Espacios. Vol. 37 (Nº 30) Año 2016. Pág. 4

Competição, coopetição e cooperação de um aglomerado produtivo: O caso do setor moveleiro do município de Santa Cruz de Minas (MG)

Competition, coopetition and cooperation in a cluster: the furniture sector case in the county of Santa Cruz de Minas (MG)

Leandro Eduardo Vieira BARROS 1; Cleber Carvalho de CASTRO 2; João Paulo Alburquerque KALIL 3; Luiz Marcelo ANTONIALLI 4; Antônio Carlos SANTOS 5

Recibido: 28/05/16 • Aprobado: 21/06/2016


Conteúdo

1. Introdução

2. Referencial teórico

3. Metodologia

4. Análise e discussão dos resultados

5. Considerações finais

Referências


RESUMO:

O objetivo desta pesquisa foi analisar as relações entre empresas do aglomerado produtivo moveleiro do município de Santa Cruz de Minas (MG). Para tal foi realizada uma pesquisa descritiva quantitativa com uso de um survey. Foram pesquisadas 58 empresas do aglomerado produtivo moveleiro e os dados foram analisados por estatística multivariada. O relacionamento mais observado é a competição, com a presença de comportamento oportunista e falta de confiança entre os participantes, características de aglomerado informal. As empresas conhecem os benefícios da cooperação, como acesso à informação e melhoria dos produtos, mas não aplicam no aglomerado. Às principais dificuldades encontradas no aglomerado na perspectiva de seus atores foram a falta de mão de obra qualificada e a concorrência elevada. Observou-se que o aglomerado não explora todo o potencial da concentração geográfica, especialmente, aquelas advindas dos processos de cooperação.
Palavras-chave: Aglomerado produtivo; Relações das interorganizacionais, Setor moveleiro.

ABSTRACT:

The objective of this research was to analyze the relationship between companies in the furniture production cluster in the city of Santa Cruz de Minas (MG). For such, a quantitative descriptive research using a survey was carried out. We surveyed 58 companies in the furniture production cluster and the data were analyzed multivariate statistics. The most observed relationship is the competition, with the presence of opportunistic behavior and lack of trust among participants, informal cluster characteristics. Companies know the benefits of cooperation, such as access to information and improvement of products, but do not apply in the cluster. The main difficulties encountered in the cluster from the perspective of the actors were the lack of skilled labor and high competition. It was observed that the cluster does not exploit the full potential of geographic concentration, especially those resulting from cooperation processes.
Key-word: Cluster; Relationsfirms; Furniture sector.

1. Introdução

Atualmente, as 9 milhões de micro e pequenas empresas (MPEs) brasileiras tem uma grande importância no desenvolvimento regional e nacional, representando 27% do produto interno bruto (PIB), gerando 52% dos empregos com carteira assinada e 40% dos salários pagos (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE, 2016). No entanto, as MPEs enfrentam dificuldades como altos tributos, burocracia e concorrência desleal para se manter no mercado e serem competitivas.

Assim, o aumento da competitividade empresarial e as dificuldades enfrentadas, tem impulsionado o surgimento de aglomerações de empresas, no intuito de unir esforços, formar parcerias buscando a inovação e conquista de novos mercados. Neste sentido, surge o conceito de aglomerado produtivo, que é um conjunto de fatores econômicos, políticos e sociais de um mesmo território, com empresas desenvolvendo atividades econômicas correlatas e que apresentam vínculos de produção, interação, cooperação e aprendizagem. Conforme Lacoste (2012), nos aglomerados existem relacionamentos de competição, cooperação e coopetição.

Neste contexto, o município de Santa Cruz de Minas (MG) é considerado um aglomerado de microempresas de artesanato e móveis (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, 2014). Este município, localizado entre as cidades de São João del-Rei e Tiradentes, no qual está situado o marco zero do Circuito Turístico da Estrada Real, é o menor município do Brasil em área e possui 66 microempresas de artesanato de móveis de demolição registradas no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE, 2014).

Bengtsson e Kock (1999) evidenciam que através das interações com outras empresas é possível desenvolver e expandir seus negócios e que uma relação entre uma empresa e um concorrente específico pode mudar ao longo do tempo, podendo envolver um relacionamento que contem simultaneamente elementos de cooperação e competição.

Diante da importância das MPEs para o desenvolvimento econômico do aglomerado moveleiro do município de Santa Cruz de Minas, o objetivo do presente trabalho é verificar as relações existentes entre as empresas que pertencem ao aglomerado produtivo de Santa Cruz de Minas.

A justificativa para este trabalho é a importância das MPEs para o desenvolvimento regional e nacional, em especial a representatividade do seguimento, com 20,9% das empresas do município e geração 22,4% dos empregos formais (MTE, 2014). Do ponto de vista empírico, compreender as relações entre empresas, de forma que os resultados possam ser utilizados para que estas alcancem resultados mais efetivos é algo desejável, além de poder orientar e impulsionar as políticas públicas no aglomerado produtivo. No âmbito teórico, identificar o quanto a competição e a cooperação podem influenciar na performance do mercado pode trazer insights teóricos que culminem em um aprimoramento na compreensão dos aglomerados produtivos.

O presente trabalho está estruturado em cinco seções; incluindo esta introdução. Na segunda seção faz-se uma revisão teórica abrangendo os aglomerados produtivos e as relações de competição, cooperação e coopetição; na seção seguinte, são contemplados os procedimentos metodológicos; na quarta foi realizada a análise e discussão dos resultados e por fim, são apresentadas as considerações finais.  

2. Referencial teórico

2.1. Aglomerado produtivo

O aglomerado produtivo é um agrupamento geográfico concentrado de empresas inter-relacionadas e instituições correlatas em uma determinada área, ligadas por elementos comuns ou complementares (PORTER, 1999a; TAKEDA et al., 2008).  Os aglomerados podem assumir diversas formas, em função de sua profundidade e sofisticação, mas em sua maioria inclui empresas de produtos ou serviços finais, fornecedores de insumos especializados, componentes, equipamentos e serviços, instituições financeiras, empresas de setores correlatos, instituições de ensino, órgãos governamentais e associações comerciais (PORTER, 1999a).

