do trabalho a ser desenvolvido; (2) o método utilizado para se identificar os artigos a serem revisados, com descrição de cada etapa e resultados obtidos; (3) breve revisão bibliográfica sobre inovação; (4) revisão bibliográfica sobre aglomerados produtivos; (5) quadro síntese relacionando inovação e aglomerados; (6) considerações finais. É importante ressaltar que o artigo não possui o formato tradicional, devido à necessidade de apresentar o método de pesquisa bibliométrica sugerido antes do referencial teórico, que consiste no resultado da pesquisa.

Acredita-se que o resultado final deste artigo proporcionará ao leitor uma visão global interessante relacionando os temas abordados, podendo ser utilizado como fonte de referência para aprofundamento em temas mais específicos sobre aglomerados produtivos e inovação. Também se espera que a proposta de método de seleção dos artigos possa ser empregada em outros estudos, de diferentes áreas, tornando-se uma fonte de rápida consulta na operacionalização de uma revisão bibliográfica para neófitos.

2. O método de seleção de artigos para revisão

O método proposto foi desenvolvido a partir da leitura de artigos sobre revisão bibliográfica, especialmente das obras de Arksey e O'Malley (2005), sobre revisão de escopo, e de Conforto et al.(2011), sobre revisão sistemática. Também houve clara inspiração no trabalho de Balestrin et al. (2010), especialmente na adoção da montagem e análise estrutural da rede. O processo completo foi dividido em três grandes etapas, explicadas em sequência.

O objetivo da primeira etapa foi identificar o que foi publicado em períodicos de maior importância nos últimos anos (a partir de 2012), em suma, o estado da arte sobre o tema. Esta etapa foi baseada na proposta de revisão sistemática de Conforto et al. (2011), e consistiu na definição da base de dados para pesquisas, palavras-chave utilizadas e filtragem dos resultados obtidos. Optou-se pela utilização da plataforma de busca científica do Periódicos Capes, pela vasta quantidade de material e disponibilidade.

Definiu-se pela utilização de duas palavras para cada busca a ser realizada, buscando relacionar inovação e aglomerados. A primeira palavra claramente deveria ser "inovação". Visando facilitar a identificação dos artigos da maneira mais geral possível, decidiu-se ignorar as diferenças de tipologia e utilizar os termos mais comuns como sinônimos de aglomerados produtivos, sendo eles: cluster; distrito industrial; e arranjo produtivo local (APL) (Silva et al., 2012). Esta posição foi adotada durante todo o texto desta revisão, visto que não prejudica o objetivo ao ignorar as sutis diferenças entre as terminologias.

Nas buscas iniciais, verificou-se o grande volume de resultados obtidos e a pouca relevância dos mesmos, optando-se por restringir a busca apenas aos "títulos" de "artigos" "revisados por pares" "publicados entre janeiro de 2012 e junho de 2014". Assim, foram realizadas seis buscas consecutivas que deveriam conter os seguintes termos: "innovation-cluster"; "innovation-industrial district"; "inovação-cluster"; "inovação-distrito industrial"; "inovação-arranjo produtivo local"; "inovação-apl"; "inovação-distrito industrial". É importante notar a omissão do termo "APL"nas buscas em inglês, visto que este é um termo exclusivamente brasileiro, assim como destacar que o termo "aglomerado" não produziu resultados em português.

Este procedimento resultou em uma seleção de 55 artigos que sofreram um novo processo de filtragem, no qual foram eliminados duplicidades e analisados títulos e resumos, buscando verificar a adequação da temática tratada. Como o objetivo era obter apenas artigos publicados em periódicos de maior importância, adotou-se o critério de que o periódico de publicação deveria possuir WebQualis B1 ou superior, ou fator de impacto superior a 1, de acordo com o Journal Citation Reports (JCR). Obteve-se uma seleção de 14 artigos tratando sobre inovação e aglomerados produtivos, publicados em períodicos importantes nos últimos 30 meses.

Buscando expandir essa seleção, com foco na importância dos conteúdos a serem analisados, deu-se início a segunda etapa do método de revisão. As referências bibliográficas destes 14 artigos foram catalogadas em uma matriz de incidência quadrática (Limieux, Ouimet, 2008).  Somados os 14 artigos iniciais e suas referências, chegou-se a um total de 748 referências bibliográficas únicas. Destas, 50 estavam presentes ao menos em 2 dos 14 artigos iniciais. Especulou-se a possibilidade de montagem de uma rede completa com a incidência das 748 referências nos 14 artigos inicias, entretanto, seria impraticável representar esta rede de forma gráfica, mantendo a visibilidade. Assim , optou-se por isolar as 50 referências com maior presença e somá-las aos 14 artigos iniciais para montagem da rede, que passaria a ter um total de 64 atores e seria alvo da análise estrutural. A representação gráfica pode ser vista na Figura 1. Utilizou-se o software Ucinet para organização dos dados da rede e obtenção dos indíces de centralidade, e o NetDraw para gerar a representação gráfica (Alejandro, Norman, 2005).

A centralidade foi adotada como medida da influência do ator dentro da rede, sendo que quanto maior o índice de centralidade de saída, mais vezes aparece determinado texto e maior sua influência nos demais (Limieux, Ouimet, 2008). A centralidade de entrada demonstra quantos atores da rede aparecem em cada um dos 14 textos iniciais. Essas medidas permitem verificar quais os textos mais influentes e relevantes dentro do contexto da pesquisa realizada na primeira etapa, e quais textos mais antigos devem ser lidos dentro da revisão, por terem maior relevância.

Figura 1. Rede das referências bibliográficas com maior incidência
Fonte: Elaborado pelo autor

Assim, adotou-se como critério de seleção para leitura o índice de centralidade de saída mínimo de 3, que significa que aquela referência aparece em ao menos 3 dos 14 artigos iniciais. Este critério foi adotado arbitrariamente, buscando limitar a quatidade de textos a serem revisados e podendo ser ampliado ou diminuído de acordo com a disponibilidade e necessidade do executor. A Tabela 1 demonstra a centralidade de entrada dos artigos selecionados na primeira etapa, enquanto a Tabela 2 apresenta as referências que obtiveram o índice mínimo de 3.

