Espacios. Vol. 37 (Nº 27) Año 2016. Pág. 26

Lâminas de irrigação localizada e adubação potássica na produção de milho verde, em condições semiáridas

Blades of localized irrigation and potassium fertilization green corn production in terms semiarid

Edvaldo Eloy DANTAS JUNIOR 1; Lucia Helena Garófalo CHAVES 2; Josely Dantas FERNANDES 3

Recibido: 10/05/16 • Aprobado: 22/06/2016


Conteúdo

1. Introdução

2. Material e Métodos

3. Resultados e Discussão

4. Conclusões

Referências


RESUMO:

Esta pesquisa avaliou o comportamento do milho verde submetido à regimes hídricos e níveis de adubação potássica. O experimento, desenvolvido em Sumé, PB, Brasil, foi em blocos ao acaso em esquema de parcelas subdivididas, com seis lâminas de água (0,25; 0,50; 0,75; 1,00; 1,25 e 1,50 ETpc) e seis doses de potássio (0, 20, 40, 60, 80 e 100 kg ha-1 ) em quatro repetições. A lâmina de água 660 mm e a dose potássica 80 kg ha-1 propiciaram as maiores médias das variáveis produtivas. As maiores percentagem de espigas comerciais corresponderam a 80 kg ha-1 e 528 mm de água.
Palavras-chave: Adubação, Irrigação, Zea mays.

ABSTRACT:

This research evaluated the agronomic performance of corn subjected to irrigation with different amounts of water and different levels potassium fertilization. The experiment, developed in Sumé, PB, Brazil, was a randomized block design in a split-plot with six water slides (0,25; 0,50; 0,75; 1,00; 1,25 e 1,50 ETpc) and six doses of potassium (0, 20, 40, 60, 80 e 100 kg ha-1 ) in four replicates. The water slide 660 mm and potassium dose 80 kg ha-1 have provided the highest average of productive variables. The highest percentage of commercial corn corresponded to 80 kg ha-1 and 528 mm of water.
Keywords: Fertilization, Irrigation, Zea mays

1. Introdução

O milho (Zea mays L) é um dos principais cereais produzidos no mundo e o mais cultivado no Brasil; o cultivo deste cereal é bem adaptado às regiões tropicais e subtropicais com alta disponibilida­de de água, nutrientes e radiação solar, onde produzem grande quantidade de biomassa.

O cultivo do milho verde se realiza durante todo ano sendo, praticamente, uma atividade quase que exclusiva de pequenos e médios agricultores, responsáveis pela colocação do produto no mercado, desde que sejam satisfeitas as exigências hídricas da cultura por meio de irrigações suplementares nos períodos de déficit hídrico. Entretanto, o mercado de milho verde tem-se apresentado muito desuniforme em relação às espigas comercializadas, mostrando que para os produtores ainda carecem de informações a respeito das cultivares mais apropriadas comercialmente (ALBUQUERQUE et al., 2008).

Como se sabe, a disponibilidade de água é o fator que com maior frequência e intensidade afeta o rendimento da cultura do milho. No Nordeste brasileiro, devido à irregularidade da precipitação pluvial e ao manejo inadequado da irrigação, sujeito a períodos de deficiência hídrica, resultam em baixas produtividades (MOURA et al., 2006). Por isso a irrigação desta cultura, dentre outras, é uma alternativa viável, importante para otimizar a produção de alimentos, promovendo desenvolvimento sustentável no campo, com geração de emprego e renda,  principalmente para pequenos produtores dessa região. (SILVA  et al., 2012; LUNA et al., 2013).

No tocante à rentabilidade econômica do milho comercializado no estágio verde, observa-se superioridade nos lucros quando comparada ao milho comercializado em grãos secos. Ante toda esta particularidade, os números relativos à produção de milho verde são bem modestos quando comparados aos de milho para a produção de grãos secos. Contudo, o cultivo de milho verde no Brasil tem aumentado devido ao valor agregado ao produto e seus derivados (VIEIRA et al.,  2010).

