Espacios. Vol. 37 (Nº 21) Año 2016. Pág. 18

Industrialização e desenvolvimento No Médio Vale do Paraíba Fluminense na década de 2000

Industrialization and development in the No Médio Vale do Paraíba Fluminense at 2000s.

Deyvison Roberto NASCIMENTO 1; Edson Trajano VIEIRA 2

Recibido: 19/03/16 • Aprobado: 23/04/2016


Conteúdo

1. Introdução

2. Método

3. Considerações finais

Referências


RESUMO:

A industrialização, com seu efeito multiplicador, tem grande importância para o desenvolvimento econômico de um país, ou até mesmo de uma região, contribuindo para a geração de empregos e renda inclusive para outros setores de atividade. O desenvolvimento, além das questões econômicas, passa por outras dimensões de qualidade de vida da população, tais como educação, saúde, assistência social e pobreza. Nos municípios de Barra Mansa, Porto Real, Resende e Volta Redonda, a industrialização ocorreu de forma acelerada na década de 2000, tendo seus reflexos identificados nos indicadores de qualidade de vida e na geração de emprego e renda. O objetivo desta dissertação é analisar os resultados desses indicadores econômicos e sociais da região, buscando entender o impacto do crescimento da industrialização no processo de desenvolvimento nesses municípios na década de 2000. O método utilizado foi a abordagem qualitativa, que teve informações coletadas por meio de pesquisa documental e de análise bibliográfica. Os resultados da dissertação apontam que a industrialização contribuiu para o crescimento econômico da região e, com isso, para a geração de emprego e renda; no entanto, os indicadores sociais, como os de educação e saúde, não avançaram no mesmo ritmo.
Palavras-Chave: Planejamento e Desenvolvimento Regional. Crescimento Econômico e Desenvolvimento.

ABSTRACT:

Industrialization, with its multiplier effect, has great importance for the economic development of a country, or even a region, contributing to job creation and income including other sectors. The development, in addition to economic issues, involves other dimensions of quality of life of the population as education, health, social welfare, poverty, etc. In the municipalities of Barra Mansa, Porto Real, Resende and Volta Redonda industrialization occurred rapidly in the 2000s, with their reflections were identified in quality of life indicators and the generation of employment and income. The objective of this dissertation is to analyze the results of economic and social indicators in the region seeking to understand the impact of industrialization of growth in the development process in these municipalities in the 2000s The method used is qualitative approach and has information collected through desk research and bibliographic analysis. The results of the dissertation indicate that industrialization has contributed to economic growth in the region and thus the generation of jobs and income, however social indicators such as education and health have not advanced at the same pace.
Keywords: Planning and Regional Development. Economic and Development.

1. Introdução

A Região do Médio Paraíba Fluminense é composta por nove municípios, sendo eles Barra Mansa, Itatiaia, Pinheiral, Piraí, Porto Real, Quatis, Resende, Rio Claro e Volta Redonda. Juntos, esses municípios contam 680.011 habitantes, segundo o Censo do IBGE de 2010, e compõem uma das microrregiões mais ricas do estado do Rio de Janeiro, sendo seu eixo mais industrializado.

O foco de estudos deste trabalho serão os quatro municípios mais industrializados dessa área: Barra Mansa, Porto Real, Resende, e Volta Redonda. Desde meados da década de 1990, a região passa por um processo de acelerada industrialização com a chegada de indústrias montadoras automobilísticas.

Para Vieira (2009), a busca pelo desenvolvimento econômico sempre esteve associada à industrialização. Aqueles países que fizeram a primeira ou a segunda revolução industrial são considerados desenvolvidos, e somente no século XX o Brasil conseguiu êxito nessa tarefa, reiterando que o processo de industrialização, desencadeado de forma isolada, pode não culminar em desenvolvimento.

Furtado (2007) defende o conceito do Estado como principal indutor do desenvolvimento utilizando mecanismos de incentivo para promover a industrialização, aproveitando seu fator concentrador para gerar mais emprego e renda na região, não somente para os trabalhadores envolvidos no processo fabril, mas em toda a escala de produtos e serviços necessários para o desenvolvimento.  Defende ainda o desenvolvimento do Nordeste, majoritariamente agrário, buscando minimizar o problema econômico existente entre esta região e o sul, mais industrializado e próspero.

Diniz (2009) afirma que o processo de industrialização ocorreu, principalmente, no período Pós-Guerra, de acordo com o sucesso da expansão econômica dos países nesse período. O desenvolvimento pelo modelo keynesiano, que provocou a industrialização com a participação do Estado na economia, tornou-se obsoleto, dadas as interferências intelectuais de uma nova visão de Estado, o Neoliberalismo, que se opõe à interferência estatal na economia.

Já para Campos (1975), o Governo tem o papel de manter a infraestrutura em condições ideais para que os empresários possam trabalhar de forma competitiva, gerando emprego e renda. Este conceito foi concluído no planejamento de desenvolvimento sucedido nos governos militares, pois, ao contrário do ocorrido anteriormente, o capital privado era plenamente aceito como parceiro estratégico.

No debate do desenvolvimento regional, os fenômenos territoriais comuns na microrregião, tais como a conurbação e os movimentos pendulares, podem causar efeitos nas cidades que são chamadas de cidades-dormitório.

