Espacios. Vol. 37 (Nº 23) Año 2016. Pág. E-1

Macroalgas no Ensino de Ciências: Uma Abordagem Teórico-Prática em Escola Pública do Ensino Fundamental na Cidade de Parnaíba, Piauí

Macroalgae in Science Teaching: A Theoretical and Practical Approach in Public School Elementary School in the city of Parnaiba, Piaui

Leila Maria Lima dos SANTOS 1; Francilene Leonel CAMPOS 2

Recibido: 12/04/16 • Aprobado: 12/05/2016


Conteúdo

1. Introdução

2. Metodologia

3. Resultados e Discussão

4. Conclusão

Agradecimentos

Referências


RESUMO:

Esta pesquisa teve como objetivo avaliar o nível de conhecimentos dos alunos do 7º ano do Ensino Fundamental de uma escola pública na cidade de Parnaíba (PI) sobre as macroalgas através de um questionário pré e pós-teste, bem como fazer a analise do livro didático utilizado nesta escola. Os conhecimentos dos alunos sobre o assunto melhoram após a aplicação do questionário, mas ficou claro que a falta de interesse de alguns sobre o tema prejudicou no desempenho e que o conteúdo abordado no livro didático não supre a necessidade tanto do aluno quanto do professor.
Palavras-chave: Algas. Ensino de Ciências. Litoral do Piauí.

ABSTRACT:

This research aimed to assess the level of knowledge of students in the 7th grade of elementary school in a public school in Parnaíba (PI) on macroalgae through a questionnaire pre and post-test, and how to analyze the textbook used in this school. Students' knowledge on the subject improve after the questionnaire , but it was clear that the lack of interest of some of the subject damaged in the performance and the content covered in the textbook does not meet the need of both the student and the teacher.
Keywords: Algae. Science Teaching. Piauí coastline.

1. Introdução

As pesquisas no Ensino de Ciências vêm crescendo nos últimos anos e tornando-se um assunto muito abordado e discutido por um grande número de especialistas e a utilização de trabalhos experimentais como estratégia de ensino vem sendo proposto com o intuito de substituir o verbalismo das aulas expositivas e complementar a utilização do livro didático. Embora a experimentação ainda seja vista apenas como uma das muitas alternativas possíveis para que ocorra uma aprendizagem significativa (Giani, 2010).

A partir de 1964 o Ensino de Ciências sofreu grande influência de projetos de renovação curricular desenvolvidos nos Estados Unidos e na Inglaterra em suas propostas educativas. Segundo Nascimento et al. (2010) esses projetos foram liderados por cientistas renomados que estiveram preocupados com a formação dos jovens que ingressavam nas universidades, ou seja, dos futuros cientistas. Naquela época considerava-se urgente oferecer-lhes um ensino de ciências mais atualizado e mais eficiente (Krasilchik, 1998).

 Vivemos em uma sociedade onde se almeja a formação de cidadãos mais conscientes, críticos e o próprio Ensino de Ciências contém instrumentos precisos para tornar prazeroso e eficiente o aprendizado, além de contribuir na formação de cidadãos atuantes no século XXI.

As algas marinhas pelo seu histórico, classificação, importância econômica e ecológica e por fazer parte do currículo de Ciências e Biologia na educação básica, torna-se um excelente subsídio para as experimentações sugeridas por pesquisadores, além de se tratar de um grupo de organismos com grande diversidade e estratégias de sobrevivência.

Algas marinhas estão distribuídas mundialmente e a ciência que estuda esses seres é denominada de Ficologia. Segundo a classificação de Wynne (2011) as algas marinhas apresentam três Phylum: Chlorophyta (algas verdes), Rhodophyta (algas vermelhas) e Phaeophyta (algas pardas). As Chlorophyta ou "algas verdes" com aproximadamente 7.800 espécies no mundo, caracterizam-se como o grupo mais complexo em termos de riqueza de espécies, as quais se assemelham às plantas superiores por apresentarem clorofila a e b, fundamental para a fotossíntese e apresenta amido como substância de reserva (Hoek et al. 1977).