Das 12 referências selecionadas para revisão foram excluídos o livro clássico de Marshall (1890), O Manual de Oslo da OECD (2005) e o livro de Yin (2001) por não estarem dentro do objetivo de revisar apenas artigos e no caso do Yin por tratar de metodologia e não do conteúdo proposto. Restaram assim nove artigos de significativa influência em inovação e aglomerados produtivos para serem revisados, junto com os 14 da etapa inicial. Acredita-se que esta amostra de 23 artigos possui grande representatividade do que está sendo produzido no campo, proporcionando ao pesquisador um relevante material para revisão bibliográfica.

A grande diversidade de abordagens pode ser verificada em uma rápida análise das características dos aglomerados estudados pelos artigos: um estudo foi realizado com empresas e aglomerados industriais na Espanha; outro em distritos industriais italianos; em um cluster de software no Brasil; em um arranjo produtivo têxtil no nordeste brasileiro; em um APL de vinhos no sul do Brasil; em um cluster de produção de calçados na Etiópia; em um tradicional cluster de vinho em Portugal; em aglomerados industriais em Taiwan; no cluster criativo de produção musical em Taiwan; nos aglomerados de eletroeletrônicos e tecido da Coréia; no aglomerado turístico de Porto de Galinhas, Brasil; no cluster de mineração de Pádua, Brasil; em APLs de desenvolvimento de produtos de moda no Paraná, Brasil. Essa grande variedade fortalece o objetivo de obter-se uma visão geral do tema abordado.

A análise completa da rede de 748 referências bibliográficas permitiria uma infinidade de investigações, desde a incidência de autores, como parcerias, número de artigos publicados por ano, entre diversos outros. Entretanto, limitando-se ao objetivo deste artigo, cabe ressaltar a grande influência de Porter (1990, 1998) nos estudos sobre inovação e aglomerados, assim, como de Maskell (Bathelt et al., 2004; 2001), que são os mais referenciados na estratificação final.

 

A última etapa do método proposto foi a varredura dos 23 textos obtidos visando identificar, compreender e relacionar os conteúdos ligados à inovação e aglomerados produtivos, que serão organizados nos próximos tópicos deste artigo. Por final, elaborou-se um quadro sintético, relacionando fatores que podem incentivar ou inibir a inovação em aglomerados, sem contudo discutir, já que o objetivo é se traduzir em uma referência rápida para se aprofundar em algum aspecto específico da inovação em aglomerados produtivos.

3. Inovação

Os conceitos de inovação variam entre simples definições, como a adotada por Teece (1986), na qual a empresa inovadora é aquela que primeiro comercializa um produto ou processo no mercado, até complexos construtos e tipologias. Assim, passa-se a apresentação de diversos aspectos encontrados na revisão. Gebreeyesus e Mohnen (2013) definem inovação como um processo no qual a firma domina e implementa o design e a produção de uma mercadoria ou serviço que são novos para ela, independente de serem novos para os competidores, seu país ou mercado mundial. Identificam diversas atividades inovativas que podem ser divididas em: (1) inovação de produto (melhoria de design, aumento da variedade de produtos); (2) inovação de processos (melhoria de qualidade, investimentos em máquinas e equipamentos); (3) inovação organizacional (melhorias nas habilidades dos gerentes e trabalhadores). Afirmam que a proximidade em um cluster não é suficiente para que aprendizado e inovação ocorram, dependendo de diversos outros fatores cognitivos, organizacionais, sociais e institucionais (Gebreeyesus, Mohnen, 2013).

Inhan, Ferreira, Marques e Rebelo (2013) buscam a definição de inovação utilizada pela Organisation for Economic Co-operation and Development (OECD), no Manual de Oslo. A inovação possui quatro diferentes tipos: (1) em produto – com o advento de um novo ou significativamente melhorado produto ou serviço; (2) em processos - envolvendo um processo produtivo ou logístico novo ou significativamente melhorado; (3) em marketing – com melhorias ou novidades no mix de marketing de um produto ou serviço; (4) organizacional – envolvendo melhorias e novos métodos nas práticas ou formatos organizacionais.

Estes tipos de inovação possuem diferentes graus de difusão, podendo ser inéditos apenas para a organização, para o mercado ou para o mundo (Inhan et al., 2013). Os autores citam que encontram diferentes tipos de inovação em sua pesquisa empírica, desde a incremental, que se refere apenas à melhoria de produtos, serviços, processos e sistemas, até a sistêmica, que envolvem interdisciplinaridade entre empresas, instituições de investigação e entidades governamentais. Por último, apresentam uma tipologia sugerida por Gaynor: (1) inovação descontínua – que provocam a descontinuidade da tecnologia empregada anteriormente; (2) inovação arquitetural – que reconfigura o design de um sistema de componentes, constituindo novo produto, processo ou serviço; (3) inovação radical – a novidade muda as características de uma indústria, criando novos valores; (4) inovação destrutiva – que traz uma nova proposta de valor, rebaixando o desempenho dos produtos anteriores (Inhan et al., 2013).

Park, Amano e Moon (2013) trazem em seu estudo os tipos de inovação introduzidos por Chesbrough, afirmando que com a dinâmica do mercado é inevitável que as empresas partam de um modelo de inovação fechada para um modelo de inovação aberta. Inovação fechada é o modelo tradicional adotado pelas empresas, com processos internos de pesquisa, desenvolvimento, produção e comercialização. A inovação aberta defende a utilização de capacidades tecnológicas, recursos humanos e sistemas de outras organizações nos processos inovativos, focando na constituição de redes de firmas e instituições. Os conhecimentos das organizações ficam disponíveis para seus parceiros na rede e, em troca, nenhuma empresa possui a exclusividade na utilização dos resultados da inovação. A inovação aberta busca atingir seus objetivos através da criação e sustentação de valores compartilhados e não isolando indivíduos e comunidades (Park et al., 2012).