Ojima (2010) afirma que o conceito de cidades-dormitório é altamente pejorativo, uma vez que as identifica como não contribuintes para a melhoria da qualidade de vida da população de forma satisfatória, ou seja, são cidades que não possuem condições de apresentar desenvolvimento econômico e social.

1.1. Conceitos e Indicadores de Crescimento e Desenvolvimento

Crescimento é, segundo Haberler (1974), uma referência ao produto mensurável, ou seja, àquele produto que se consegue medir. O PIB é uma ferramenta indicada pelo autor como forma de analisar se houve ou não crescimento.

Etimologicamente, segundo o dicionário Aurélio (1993), crescer significa aumentar em tamanho, volume, estatura, força, duração, grandeza ou extensão, e desenvolver significa adiantar, aumentar, melhorar, aperfeiçoar, fazer progredir. Produzir.

De acordo com Sandroni (1999), crescer significa aumentar a capacidade produtiva da economia, os bens e serviços de um determinado país. O autor continua a conceituação explicando que o crescimento econômico de uma área é calculado mediante a análise da evolução do crescimento anual do Produto Nacional Bruto (PNB) ou do Produto Interno Bruto (PIB), ou ainda pode ser mensurado pelo aumento da força de trabalho, pela receita nacional poupada e investida e pelo grau de aperfeiçoamento tecnológico.

Vieira (2009) afirma que a quantidade de recursos financeiros ou bens materiais que possibilite o aumento da produção e da produtividade é importante para o desenvolvimento econômico, mas ressalta que a melhor distribuição dos recursos promove a harmonização do desenvolvimento, contribuindo para a melhora da qualidade de vida.

Nessa discussão sobre crescimento e desenvolvimento, Erber (2011) utiliza uma distinção tradicional entre os termos: o primeiro consiste, essencialmente, em mais do mesmo, e o segundo implica transformações estruturais. Estas transformações fazem com que os atores enfrentem uma incerteza substantiva, que não pode ser eliminada através da busca de mais informações. 

Para Perroux (1967), é possível trabalhar o desenvolvimento de acordo com a coerência das instituições, que podem estar divididas em quatro níveis: jurídicas, instituições-organismos, que são constituídos por grandes grupos empresariais, sistemas econômicos como o capitalismo e o feudalismo africano e, por fim, tipos de organização de um mesmo sistema econômico-social.

Segundo Vieira (2009), o desenvolvimento é um processo social global, ou seja, a classificação de desenvolvimento econômico, político, social ou cultural só deve ser realizada por razões metodológicas ou para tratar de um desses sentidos particulares. Em termos conceituais, é a explicação de virtualizações preexistentes no processo histórico-social. O desenvolvimento depende dos valores de cada sociedade e, de certo modo, pode até se opor à ideia de progresso econômico, pois seu objetivo é maior do que a oferta de bens e serviços resultante do aumento de produtividade.

Segundo Sen (2010), o desenvolvimento pode ser visto como um processo de expansão das liberdades reais de que as pessoas desfrutam. O enfoque nas liberdades humanas contrasta com visões mais restritas de desenvolvimento, como as que identificam desenvolvimento com crescimento do Produto Nacional Bruto (PNB), o aumento de rendas pessoais, a industrialização, o avanço tecnológico ou a modernização social.

1.2. Indicadores de desenvolvimento regional

Segundo Vieira (2009), a busca pela industrialização está intimamente ligada ao processo de crescimento econômico de uma nação. Os países que participaram da Primeira e da Segunda Revolução Industrial estiveram na vanguarda do sistema capitalista. No Brasil, a indústria chegou de forma atrasada, ficando o país à margem do processo industrial por ainda estar incompleto e também pela falta de dinâmica dos bens de capital encontrada na economia nacional.

De acordo com o pensamento da CEPAL, que trata a problemática da industrialização nacional como sendo uma situação de industrialização periférica, Mello (1991) afirma que o problema da industrialização e, consequentemente, do crescimento, reside no fato de que há uma antinomia entre a plena constituição de Nação e certa divisão internacional do trabalho que a havia convertido em Periferia.

Segundo Bresser (1977), o Brasil passou por um período de industrialização subdesenvolvida, posteriormente à Segunda Guerra Mundial, já que o processo de crescimento econômico foi bastante restritivo no que diz respeito à quantidade de pessoas envolvidas no processo, ou seja, houve um aumento da capacidade de geração de renda nacional, porém, o processo de distribuição de renda não foi eficaz, o que pode ter aprofundado as diferenças sociais.

Segundo Rostow (1974), a concentração de renda consiste em uma etapa que torna possível o alcance do desenvolvimento. Pois, para Rostow (1974), os empresários não se restringirão a absorver os lucros auferidos em suas empresas e reaplicarão seus ganhos, propiciando, assim, um aumento do processo de crescimento econômico.       

Consoante Clemente (2000), a teoria do crescimento regional explica o processo de crescimento econômico baseado na exportação de um produto de elevada cotação no comércio regional ou internacional, chamado de staple product ou staple export. Fatores como solo, clima, jazidas minerais e recursos florestais permitem a exportação altamente rentável de um staple, com criação de renda e demanda na região.