Depois do nitrogênio o potássio (K) é o elemento absorvido em maiores quantidades pelo milho, sendo que 29% são exportados nos grãos. No entanto, até pouco tempo as respostas ao potássio obtidas em ensaios de campo com o milho eram, em geral, menos frequentes e mais modestas que aquelas observadas para fósforo e nitrogênio devido principalmente aos baixos níveis de produtividades obtidas. Entretanto, se tem verificado, nos últimos anos, uma reversão deste quadro em virtude de diversos aspectos (COELHO; FRANÇA, 2009).

O suprimento de K para as plantas advém da solução e dos sítios de troca dos colóides do solo, que estão em equilíbrio com o K não trocável e estrutural dos minerais (OTTO et al., 2010). O K trocável e/ou os adubos potássicos são as principais fontes de reposição do K para a solução, o qual pode ser absorvido pelas plantas, adsorvido às cargas negativas do solo ou perdido por lixiviação, principalmente quando a cultura é irrigada (FARIA et al., 2012). Por isso, recomenda-se realizar a aplicação desse nutriente, inclusive pela irrigação, conforme as plantas se desenvolvam, visando reduzir perdas no sistema e aumentar a sua eficiência de utilização (OTTO et al., 2010).

As práticas de agricultura irrigada aliadas a um manejo de adubação adequada asseguram produtividade e sustentabilidade nos processos produtivos. Nesse contexto e ante a carência em estudos voltados para o cariri paraibano, no município de Sumé, PB, objetivou-se com este trabalho estudar os efeitos da adubação potássica e irrigação com diferentes quantidades de água nas variáveis de produção de espigas de milho verde.

2. Material e Métodos

O experimento foi conduzido na área experimental de agricultura do Centro de Desenvolvimento Sustentável do Semiárido CDSA/UFCG (07° 40' 18'' S; 36° 52' 48'' W; 532 m) no município de Sumé, estado da Paraíba, campus da UFCG, PB. O clima da região é seco caracterizado por chuvas insuficientes; as médias mensais das precipitações pluviais em Janeiro, Fevereiro e Março correspondem a 40,4 mm, 85,5 mm e 144,8 mm, respectivamente. Entretanto, no ano de 2012 não houve precipitação. As temperaturas são altas tendo a média em torno de 24 °C (AESA, 2012).

O solo da área foi descrito como Neossolo Litólico eutrófico, de textura média-argilosa, com 87,5 g kg-1 de areia, 271,0 g kg-1 de silte e 641,5 g kg-1 de argila. A umidade do solo no ponto de murcha permanente (Pmp) e na ca­pacidade de campo (Cc), determinada de acordo com Richards (1954) foi de 16 % e 42% (cálculo em peso), respectivamente. As características químicas analisadas segundo a metodologia da Embrapa (2011) foram: pH em água (1:2,5) de 7,63; 10,06 cmolc kg-1 de Ca; 7,56 cmolc kg-1 de Mg; 0,07 cmolc kg-1 de Na; 0,25 cmolc kg-1 de K; Carbono orgânico de 7,8 g kg-1; Matéria orgânica de 13,4 g kg-1; Nitrogênio 0,7 g kg-1 e Fósforo assimilável de 54 mg kg-1;  CTC de 17,94 cmolc kg-1, com RAS de 0,53 (mmol L-1)0,5, solo não salino.

A cultivar utilizada foi o milho híbrido AG 1051, da Agroceres semeada no dia 13/01/2012, 10 dias após a adubação. O plantio foi feito em fileiras duplas em arranjo de quadrado com espaçamento de 0,4 x 0,4 x 1,4 m com stand final de 71.000 plantas ha-1 . Em cada cova de plantio foram colocadas 3 sementes e após germinação foram mantidas 2 plantas por cova no restante do ciclo de cultivo.

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, com parcelas subdivididas, com seis lâminas de água e seis quantidades de potássio em quatro repetições, totalizando 144 unidades experimentais, dispostas em uma área de 1.814,4 m2.

Nas parcelas de 8,4 x 10,4 m foram alocadas as lâminas de água de irrigação, determinadas com base na evapotranspiração potencial da cultura (ETpc) nos níveis de: 0,25 ETpc, 0,50 ETpc, 0,75 ETpc, 1,00 ETpc, 1,25 ETpc, e 1,50 ETpc. As 24 subparcelas com dimensões de 3,0 x 4,2 m foram adubadas com diferentes quantidades de potássio (0, 20, 40, 60, 80 e 100 quilogramas de K2O por hectare).