Os aglomerados podem ocorrer em diversos setores, variando em tamanho, amplitude e estágio de desenvolvimento. Nesse caso, é uma combinação de empresas, produtos manufaturados, máquinas, matérias-primas e serviços industriais, o que significa que as fronteiras dos aglomerados raramente são coincidentes com os sistemas tradicionais de classificação setorial, que não captam participantes importantes no processo competitivo (PORTER, 1999a; TAKEDA et al., 2008). Em geral estes aglomerados absorvem melhor as evoluções tecnológicas, as qualificações, as informações, o marketing e as necessidades dos clientes que ultrapassam os limites das empresas e dos setores. Desta forma, possibilita maior velocidade de inovação e impulsiona a formação de novas empresas, além de oportunidade de coordenação e aprimoramento mútuos, em áreas de interesse comum, sem ameaçar ou distorcer a competição ou restringir a rivalidade. Assim, cria-se um ambiente de comunicação entre as empresas correlatas e seus fornecedores, governo e outras instituições importantes (PORTER, 1999a, SCHMITZ e NADVI, 1999). Tais aglomerados são constituídos por empresas num mesmo espaço geográfico, que se organizam e desenvolvem sistemas complexos de integração e esquemas de cooperação, solidariedade e valorização do esforço coletivo (SOERGER et al., 2014).

Uma empresa ao estar inserida em um aglomerado adquire vantagem competitiva ao ter acesso a insumos e mão de obra especializada, à informação, infraestrutura complementar do aglomerado, a outras empresas e bens públicos, e incentivos e mensuração de desempenho (PORTER, 1999a). Outros benefícios são ressaltados por Takeda et al., (2008), tais como: economia de recursos, redução nos custos de transação, difusão do conhecimento e aprendizagem, confiança e mudança organizacional. Segundo Schmitz e Nadvi (1999) o aglomerado facilita a mobilização de recursos humanos e financeiros.

Neste sentido, Zaccarelli et al., (2008) destacam os benefícios de uma empresa inserida em aglomerado, como a divisão de competências necessárias ao negócio, possibilitando especialização das empresas. Os riscos são compartilhados e, geralmente, são necessários investimentos inferiores ao de negócios isolados. Além disso, através de maior agilidade nas relações com fornecedores e clientes, aumenta-se a velocidade com que as empresas respondem a mudanças e se adaptam ao mercado

De acordo com Porter (1999a), a especialização caracteriza a geografia econômica de cidades, estados e países, e parece aumentar à medida que a economia evolui. Um número relativo pequeno de aglomerados geralmente responde por uma grande fatia da economia dentro de uma área geográfica. Esses aglomerados são capazes de crescer além do tamanho do mercado local, absorvendo trabalhadores de empresas de setores menos produtivos. Nesses aglomerados existem setores com orientação externa e outras que atendem aos mercados locais. No entanto, Takeda et al., (2008) chama atenção para a importância da infraestrutura na formação do aglomerado e os benefícios da proximidade física. Desta forma, as empresas devem utilizar os recursos e fatores locais para competir globalmente (SCHMITZ e NADVI, 1999).

Em relação às regiões onde a economia está em desenvolvimento, a formação de aglomerado é inibida pelo baixo nível de escolaridade e de qualificação de mão de obra local, pelas deficiências tecnológicas, pela falta de acesso ao capital e pelo subdesenvolvimento das instituições. A escassez dos aglomerados nos países em desenvolvimento não significa que esses países sejam incapazes de competir, mas dificultam o aumento da produtividade e o aprimoramento. Assim, o aprimoramento e o aprofundamento bem-sucedido são vitais para o processo de desenvolvimento econômico (PORTER, 1999a; TAKEDA et al., 2008).

Quanto ao aprimoramento dos aglomerados, este pode ser feito pelas informações obtidas sobre ele, redução nos custos de transação, difusão do conhecimento e aprendizado, no estabelecimento de políticas educacionais, e aumento da sofisticação da demanda local por produtos e serviços. No entanto, esse processo não é simples (PORTER, 1999a; TAKEDA et al., 2008).

Nesse processo de aprimoramento dos aglomerados, o governo deve desempenhar ações essenciais, tais como: estabilidade macroeconômica e política, melhoria da capacidade microeconômica geral da economia, por meio da eficiência e qualidade dos insumos básicos das empresas (mão de obra qualificada, infraestrutura física, informação econômica precisa e oportuna), criação dos incentivos que regem a competição, uma tributação justa e eficiente, um sistema de regulação eficiente e que promova a inovação. Cabe destacar o importante papel também da política econômica de longo prazo, que mobilize o governo, as empresas, as instituições e os cidadãos para melhorar o ambiente de negócios (SCHMITZ e NADVI, 1999; PORTER, 1999a; TAKEDA et al., 2008).

Porém, se as ações mencionadas anteriormente não forem implementadas, o aglomerado pode entrar em decadência, podendo as causas serem internas ou externas a este. As causas internas são decorrentes da inflexibilidade produtiva e a falta de inovação, regras sindicais e excesso de burocracia. Já as causas externas é a falta de acompanhamento tecnológico, do mercado e das necessidades dos clientes. Desta forma, o aglomerado por si só não assegura as condições para o seu desenvolvimento e capacidade de competitividade (PORTER, 1999a).

Sabe-se que os aglomerados são importantes para o desenvolvimento econômico, proporcionam inovações, compartilhamento de informações, vantagem competitiva e trazem implicações relevantes para as empresas, governos, universidades e outras instituições, mas existem aspectos negativos tais como: o comportamento oportunista, excesso de rivalidade entre os participantes, inflexibilidade interna, regras sindicais e de associações e possível falta de acompanhamento da tecnologia.  

Nos aglomerados, as (MPEs) tem uma importância coletiva para sobrevivência e crescimento, constituindo potencialmente vantagem competitiva duradoura. Essa interação entre as MPEs possibilita aprendizagem coletiva, cooperação e dinâmica inovativa desses conjuntos em uma sociedade do conhecimento e tecnologia. Desta forma, o processo de inovação organizacional está ancorado na formação do aglomerado produtivo, no qual se destaca a importância do espaço geográfico e as características ambientais onde as empresas estão inseridas (CASSIOLATO e LASTRES, 2004).