Mas, de acordo com as convenções sobre crescimento e desenvolvimento, é possível auferir a dificuldade em quantificar determinados conceitos e, por isso, na busca pela quantificação do desenvolvimento, foram elaborados alguns indicadores como o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), medido pela Organização das Nações Unidas, e o IFDM (Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal), medido pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro.

2. Método

2.1. Tipo de pesquisa

A metodologia pode ser descrita como o trajeto percorrido desde a elaboração do artigo; além desse ponto, esta pesquisa também possui a abordagem analítica de conteúdo, lançando mão de deduções para que possa propiciar ao leitor, ou a um analista documental, ferramentas que o tornem aptos ao bom entendimento necessário ao analisar os documentos trabalhados.

Esta é uma pesquisa realizada com a abordagem qualitativa e é constituída por informações obtidas por meio da análise documental, além da pesquisa bibliográfica. Parte-se do princípio de que a pesquisa é exploratória pelo fato de a mesma propiciar um melhor entendimento ao problema levantado.

Segundo Marconi e Lakatos (2003), o levantamento de dados, que é o primeiro passo de qualquer pesquisa científica, é feito de duas maneiras: pesquisa documental (ou de fontes primárias) e pesquisa bibliográfica (ou de fontes secundárias).

Ainda de acordo com os autores, a característica da pesquisa documental é que a fonte de coleta de dados está restrita a documentos escritos ou não, constituindo o que se denomina de fontes primárias, sendo consultadas no momento em que o fato ou o fenômeno ocorre, ou depois. É evidente que dados secundários, obtidos de livros, revistas, jornais, publicações avulsas e teses cujas autorias são conhecidas, não se confundem com documentos, isto é, dados de fontes primárias e, para afirmação de determinadas questões, são utilizadas informações estatísticas que compõem a memória de dados de qualquer sociedade.

O uso de fontes estatísticas compõe parte fundamental da elaboração do banco de dados de análise deste trabalho e, segundo Marconi e Lakatos (2003), alguns destes dados podem ser coletados por vários órgãos oficiais e particulares, entre eles: IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), IBOPE (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística), Departamentos Municipais e Estaduais de estatística. Os dados coletados podem ser os mais diversos, como fatores econômicos, sociais e populacionais, entre outros.

A pesquisa bibliográfica, de acordo com Marconi e Lakatos (2003), abrange toda a bibliografia que já foi tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, monografias, teses, material cartográfico, etc., e sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto, inclusive conferências seguidas de debates que tenham sido transcritas de alguma forma, quer publicadas, quer gravadas.

Dessa forma, a pesquisa bibliográfica não é mera repetição do que já foi dito ou escrito sobre determinado assunto, pois propicia o exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões que poderão tomar diferentes formas, de acordo com o entendimento de cada leitor.

2.2. Delimitações da pesquisa

O objeto de estudo desta dissertação é uma investigação a respeito do processo de industrialização ocorrido nas cidades de Barra Mansa, Porto Real, Resende e Volta Redonda, verificando seus impactos na melhoria ou não da qualidade de vida da população.

Estes quatro municípios foram os escolhidos para a análise devido ao fato de concentrarem os principais movimentos industriais regionais, com a chegada de indústrias montadoras, e a existência, em outros, de plantas industriais da área de siderurgia que capitanearam, no passado, o processo.

A delimitação temporal escolhida compreendeu os anos de 2000 a 2010, que embasaram os critérios de publicação das maiores pesquisas de indicadores de qualidade de vida e dados censitários, que constituem uma importante fonte de pesquisa para as informações contidas neste trabalho.

2.3. Procedimentos de coleta e análise de dados

Prioritariamente, os instrumentos utilizados para a realização deste estudo foram revistas, livros, artigos, dados estatísticos, documentos oficiais e websites. Toda esta base documental foi localizada em parte por meio físicos, e outros por materiais virtuais, com o acesso a websites na rede mundial de computadores, a internet.

Com o objetivo de entender melhor a situação dos municípios, foi necessário dividir os grupos de análise em dois tipos, os indicadores econômicos e os sociais.

Pelos indicadores econômicos, as informações foram coletadas no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, por meio das análises das Balanças Comerciais. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com suas medições do Produto Interno Bruto (PIB) e todas as suas subdivisões, contribuíram para o desenvolvimento deste trabalho.

Nos indicadores sociais, foram coletadas informações do Ministério da Educação, por consultas ao Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), assim como de órgãos de pesquisa vinculados a outros entes governamentais, como a CEPERJ, vinculada ao Governo do Estado do Rio de Janeiro.

O acesso aos dados coletados por organismos internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU), foi realizado por meio de consultas ao Atlas Brasil e ao Portal Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.

A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN), por meio da confecção do seu indicador de qualidade de vida, o IFDM, contribuiu para a execução deste trabalho, assim como o IBGE quando da realização de pesquisas censitárias que medem as variantes populacionais.

Esta pesquisa foi desenvolvida em duas etapas distintas, sendo a primeira delas uma etapa de elaboração conceitual por meio de revisão de literatura, com materiais encontrados em livros, artigos, dissertações e teses. Em um segundo momento, informações foram coletadas de órgãos de pesquisa com o objetivo de cruzá-las com os conceitos apresentados e conseguir, por fim, elaborar um diagnóstico da situação encontrada nos municípios analisados.