Saraceni e de Andrade Júnior (2012) enfatizam que o compartilhamento de conhecimentos é um dos principais pilares do processo inovativo e que as interações que ocorrem dentro de um cluster industrial são reconhecidos como os meios mais efetivos para potencializar o aprendizado. Inovação é definida como um processo de sucesso para introdução de algo novo e útil, como métodos, técnicas, ou práticas em uma cadeia de valor, incluindo marketing, propaganda, vendas, distribuição, assim como produtos e serviços novos ou melhorados. Afirmam que a geração de uma inovação ocorre tanto internamente na empresa, como na interação com outros agentes, sejam eles empresas, instituições, fornecedores ou consumidores. Nestas interações, novo conhecimento é acessado, criado, disseminado e aplicado (Saraceni, de Andrade Júnior, 2012).

Silvestre e Neto (2013) utilizam a definição Schumpeteriana de inovação, que consiste na introdução de uma nova mercadoria, um novo método de produção, uma nova forma organizacional, a abertura de um novo mercado, ou uma nova fonte de insumos brutos ou processados anteriormente. Afirmam que para Schumpeter inovação seria uma recombinação do conhecimento existente que é economicamente mais exequível ou eficiente do que a maneira anterior. Também citam as diretrizes para difusão da inovação propostas pela OECD e afirmam que em conformidade com o objetivo de sua pesquisa, seria considerada inovação uma recombinação de conhecimentos aplicados pelas organizações que gerassem uma novidade dentro do cluster em estudo (Silvestre, Neto, 2013).

Kachba e Hatakeyama (2013) postulam que a inovação de produtos e processos são essenciais para que as empresas conquistem novos mercados, ou mesmo mantenham sua posição em mercados que participe, sendo necessário não apenas a compra ou importação de ideias, mas uma verdadeira transformação inovativa em toda a cadeia, incluindo colaboradores e fornecedores. Os autores citam que ações de inovação aberta praticamente não existem no aglomerado produtivo em que o estudo se desenvolveu, e que as colaborações raramente envolvem atividade de pesquisa e desenvolvimento, focando-se quase que exclusivamente em inovações de marketing e organizacionais (Kachba, Hatakeyama, 2013).

Porter (1990) afirma que existe apenas um fator comum entre empresas que conquistaram posições de liderança internacional: todas atingiram a vantagem competitiva através de iniciativas de inovação. A inovação é considerada em seu sentido mais amplo, abrangendo novas tecnologias e novas maneiras de executar atividades, manifestando-se através de novos desenhos de produto, novos processos de produção, novas estratégias de marketing, ou novidades em treinamentos e tarefas organizacionais.

A grande maioria das inovações são triviais e incrementais, envolvendo ideias bastante comuns e disseminadas, que recebem investimentos em habilidades, conhecimento e ativos físicos, sendo implementadas com mais vigor. Dificilmente surge uma inovação que proporciona um grande avanço tecnológico. A informação e o conhecimento cumprem papel fundamental nos processos de inovação e melhoria, sendo importante buscar novos fluxos em locais pouco usuais. Alcançada a vantagem competitiva através da inovação, esta só pode ser mantida através de um processo implacável de melhorias contínuas, que dificulta a reação de concorrentes (Porter, 1990).

Camison e Villar-Lopez (2012) afirmam que a estrutura organizacional é um elemento essencial para a geração de inovações, e assim sendo, estruturas organizacionais específicas podem promover ou inibir a inovação. Eles destacam que uma estrutura organizacional orgânica favorece a absorção do conhecimento existente em um distrito industrial, permitindo explorar e aproveitar-se de oportunidades para desenvolvimento de produtos e processos novos ou melhorados (Camison, Villar-Lopez, 2012).

Silva et al. (2012) afirmam que a inovação é um benefício e um fator essencial à sustentabilidade dos arranjos produtivos locais, estando diretamente relacionada aos seus estágios mais elevados de desenvolvimento. Em uma perspectiva mais social, considera-se que os atores do arranjo são responsáveis pela sua sustentabilidade e que a inovação é um fenômeno coletivo, cujos resultados devem beneficiar todos que integram o meio inovador. Referem-se a Britto, afirmando que os aglomerados tem proporcionado aumento nas taxas de inovação, favorecendo a flexibilidade e eficiência, através de acesso a recursos com baixo custo e alta especialização.

A inovação em aglomerados acontece através da interação entre indústrias, governo e academia, dentro do modelo chamado de hélice tripla, desenvolvido por Dzisah e Etzkowitz. Por último, apresentam um modelo desenvolvido por Julien que define quatro variáveis para o sucesso da inovação: (1) a capacidade de aproveitar as vantagens estratégicas provenientes do mercado; (2) a capacidade de absorver informações provenientes da rede e do entorno; (3) a flexibilidade e a capacidade de aprendizado; (4) os laços mantidos com elementos externos, como centros de pesquisa e consultorias (Silva et al., 2012).

Farias (2013) apresenta várias considerações empíricas em seu estudo sobre inovação em um Arranjo Produtivo Local (APL) vitivinícola. Ele observou que todas as empresas pesquisadas afirmam inovar em produto e processo, mas que essas inovações são exclusivamente incrementais, usualmente reproduzindo melhorias realizadas por outras empresas. As empresas do APL não investem em pesquisa e desenvolvimento, todas compram máquinas e equipamentos de terceiros. As atividades de pesquisa e desenvolvimento na região restringem-se as instituições de pesquisa, que cooperam com as empresas regularmente. As atividades inovativas cooperativas restringem-se aos esforços conjuntos de vendas, especialmente através de associações de suporte a exportação (Farias, 2013). Assim, encerra-se a revisão sobre inovação, que apesar de longe de esgotar a temática, traz importantes pontos a serem observados em pesquisas futuras, dando-se início a abordagem sobre aglomerados produtivos.