Já as Rhodophyta contam com aproximadamente 6.000 espécies, sendo a maior parte de vida marinha e somente uma pequena parcela encontra-se em ambiente dulcícola. Possuem clorofila a, em alguns casos d e carotenos, pigmentos estes responsáveis pela coloração e o amido das florídeas como substância de reserva (Lee, 2008; Hoek et al., 1977). Com relação às Phaeophyta, existem classificadas mundialmente cerca de 1.500 a 2.000 espécies as quais são popularmente chamadas de "algas pardas", por apresentarem cloroplastos castanho-dourados. Tais organismos possuem clorofilas a, c e carotenos, além do pigmento fucoxantina, responsável por mascarar a cor verde da clorofila e laminarina como substância de reserva (Raven et al. 2014).

Em relação à importância das algas, elas são de relevância crucial para o planeta, por realizarem fotossíntese e serem grandes produtoras de oxigênio no ambiente aquático (Bold, Wynne, 1985). As algas, aliadas a um pequeno grupo de angiospermas marinhas, constituem os produtores primários que sustentam a vida nos mares e oceanos e, portanto, desempenham um papel ecológico fundamental na manutenção destes ecossistemas. Estima-se que o fitoplâncton marinho seja responsável por 40 a 50 % da produção primária global (Bolin et al. 1977).

A região litorânea piauiense apresenta distintamente, os três grupos acima indicado sendo, dessa forma, imprescindível a divulgação dos principais aspectos que envolvem a distribuição e avaliação desses seres fotossintetizantes notadamente para os jovens, futuros profissionais e detentores do progresso nessa região do estado. Nesse sentido, apesar da abrangência do tema "algas marinhas", o presente trabalho focará a divulgação da importância e aplicações desses organismos junto aos estudantes de ensino fundamental da cidade de Parnaíba, a partir do contato com exemplares das algas, de modo a alicerçar no Ensino de Ciências uma forma de abordagem educativa e simples acerca do citado tema.

Tomando-se por base esta discussão, a introdução do tema sobre "algas marinhas" em uma escola de ensino fundamental deverá favorecer ao desenvolvimento de espaços de investigação e especulação cognitiva, de forma a alicerçar o ensino de ciências.

2. Metodologia

A metodologia utilizada para a realização deste trabalhado consistiu nas seguintes etapas: na primeira as amostras do material ficológico foram coletadas no mês de Março de 2015 na Praia de Barrinha no município de Cajueiro da Praia ("02º 56' 26.96''S – "41º 20'28.80" O). As algas foram coletadas com base na metodologia rotineira, retirando-as dos afloramentos rochosos com auxílio de estiles e posteriormente armazenados em recipientes escuros para melhor conservação das espécies. Após a realização da coleta foi feita a triagem do material. Para a identificação teve-se como apoio os trabalhos de Wynne (2005), Alves, Carvalho (2012), Algaebase (2015) e Lista de Espécies da Flora do Brasil (2015).

Na segunda etapa foi aplicado um questionário pré-teste junto aos alunos do 7º Ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal Professora Albertina Furtado Castelo Branco – CAIC, consistindo de 10 perguntas discursivas (abertas) com o intuito de avaliar o conhecimento prévio dos alunos acerca do assunto. O questionário envolveu os seguintes aspectos: faixa etária do aluno; conhecimento de natureza biológica: grupos algais, formas de reprodução, processo de fotossíntese; distribuição na natureza e a importância ecológica e econômica. Foi utilizado um código para nos referirmos aos alunos: a letra A seguida da sequência numérica como A1, A2, A3, por exemplo, e paralelo a isso se realizou a analise do livro didático utilizado Brockelman, R. H. (2011). Observatório de Ciências. 7º ANO. 1ª Ed. São Paulo: Moderna, utilizado nesta escola pública. Para essa análise utilizou-se como critério o conteúdo, ilustrações e as atividades presentes no mesmo.

A terceira etapa consistiu na realização de uma palestra acerca das características e importâncias das algas e seguiu-se com a aula prática apresentando os exemplares de macroalgas. A quarta etapa consistiu na aplicação do mesmo questionário agora no sentido pós-teste com o intuito de avaliarmos a eficiência da atividade realizada. Foram necessárias duas aulas para a realização dessa atividade e a partir dos dados obtidos foram produzidos gráficos por meio do Microsoft Office Excel (2007) e quantificados em porcentagens.