 

2.4. Apresentando o Médio Vale do Paraíba Fluminense

A microrregião do Médio Vale do Paraíba Fluminense, situada junto à mesorregião do Sul Fluminense, é formada por 9 (nove) municípios, que são: Barra Mansa, Itatiaia, Pinheiral, Piraí, Porto Real, Quatis, Resende, Rio Claro e Volta Redonda. Depois da Região Metropolitana, é a região mais industrializada do Estado do Rio de Janeiro, destacando-se o eixo Volta Redonda – Barra Mansa – Resende. Neste cenário, Barra Mansa e Volta Redonda exercem grande influência sobre o restante, em grande parte devido à localização da CSN em Volta Redonda.

A região possui localização privilegiada, fazendo divisas com microrregiões no estado de Minas Gerais, Andrelândia e São Lourenço, e no estado de São Paulo, com as microrregiões de Bananal e Guaratinguetá, constituindo-se um importante entroncamento rodoviário e ferroviário.

O Médio Vale do Paraíba Fluminense é banhado pela Bacia Hidrográfica do Paraíba do Sul, que é um rio resultante da confluência, próxima ao município de Paraibuna, dos rios Paraibuna e Paraitinga. O Paraíba do Sul é formado pela bacia hidrográfica do Rio Preto, que tem em seu curso alguns municípios fluminenses e outros situados no estado de Minas Gerais, e pela bacia do Rio Paraíba do Sul, que recebe outros afluentes na região, como o Rio Barra Mansa e o Rio Bananal.

Tabela 1 – Variação populacional do Médio Vale do Paraíba na década de 2000

Município

2000

2010

Variação

Barra Mansa

170.753

177.813

4,13%

Porto Real

12.095

16.592

37,18%

Resende

104.549

119.769

14,55%

Volta Redonda

242.063

257.813

6,50%

Demais cidades

93.710

108.034

15,28%

Total Região

622.810

680.021

9,18%

Rio de Janeiro (UF)

14.391.282

15.989.929

11,10%

Brasil

169.799.170

190.732.694

12,32%

Fonte: IBGE – Censos 2000 e 2010 (2014).

2.5. Industrialização e desenvolvimento nos municípios selecionados

Os municípios mais industrializados do Médio Vale do Paraíba Fluminense, Barra Mansa, Porto Real, Resende e Volta Redonda, constituem o objeto de estudo deste trabalho.

Geograficamente, o espaço compreendido entre os municípios de Jacareí, situado no estado de São Paulo, e Volta Redonda, no Rio de Janeiro, ambos sob forte influência da Rodovia Presidente Dutra, é o que compõe a região do Médio Vale do Paraíba, ultrapassando os limites de divisão estaduais. Porém, o que será alvo de estudos são somente as cidades mais industrializadas do segmento fluminense da região.

Segundo Rodrigues (1992), um bom estudo realizado sobre esta região teria que ser dividida em três períodos cronológicos. O primeiro deles está situado entre 1930 e 1954, que marca o fim da hegemonia agrário-exportadora, inspirando a emergência da estrutura produtiva urbano-industrial.

O segundo período é aquele compreendido entre 1955 e 1969, com a implantação de novas ferramentas de estado e com o aumento de discussões sobre a reforma agrária e impasses econômicos e políticos.

 Por fim, o período compreendido entre 1970 e 1980 marca o avanço do Planejamento Centralizador de Políticas Setoriais, que teve como principal campo de ação investimentos em massa no setor de bens de produção da economia, cujos planos de maior destaque são os Planos Nacionais de Desenvolvimento I e II.

Este processo foi acentuando-se, até que, nos anos 1990 a 2000, a região do Vale do Paraíba Fluminense tornou-se uma região com forte concentração industrial no setor automobilístico, que reúne muito da mão de obra local, porém, é bastante suscetível a crises internacionais.

2.6. Crescimento econômico e industrialização

Para análise da situação econômica de uma região, a análise da evolução de indicadores como o PIB é primordial. Assim, na Tabela 2, pode-se verificar a evolução ocorrida na região do Médio Vale do Paraíba Fluminense, comparando-a com a ocorrida no Rio de Janeiro e no Brasil.   

Analisando o desenvolvimento dos números apresentados pela tabela, Barra Mansa e Volta Redonda, percentualmente, tiveram os menores crescimentos na década, porém, ao analisarmos o crescimento de valor temos o seguinte cenário: em 2000, os dois municípios representavam 73,78% do PIB dos municípios analisados, e em 2010, com a nova rodada de investimentos industriais ocorridos na região, este percentual passou para 52,67%, indicando que o crescimento do processo industrial de Resende e Porto Real reduziu a importância relativa de Barra Mansa e Volta Redonda, que sempre estão inseridas no contexto siderúrgico.