Em relação ao espaço geográfico, destaca-se a relevância da economia local, o processo de aprendizado e interação (entre fornecedores, produtores e usuários) para constituição de sistemas de inovação envolvendo empresas e outros agentes, como instituições de ensino para possibilitar a aprendizagem regional (CASSIOLATO e LASTRES, 2004).

Neste contexto, Lemos et al., (2000) argumentam que o governo tem um papel relevante no fomento de incentivos fiscais, de infraestrutura e outros. Como exemplo, estes citam a instalação da Fiat Automóveis no estado de Minas Gerais, que possibilitou a formação do aglomerado vertical de fornecedores na região metropolitana de Belo Horizonte.

Assim, as principais vantagens para empresas estabelecerem em determinada região são: infraestrutura, disponibilidade de mão de obra, qualidade da mão de obra, existência de programas governamentais de apoio, proximidade com universidades e centros de pesquisa, proximidade com os fornecedores de insumos e a proximidade com os clientes/consumidores (LEMOS et al., 2000). Mendonça et al., (2012) acrescentam o retorno quanto ao nível de produção, o que diminui o custo de transporte e facilita o acesso dos produtos aos mercados consumidores.

De acordo com Mendonça et al.,(2012), a formação de Arranjo Produtivo Local (termo típico brasileiro para denominar aglomerado produtivo) possibilita à região altas taxas de crescimento. No entanto, é necessário quatro elementos inter-relacionados: a) geográfico; b) socioeconômico; c) sociocultural; e d) institucional. Por meio da interação desses quatros elementos é possível a criação de um mercado de trabalho especializado e qualificado, favorecendo o desenvolvimento tecnológico, a produção de conhecimento e melhoria do fluxo de informação.

De acordo com Magnavita et al., (2011), os arranjos produtivos vêm a se constituir, então, em uma alternativa de desenvolvimento com características empreendedoras que efetivamente têm o poder de alterar as relações econômicas de uma região e se constituem em opção efetiva de geração de trabalho e renda.

Neste contexto, Iacono e Nagano (2007) descrevem os principais tipos de aglomerados: informal, organizados e inovadores. Os aglomerados informais são formados por MPEs com baixa capacidade gerencial e tecnológica, possuem mão de obra de baixa qualidade, infraestrutura inadequada, ausência de apoio financeiro e poucas inovações. As relações são fracas, com pouca confiança, muita competição e baixo compartilhamento de informações. Os aglomerados informais são prevalecentes em países em desenvolvimento como o Brasil, e o papel do Estado, através de políticas públicas que visem o fornecimento de serviços tecnológicos, treinamento e crédito, tem mostrado ser de fundamental importância para o crescimento desses aglomerados.

Os aglomerados organizados são formados por empresas de pequeno e médio porte, com níveis de competências maiores. É constituído pela cooperação e pelo trabalho em rede pelas empresas participantes. Detém flexibilidade e resposta rápida ao mercado, possuem capacidade para adaptar a novas tecnologias e desenvolver novos produtos e processos. Essa condição proporciona maior competitividade. Esses aglomerados não estão organizados suficientemente para apoiar um processo de melhoria contínua, o que limita a geração de inovações significativas. Nos aglomerados organizados, a competição, como nos informais, também é elevada. A cooperação, embora se apresente com maior intensidade, ainda não é sustentada. Países em desenvolvimento, como o Brasil, possuem esse tipo de aglomerado.

Os aglomerados inovadores são constituídos por pequenas, médias e grandes empresas, e caracterizam-se por demonstrar alta capacidade de criação e um processo contínuo de inovação ao longo do tempo. A confiança, cooperação e capacidade de inovação se apresentam em elevado grau. A mão de obra é qualificada e a infraestrutura é adequada. Os aglomerados inovadores têm forte presença no mercado internacional, com elevados índices de exportação. A presença do Estado e do governo local têm sido de grande importância para o desenvolvimento e coordenação desses aglomerados. Os países desenvolvidos, em geral, apresentam experiências com aglomerados inovadores.

Face ao exposto, verifica-se que as micro, pequenas e médias empresas têm uma importância para o crescimento econômico, para criação de vantagem competitiva e formação dos aglomerados produtivos. Desta forma, na seção seguinte serão apresentadas as relações presentes nestes aglomerados, segundo a literatura.

2.2. Relações de competição, cooperação e coopetição

Segundo Porter (1999), a competitividade de um país está relacionada à sua capacidade de inovar e melhorar. Desta forma, as empresas se beneficiam de rivais internos fortes, de uma base de fornecedores agressivos e de clientes locais exigentes. Mas existe a necessidade de cada país oferecer condições para competitividade, tais como incentivar o desempenho competitivo e promover políticas governamentais de longo prazo. No entanto, nenhum país ou empresa tem condições de competir em todos os setores.

Para uma empresa ou país ser competitivo, é necessário antecipar as mudanças do mercado, e manter a vantagem competitiva de forma contínua. Desta forma, o “diamante” da vantagem nacional estabelece atributos que operam os setores econômicos de forma isolada ou sistêmica, que de acordo com Porter (1999) são:

  1. Condições dos fatores: São os fatores de produção, como mão de obra qualificada e infraestrutura.
  2. Condições de demanda: São as características da demanda no mercado interno para serviços e produtos.
  3. Setores correlatos e de apoio: A presença ou ausência de fornecedores que sejam internacionalmente competitivos.
  4. Estratégia, estrutura e rivalidade das empresas: São condições predominantes no país, que determinam como as empresas são constituídas, organizadas e gerenciadas, assim como a natureza da rivalidade no mercado interno.

Esses atributos podem atuar de forma isolada ou em sistema.

O conhecimento de analisar se o ambiente é competitivo, torna-se relevante para organização estabelecer ações e estratégias para competitividade. Desta forma, Porter (1998) define as forças que orientam a competitividade em um setor industrial: ameaças de novos entrantes, ameaça de produtos ou serviços substitutos, poder de barganha dos clientes e poder de barganha dos fornecedores e rivalidade entre as empresas.