3. Resultados e Discussão

A coleta realizada na Praia de Barrinha para a montagem do catalogo resultou em representantes dos três filos de macroalgas, com 10 táxons respectivamente: Chlorophyta com Caulerpa racemosa (Forsskal) J. Agardh, C. sertularioides (S. G. Gmel.) M. Howe, C. scalpeliformes (R. Br.Ex. Turner) C. Agardh, Codium isthmocladum Vickers, Acetabularia caliculus J. V. Lamour, Ulva fasciata L., U. lactuta Delile. Rhodophyta com Coralina elongata J. Ellis & Solander, Gracilaria domingensis (Kütz) Soud. Ex Dickie e Phaeophyta com Padina gimnospora (Kütz) Sond.

3.1 Analise do Livro Didático utilizado na escola

Em relação a analise do livro didático, nota-se que atualmente ele está sendo considerado de fundamental importância para determinar os conteúdos e a metodologia utilizada em sala de aula. Devem conter informações corretas e suficientes para compreensão do assunto, uma linguagem clara e atualizada, além de apresentar sua gramatica devidamente correta. Apresentar propostas como leituras complementares e nesse caso, tratar da importância das macroalgas para a vida.

Com a realização da análise do livro do 7ª Ano do Ensino Fundamental utilizado na referida escola pública constatou-se que o conteúdo trabalhado foi exposto de forma sucinta, sem aprofundamento, utilizando-se de apenas uma página e seu foco principal foram as macroalgas, sem comentários acerca das microalgas. Em relação ao reino foi apresentado como a classificação atual, nos Protista e às ilustrações nos apresenta uma imagem legível para cada Filo com uma nota exemplificando algumas características das macroalgas.

A atividade proposta no livro se refere às microalgas, no entanto, o foco do tópico foi apenas as macroalgas. Quanto à linguagem é dita como fácil, a parte gramatical correta e o vocabulário atualizado conforme a mudança ocorrida a partir de pesquisas cientifica; quanto às leituras complementares, por se tratar de um capítulo que engloba outros temas, não se observou uma indicação para o assunto abordado nesse trabalho. 

Segundo Bortolucci, Moraes (2011), ao tratar de material voltado à educação, é imprescindível que o mesmo tenha boa qualidade pedagógica para o sucesso em sua utilização, permitindo ao aluno que exercite sua autoaprendizagem, por meio do acesso a materiais adequados, atrativos e compactos.

Mesmo com todas essas características o livro didático não deveria ser considerado como o único instrumento de ensino-aprendizagem, apesar de ser uma ferramenta de fácil acesso que auxilia o professor, mas servir como suporte para a realização das atividades, mesmo apresentando deficiências que podem ser supridas pelo empenho do aluno e do professor. Contudo, Vasconcelos, Souto (2003), destacam que "historicamente, livros didáticos têm sido compreendidos como agentes determinantes de currículos, limitando a inserção de novas abordagens e possibilidades de contextualização".

3.2 Analise do Questionário

Quando questionados sobre "o que são algas" na questão nº 01, a maioria dos alunos, 54,1% disseram ser"um grupo de seres vivos numerosos e diversificados", cerca de 21% responderam que "as algas são plantas marinhas ou aquáticas"; enquanto 10,7% disseram serem "autótrofas fotossintetizantes"; outros7,1% que são "plantas do fundo do mar" e 7,1% responderamnão saber o que são algas, conforme constamos nas respostas a baixo:

A1: "As algas são plantas marinhas ou aquáticas".

 A2: "Formam um grupo de seres vivos muito numerosos".

 A3: "Autótrofas fotossintetizantes".

Alga é uma palavra que vem do latim e significa "planta marinha", mas segundo Bicudo & Menezes (2006) as algas se diferem das plantas por não possuírem tecidos e órgãos especializados, sendo assim, não tem raiz, caule, folha e nem flor; seu corpo é um talo, e por isso, são chamadas de talófitas. Raven et al. (2014) diz que as algas verdes, por exemplo, se assemelham as plantas apenas por armazenarem sua substância de reserva, o amido, dentro dos cloroplastos. As algas são organismos fotossintetizantes e possuem hábitos aquáticos e são eucariontes heterotróficos e autotróficos, corroborando com a fala de A2.Após a realização da atividade quando perguntados o que são algas no pós-teste, 76% dos alunos disseram ser "um grupo de seres vivos numerosos e diversificados", enquanto outros 17% mantiveram a mesma resposta, se referindo as algas como "plantas aquáticas" e outros 7% disseram ser autótrofas fotossintetizantes.