Tabela 2 – Variação PIB Médio Paraíba Fluminense na década de 2000 (R$ mil)

Município
2000
2010
Variação

Barra Mansa

1.270.916

2.854.856

124,62%

Porto Real

190.431

3.821.846

1.900,06%

Resende

1.442.624

5.706.332

295,55%

Volta Redonda

3.326.022

7.748.896

132,97%

Demais cidades

921.377

2.666.211

189,37%

Rio de Janeiro (UF)

118.711.624

344.405.425

190,11%

Brasil

1.089.000.000

3.675.000.000

237,46%

Fontes: CEPERJ – Sistema de Informações Municipais e IBGE – Contas Nacionais (2014).

Conforme Furtado (2007), o desenvolvimento industrial constitui uma importante ferramenta para a melhoria do nível do desenvolvimento de determinada região, pois carrega consigo o fator multiplicador de emprego e renda, pois, além dos empregos gerados no topo da cadeia, existem os fornecedores e toda estrutura que é montada em volta para o recebimento de uma maior mão de obra.

A análise da evolução do setor industrial é importante para poder demonstrar o impacto do crescimento do setor no PIB regional.

Tabela 3 – Variação do setor industrial na década de 2000 (R$ mil)

Município

2000

2010

Variação

Barra Mansa

404.002

823.753

103,89%

Porto Real

114.281

2.383.137

1.985,33%

Resende

715.275

3.362.749

370,13%

Volta Redonda

1.525.065

3.453.912

126,47%

Demais cidades

482.284

986.378

104,52%

Médio Paraíba

3.240.907

11.009.929

239,71%

Rio de Janeiro (UF)

28.549.000

96.618.000

238,42%

Brasil

274.094.000

903.768.000

229,72%

Fonte: CEPERJ – Sistema de Informações Municipais (2014). IBGE – Sistema de Contas Nacionais (2014).

Assim como o ocorrido com o PIB geral, a análise do PIB industrial dos municípios analisados mostra Barra Mansa ocupando o último lugar na geração de riqueza neste segmento e, para análise regional, o percentual de crescimento foi superior ao apresentado pelo Rio de Janeiro, mesmo que de forma sutil, e mais intenso quando comparado ao desempenho brasileiro.

Outro mecanismo utilizado para a medição do crescimento econômico, como afirma Erber (2011), é medir a existência de mais do mesmo, de aumentar o que já é existente, é a soma das riquezas produzidas em uma determinada região. Esta soma é conhecida como Produto Interno Bruto e pode servir para medir a intensidade da atividade econômica.

Tabela 4 – PIB de Barra Mansa na década de 2000

Barra Mansa

2000

2010

Variação

Setor Primário

11.052

13.331

20,62%

Setor Secundário

404.002

823.753

103,89%

Setor Terciário

855.863

2.017.772

153,75%

PIB TOTAL

1.270.916

2.854.856

124,62%

Fonte: CEPERJ – Sistema de Informações Municipais (2014).

Barra Mansa apresentou, em valores correntes, um crescimento econômico satisfatório, mas as cidades ao seu redor cresceram ainda mais, relegando a municipalidade ao último lugar nas maiores geradoras de riqueza entre os municípios analisados, sendo eles Porto Real, Resende e Volta Redonda.

Porto Real é um município que atravessou a década com uma evolução bastante rápida de seus setores secundários e terciários, ou seja, o setor industrial e o setor prestador de serviços, que vêm atender às novas demandas surgidas na sociedade que atravessa um grande e acelerado processo de industrialização.

Este município, com uma pequena população e uma grande área industrializada em seu território, apresenta uma relação entre esta pequena população e a grande área industrializada muito positiva, o que torna possível afirmar que este processo fez com que a localidade apresentasse indicadores de emprego muito elevados.

Tabela 5 – Perfil de Porto Real na década de 2000 (R$ mil e pontos centesimais)

Porto Real

2000

2010

Variação

Setor Primário

1.448

341

-76,45%

Setor Secundário

114.281

2.383.137

1.985,33%

Setor Terciário

74.702

1.438.367

1825,47%

Total

190.431

3.821.846

1.906,94%

Fonte: CEPERJ – Sistema de Informações Municipais (2014).

O mesmo fenômeno não se repete nas outras localidades, que possuem indicadores de taxa de ocupação bastante semelhantes àqueles encontrados no Estado.

Tabela 6 – Perfil de Resende na década de 2000 (R$ mil e pontos centesimais)

Resende

2000

2010

Variação

Setor Primário

12.766

16.117

26,24%

Setor Secundário

715.275

3.326.749

365,10%

Setor Terciário

714.583

2.327.465

225,70%

Total

1.442.624

5.706.332

295,55%

Fonte: CEPERJ – Sistema de Informações Municipais (2014).

A recente rodada de investimentos industriais propiciou um cenário positivo para que Resende apresentasse essas informações de desenvolvimento no setor industrial e, segundo seu fator multiplicador, no setor de serviços, que é o maior impactado pela receita gerada na indústria. Desta forma, Resende consegue se firmar como a segunda localidade, dentre as analisadas, que possui a maior geração de renda no segmento industrial. Como Furtado (2007) preconiza, o investimento em indústrias que gerem empregos de elevado valor agregado e produzam bens de capital concorrem para a promoção do desenvolvimento de uma determinada localidade.