Em relação à competitividade, Wood Jr. e Caldas (2007) elencam os seguintes fatores determinantes: fatores internos à empresa como estratégia e gestão; capacitação produtiva e tecnológica e recursos humanos; fatores estruturais como mercado, configuração da indústria e concorrência; fatores sistêmicos, como macroeconômicos, político-institucionais, regulatórios, infraestruturas sociais, características regionais e condições internacionais.

A estrutura de competitividade pode estar ancorada na busca pela inovação, melhoria, competição entre os atores envolvidos, incentivos do governo a competitividade e aprimoramento da infraestrutura e planejamento em longo prazo. Portanto, deve-se compreender a competitividade de forma ampla, devido a sua relação direta com o ambiente de mercado, fatores internos as organizações, decisões governamentais, entre outros (CASELLI e GOMES, 2015).

Frente ao mercado competitivo as empresas são estimuladas a cooperação como forma de obter benefícios, que isoladas não iriam conseguir (BRITO, 2002). Borgati e Foster (2003) argumentam que o comércio se tornou global, competitivo e turbulento, surgiram as organizações em rede, trazendo a essas muitos benefícios.

No contexto empresarial atual, as organizações tem a necessidade de terem o estabelecimento de cooperação ou alianças estratégicas. Neste caso, as empresas estabelecem redes de empresas, cooperação interindustrial ou alianças estratégicas com o intuito de conseguir um diferencial competitivo, influenciada principalmente pela forte concorrência. Porém, nos processos de “parcerias” podem ocorrer movimentos de oportunismo (BARNEY e HESTERLY, 2004) no qual alguns atores buscam o benefício do interesse próprio ou trapaças, o que atrapalha o processo de cooperação entre as empresas ou um certo domínio de um participante sobre outro.

Em relação às redes de empresas, essas buscam estabelecer relacionamentos com outras empresas e demais instituições, no qual podem ser formadas alianças estratégicas, programas de cooperação, processos de subcontratação e terceirização, cooperativas, distritos industriais e sistemas nacionais e regionais de inovação. Desta forma, a criação de rede busca o ganho de rendimentos, economia de escala, inovação e exploração de oportunidade e a adequação de tecnologia (BRITO, 2002).

Balestrin et al., (2010) argumentam que as redes podem apresentar uma eficiência superior ao modelo tradicional da grande empresa verticalizada. Nesse sentido, os fatores motivacionais para formação de rede de cooperação são: acesso a recursos materiais e imateriais, além da congruência de seus objetivos, sendo que a maioria dos estudos já realizados focaram o entendimento do processo de funcionamento das redes, buscando entender as motivações e intenções de decisões e ações de seus atores na busca de objetivos coletivos. Soares et al., (2011) ressaltam que as redes são apontadas como uma das principais alternativas para o aumento de competitividade das PMEs do setor com o objetivo principal de aumentar o poder de negociação junto às indústrias, com vistas a obtenção de melhores condições competitivas.

Em uma rede de cooperação as trocas são frequentes e todos os tipos de ligações podem surgir através de trocas sociais, de informação e econômicas. Embora os concorrentes cooperem, isso não significa que eles não competem e talvez até mesmo desconfiem uns dos outros (BENGTSSON e KOCK, 1999).

Nesse contexto, Verschoore e Balestrin (2008) verificaram cinco fatores que influenciam a cooperação entre empresas:

  1. Ganho de escala e poder de mercado: são os benefícios referentes ao crescimento do aglomerado produtivo. Quanto maior o número de empresas, maior a possibilidade de ganho de escala e poder de mercado.
  2. Acesso a soluções: está associado ao acesso aos serviços, aos produtos, a infraestrutura fornecidos pelo aglomerado para desenvolvimento dos associados.
  3. Aprendizagem e inovação: a socialização de ideias e experiências entre os associados e as ações de caráter inovador desenvolvidas em conjunto pelos participantes.
  4. Redução de custo e risco: o investimento em pesquisa e ações de marketing envolvem custos e riscos e a cooperação entre as empresas podem proporcionam a redução destes.
  5. Relações sociais: a consolidação das relações dos indivíduos, desenvolvendo o seu capital social, com relações não meramente econômicas.

Segundo Nalebuff e Brandenburger (1996), as empresas devem manter uma visão mais ampla sobre cooperação e competição de forma a criar e capturar as duas dimensões ao mesmo tempo, proporcionando uma maior dinâmica no seu relacionamento.

Lacoste (2012) discorre sobre o termo “coopetição”, termo surgido nos anos 1980 para se referir ao relacionamento entre empresas, em um arranjo produtivo que envolve simultaneamente competição e cooperação. Esta relação pode incluir intercâmbios econômicos e não econômicos (BENGTSSON e KOCK, 1999). O poder no lado da cooperação do relacionamento é baseado em aspectos funcionais, de acordo com a cadeia de valor. No lado competitivo do relacionamento, o poder é baseado na posição e força do ator. Os autores acrescentam que de uma maneira similar a dependência surge em dois sentidos. Na cooperação, a dependência é estipulada em acordo formal ou baseada na confiança. Ao competir, a dependência está relacionada com a força do ator e posição na rede de negócios e é mais igualmente distribuída.

Desta forma, as organizações buscam fazer alianças e estabelecer redes, mas sem deixar de defender os seus interesses próprios, típicos da competição. Neste processo, ocorre a coopetição vertical entre compradores e fornecedores, no qual pode ocorrer duas formas híbridas de relacionamento vertical: a primeira baseada na competitividade dos preços, mas com certo grau de cooperação e a segunda com relacionamento de cooperação, incluindo alguns pontos de competição. Assim, pode existir o conflito de interesse e possibilidade do exercício de domínio ou influência do mais forte nesta relação (LACOSTE, 2012).