As lâminas de irrigação foram aplicadas por meio de um sistema de irrigação localizada. As mangueiras gotejadoras foram instaladas no centro das fileiras duplas de plantas.

A água utilizada para irrigação foi classificada como C3S1, de acordo com Richards (1954).

A área molhada por linha de gotejamento foi de 7,2 m2 (9,0 x 0,8 m). Os tempos de funcionamento do sistema de irrigação foram os necessários para reposição dos níveis de água de 0,25; 0,5; 0,75; 100; 125 e 150 % da ETpc.

Para estimativa da evaporação local (EV) utilizou-se o tanque USWB Classe “A”. As medidas diárias de EV foram feitas às 9:00 horas, com um micrômetro de gancho. O coeficiente de tanque (kt) adotado foi de 0,65, em função da umidade relativa do ar média local ser menor que 40 %, e que a velocidade média do vento era 2,55 m s-1, considerado moderado (BERNARDO et al., 2006).

A evapotranspiração potencial de referência ET0 foi estimada pelo produto do kt pela EV. A lâmina de água (W) consumida na evapotranspiração potencial da cultura (ETpc), em mm dia-1, foi calculada multiplicando-se o coeficiente de cultivo (kc) pela ET0.

O  kc adotado em função dos estádios fenológicos foram: (a) quando a planta apresentava 4 (Kc de 0,69) e 8 folhas totalmente expandidas (Kc de 0,82); (b) floração (Kc de 1,04) e (c) de produção de milho verde (Kc de 1,21), cujas espigas estavam com grãos pastosos, corroborando Souza et al. (2012) e Santos et al. (2014). A folha do milho foi considerada expandida quando a linha de união lâmina-bai­nha (“colar”) se apresentava facilmente visível. Os eventos de irrigação foram realizados diariamente.  A lâmina de água acumulada foi de: (a) quando a planta apresentava 4 (W de 198,29 mm) e 8 folhas totalmente expandidas (W de 101,27 mm); (b) floração (W de 53,06) e (c) de produção de milho verde (W de 207,90 mm).

As adubações nitrogenadas e fosfatadas foram realizadas em consonância com a recomendação de adubação para cultura do milho irrigado. Na fundação foram aplicados 30 e 20 kg ha-1 de nitrogênio e fósforo, respectivamente; na cobertura (momento em que as plantas apresentaram seis folhas totalmente desenvolvidas) foram colocados mais 60 kg ha-1 de nitrogênio, em toda a área de cultivo. A adubação potássica, fonte de variação nas subparcelas experimentais, foi toda realizada na fundação com 0; 20; 40; 60; 80 e 100 kg ha-1 de potássio, correspondente as quantidades de 0,00; 39,22; 78,43; 117,66 156,88 e 196,10 kg ha-1 de sulfato de potássio (51 % de K2O).

A colheita manual de espigas no estágio verde (grãos pastoso) ocorreu 67 dias após o plantio e foi avaliado o comprimento das espigas de milho verde sem palha (CESP), aferido com régua milimetrada medindo o comprimento da base superior à ponta da espiga desempalhada; diâmetro das espigas sem palha (DESP) aferido com paquímetro, medindo o diâmetro na base superior, no meio e na ponta da espiga, obtendo-se a média do diâmetro da espiga; produtividade de espigas empalhadas (PEE), produtividade de espigas desempalhadas (PED) mensurada mediante a pesagem, em balança com precisão de 0,001 kg; produtividade de espigas comerciais (PEC) mensurada mediante a pesagem, em balança com precisão de 0,001 kg, das espigas de milho verde desempalhadas, maiores que 15 centímetros de comprimento e diâmetro superior a 3 centímetros; percentagem de espigas comerciais (%EC) de milho verde foi obtida pela razão entre a massa das espigas comerciais (PEC) e a massa total de espigas desempalhada (PED) da parcela, multiplicada por cem, tendo como unidade a percentagem (%).