4. Cluster, distrito industrial e arranjo produtivo local

A literatura estudada sugere diversas abordagens para os aglomerados produtivos, incluindo cluster, distrito industrial e arranjo produtivo local. A teoria Marshalliana é, em geral, o ponto de partida para estes estudos (Oliveira, Damiani, e Fischer, 2014). Ao observar distritos industriais ingleses, Marshall identificou que a concentração de empresas em uma localização geográfica proporcionava a todos os produtores vantagens competitivas sobre os que operavam isoladamente (Oliveira et al., 2014). Estas vantagens foram chamadas de externalidades econômicas, sendo constituídas basicamente de concentração de mão de obra especializada, relações verticais entre as empresas e transbordamentos de conhecimento e tecnologia (Oliveira et al., 2014).

Para Marshall estas externalidades estariam disponíveis para todos os participantes do cluster, como se estivessem no ar, e não seria necessário nenhum investimento ou esforço deliberado para aproveitar-se delas (Camison, Villar-Lopez, 2012; Silvestre, Neto, 2013). A concentração de empresas se daria principalmente por condições físicas como disponibilidade e qualidade de recursos naturais, proximidade de matérias primas e insumos produtivos e fácil acesso a meios de transporte. A localização comum permitiria avanços em especialização do trabalho e nas práticas administrativas, acabando por atrair novas empresas e mão de obra qualificada (Oliveira et al., 2014; Inhan et al., 2013; Lai et al., 2013).

Oliveira et al. (2014) citam como o tratamento do tema evoluiu em diversas correntes: (1) A nova geografia econômica (inspirada em Krugman) dá ênfase na importância das externalidades Marshallianas, acrescentando o conceito de forças centrípetas e centrífugas, que atraem ou repelem novos negócios para o aglomerado; (2) A abordagem econômica dos negócios (cuja referência é Porter) estabelece que a competição e a cooperação são os pontos focais para aumentar a competitividade das nações, especialmente considerando-se a dominância de aglomerados regionais especializados de grande sucesso; (3) A economia da inovação (inspirada em Lastres e Cassiolato) foca na formação de sistemas de inovação, desenvolvimento tecnológico e nos contextos de conhecimento e inovação serem influenciados por aspectos sociais, econômicos e institucionais; (4) A eficiência coletiva (cuja base é Schmitz) defende que a combinação das externalidades e da ação deliberada conjunta produzem vantagens competitivas chamadas de eficiência coletiva, seja horizontalmente ou verticalmente.

Um cluster é definido como uma concentração geográfica de empresas e instituições interconectadas em uma área específica, incluindo relações verticais (fornecedor e comprador) e horizontais (compartilhamento de informações, tecnologias) (McEvily, Zaheer, 1999; Porter, 1998). O cluster promove tanto a competição como a cooperação (Lai et al., 2013; Silva et al., 2012), sendo mais comum a cooperação em relacionamentos verticais (Porter, 1998). A proximidade geográfica entre as empresas e instituições, assim como o caráter não eventual dos relacionamentos, favorece a coordenação das atividades e a geração de confiança (Lai et al., 2013; Porter, 1998). Para Porter, um cluster permite as empresas que operam dentro dele: (1) melhor acesso a mão de obra especializada e fornecedores (Lai et al., 2013); (2) acesso a informações especializadas de mercado, técnicas e competitivas, sendo favorecido pelos relacionamentos pessoais e pela confiança (Lai et al., 2013; Maskell, 2001); (3) acesso a recursos complementares de outros participantes do cluster (Inhan et al., 2013; Porter, 1998; Silva et al., 2012); (4) acesso a instituições de suporte e benefícios criados para todo o aglomerado, como infraestrutura.

Para Inhan et al. (2013), o cluster é uma localização geográfica com performance econômica diferenciada e determinada por um ambiente institucional onde ocorrem operações produtivas. A presença de instituições de pesquisa e educação no cluster beneficiam as empresas porque geram e facilitam a circulação de conhecimento, favorecendo as ações coletivas (Inhan et al., 2013). Capasso e Morrison (2013) afirmam que os distritos industriais são reconhecidos como o local da inovação, tanto em economias avançadas como emergentes. O modelo de sucesso dos distritos industriais é composto por uma estrutura organizacional baseada em rede, com grande especialização flexível, e cooperações verticais e horizontais. A especialização favorece o desenvolvimento de competências individuais (Silva et al., 2012) que compartilhadas em relacionamentos de longo prazo, e aliadas a flexibilidade das pequenas empresas, permitem respostas extremamente rápidas às oportunidades do mercado (Capasso, Morrison, 2013).

Os aglomerados industriais também podem ser definidos como uma concentração geográfica de firmas que geram eficiência coletiva, uma vantagem competitiva proveniente das externalidades econômicas e da ação conjunta, sendo considerados essenciais para geração e difusão de conhecimentos, especialmente para pequenas firmas em países em desenvolvimento (Gebreeyesus, Mohnen, 2013). O cluster industrial é uma forma organizacional que busca o desenvolvimento regional, proporcionando as empresas menores investimentos e facilidades para aquisição de mão de obra profissional, conhecimento, acesso a fornecedores, transbordamentos de técnicas e conhecimento e aumento da competitividade geral (Lai et al., 2013).

Lazerson e Lorenzoni (1999) definem distrito industrial, a partir do trabalho de Giacomo Becattini, como sendo uma área espacial e culturalmente identificável, onde empregadores e empregados vivem e trabalham. O distrito industrial seria composto por diversas pequenas empresas dedicadas a um único segmento industrial, organizadas em uma comunidade de fácil identificação em termos de geografia, história e cultura.