Na questão nº 2 do pré-teste os alunos foram questionados sobre o tipo de ambiente em que podemos encontrar as algas? Verificou-se que 53% dos alunos citaram em "ambientes aquáticos", já 42%disseramque "no mar" e 3,5% que "podem ser encontradas no solo debaixo de água":

A4: "As algas são encontradas em ambientes aquáticos ou em ambientes terrestres úmidos".

A5: "em recifes de corais".

No pós-teste quando perguntado em que tipo de ambiente pode ser encontrado as algas, 100% dos alunos responderam em "ambiente aquático marinho e água doce". Quanto às respostas, observa-se os alunos possuem conhecimentos em relação ao ambiente onde são encontradas as algas, porém só as definições que variaram. Corroborando com Oliveira et. al. (2001) que nos diz que várias espécies de algas existentes nos mares ocorrem principalmente fixas às rochas, podendo, no entanto crescer na areia, recifes de coral, raízes de mangue, cascos de barcos, pilares de portos, mas sempre em ambientes com a presença de luz. São muito abundantes na zona entre marés, onde formam densas faixas nos costões rochosos.

Na questão nº 3 perguntou-se: Na classificação dos seres vivos em que Reino está agrupado as algas? No Reino Monera, Protista, Fungi, Plantae ou Animalia? O "Reino Protista" foi citado por 43,5%, seguido por 25% "Reino Plantae", 21%"Reino Fungi", 3,5% "Reino Monera", 3,5% "Reino Animalia" e 3,5 % deixaram em branco. A mesma questão foi feita no pós-teste e o Reino Protista foi citada por 83% dos alunos, seguido pelo Reino Plantae com 14% e 3% dos alunos citaram o Reino Monera. O termo "planta" ainda é mantido na definição de alga, mesmo tendo sido abordado durante a exposição que as algas se diferenciam das plantas por não possuírem tecidos e órgãos especializados. Isso se deve possivelmente a falta de interesse pelo assunto ou pela atividade, resultando na mesma resposta de 14% dos alunos que mantiveram as algas no Reino Plantae. As algas foram incluídas no Reino Plantae por Whittaker (1969) baseado na forma de organização e nutrição, assim como organizou os demais organismos vivos em seus respectivos reinos, porém as macroalgas acabaram sendo incluídas nos Protistas pela ausência de órgãos reprodutores, graças ao avanço dos equipamentos e técnicas de microscopia que permitiu observar a ausência de órgãos reprodutivos.

Na questão nº 4, foi perguntado: "Você sabia que existem Microalgas, algas que só podem ser vistas ao microscópio e Macroalgas, vista a olho nu"? O total de 67,8% dos alunos disse "SIM" e 32,1% disseram "NÃO". No pós-teste, 78% dos alunos responderam "SIM" para a existência das microalgas e macroalgas e 22% disseram "NÃO". Houve um ganho significativo nas respostas dos alunos, porém a falta de atenção ou mesmo o interesse mínimo em questionar a diferença entre ambos os tipos de algas fizeram com que permanecesse a dúvida nos 22% dos alunos.

Questionados "como estão classificadas as macroalgas" na questão n° 05, verificou-se que 57,8% dos alunos responderam ser "unicelulares e pluricelulares", 10,7% disseram ser "algas que podem ser vistas através de microscópio", enquanto 3,5% disseram ser "em pequeno grupo", "podem ser vistas a olho nu", "algas verdes, vermelhas e pardas" e "estão classificadas em três tipos" e outros 17,8% disseram não saber e deixaram em branco:

A6: "como unicelulares e pluricelulares".

A7: "elas podem ser vistas a olho nu".

Corroborando com Bold, Wynne (1985), as algas são organismos pluricelulares, com talo visível a olho nu e estão classificados de acordo com Raven et al. (2014) em algas verdes (Chlorophyta), vermelhas (Rhodophyta) e pardas (Phaeophyta). Nas questões do pós-teste os alunos quando perguntados como estão classificadas as algas, 83% disseram "unicelulares e pluricelulares" e 17% disseram "podem ser vistas ao microscópio".