Tabela 7 – Perfil de Volta Redonda na década de 2000 (R$ mil e pontos centesimais)

Volta Redonda

2000

2010

Variação

Setor Primário

1.988

6.989

251,55%

Setor Secundário

1.525.065

3.453.912

126,47%

Setor Terciário

1.798.969

4.287.995

138,35%

Total

3.326.022

7.748.896

132,97%

Fonte: CEPERJ – Sistema de Informações Municipais (2014).

No período analisado, a diferença entre o setor de serviços e o setor industrial aumenta ainda mais no município, tendo o primeiro uma relevância ainda maior. Este fato não interfere no fato de o município ser o que mais gera riqueza na região.

O aumento do setor de serviços corrobora com a afirmação de Vieira (2009) de que, quando uma região busca a promoção do desenvolvimento, não deve centrar-se somente na industrialização, pois ela, por si só, pode não garantir o desenvolvimento da localidade.

Com a rápida industrialização ocorrida no Brasil, o país passou de 70% da população rural e 30% da urbana na década de 1950, para 30% da rural e 70% da urbana em 1980; segundo Urani (1995), o saldo da geração de empregos passou a ser crucial para a melhoria da qualidade de vida população, que depende dos empregos para poder garantir a sua subsistência.

A geração de empregos nas cidades selecionadas no período compreendido entre 2004 a 2010, com exceção de Porto Real, que detém informações disponíveis apenas entre os anos de 2007 e 2010, a região demonstrou que possui um saldo positivo de geração de postos de trabalho, com destaque positivo para Volta Redonda.

Tabela 8 – Geração de Empregos nos
municípios entre o período de 2004 e 2010

Localidade

Saldo

Barra Mansa

7.436

Porto Real

4.305

Resende

8.128

Volta Redonda

15.194

TOTAL

35.063

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego – CAGED (2014).

Outra análise refere-se ao percentual de pessoas empregadas nos municípios, conforme pode ser verificado na Tabela 9. As cidades apresentam relações distintas, com destaque positivo para Porto Real, que conta com uma população pequena, mas com poder de retenção, empregando pouco mais de 86% de sua população, principalmente devido ao fato de possuir uma grande quantidade de indústrias instaladas em seu território.

Tabela 9 – População e emprego nos municípios selecionados e no Estado do Rio de janeiro em 2010

Localidades

Pessoal Ocupado

População

Relação

Barra Mansa

40.477

177.813

22,76%

Porto Real

14.274

16.592

86,03%

Resende

38.714

119.769

32,32%

Volta Redonda

87.366

257.803

33,89%

Rio de Janeiro (UF)

5.001.671

15.989.929

31,28%

Fonte: IBGE. Indicadores Municipais (2015).

Barra Mansa aparece com a menor relação entre população e emprego, tornando possível a afirmação de que a população local precisa deslocar-se para outras localidades com o intuito de conseguir empregos, gerando, assim, os movimentos pendulares descritos por Ojima (2010), que os caracteriza como o deslocamento da população das cidades-dormitório, ou seja, aquelas que são dependentes de um polo econômico local para aquela determinada localidade onde a sua população concentra a capacidade de geração de renda, aonde vai efetivamente buscar os empregos.

Um dos mecanismos mais utilizados para a medição da qualidade de vida é o Índice de Desenvolvimento Humano, indicador elaborado pela Organização das Nações Unidas.

Tabela 10 – IDH dos municípios selecionados

Localidade

2000

2010

Barra Mansa

0,641

0,729

Porto Real

0,568

0,713

Resende

0,660

0,768

Volta Redonda

0,682

0,771

Fonte: PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (2014).

Os municípios estudados apresentaram uma evolução no indicador analisado situando-se todos eles na faixa de desenvolvimento médio alto. Contudo, ainda assim, o desenvolvimento não pode ser auferido através de uma medição elaborada por um organismo devido ao fato de o mesmo ser um conceito paradigmático que pode envolver inúmeros outros fatores, como explica Santos et al. (2012). Assim, na tabela 10 é possível analisar o indicador nos municípios selecionados.

Outro indicador utilizado para mensurar o desenvolvimento de uma localidade é o Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal, da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, popularmente conhecido como IFDM.

Esse é um indicador que apresenta uma metodologia mais detalhada do que o IDH da ONU, e pode representar um retrato mais fidedigno da realidade local devido à maior abrangência das questões abordadas na sua composição. As informações referentes a este indicador podem ser vistas na Tabela 11.

Tabela 11 – IFDM dos municípios selecionados

Localidade

2000

2010

Barra Mansa

0,6784

0,8086

Porto Real

0,7677

0,8655

Resende

0,7607

0,8614

Volta Redonda

0,6722

0,8469

Fonte: FIRJAN – Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal (2014).

De acordo com as informações apresentadas segundo a medição da FIRJAN, todos os municípios apresentaram uma grande evolução nos indicadores, com destaque para a grande evolução apresentada por Volta Redonda.

A evolução deste indicador coincide com o que defende Smith (2012), que o desenvolvimento ocorre quando os agentes econômicos têm a capacidade de satisfazer, por si sós, suas necessidades, principalmente quando o desempenho mais analisado é o da Renda, afirmando que a abordagem mais utilizada para medir o desenvolvimento econômico é a métrica econômica.