Pode-se concluir que a competição entre empresas é importante para inovação e criação de novas soluções. Porém, as empresas não são sistemas isolados e há incentivos para estabelecer redes e alianças com objetivo de adquirir vantagem competitiva, devido a forte concorrência do mercado. Mas no contexto de ‘parceiras’ pode ocorrer trapaças, comportamento de domínio dos parceiros, o que pode ser considerado prejudicial, além de inibir o processo de inovação. Nesse processo de ‘parcerias’ podem existir conflitos de interesse em diferentes esferas. Assim, as empresas devem buscar aliar a competição e cooperação de forma justa ou leal, com o intuito de adquirir vantagem competitiva avançada.

3. Metodologia

A presente pesquisa trata-se de um survey que busca descrever as características, os comportamentos, os fatos e o fenômeno das relações existentes no aglomerado produtivo, em consonância com os aspectos conceituais apontados por Cooper e Schindler (2003). É uma pesquisa quantitativa, pois se baseia em métodos lógico-dedutivos e busca explicar as relações de causa/efeito por meio da generalização de resultados a partir de uma amostra (BERTO; NAKANO, 1999). Os dados quantitativos são mensurações objetivas em que números são usados diretamente para representar a realidade (HAIR JR. et al.,2005). Bryman (1989) argumenta que na análise quantitativa, o pesquisador já apresenta conceitos previamente estruturados sobre o objeto de estudo, que neste caso é o aglomerado produtivo de móveis de madeira da cidade Santa Cruz de Minas (MG).

Foram coletados dados secundários e primários. Os dados secundários foram obtidos por meio do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para a coleta de dados primários, formulou-se um questionário contemplando questões objetivas abordando caracterização da empresa, fatores limitantes e barreiras enfrentadas pelas empresas, relações de competição, cooperação e coopetição entre as empresas do aglomerado, confiança, a percepção da inserção na região e a atuação governamental. Os respondentes foram definidos conforme cadastro das empresas ativas no MTE (2014). Em seguida foi realizada uma visita in loco para coleta de dados com gerente/sócio ou gerente/proprietário. De acordo com o MTE (2014), no mês de abril de 2014 estavam registradas 66 empresas ativas neste setor. A intenção inicial foi coletar dados de todas as empresas para o conhecimento amplo das empresas do aglomerado, porém, quando da visita, algumas empresas se recusaram a participar, sendo assim, foram aplicados questionários em 58 empresas, o que correspondeu a 87,8% das empresas registradas. Para análise dos dados quantitativos, foi utilizada estatística descritiva em uma planilha eletrônica e estatística multivariada com aplicação da análise fatorial utilizando o SPSS – Statistical Package for the Social Sciences com rotação varimax. A análise fatorial é uma técnica exploratória de dados que usa as correlações observadas entre as variáveis para estimar o(s) fator(es) comum(ns) e as relações entre variáveis (MARÔCO, 2010). Assim, A análise fatorial pode ser entendida como uma técnica de estatística multivariada de interdependência, que, segundo Hair Jr et al., (2009), tem o propósito principal de definir a estrutura inerente entre as variáveis na análise e, desta forma, fornece as ferramentas para analisar a estrutura das correlações em um grande número de variáveis definindo conjuntos de variáveis que são fortemente correlacionadas, conhecidas como fatores.

Outra técnica realizada foi à análise discriminante, que segundo Fávero et al., (2009) e Marôco (2010) é uma técnica multivariada com objetivo de identificação das variáveis que melhor diferenciam (ou discriminam) dois ou mais grupos individuais. Desta forma, foi realizada a análise discriminante stepwise com o método Wilks com as variáveis dependentes qualitativa (não métrica) e as variáveis independentes quantitativas (métricas). No entanto, as variáveis não discriminam nenhum comportamento em relação ao grupo de variáveis.

4. Análise e discussão dos resultados

O aglomerado de Santa Cruz de Minas, conforme IBGE (2014), é formado por microempresas (artesanatos e móveis em madeira). Segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) de abril de 2014, existiam 66 empresas do setor, empregando 179 pessoas, com a média de 3 empregados por empresa. No entanto, a amostra trabalhada foi de 58 empresas. A cidade está localizada na região do Campo das Vertentes em Minas Gerais, é o menor município do Brasil em território e possui uma população de 8.365 habitantes (IBGE, 2014). 

Na Tabela 1, apresenta-se o perfil das empresas moveleiras pesquisadas no município de Santa Cruz de Minas (MG).

Tabela 1. Perfil das empresas pesquisadas

Dados

Categorias

Número de empresas

Percentual

 

Fundamental incompleto

01

02%

 

Fundamental completo

06

10%

Nível de escolaridade

Médio incompleto

06

10%

do proprietário da empresa

Médio completo

31

54%

 

Superior incompleto

06

10%

 

Superior completo

08

14%

 

1971 – 1980

03

5%

 

1981 – 1990

0

-

Ano de fundação da empresa

1991 – 2000

11

19%

 

2001 – 2010

28

48%

 

2011 - 2014

16

28%

 

0 – 5

38

66%

 

6 – 10

13

22%

Número de empregados

11 – 15

03

5%

 

16 – 20

03

55

 

21 – 25

01

2%

 

Familiar

39

67%

Origem da empresa

Sociedade Limitada

13

22%

 

Individual

05

9%

 

Microempreendedor

01

2%

 

0 – R$ 5000,00

12

21%

 

R$ 5001,00 – R$ 10.000,00

05

9%

Faturamento mensal

R$ 10.001,00 – R$ 15.000,00

04

7%

 

R$ 15.001,00 – R$ 20.000,00

06

10%

 

R$ 20.001,00 – R$ 25.000,00

06

10%

 

Mais de R$ 25.000,00

25

43%

Fonte: Dados da pesquisa

Assim, verifica-se que a escolaridade mais frequente do proprietário/gerente é o ensino médio concluído, a empresa tem atuação no mercado superior a 10 anos, a origem familiar está presente em 68% das empresas, possuem até 05 funcionários em 66% dos casos e com faturamento bruto mensal acima de R$ 20.001,00 reais na maioria dos casos. Com os dados da tabela conclui-se que o aglomerado é formado tipicamente por microempresas de origem familiar.