A homogeneidade cultural criaria uma atmosfera de cooperação e confiança, onde as ações econômicas seriam governadas por diversas regras implícitas e explícitas, criadas tanto por convenções sociais como por organizações públicas e privadas (Lazerson, Lorenzoni, 1999). Silva et al. (2011) demonstram certa proximidade com Lazerson e Lorenzoni (1999) e caracterizam APL pela concentração de empresas e pela localização em um espaço geográfico delimitado, mas acrescentam outros fatores, como fortes semelhanças culturais e sociais, diversidade de atores políticos e sociais, existência de governança própria, e o enraizamento social dos atores influenciando as articulações.

O conceito de enraizamento, embeddedness ou imersão social (Silva et al., 2012) foi desenvolvido por Granovetter (1985) contrapondo a perspectiva onde todos os negócios são definidos puramente por motivos econômicos. Para Granovetter, toda ação econômica encontra-se imersa em uma rede de relacionamentos sociais, e a confiança surge dos relacionamentos pessoais e não de um senso geral de moralidade. Trazendo para a perspectiva de um aglomerado, o conjunto de relacionamentos dos atores, a estrutura da rede social e as normas sociais podem ser mais importantes no momento de decidir uma negociação do que os aspectos econômicos.

A partir do entendimento da influência do ambiente social, é interessante abordar os tipos de elos que podem existir em um cluster e suas principais implicações. Quando existe grande imersão social em um distrito industrial, os relacionamentos entre os atores costumam ser caracterizados como elos fortes, em uma estrutura de rede fechada. Eklinder-Frick, Eriksson, e Hallen (2012) citam as alegações de Coleman afirmando que este tipo de elo e estrutura de rede favorecem o surgimento de normas sociais efetivas e a aplicação de sanções, fortalecendo a confiança. A maior confiança estimula a cooperação e troca de informações, o que tende melhorar a capacidade inovativa (Gebreeyesus, Mohnen, 2013). Porém, diversos estudos apontam que o excesso de imersão social pode ameaçar a competitividade de um cluster, sendo uma grande ameaça ao fluxo de novas informações, oportunidades e a inovação (Capaldo, 2007).

Em uma perspectiva diferente, Granovetter (1973) desenvolve o conceito de laço fraco, afirmando que estas ligações menos frequentes e mais distantes são muito mais importantes na obtenção de informação relevante e identificação de oportunidades. Os laços fracos seriam a principal fonte de inovação de uma organização dentro de um aglomerado, visto que fogem do conhecimento comum aos outros participantes do arranjo. Burt (1992) postula pela maximização da eficiência da rede, onde os laços fortes e redundantes devem ser preteridos, buscando-se sempre laços fracos e posições onde seja possível ocupar buracos estruturais, que trazem novas oportunidades e informações, além de oportunidades de corretagem.

McEvily e Zaheer (1999) desenvolvem o conceito de bridging ties como elos que ligam uma firma a contatos econômicos, profissionais e sociais que estão fora do acesso de outros membros de sua rede. Estes elos proporcionam um fluxo de novas ideias e informações que podem beneficiar toda a rede (Burt, 1992; Granovetter, 1973). Bathelt et al. (2004) reforçam a importância do conhecimento que circula dentro de um distrito industrial (local buzz) mas propõe a necessidade fundamental de conexões globais (global pipelines) para trazer novos fluxos informacionais, semelhantes aos bridging ties.

Buscando relacionar os estudos empíricos revisados a estas correntes teóricas, serão feitas considerações sobre casos em que podem ser constatadas. De maneira geral, a maioria dos estudos empíricos destaca a importância tanto dos laços fortes como dos laços fracos e das conexões externas do aglomerado (bridging ties e global pipelines). Ao estudar o APL vitivinícola da Serra Gaúcha, Farias (2013) constatou que a existência de cooperação vertical e horizontal é bastante comum favorecendo a imersão social.

Entretanto, como uma tendência recente, tem-se observado o crescente interesse na obtenção de informações externas ao APL, com participações em feiras e concursos enológicos internacionais, laços fracos e conexões globais. Park et al. (2012) estudaram aglomerados industriais na Coréia, e verificou que o governo do país forneceu forte incentivo para atrair indústrias internacionais e que a transferência de tecnologia foi utilizada como uma maneira de se atualizar tecnologicamente com outros países mais avançados em produtos eletroeletrônicos. Com o conhecimento obtido, consolidaram sua rede interna e passaram a desenvolver inovações, inclusive interagindo com outros distritos industriais mais tradicionais no país. Atualmente a produção foca o mercado internacional. Verifica-se a existência de uma estratégia de rede bastante aberta, que foi utilizada para fortalecer os laços locais e mantém ainda muitas conexões globais.

O estudo do cluster musical de Taipei (Lin, 2013) também reforça a mesma tendência. Destaca-se a importância das ligações fortes estabelecidas dentro do cluster, mas ressalta-se que sem as conexões globais que trazem conhecimento de alta qualidade, externo ao aglomerado, dificilmente ele obteria o mesmo sucesso. Esta posição parece bastante coerente com o restante dos resultados empíricos, entretanto, existem outros tipos de aglomerados que demandam menos tecnologia, onde uma rede dupla ou conexões externas são menos importantes.

Gebreeyesus e Mohnen (2013) estudaram um cluster de fabricação de calçados na Etiópia. O cluster enfrentou uma forte crise com a concorrência de calçados chineses, entretanto, conseguiu se recuperar através de processos contínuos de inovação e aprendizado, especialmente copiando designs importados. O aglomerado não possuía nenhuma conexão significativa com mercados internacionais e sua produção era quase que exclusivamente destinada ao mercado local, não atingindo significativamente nem mesmo outras regiões do país. Sua dinâmica vai contra a afirmação que o excesso de imersão social diminui a competitividade, mesmo reconhecendo a importância que a concorrência dos importados teve na inovação e melhoria da qualidade.