Na questão nº 06: Quanto à reprodução, as algas se reproduzem assexuadamente ou sexuadamente? Verificou-se que 82,3% dos alunos disseram ser "Assexuadamente"; 3,5% "sexuadamente"; 3,5% disseram não saber e 10,7% deixaram em branco. Conforme afirma Bicudo, Menezes (2010) as algas apresentam três processos de reprodução: vegetativo, assexuado e sexuado. Nas questões do pós-teste, 60% dos alunos responderam ser "assexuadamente" e 40% disseram ser "sexuadamente".

Na questão nº 07 foi perguntado: "As macroalgas tem alguma importância? Sim ou Não?", 67,8% dos alunos disseram "SIM" e citou a "alimentação, remédios, beleza da profundidade aquática; liberação de oxigênio; matéria prima e prevenir infecções"; já 25% responderam apenas "SIM"; 3,5% disseram "NÃO" e 3,7% deixaram em branco:

A8: "Apresentam grande importância econômica, por exemplo, na alimentação".

A9: "Sim, apresentam importância na utilidade da alimentação e farmacêutica."

Na resposta da referida questão no pós-teste a importancia das algas no que se refere a matéria prima e alimentação totalizou 100% da opnião e citaram o "sushi" como exemplo, afirmando o que diz Oliveira et.al. (2007) quando fala que do ponto de vista econômico as macroalgas marinhas são utilizadas como alimentos para o homem e animais e cita a espécie "nori" (gênero Porphyra) utilizado na preparação do sushi e foi responsável pela movimentação de 1,8 bilhões de dólares no começo da década de 90 (Pereira, 2010).

Na questão nº 08 do pré-teste foi perguntado: "As algas são autótrofas, ou seja, produzem seu próprio alimento e assim fazem fotossíntese. Então para você o que é fotossíntese?". Apenas 7,1% dos alunos disseram que "fotossíntese está relacionada à produção do próprio alimento":

A10: "fotossíntese é o processo de produção de alimento para se alimentar".

Enquanto que na questão do pós-teste 89% dos alunos responderam que "a fotossíntese é o processo realizado para a produção do próprio alimento"; 7% disseram "realizar troca de gás com planta", 3% deixaram em branco. De acordo com a explicação de Kraus (2005), "a fotossíntese ocorre nos organismos procariontes e eucariontes, isto é, em bactérias, algas e plantas. Todos possuem clorofila, principal pigmento fotossintético. Esse processo é responsável pela nutrição autotrófica e acontece em duas fases: uma dependente diretamente da energia luminosa e outra não dependente diretamente da luz". Muitas dificuldades foram percebidas nas respostas dos alunos e isso talvez seja dado à falta de interesse em participar das aulas, a atenção, questionamentos, entre outras razões que os levam a não compreensão do assunto e parte dos professores que diante do desinteresse dos mesmos se sentem desestimulados a não aprofundar o conteúdo o que reflete de forma significativa no Ensino de Ciências e isso foi observado no decorrer da aplicação do pré-teste quando alguns alunos mostraram dificuldades em expressar suas ideias relacionadas ao tema.

Na questão nº 09, foi perguntado: "Você acha que existem algas tóxicas, ou seja, que fazem mal à saúde"? SIM ou NÃO? A maioria dos alunos: 85,7% responderam "SIM", 10,7% disseram "NÃO" e 3,5% deixaram em branco. Na questão do pós-teste os resultados também foram objetivos, sendo que 65% dos alunos responderam "SIM" e 35% "NÃO". Em relação à toxidade, algumas cianofíceas presentes em águas doces são tóxicas, especialmente as do gênero Microcystis, Nodularia, Anabaena, Aphanizomenon e Oscillatoria. Outras algas podem ser afetadas pelas toxinas produzidas por essas algas, além dos invertebrados e peixes, e algumas aves e mamíferos, quando utilizam água na qual tais algas se reproduzem (Brooke et al. 2008).

Na questão nº 10 foi perguntado: "Existem Microalgas ou Macroalgas no nosso Estado? Onde elas são encontradas?". 67,8% responderam "SIM" e "são encontradas nas praias, rios e lagoas"; 14,2% deixaram em branco; 7,1% disseram "Não sei"; 7,1% apenas "SIM" e 3,5% que existem "no mar e na terra":

A11: "Existem sim e são encontradas na praia".