Observou-se que o principal destino dos móveis é para outros estados (para 82% das empresas), no entanto, existem empresas que atendem à demanda local e exportação. Entre os estados atendidos destaca-se o Rio de Janeiro.

Foi realizada a estatística de variância das variáveis pesquisadas, e observou-se que todas apresentam resultado diferente de zero, o que atende a exigência mínima para a análise fatorial. A estatística KMO (Kaiser-Meyer-Olkin) verifica as correlações simples com as parciais observadas entre as variáveis e a qualidade para a análise fatorial (FÁVERO et al., 2009). O resultado do KMO = 0,532, conforme Hair Jr et al., (2009) e Marôco (2010), é aceitável para a análise fatorial. O teste de Esfericidade de Bartlett (p-value = 0,008) evidenciou que existe correlação entre as variáveis, considerando um nível usual de significância de 5% mencionado por Fávero et al., (2009), Marôco (2010) e Malhotra (2012). O teste de comunalidades avalia a variância total explicada pelos fatores em cada variável. O teste comunalidades apresenta todas variáveis acima de 0,5 oscilando entre 0,622 e 0,939, o que representa que todos as variáveis atendem as exigências mínimas (MARÔCO, 2010).

A matriz de componente rotativa apresentou cinco fatores que podem ser observados na Tabela 2, a seguir:

Tabela 2. Matriz de componente rotativa

 

VARIÁVEIS

FATOR

1

2

3

4

5

Fatores limitantes

 

 

 

 

0,967

Pode confiar nos empresários

0,751

 

 

 

 

Há oportunismo

 

 

0,886

 

 

Em épocas de crise a cooperação aumenta

0,834

 

 

 

 

Em épocas de crise a competição aumenta

 

 

 

0,903

 

A região facilita a cooperação

0,793

 

 

 

 

A participação do governo municipal é satisfatória

 

0,849

 

 

 

O governo municipal possui papel significante

 

0,767

 

 

 

Atuação das instituições públicas

 

 

-0,567

 

 

Fonte: Dados da pesquisa

Foi verificada a correlação entre as variáveis de cada fator e elas apresentam correlação superior a 0,411. Segundo Hair JR et al., (2009), quando a correlação entre as variáveis é superior a ,30 evidência que a técnica é apropriada. Variável total explicada pela fatorial é de 75,5%, como pode ser observado na Tabela 3. a seguir:

Tabela 3. Variável total explicada.

 

Componente

Valores próprios iniciais

Somas de extração de carregamentos ao quadrado

Total

% de variância

% cumulativa

Total

% de variância

% cumulativa

1

2

3

4

5

6

7

8

9

1,994

1,453

1,186

1,138

1,032

0,783

0,535

0,464

0,415

22,152

16,145

13,181

12,639

11,464

8,704

5,941

5,159

4,614

22,152

38,297

51,479

64,118

75,582

84,286

90,227

95,386

100,000

1,994

1,453

1,186

1,138

1,032

22,152

16,145

13,181

12,639

11,464

22,152

38,297

51,479

64,118

75,582

Fonte: Dados da pesquisa.

Inicia-se a apresentação da análise e discussão dos cinco fatores extraídos da matriz de componentes rotativa. O título para cada fator foi em conformidade com os comportamentos realizados pelos atores sociais no aglomerado.

Fator 1. Comportamento dos atores no aglomerado. Em relação ao comportamento dos atores do aglomerado pode ser observado na Tabela 4, todas as afirmações levam a crer que, na visão predominante dos entrevistados, não se pode confiar nos empresários locais (67% das afirmações), existindo oportunismo (56,8% das afirmações) e em períodos de crise a competição aumenta (84% das afirmações) e a cooperação diminui (84% das afirmações). Acrescenta-se que a região não facilita a cooperação com demais empresas do setor (56% das afirmações). 

Tabela 4. Comportamento dos atores no aglomerado produtivo

Afirmação

Discordo plenamente

Discordo

Concordo

Concordo plenamente

Pode-se confiar na maioria dos empresários locais.

16 (27,6%)

23 (39,7%)

17 (29,3%)

2 (3,4%)

Há oportunismos (trapaças) nas relações entre empresas?

5 (8,6%)

20 (34,5%)

26 (44,8%)

7 (12,1%)

Em época de crises a cooperação aumenta?

21 (36,2%)

28 (48,3%)

9 (15,5%)

-

Em época de crises a competição aumenta?

2 (3,4%)

7 (12,1%)

33 (56,9%)

16 (27,6%)

A região facilita a cooperação com demais empresas do setor?

11 (19%)

22 (37,9%)

23 (39,7%)

2 (3,4%)

Fonte: Dados da pesquisa.

Observa-se a presença do oportunismo, no qual os atores econômicos buscam o interesse próprio, o que atrapalha o processo de cooperação entre as organizações, nas quais podem surgir as trapaças (BARNEY e HESTERLY, 2004). Desta forma, a presença do comportamento oportunista afeta a confiança dos participantes.

Fator 2. A participação dos órgão públicos. A atuação do governo municipal no aglomerado é percebida de forma incipiente, pois 72% (42 empresas) discordam ou discordam plenamente da participação do governo municipal no desenvolvimento do setor. No entanto, 55% (32 empresas) concordam ou concordam plenamente que o governo municipal possui papel significante no desenvolvimento do aglomerado moveleiro, conforme Tabela 5.

Tabela 5. Atuação do governo municipal no aglomerado

Afirmação

Discordo plenamente

Discordo

Concordo

Concordo plenamente

A participação do governo municipal no desenvolvimento do setor é satisfatória.

16 (27,6%)

26 (44,8%)

14 (24,2%)

2 (3,4%)

O governo municipal possui papel significante no desenvolvimento do aglomerado moveleiro.

7 (12,1%)

19 (32,7%)

23 (39,7%)

9 (15,5%)

Fonte: Dados da pesquisa.

O papel das instituições públicas (municipal, estadual e federal) é percebido em duas vertentes: a primeira afirma que não é oferecido nenhum tipo de apoio (50% das empresas). A segunda menciona as atividades desenvolvidas pelas instituições são: treinamento e capacitação (41%), infraestrutura (5%), linha de financiamento (2%) e eventos (2%), conforme Figura 1.