Nesta avaliação, todos os municípios apresentam indicadores que os colocam no nível de alto desenvolvimento. Assim como na medição realizada pelas Nações Unidas, o IFDM apresentou melhoria em todos os subgrupos em todos os municípios analisados.

2.7. Indicadores de saúde nos municípios selecionados

A mortalidade infantil é o primeiro ponto a ser abordado nesta análise. Neste ponto, para o atendimento do Objetivo traçado pelas Nações Unidas, era necessário que a municipalidade diminuísse em dois terços as ocorrências com crianças menores que cinco anos.

Experiências anteriores do Governo Federal, como o mutirão da saúde ou ações em parceria com a sociedade civil, neste caso específico com a Pastoral da Criança, são bastante eficazes no intuito de melhorar esses indicadores, pois fazem o trabalho de base, que demanda muito pessoal e recursos para ser uma atividade exclusiva do setor público.

Tabela 12 – Mortalidade infantil no Médio Paraíba Fluminense

Município

1995

2012

Variação

Barra Mansa

25,7

13,7

-46,69%

Porto Real

20,6

19,1

-7,28%

Resende

18

12,9

-28,33%

Volta Redonda

19,2

11,8

-38,54%

Fonte: Relatórios Dinâmicos, Portal ODM (2014)

De acordo com a Tabela 12, todos os municípios conseguiram reduzir a mortalidade infantil, o que pode ser decorrência de alguns fatores, tais como os Mutirões de Saúde, realizados pelo Governo Federal, que prestam atendimento profilático a pessoas com vulnerabilidade social, ou também com o aumento da renda, que propicia um padrão de vida melhor às famílias e, consequentemente, às crianças.

O segundo ponto que deve ser analisado é a expectativa de vida. Este é um indicador que faz parte da composição do IDH, Índice de Desenvolvimento Humano, que é medido pelas Nações Unidas.

A composição da expectativa de vida não abrange somente aquelas ocorrências de morte natural, sendo importante ressaltar que as ocorrências que se dão por morte violenta também impactam este indicador, ou seja, a expectativa de vida não é calculada somente de acordo com aquelas mortes decorrentes de causas naturais.

Como indicador de qualidade de vida, o IDH é muito amplo e não oferece um retrato fiel da localidade analisada, mas pode contribuir para o entendimento de questões fundamentais locais, como o atendimento à saúde pública e níveis de segurança.

Como é possível perceber na análise da Tabela 13, a expectativa média de vida da população residente na região aumentou em todas as cidades, mas este indicador não é muito satisfatório, porque a média de vida no país também aumentou em índices muito parecidos, ressaltando que as localidades têm apenas acompanhado a tendência nacional de aumento da expectativa de vida da população que, atualmente, dispõe de melhores condições de vida.

Tabela 13 – Expectativa de vida no Médio Paraíba Fluminense

Município

2000

2010

Variação anos

Barra Mansa

70,80

74,14

3,34

Porto Real

68,54

74,01

5,47

Resende

70,00

75,31

5,31

Volta Redonda

70,80

74,98

4,18

Brasil

68,61

73,94

5,33

Fonte: Atlas Brasil – ONU (2014).

O combate à pobreza é uma ferramenta que deve ser utilizada permanentemente quando se busca a melhoria da qualidade de vida da população. Uma base de dados composta pelos Relatórios Dinâmicos, obtidos no Portal Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, é utilizada para medir a região neste quesito.

Esses objetivos são metas traçadas pela ONU a serem cumpridas por todos os municípios até o ano de 2015, tendo em vista a melhoria da qualidade de vida da população, atingindo, consequentemente, índices mais altos nos indicadores por ela compilados.

O primeiro ponto a ser analisado é aquele que trabalha a questão do combate à pobreza. Existem três subdivisões que a Organização das Nações Unidas utiliza para a medição deste cenário.

O primeiro é aquele em que a pessoa vive abaixo da linha da indigência, ou seja, da extrema pobreza, tendo como renda mensal R$70,00 (setenta reais). O segundo grupo está situado na faixa da pobreza, que tem à sua disposição o montante de R$ 140,00 (cento e quarenta reais) para seus dispêndios mensais. O último grupo é formado por todas as outras.

Tabela 14 – População abaixo da linha da extrema pobreza na década de 2000

Município

2000

2010

Variação

Barra Mansa

4,1%

2,3%

-43,90%

Porto Real

7,9%

1,4%

-82,27%

Resende

3,6%

1,7%

-52,77%

Volta Redonda

3,3%

1,9%

-42,42%

Fonte: Relatórios Dinâmicos, Portal ODM (2014).

A diminuição percentual de pessoas com renda abaixo de R$ 70,00 é notória em todos os municípios analisados, tendo Porto Real como exemplo de maior diminuição de pessoas dentro desta faixa de renda. Porém, esta é uma análise que pode ser feita também entendendo que, nem sempre, essa diminuição decorre da política realizada dentro da própria localidade, mas de reflexos de ações realizadas fora da municipalidade, como, por exemplo, valorização do salário mínimo, faixas de renda que não se adaptam a este cenário, garantindo, segundo critérios das Nações Unidas, que não estão na faixa daqueles que são considerados pobres.