Na questão do pós-teste os resultaram não foram diferentes, 92% dos alunos disseram "SIM" e citaram o mar como exemplo e apenas 8% disseram não saber da existencia das microalgas e macroalgas em nosso estado. Mesmo sem um conhecimento abrangente sobre o assunto, os alunos reconhecem a existência de macroalgas e microalgas na região em que vivem, no entanto pouco sabem sobre seu modo de vida e suas utilidades. A maioria das respostas obtidas nas questões pré-teste foram baseadas em suposições, enquanto no pós-teste observa-se um avanço, mas alguns insistem em manter a mesma opnião. Os trabalhados de Carvalho et al. (2009); Carvalho et al. (2010); Alves, Carvalho (2012) e Alves, Santos (2013) comprovam a existência de macroalgas no Litoral do Piauí, porém ainda não foram divulgados trabalhos relacionados às microalgas, mas as mesmas existem e compõem o fitoplâncton marinho do nosso estado.

Com base nas respostas obtidas nos questionários aplicados, nota-se que os alunos apresentam dificuldades na compreensão do assunto trabalhado e talvez isto esteja relacionado à falta de atenção, a participação nas aulas e ao fato do tema ser pouco explorado pelo Livro Didático, pois o mesmo se encontra incompleto em relação ao assunto e, portanto não supre a necessidade de conhecimento do aluno. Segundo Bizzo (2002), "muitos educadores apontam o livro didático como o grande obstáculo a impedir mudanças significativas nas salas de aula".

Ao trabalhar os conteúdos os educadores deparam-se com frágeis instrumentos de trabalho, o que gera dependência ao uso do livro didático (Lima, Vasconcelos, 2006).

Krasilchik (2004, p. 184), assume postura crítica diante desta situação:

"O docente, por falta de autoconfiança, de preparo, ou por comodismo, restringe-se a apresentar aos alunos, com o mínimo de modificações, o material previamente elaborado por autores que são aceitos como autoridades. Apoiado em material planejado por outros e produzido industrialmente, o professor abre mão de sua autonomia e liberdade, tornando-se simplesmente um técnico".

Por outro lado, o educador dispõe hoje da internet, além dos mais variados kits didáticos e de inúmeras revistas científicas que oferecem atualização sobre os mais diversos temas, além da formação continuada, que se faz necessária para a atualização do conhecimento e criação de novas metodologias.

Portanto, torna-se importante aliar teoria a prática, pois além de tornar as atividades mais significativas, os alunos podem participar diretamente da aula e trabalhar assuntos como o abordado neste trabalho. Segundo Freire (1997), "para compreender a teoria é preciso experienciá-la". A realização de atividades práticas no Ensino de Ciências representa uma importante ferramenta para que o aluno possa fazer a experimentação do conteúdo, além de tornar um mecanismo de fácil aprendizado, pois aliar teoria e prática facilita na fixação da informação.

Diante das respostas obtidas fica claro que as atividades devem ser incluídas no ensino aprendizagem como forma de atrair a atenção dos alunos e a montagem de um aparato didático com os exemplares de macroalgas, além de ser um importante recurso adicional para o livro, pode contribuir para a melhoria do conhecimento dos alunos, "uma vez que estes materiais didáticos tornam-se um meio de comunicação visual e são aceitos de maneira satisfatória" (Vilela, 2015), além de contribuir como fonte de pesquisa e apoio para os professores.

4. Conclusões

Do presente trabalho realizado sobre a abordagem das macroalgas no Ensino de Ciências em uma escola pública e do livro didático adotado, podemos concluir que a aplicação da atividade teórico-prática foi eficiente em auxiliar na promoção da aprendizagem na Escola Municipal Professora Albertina Furtado Castelo Branco – CAIC após o tema macroalgas ser inserido na turma do 7º Ano do Ensino Fundamental; É necessário um maior aprofundamento sobre o referido assunto nas Escolas de Ensino Fundamental e adicionar aos livros mais conteúdos independentes da região em que será utilizado.

5. Agradecimentos

A Universidade Federal do Piauí (UFPI) e a Professora Dra. Francilene Leonel Campos.

Referências

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1. Universidade Federal do Piauí (UFPI) leila_phb@hormail.com
2. Universidade Federal do Piauí (UFPI) francilene@ufpi.edu.br


 

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