Figura1. Atuação das instituições públicas no arranjo produtivo

Fonte: Dados da pesquisa.

Fator 3. Existe oportunismo. Na proporção que aumenta o oportunismo no aglomerado existe uma correlação negativa na atuação das instituições públicas (-0,567). Com a presença o oportunismo diminui a confiança entre as relações das empresas.  Este fator ratifica o fator 1 sobre a presença de oportunismo e o fator 2 sobre a atuação dos órgãos públicos.

Fator 4. Em época de crises a competição aumenta. Conforme apresentado na Tabela 3, o comportamento de competição aumenta em período de crise. Desta forma, pode-se inferir que os empresários atuam de forma individual preocupados apenas com a sobrevivência de sua empresa.

Fator 5. Fatores limitantes. Quanto ao fator de limitação para a expansão da empresa, é mencionado por 64% das empresas a falta de mão de obra especializada, e por 12% a falta de disponibilidade de matéria prima, conforme pode ser observado na Tabela 6.

Tabela 6. Fatores de limitação à expansão da empresa

 

Fatores limitantes

Frequência

Absoluta (Quantidade)

Relativa (%)

Ausência de mão de obra especializada

37

63,79

Disponibilidade de matéria prima

07

12,07

Tamanho do mercado

06

10,34

Localização da empresa

02

3,45

Divulgação

01

1,72

Falta de turista

01

1,72

Logística precária

01

1,72

Preço do produto

01

1,72

Concorrência

01

1,72

Encargos sociais

01

1,72

Fonte: Dados da pesquisa.

A mão de obra especializada é de suma importância, pois esta pode resultar em redução dos custos e aprimoramento no processo produtivo. Dos profissionais com maior dificuldade de contratação, destacam-se: o marceneiro (72% das empresas mencionaram); soldador (9%) e de acabamento (9%). Conforme Porter (1999a) e Takeda et al., (2008), essa falta de mão de obra qualificada inibe o desenvolvimento do aglomerado. O que pode evidenciar uma participação incipiente dos órgãos públicos no arranjo produtivo, no qual é mencionado também como uma barreira enfrentada pelas empresas.

Essa dificuldade de contratação é justificada por 48% das empresas por não formarem profissionais em suas empresas, e sim já os contratarem com experiência. Em 24% dos casos a formação do profissional ocorre na prática do exercício da profissão e 22% das empresas oferecem curso ou treinamento.

Outra dificuldade enfrentada pelas empresas é a alta concorrência no aglomerado, seguida pelas tarifas e impostos elevados e a falta de incentivos governamentais, como pode ser verificado na Tabela 7.

Tabela 7. Principais barreiras enfrentadas pelas empresas

 

Barreiras

Frequência

Absoluta (Quantidade)

Relativa (%)

Concorrência elevada

32

34%

Tarifas e impostos elevados

24

26%

Falta de incentivos governamentais

19

20%

Qualidade do produto

9

10%

Desconhecimento do mercado

4

4%

Escala de produção

3

3%

Outros

3

3%

Fonte: Dados da pesquisa.

As relações existentes entre as empresas do aglomerado se caracterizam como de competição em 52% (30) das empresas, seguida da cooperação e competição em 38% (22) empresas, conforme Figura 2.

Figura 2. Relações existentes no aglomerado produtivo de Santa Cruz de Minas

Fonte: Dados da pesquisa.

Conforme se depreende a partir do conceito de Iacono e Nagano (2007), o aglomerado de Santa Cruz de Minas se enquadra em incipiente pela baixa cooperação entre seus participantes. Observando a Tabela 4 e a Figura 2, verifica-se que a relação mais presente entre as empresas do aglomerado é de competição. Porter (1998; 1999a) salienta a importância dessa relação no sentido de proporcionar melhorias, inovação, desenvolvimento e aperfeiçoamento do setor produtivo. Kwasnicka e Zaccarelli (2007) destacam que a competição dentro do arranjo produtivo é necessária para empresa não desaparecer do mercado. No entanto, a falta de cooperação resulta na perda de diversos benefícios, destacados por Britto (2002) e Verschoore e Balestrin (2008). Para a coopetição, Lacoste (2012) ressalta que é um relacionamento entre firmas que envolve simultaneamente competição e cooperação, sendo possível a criação de valor em um relacionamento desta natureza.

As empresas pesquisadas elencaram as vantagens de estarem inseridas em uma região conhecida pela produção de móveis. A principal vantagem é a atração de clientes e o reconhecimento como polo produtor, conforme Tabela 5. Porter (1999a) e Takeda et at.(2008) ressaltam a importância de uma empresa estar inserida em um aglomerado, ao aproveitar a proximidade física entre elas e o reconhecimento como um aglomerado. Kwasnicka e Zaccarelli (2007) destacam que o cliente irá maximizar sua satisfação pessoal ao encontrar em uma mesma localização várias empresas, o que possibilitará variedade de preços, prazo, qualidade, estilo e produtos.

Tabela 8. Vantagens da inserção no aglomerado

 

Vantagens da inserção no aglomerado

Frequência

Absoluta (Quantidade)

Relativa (%)

Atração de clientes

34

40%

Reconhecimento como polo produtor

23

27%

Acesso facilitado a fornecedores

16

19%

Qualidade da mão de obra

4

5%

Não existem vantagens

3

4%

Outros

3

4%

Troca de informações e tecnologia

2

2%

Fonte: Dados da pesquisa.

Apesar do nível de cooperação no aglomerado ser baixo, os respondentes elencaram os principais motivos que podem levar o empresário a cooperar com as demais empresas. Destaca-se a troca e acesso a informações em 64% das empresas, desenvolvimento e melhoria de produtos em 22% das empresas e treinamento em 19%, conforme Figura 2.

Figura3. Motivos para cooperar com as empresas do aglomerado produtivo

Fonte: Dados da pesquisa.