Pessoas que estão abaixo da linha da pobreza são aquelas que se encaixam nos critérios dos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio, ou seja, aquelas pessoas que não estão situadas no nível da mendicância, mas ainda estão em situação social de vulnerabilidade, tendo como renda um valor compreendido entre R$ 70,01 e R$140,00.

Estas pessoas constituem potencialmente o alvo de políticas públicas de benefícios e de transferência de renda direta e programas sociais que visam garantir a dignidade da pessoa humana.

Tabela 15 – População abaixo da linha da pobreza na década de 2000

Município

2000

2010

Variação

Barra Mansa

11,1%

4,4%

-60,36%

Porto Real

14,6%

5,2%

-64,38%

Resende

9,9%

4,4%

-55,55%

Volta Redonda

8,0%

3,3%

-58,75%

Fonte: Relatórios Dinâmicos, Portal ODM (2014).

De acordo com Sabóia (2007), a melhoria dos níveis do salário mínimo reflete a evolução deste indicador, sendo possível concluir, então, que estes números municipais são diretamente influenciados por políticas de distribuição de renda que vêm de fora da localidade, como o Salário Mínimo, a Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada.

3. Considerações finais

De acordo com as informações apresentadas no trabalho, os conceitos de crescimento e desenvolvimento foram devidamente explicados e diferenciados e, tendo como conclusão o que Erber (2011) afirma, que crescimento é somar mais do mesmo, ou seja, aumentar o que já é existente, enquanto Smith (2012) discorre que o desenvolvimento acontece quando uma sociedade é capaz, por si só, de atingir e satisfazer todas as suas necessidades de forma espontânea e, quando isso ocorre, é possível afirmar que a sociedade está desenvolvida.

O crescimento econômico é o mote principal das análises dos indicadores que buscam medir o desenvolvimento de uma localidade, e este é um pensamento que norteia a discussão deste trabalho. E, assim, apresenta o acentuado viés econômico da composição destes indicadores.

A industrialização é um mecanismo que pode capitanear o desenvolvimento de uma determinada região de acordo com seu fator concentrador de riqueza e multiplicador, consoante a qualidade dos empregos gerados em suas plantas produtivas e, segundo Furtado (2007), este é um procedimento que deve ocorrer e, com o apoio dos instrumentos de Estado, que deve selecionar os segmentos mais importantes para promover os investimentos necessários, com o objetivo de evoluir os níveis de qualidade de vida.

Contudo, quando o desenvolvimento é tratado como resultado de uma evolução econômica, Vieira (2009) afirma que o processo de desenvolvimento acontece quando há aumento da atividade econômica, embora uma melhoria da distribuição desta riqueza gerada promova a harmonização do desenvolvimento, o que contribui para a melhoria da qualidade de vida da população.

Os municípios analisados atravessam um processo recente de nova industrialização, um segundo ciclo, que completa o ciclo iniciado com a siderurgia na primeira metade do século XX, e esta industrialização concorre para a melhoria da geração de renda e a consequente melhoria da arrecadação municipal e o aumento de recursos para que o poder público possa desempenhar tarefas que tenham por finalidade a evolução da qualidade de vida da população.

Indicadores utilizados para a medição da qualidade de vida, tais como o Índice de Desenvolvimento Humano e o Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal, apresentados e analisados no período, mostram que algumas questões tiveram impactos positivos na região como, por exemplo, a valorização real do salário mínimo, ocorrida desde o início do Plano Real e defendida por Sabóia (2007) como uma importante ferramenta para a redução da miséria absoluta e da pobreza, o que, consequentemente, reduz a vulnerabilidade social e contribui para a melhoria da qualidade de vida da população. Outros programas de transferência de renda direta que vêm de fora das localidades, normalmente do Governo Federal, contribuem para a melhoria do cenário econômico local.

A industrialização, de forma geral, contribuiu para a melhora do cenário empregatício regional, embora as empresas estejam todas alocadas em um mesmo segmento de trabalho, bastante suscetível a crises e, portanto, não deveria ser tratada como solução para os problemas econômicos regionais, sendo necessária uma diversificação da atividade econômica para que a geração de empregos possa ser estabilizada e o impacto das crises cíclicas, diminuído.

Para os indicadores de qualidade de vida, em se tratando de saúde pública e melhoria no cenário educacional, faz-se necessário que, na região, todos os entes envolvidos no processo de gestão trabalhem de forma orientada a fim de estabelecer um projeto de qualidade que vise atender às demandas da sociedade por melhorias na qualidade de vida da população.

A quantidade de empregos gerados na região também foi satisfatória no período analisado, com todas as cidades apresentando um saldo positivo na geração de empregos.

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1. Administrador, Especialista em Gestão Estratégica Empresarial e Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional. Professor dos Centros Universitários de Barra Mansa e Geraldo Di Biase. Professor do MBA na Universidade de Taubaté.
2. Economista, Mestre em Economia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Doutor em História Econômica pela Universidade de São Paulo. Professor e pesquisador da Universidade de Taubaté e do Centro Universitário Módulo. e-mail: etrajanov@gmail.com


Revista Espacios. ISSN 0798 1015
Vol. 37 (Nº 21) Año 2016

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