3. Resultados e Discussão

De acordo com a análise de variância as lâminas de irrigação (W) e os quantitativos de potássio (K) aplicados às plantas influenciaram significativamente em nível de 1 % de probabilidade nas variáveis de produção, ou seja, no comprimento (CESP) e no diâmetro (DESP) das espigas de milho verde sem palha, na produtividade de espigas empalhadas (PEE) e desempalhadas (PED), na produtividade de espigas comerciais (PEC) e na percentagem de espigas comerciais(%EC). Ao contrário disto foi observado por Rabêlo et al. (2013), uma vez que a adubação potássica no plantio de milho (híbrido Geneze 2004®) não alterou as variáveis de produção. A interação de W x K interferiram com significância a 1 % de probabilidade em todas as variáveis de produção, com exceção a PEC, que foi influenciado a 5 % de probabilidade (Tabela 1).

Tabela 1 - Análise de variância para o comprimento (CESP) e diâmetro (DESP) das espigas de
milho verde sem palha, produtividade de espigas empalhadas (PEE) e desempalhadas (PED),
produtividade de espigas comerciais (PEC) e percentagem de espigas comerciais(%EC) em
decorrência de diferentes lâminas de água (W) e doses de potássio (K) para plantas de milho.

 

FV

 

GL

Quadrado Médio

CESP

DESP

PEE

PED

PEC

% EC

Lâmina (W)

5

41,09**

7,25**

151,93**

66,85**

102,11**

1676,69**

Erro- W

18

0,095

0,005

9,74

3,862

2,8146

1,178

Parcelas

23

Potassio (K)

5

198,95**

27,84**

186,88**

80,58**

87,72**

500,52**

Int. W x K

25

0,54**

0,29**

7,45**

3,16**

2,47*

11,89**

Erro- K

90

0,072

0,004

3,039

1,287

0,929

1,326

Total

143

CVdas parcelas (W)

1,42%

1,24%

23,34%

22,54%

21,83%

1,26%

CVdas subparcelas (K)

1,23%

1,12%

13,04%

13,01%

12,55%

1,34%

Média geral

21,76 cm

5,84 cm

13,38 t ha-1

8,72 t ha-1

7,7 t ha-1

86,20%

Nº de Observações, 144

 

** ; *; ns , significativo ao nível de 1%  (p < 0,01) e de 5% (0,01< p < 0,05) e não significativo, respectivamente.

A média geral do CESP e do DESP foi de 21,76 cm e 5,84 cm, respectivamente (Tabela 1), ou seja, 45,07% acima do comprimento mínimo necessário adotado para classificação de espigas de milho verde comerciais, que é de 15 cm, e 94,67% maior que o diâmetro referencial (3 cm) adotado por Albuquerque et al. (2008). Diante do exposto infere-se que os fatores de produção, lâmina de água e adubação potássica interferiram de maneira positiva, no aspecto do comprimento e do diâmetro das espigas. Estas médias acima citadas foram maiores daquelas observadas por Cruz et al. (2009) avaliando as características agronômicas do milho verde adubado com potássio. As espigas colhidas no estádio verde podem ser comercializadas com ou sem palha. Geralmente CEASA’s e feirantes comercializam espigas com palha enquanto supermercados e estabelecimentos que comercializam hortaliças embalam as espigas em bandejas protegidas com filme plástico. Por isto, o comprimento e o diâmetro da espiga sem palha são atributos importantes, sendo consideradas comercializáveis as espigas que apresentam comprimento maior que 20 cm e diâmetro maior que 4 cm (CARDOSO et al., 2004).

O maior comprimento de espigas observado no trabalho foi em torno de 25 cm (Figura 1A) cuja combinação para obtenção dessa média foi de 660 mm de água (125 % da ET0) com adubação potássica de 80 kg ha-1 , ou seja, o dobro da quantidade recomendada segundo IPA (2008), através da análise do solo. Notadamente, a menor média do CESP observada foi em torno de 15 cm com lâmina de 132 mm combinada com a adubação de 0 kg ha-1 de potássio, W1K0, (neste tratamento o potássio disponível à planta foi o encontrado naturalmente no solo de 2,5 mmolc kg-1).