Apesar de o motivo principal para cooperar ser a troca e acesso a informação, quando as empresas precisam de informação, a principal fonte não é no aglomerado. Observou-se que 19% das empresas entrevistadas, não buscam informação em nenhum lugar, para as demais a principal fonte de informações é a internet (36% das empresas), familiares/pessoas com experiência (26%), clientes (7%), contabilidade (5%) e Sebrae ou Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) e outros (7%).

Neste contexto, pode-se concluir que existe um gap entre o treinamento e capacitação ofertados e a necessidade de mão de obra especializada, ou as empresas sentem falta da mão de obra especializada e as instituições públicas não conseguem suprir tal necessidade. Assim, as instituições públicas estão atuando de forma incipiente neste aglomerado, segundo os entrevistados. Neste contexto, Porter (1998) ressalta que a atuação do governo deve ser a criação de condições para o aglomerado. Desta forma, o papel apropriado do governo seria o de estimular as empresas a elevar suas aspirações e a galgar níveis mais altos de desempenho competitivo, ainda que o processo seja intrinsicamente difícil. Porter (1998) menciona que a atuação do governo deveria focalizar em políticas em longo prazo, como investimento nos sistemas educacionais, em infraestrutura, e a pesquisa em áreas de interesse nacional. E evitar a intervenção no mercado monetário e criar normas de segurança, meio ambiente e sustentabilidade.

Conforme salientado por Porter (1999), a competição influencia as empresas a inovar. Nesta pesquisa percebe-se que 74% das empresas afirmam buscar a inovação como forma de sobressair da concorrência, 3% declaram que em alguns momentos e 23% não se preocupam com a inovação. Verifica-se que das empresas que buscam a inovação tem suas ações voltadas em 100% dos casos para desenvolvimento de novos produtos. No entanto, a cópia de produtos é muito comum no aglomerado. Assim, verifica-se o comportamento oportunista entre os participantes do aglomerado (BARNEY e HESTERLY, 2004).

5. Considerações finais

O objetivo desta pesquisa foi analisar as relações entre as organizações do aglomerado produtivo moveleiro de Santa Cruz de Minas (MG) e percebeu-se que não há evidências de processos cooperativos significativos, sendo presente a competição entre as empresas e pequena atuação de órgãos públicos.  Em relação à baixa cooperação entre as empresas, Gaspar et al., (2014) apresenta a mesma constatação no setor moveleiro da rua Jurubatuba em São Bernardo do Campo – SP e no setor de confecções em Toritama-PE (LACERDA et al.,2014). Possivelmente há pouca cooperação e coopetição em função de existir baixa tecnologia empregada, sendo assim, fácil copiar um modelo de produto.

Observou-se que o principal destino da produção é o estado do Rio de Janeiro o que caracteriza que a produção é destinada a suprir a demanda nacional, principalmente a região sudeste.

O aglomerado apresenta grande carência de mão de obra especializada e matéria prima, o que é destacado como limitadores a expansão das empresas (PORTER, 1999a; Takeda et al.,2008). Assim, a cooperação entre as empresas para possibilitar treinamentos e atuação de forma adequada dos órgãos públicos poderia diminuir esta lacuna. Entre os profissionais com dificuldade de contratação sobressai-se o marceneiro, seguido pelo soldador e o acabador, evidenciando a ausência de fatores competitivos importantes para o desenvolvimento da cadeia produtiva.

As empresas enfrentam dificuldades como a elevada concorrência, tarifa e impostos elevados e falta de incentivos governamentais. A elevada concorrência é justifica pela relação entre as empresas se caracterizar pela competição, o que destaca um baixo nível de cooperação e uma atuação insuficiente do governo local e dos órgãos públicos.

O relacionamento entre as empresas é marcado pela falta de confiança entre os agentes e presença de comportamento oportunista entre os participantes do aglomerado. Embora possam existir benefícios para cooperação, as empresas entrevistadas ainda não conseguiram perceber os mesmos, o que justifica o comportamento de competição.

Por fim, pode-se concluir que o aglomerado em estudo se caracteriza basicamente do reconhecimento como um polo produtor, o que possibilita a atração de clientes, conforme Zaccarelli et al.,(2008) em função proximidade geográfica. Neste sentido, Gaspar et al., (2014) apresentam um estudo que comprovam a importância da proximidade geográfica no setor moveleiro e Lacerda et al.,(2014) no setor de confecções para atração de clientes. Assim, a proximidade geográfica atrai o cliente pela diversidade de empresas e sem a necessidade de grandes deslocamentos.

A limitação da pesquisa é referente ao caso específico do setor moveleiro de Santa Cruz de Minas/MG, que não permite generalizações. Diante da limitação, sugere-se futuras pesquisas no aglomerado com a finalidade de compreender por que as empresas têm o relacionamento de competitividade, se em algum momento já existiu cooperação, identificar os fatores para não existir cooperação, além de utilizar abordagens diferentes e comparações com outros aglomerados do mesmo setor.

 Como sugestão para o aglomerado, sugere-se verificar a possibilidade de trabalhar melhor o processo de cooperação entre as empresas e para atuação governamental, sugere-se verificar a possibilidade de criar condições para que se incremente a formação de mão de obra, e maior inserção das instituições de apoio, como associações, Sebrae, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), dentre outras.

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1. Doutorando em Administração na Universidade Federal de Lavras. Mestre em Administração e graduação em Ciências Contábeis. Professor do Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais – São João del-Rei/MG. Brasil. Email: leandro.barros@ifsudestemg.edu.br
2. Professor no Programa de Pós-graduação em Administração da Universidade Federal de Lavras. Doutor em Agronegócio, mestre em Administração e graduação em Administração.
3. Mestrando em Administração na Universidade Federal de Lavras. Graduado em Administração. Professor do Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais – Santos Dumont/MG. Brasil.

4. Professor no Programa de Pós-graduação em Administração da Universidade Federal de Lavras. Doutor em Administração, mestre em Administração Rural e Graduação em Agronomia.

5. Professor no Programa de Pós-graduação em Administração da Universidade Federal de Lavras. Doutor em Administração, mestre em Administração e Graduação em Agronomia.


Revista Espacios. ISSN 0798 1015
Vol. 37 (Nº 30) Año 2016

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