Silvestre e Neto (2013) analisaram um cluster de mineração no Brasil, que definiram como um cluster da base da pirâmide, localizado em países ou regiões de menor desenvolvimento econômico. Afirma-se que nestes aglomerados existem barreiras maiores a difusão tecnológica, que consistem em visão empresarial de curto prazo, alto nível de informalidade, e altas pressões financeiras. Os autores defendem que este tipo de cluster, quando localizados em economias emergentes, com recursos disponíveis e mercados consumidores significativos, dispensam qualquer tipo de conexão global. Pode-se afirmar que a configuração das ligações com prevalência de laços fracos ou fortes, em redes fechadas ou abertas é bastante situacional e deve considerar as características de cada aglomerado.

Aglomerados de conteúdo tecnológico mais baixo parecem ter menor potencial para desenvolvimento regional. Entretanto, conforme demonstrado por Braga, Lima e Gatto (2013) em seu estudo sobre o aglomerado turístico de Porto de Galinhas, mesmo um pequeno aglomerado turístico pode proporcionar melhorais significativas nas oportunidades de emprego, nível de educação, na infraestrutura local e na qualidade de vida dos habitantes da região (Braga et al., 2013).

Buscando entender melhor as características distintas de cada aglomerado produtivo, Markusen (1996) afirma que a ideia mais comum quando se aborda distritos industriais é a de um aglomerado localizado composto de diversas pequenas firmas, consonante com o distrito Marshalliano. Entretanto, ela se opõe a este estereótipo, afirmando que eles são uma minoria, e propõe uma tipologia mais abrangente: (1) distritos industriais – aglomerado composto essencialmente por pequenas empresas da própria região; (2) distrito industrial italiano – alta mobilidade de mão de obra entre as empresas e alto nível de colaboração; (3) distrito centro-radial – aglomerado dominado por uma ou várias empresas de grande porte integradas verticalmente e rodeado por fornecedores de menor porte; (4) distrito plataforma satélite – aglomerado dominado por grandes empresas, com propriedade e sede fora do local; (5) distritos industriais ancorados pelo governo – aglomerado dominado por uma ou várias instituições governamentais de grande porte (Markusen, 1996; Park et al., 2012).

Maskell (2001) introduz o conceito de dimensões do cluster: (1) a dimensão horizontal seria composta por rivais e competidores, importantes nos processos de aprendizado, através da observação, discussão e comparação nesta dimensão das empresas que se engajam em processo de melhoria contínua; (2) a dimensão horizontal é composta por parceiros de negócios, clientes e colaboradores em geral, envolvidos diretamente nos processos colaborativos e de entrada e saída de insumos. Apesar de ser possível elaborar diversas críticas a esta abordagem, visto que existem inúmeros casos de cooperação na dimensão horizontal, ela parece ser fortemente corroborada pelos resultados empíricos de diversos dos artigos revisados. A cooperação na dimensão horizontal é enxergada com muita desconfiança pelos empresários, ocorrendo de maneira pontual e mais usualmente em atividades relacionadas a inovações organizacionais, de marketing e acesso a novos mercados. Já a cooperação na dimensão vertical é bem mais comum, ocorrendo mesmo nas atividades mais críticas, como P&D e processos produtivos (Farias, 2013; Inhan et al., 2013; Kachba, Hatakeyama, 2013; Silva et al., 2012; Silvestre, Neto, 2013).

Audretsch e Feldman (1996) realizaram um estudo em empresas americanas e chegaram a conclusão de que empresas que possuem maior dependência de transbordamentos de conhecimento, mais intensivas em P&D, tendem a se concentrar mais do que outras. A abordagem canônica de distritos industriais acredita que este conhecimento está disponível para todos, de forma fácil e sem custos, e que todos que participam do distrito usufruem de seus benefícios (Camison, Villar-Lopez, 2012).

Entretanto, as evidências empíricas apontam para uma perspectiva diferente, em que existe grande heterogeneidade entre as empresas dentro de um distrito industrial, o conhecimento não está acessível a todos da mesma maneira, justificando grandes diferenças de performance em um mesmo aglomerado. Camison e Villar-Lopez (2012) propõe um framework teórico onde a relação entre o conhecimento disponível no distrito industrial e a performance da empresa é mediada pela estrutura organizacional e pela capacidade tecnológica e de absorção da mesma. Afirmam ainda que a adoção de uma estrutura orgânica, por sua flexibilidade, é a melhor forma organizacional de maximizar os resultados obtidos em um aglomerado produtivo. Embora outros aspectos interessantes, sobre aglomerados produtivos, possam ser encontrados na amostra definida para revisão, acredita-se que os de maior relevância foram tratados neste compilado, passando-se aos quadros sintéticos relacionando inovação e aglomerados. 

5. Inovação e aglomerados

Neste capítulo serão apresentados dois quadros sintéticos relacionando fatores que podem incentivar ou inibir a inovação em um aglomerado. É importante ressaltar que apesar de indicar os artigos que podem corroborar a informação apresentada, não se trata de uma citação e sim da interpretação do autor sobre o tópico. Estes quadros têm como objetivo fornecer uma série de rápidas considerações sobre inovação e aglomerados produtivos, permitindo que o leitor possa aprofundar no assunto com a leitura dos originais.

Tabela 3
Fatores que incentivam a inovação

Fatores que incentivam a inovação

- Organizações em rede, com maior flexibilidade de especialização, inovam mais e disfrutam de mais benefícios em distritos industriais (Camison, Villar-Lopez, 2012; Capasso, Morrison, 2013; Silva, et al., 2012)

- A existência de espaços de interação, que possibilitem o encontro face a face dos empresários, permite a socialização de ideias e favorecem a cooperação e complementaridade de recursos necessários para inovar (Porter, 1998; Silva, et al., 2012)

- A interação entre a indústria, o governo e a academia, conforme o modelo da tríplice hélice, incentiva a inovação (Kachba, Hatakeyama, 2013; Park, et al., 2012; Porter, 1990; Silva, et al., 2012; Silvestre, Neto, 2013).

- Terceirizar atividades não essenciais permite aplicar maior capital nas atividades principais, aumentando a lucratividade e permitindo maiores investimentos em inovação (Capasso, Morrison, 2013; Lazerson, Lorenzoni, 1999).