 

Figura 1- Comprimento (A) e diâmetro (B) de espiga de milho sem palha em função das doses de potássio (K) e lâminas de água (W).

Dourado Neto et al. (2003), estudando o efeito de adubação com 50 kg ha-1 de K2O, 30 kg ha-1 de nitrogênio e 80 kg ha-1 de P2O5 e uma precipitação acumulada 600 mm, em milho AG 1051, com população média de 30.000 plantas ha-1 , obtiveram comprimento médio das espigas de 21,5 cm, 19,95 % menor que a média máxima encontrada no presente  experimento. Moraes et al. (2010) utilizando 28; 98 e 56 kg ha-1 , respectivamente de N, P e K, obtiveram comprimento de espiga de milho verde, da cultivar AG 1051, com 17,7 cm, sendo 29 % menor que o CESP na combinação W5K4  e 18,66 % menor que a média geral observada neste experimento (21,76 cm). Outros pesquisadores relatam comprimentos médios de espigas de milho verde, da cultivar AG 1051, com 16,1 cm (SANTOS et al., 2005).

O comprimento das espigas de milho é bastante influenciado pelo processo de fertilização dos óvulos, visto que o número de grãos por espiga refletirá no seu comprimento. Neste estádio de desenvolvimento evidencia-se a fragilidade da planta frente a estresses ambientais, especialmente o hídrico. Sob limitação de umidade tanto os estilos-estigmas como os grãos de pólen, tendem à dessecação, causando baixa polinização e, portanto, baixo número de grãos de milho na espiga além de comprimento reduzido.

Todas as médias verificadas para o DESP foram superiores a 3 cm (parâmetro do diâmetro de espigas comerciais) de forma que em todos os tratamentos  foram atingidas espigas com DESP comercializável.  A combinação de 660 mm de água e 80 kg ha-1 (W5K4) gerou espigas com 7,42 cm de diâmetro (Figura 1B), valor este 2,5 vezes maior que o esperado segundo os parâmetros comerciais (3 cm).

Vieira et al. (2010) estudando a produção do milho verde, cultivar 30P34, adubado com 60 kg ha-1 de potássio em uma população de 35000 plantas por hectare, obtiveram um valor de 5,18 cm para o DESP, valor este menor ao encontrado no presente trabalho, 6,61 cm, utilizando 60 kg ha-1 de potássio.

As médias de DESP obtidas com as lâminas de irrigação dentro dos seis níveis de adubação variaram de 5,09 cm na lâmina de irrigação de 132 mm a 6,18 cm na lâmina de irrigação de 528 mm, ou seja, um aumento de 21,41%. Blanco et al. (2011) observaram um pequeno aumento, ou seja, de 14,89 % quando obtiveram 4,7 e 5,4 cm de DESP nas lâmina de 165 e 494 mm, respectivamente.

A média geral da PEE, igual a 13,38 t ha-1 (Tabela 1) foi superior às máximas produtividades de milho com palha obtidas por Blanco et al. (2011) e Morais et al. (2010) para o híbrido de milho AG 1051, ou seja, 10,76 t ha-1 e 6,5 t ha-1 ,  produzidos em Teresina, PI e Campinas, Mococa e Capão Bonito, SP, respectivamente.

A maior média da PEE, correspondente a adubação potássica de 80 kg ha-1 foi de 16,56 t ha-1 ; já para as lâminas de água de irrigação, a maior média geral foi de 16,41 t ha-1 , com 660 mm de água.

Combinando a lâmina de 660 mm de água e a quantidade de potássio 80 kg ha-1 , proporcionou maior produtividade de espigas empalhadas, ou seja, em média 18,03 t ha-1 (Figura 2A), Nesta combinação, a cada 1 kg ha-1 de potássio aplicado ao solo, foram produzidos, em torno de 265 kg ha-1 de espigas de milho empalhadas. Do mesmo modo, para cada milímetro de água aplicada nas irrigações foram produzidos 32,12 kg ha-1 de espigas de milho empalhadas. A combinação de132 mm de água sem adubação potássica representou a menor média da PEE com apenas 4,53 t ha-1 , ou seja, 78,63 % mais baixa que a média maior observada no experimento (21,2 t ha-1 ).

Figura 2- Produtividade de espigas de milho empalhadas (A) e desempalhadas
(B), produtividade de espigas comerciais (C) e porcentagem de espigas comerciais
(D) em função das doses de potássio (K) e lâminas de água (W).

A média geral da PED, igual a 8,72 t ha-1 (Tabela 1) foi superior às máximas produtividades de milho desempalhada obtidas por Blanco et al. (2011) e Morais et al. (2010) para o híbrido de milho AG 10 51, ou seja, 7,62 t ha-1 e 4,82 t ha-1 , respectivamente.

Ao desdobramento das lâminas de água dentro dos quantitativos de potássio a maior média observada da PED foi de 10,72 t ha-1 e a menor foi de 6,26 t ha-1 , com 660 e 132 mm, respectivamente. Na avaliação dos quantitativos de potássio dentro das lâminas de água a maior média foi de 10,79 t ha-1 com 80 kg ha-1 e a menor média foi de 6,21 t ha-1 , no tratamento de 0 kg ha-1  de potássio. Entretanto, a maior produtividade de milho desempalhada, 11,34 t ha-1 foi obtida com 660 mm de água e 80 kg ha-1 de potássio (Figura 2B), representando um aumento de 5,59 vezes em relação à menor PED, 2,03 t ha-1 , correspondente a 132 mm de água sem adubação potássica,

Semelhante ao que ocorreu nos parâmetros anteriormente discutidos, a combinação de 660 mm de água e 80 kg ha-1 de potássio, resultou na maior produtividade de espigas comerciais (PEC), ou seja, 10,65 t ha-1 , superando a menor produtividade, 1,26 t ha-1 (combinação de132 mm de água sem adubação potássica) em 8,45 vezes (Figura 2C). Nas médias gerais dentro dos quantitativos de potássio a produtividade variou de 5,04 a 10,02 t ha-1 correspondentes a 0 e 80 kg ha-1 de potássio, respectivamente. Dentre as lâminas de água, a produtividade variou de 4,72 a 10,26 t ha-1 , nas lâminas de água de 132 e 660 mm, respectivamente.

Estudos realizados por Albuquerque et al. (2008) conseguiram produtividade de espigas comerciais de 4,35 t ha-1 , em condições de aporte hídrico e nutricional adequado. Moraes et al. (2010) obtiveram uma produtividade de espigas comerciais de 6,36 t ha-1 , para a cultivar AG 1051. Comparando os dados desse trabalho com os dos referidos autores, observa-se uma superioridade nas médias obtidas no presente experimento, o que aponta para um ganho de massa de milho verde comercializável, em decorrência dos tratamentos em questão.

As médias dos percentuais de espigas comerciais, como é a forma de comercialização do milho para consumo verde foram altas apresentando a variação de 64,05 a 95,86 %, correspondentes a 132 mm de água sem adubação potássica e 528 mm de água com 80 kg ha-1 de potássio, respectivamente (Figura 2D). Mesmo o menor percentual (64,05%), foi semelhante aos resultados obtidos por Moraes et al. (2010) com 79 % de espigas da cultivar AG 1051 comercializáveis e superando Albuquerque et al. (2008) que obtiveram 54,63 % de espigas comerciais.

4. Conclusões

A lâmina de água de irrigação de 660 mm e o nível de adubação potássica de 80 kg ha-1 propiciaram as maiores médias das variáveis produtivas das espigas de milho verde: CESP = 25 cm; DESP = 7,42 cm; PEE = 18,03 t ha-1 ; PED = 11,34 t ha-1 ; PEC = 10,65 t ha-1 .

As maiores percentagem de espigas comerciais foram obtidas com a adubação de 80 kg ha-1 e 528 mm de água.

Referências

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1. Professor da Universidade Federal de Campina Grande, Sumé, PB, E-mail: edvaldoeloyjr@gmail.com
2. Professora Titular da Universidade Federal de Campina Grande, Campina Grande, PB, 83 21011186, E-mail: lhgarofalo@hotmail.com
3. Pesquisador da Universidade Estadual da Paraíba, E-mail: joselysolo@yahoo.com.br


Revista Espacios. ISSN 0798 1015
Vol. 37 (Nº 27) Año 2016

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