- Empresas com estruturas orgânicas possuem maior flexibilidade e facilidade para aproveitar oportunidades existentes em distritos industriais (Camison, Villar-Lopez, 2012).

- Em aglomerados da base da pirâmide, as organizações de suporte lideram o processo de desenvolvimento tecnológico, visto que as empresas não possuem os recursos necessários (Silvestre, Neto, 2013).

- Empresas que participam de mercados altamente competitivos, ou com poucos recursos e mão de obra escassa, ou ainda que comercializem produtos diferenciados são as mais inovadoras (Bathelt, et al., 2004; Capasso, Morrison, 2013; Porter, 1990, 1998)

- A imersão social (embeddedness) na rede de um cluster com elos fortes em redes densas facilitam as sanções contra o oportunismo e aumentam o nível de confiança, incentivando a inovação (Gebreeyesus, Mohnen, 2013; M. Granovetter, 1985)

- Ambientes de aprendizado dentro da empresa favorecem a absorção de spillovers de conhecimento e consequentemente a inovação (Camison, Villar-Lopez, 2012).

- Firmas dentro de distritos industriais ou próximas de importantes fontes de conhecimento inovam com mais velocidade do que as outras (Camison, Villar-Lopez, 2012).

- A capacidade de absorver conhecimento potencializa os efeitos do distrito industrial e favorece a inovação (Camison, Villar-Lopez, 2012; Gebreeyesus, Mohnen, 2013).

- Altos níveis de confiança entre as organizações do cluster favorecem a troca de informações confidenciais, diminuem o risco de oportunismo, favorecendo a inovação (Gebreeyesus, Mohnen, 2013; Silvestre, Neto, 2013).

- Configurações sociais e institucionais, comunicação entre as firmas e processos interativos de aprendizado local são essenciais nos processos de inovação em um cluster (Bathelt, et al., 2004).

- O cluster industrial permite as empresas ter acesso mais fácil a recursos, diminuindo custos e aumentando a performance inovativa (Lai, et al., 2013; Porter, 1998)

- Fluxos de informação oriundos de fora da rede do APL/cluster favorecem a inovação (Bathelt, et al., 2004; Farias, 2013; Gebreeyesus, Mohnen, 2013).

- Esforços para copiar ou igualar produtos importados pelo cluster favorecem a inovação (Gebreeyesus, Mohnen, 2013)

- Normas governamentais regulando questões ambientais obrigam as empresas do cluster a inovar para se adequarem (Porter, 1990; Silvestre, Neto, 2013).

- Parcerias e cooperação favorecem a disseminação de informação e facilitam a inovação em aglomerados (Saraceni, de Andrade Júnior, 2012; Silva, et al., 2012)

- Estruturas menos hierárquicas favorecem a circulação do conhecimento e proporcionam forte incentivo individual para inovar (Capasso, Morrison, 2013).

- A proximidade geográfica das empresas em um distrito industrial pode facilitar a inovação (Camison, Villar-Lopez, 2012).

- Instituições de P&D trabalhando de forma cooperativa com empresas do cluster favorecem a inovação (Inhan, et al., 2013; Kachba, Hatakeyama, 2013).

- A gestão do conhecimento nas empresas de um cluster industrial aumenta a performance inovativa da empresa (Lai, et al., 2013; Silvestre, Neto, 2013).

- Um cluster industrial atrai novos talentos industriais que trazem conhecimentos diversos e informações para serem compartilhados, favorecendo a inovação (Lai, et al., 2013).

- O estabelecimento de uma forte rede local no cluster e uma rede global para trazer novos fluxos de informação favorece a competitividade e a inovação (Lai, et al., 2013; Lin, 2013).

- Um mercado consumidor altamente sofisticado proporciona informações de altíssima qualidade, influenciando positivamente a competitividade e inovação do cluster (Lin, 2013; Porter, 1990, 1998).

- Aglomerados abertos empregam processos de transferência de tecnologia de firmas externas, permitindo rápido avanço da capacidade tecnológica e aumento da inovação (Park, et al., 2012)

- A infraestrutura local e o ambiente de negócios devem ser otimizados pelo governo, buscando condições que favoreçam a inovação (Porter, 1990).

- A intensa pressão competitiva de produtos importados favorece a inovação dentro de um cluster (Gebreeyesus, Mohnen, 2013).

- Conexões globais, envolvendo cooperação com empresas inseridas em outro ambiente cultural e social, são essenciais para o sucesso de um cluster, especialmente dos que trabalham com tecnologias de ponta, porque trazem informações importantes para a inovação (Bathelt, et al., 2004).

- A presença de organizações de suporte que trabalham na coordenação de ações conjuntas, resolução de conflitos, disseminação de conhecimento e promovem a colaboração favorece a inovação (McEvily, Zaheer, 1999; Silvestre, Neto, 2013).

- Pequenas empresas possuem maior facilidade de inovar em mercados de menor concentração e maiores oportunidades tecnológicas (Capasso, Morrison, 2013).

- A interação entre aglomerados com competências diversas pode gerar resultados únicos e difíceis de serem imitados, favorecendo a inovação(Park, et al., 2012; Porter, 1990).

- Laços fracos trazem novas informações para a rede e favorecem o processo de inovação (Silva, et al., 2012).

 

O quadro com fatores que incentivam a inovação, Tabela 3, permite verificar a diversidade de abordagens e resultados obtidos sobre a temática. É interessante notar a existência de resultados conflitantes, indicando a necessidade de estudos específicos sobre cada aglomerado, respeitando suas características individuais. Assim, passa-se a apresentação do quadro sobre fatores que inibem a inovação, Tabela 4.

Tabela 4
Fatores que inibem a inovação

Fatores que inibem a inovação

- Culturas muito homogêneas em distritos industriais podem suprimir a inovação (Camison, Villar-Lopez, 2012).

- Políticas governamentais que criam condições artificiais de competição inibem a inovação e o desempenho do cluster em longo prazo (Lin, 2013; Porter, 1990, 1998)

- Redes organizacionais com muitos relacionamentos redundantes (laços fortes, embeddedness /imersão social, redes densas) limitam o acesso a conhecimento novo e novos parceiros comerciais, podendo influenciar negativamente a inovação.  (Camison, Villar-Lopez, 2012; Conforto, et al., 2011; Gebreeyesus, Mohnen, 2013; M. Granovetter, 1985; Lazerson, Lorenzoni, 1999; Porter, 1990, 1998; Silva, et al., 2012)

- Empreendedores em um cluster da base da pirâmide sofrem mais com três barreiras para a difusão de tecnologia: visão focada no curto prazo; alto nível de informalidade; altas pressões financeiras. Estas pressões inibem a inovação. (Silvestre, Neto, 2013)

- Terceirizar atividades estratégicas da empresa como P&D e desenvolvimento de produtos pode diminuir a capacidade de absorver conhecimento e inibir a inovação (Capasso, Morrison, 2013)

- Rígidos controles de qualidade que visam manter a tradição no processo produtivo, normas de institutos reguladores e alto grau de rigidez na legislação podem inibir a inovação (Inhan, et al., 2013; Porter, 1998)

- Empresários que adotaram uma tecnologia podem se recusar a compartilhar informações com o cluster, por entender que este processo destrói sua vantagem competitiva, inibindo a inovação (Silvestre, Neto, 2013)

Contextos institucionais muito diferentes pode dificultar a comunicação com empresas fora do aglomerado, impactando negativamente na capacidade de inovar (Bathelt, et al., 2004).

- Compartilhar o conhecimento da firma com uma organização de suporte pode ser visto como uma ameaça, visto que esta pode repassar as informações para concorrentes, diminuindo a cooperação e a inovação (McEvily, Zaheer, 1999)

- Excesso de poder de algum ator e incentivos desproporcionais podem aumentar o comportamento oportunista, arruinando a cooperação e dificultando a inovação (Silvestre, Neto, 2013)

- O excesso de elos em uma rede pode limitar a capacidade de inovar (Gebreeyesus, Mohnen, 2013)

- Organizações com alto grau de integração vertical tendem a inovar menos (Capasso, Morrison, 2013).

- Falta de coesão empresarial no sentido horizontal e de liderança nas associações do cluster dificultam a cooperação e consequentemente a inovação (Inhan, et al., 2013).

- Mercados estáticos, com grande oferta de matéria prima, mão de obra abundante e barata são inibidores da inovação (Porter, 1990).

Dentre os fatores que inibem a inovação, verifica-se que a diversidade encontrada foi significativamente menor. Este fato pode indicar que os estudos focam mais nos aspectos positivos da inovação em aglomerados do que nos problemas encontrados. Também é possível observar fatores que conflitam com o quadro anterior, indicando pontos de necessidade de estudos mais profundos.

6. Considerações finais

Considerando-se o objetivo inicial, acredita-se que o método de revisão bibliográfica utilizando análise estrutural de redes proporcionou um bom resultado em termos de diversidade teórica e abordagens para estudos envolvendo aglomerados produtivos e inovação. Diversos importantes conceitos e tipologias foram identificados durante a revisão dos conteúdos, assim como puderam ser relacionados aos estudos empíricos. A análise estrutural de rede permitiu identificar importantes artigos na área, expandindo a qualidade dos conteúdos revisados e apresentando novas perspectivas.

Destaca-se como principal achado desta revisão a divergência entre a configuração ideal da rede do aglomerado, com alguns autores destacando a importância de uma rede mais aberta e outros postulando pela prevalência de uma rede mais coesa. Entretanto, emergiu como opção uma configuração de rede com equilíbrio entre laços fortes e fracos, mantendo a coesão dos laços internos e respeitando a necessidade de conexões externas, bastante comum em distritos industriais que necessitam de maior inovação tecnológica. Neste sentido, Eklinder-Frick et al. (2012) estudaram os efeitos de laços fracos e fortes no capital social de uma rede estratégica local na Suécia, afirmando que ambos trazem efeitos positivos e negativos. Os autores concluem afirmando que o equilíbrio entre as duas formas é importante estrategicamente para um aglomerado (Eklinder-Frick et al., 2012).

Capaldo (2007) também apresenta um interessante estudo sobre redes de alianças estratégicas na Itália, analisando o impacto da configuração da rede no desempenho inovativo. Ele afirma que seu estudo comprova a força dos laços fracos de Granovetter (1973), mas que quando a firma desenvolve a capacidade de desenvolver uma rede dupla, contendo laços fortes e fracos na mesma estrutura, as forças dos relacionamentos fracos compensam os problemas dos laços fortes (Capaldo, 2007). Esta temática apresenta-se como uma excelente oportunidade para novos estudos, especialmente em aglomerados de alto conteúdo tecnológico localizados em países menos desenvolvidos, que apresentam características singulares que merecem serem estudadas com maior profundidade.

Como todo método de revisão bibliográfica, existem limitações evidentes. Para o desenvolvimento deste artigo foram definidos cortes relativamente pequenos, que resultaram na revisão de 23 obras inicialmente. Apesar da diversidade, alguns aspectos teóricos importantes não foram tratados durante a revisão. Acredita-se que a ampliação da amostra, com a seleção de 25 ou 30 artigos na etapa inicial, e a revisão de outros 30 ou 40 a partir da importância na rede pode diminuir significativamente omissões de relevância, contribuindo para a eficiência do método. Sugere-se a aplicação do método em novas revisões bibliográficas, com temas diferentes, e mesmo a proposta de adequações que permitam aumentar sua eficiência em novos trabalhos.

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1. Consultor empresarial e mestrando em Administração pela Universidade Federal de Lavras (eduardo@zanim.org)
2. Professor da Universidade Federal de Lavras e Doutor pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul



Vol. 37 (Nº 15) Año 2016

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