Espacios. Vol. 37 (Nº 33) Año 2016. Pág. 3

Políticas educacionais e neoliberalismo de mercado: Reflexões acerca da globalização educacional

Educational policies and market neoliberalism: Reflections on globalization educational

Alessandro PEREIRA 1; Alexandre VANZUITA 2; Elaine Cristina da Silva MARTINS 3; Greissa Leandra DE MARCO 4

Recibido: 26/06/16 • Aprobado: 21/07/2016


Conteúdo

1. Introdução

2. Considerações

Referencias


RESUMO:

Este artigo trata das questões de políticas públicas educacionais cujo o foco é de interesse global, trás mais precisamente uma reflexão a respeito das políticas educacionais. O neoliberalismo de mercado, como apresentado, é visto como uma forma de empreendimento social que busca solução novas para problemas antigos, podemos referir como algo do tipo; ou se está na moda seguindo essas tendências ou é ultrapassado. O neoliberalismo como é apresentado diz respeito a um novo tipo de economia baseada no mercado, ou seja; o lucro, fonte de renda para as empresas, sendo isso a lógica no mercado econômico, a inserção dessa lógica de mercado tem pautado na incapacidade do Estado em gerir suas políticas.
Palavras chave: neoliberalismo, Globalização e educação

ABSTRACT:

This article deals with issues of educational public policies whose focus is of global concern, behind more precisely a reflection on the educational policies. Neoliberalism market, as shown, is seen as a form of social enterprise that seeks new solution to old problems, we can refer to something; or it is fashionable following these trends or is exceeded. Neoliberalism as shown concerns a new type of market-based economics, or ; profit , income source for companies , and that the logic in the economic market , the insertion of this market logic has guided the state's inability to manage their policies.
Keywords: Neoliberalism, Globalization and Education

1. Introdução

Na lógica do neoliberalismo aplicada as políticas educacionais são entendidascomo uma nova governança, isso por que na globalização a lógica de mercado prevalece sobre o Estado. Entretanto, com a disseminação de soluções privadas para problemas educacionais que é público como bem apresentou nos argumentos de Ball (2014), a educação fica refém pelo descrédito criado pela incapacidade do Estado em gerir suas políticas, portanto, as empresas privadas apresentam o caminho para que as políticas educacionais possam tornar-se efetivas e seus objetivos alcançados, o que torna a possibilidade de abertura de novas fontes de renda para essas empresas.

É sabido que a Globalização de mercados é uma realidade. E o desbravamento de novas fontes de lucros é uma constante, e o mercado capitalista tem focado principalmente no Estado, que é tido como burocrata na gestão de suas políticas e neste aspecto as teorias neoliberais se aplicam muito bem a essa incapacidade de gestão, portanto, é tido como “ negócios da educação”. O que chama atenção nos argumentos de Ball (2014), isso é visto como um novo tipo de governança, e esclarece que isso dar-se-á pelas mudanças epistemológicas o que está ligado principalmente pelas “ políticas em movimento”.

Se pensarmos que as pessoas estão em movimento constante, e isso é uma rede imbricada de sistemas que segue uma lógica, articulação políticas sociais, gerenciamento da comunidade, métodos de funcionamento são criadas para que um novo tipo de governança seja estabelecido e catalisando todos os setores, buscando assim solucionar os problemas das comunidades, embora a menção principal de Ball (2014) estabelece que o tipo de governança que se pretende implantar diminui o poder em algumas partes ou setores, é o caso aplicado as políticas educacionais principalmente, entregando os serviços públicos a diferentes alianças e setores privados.

A comparação que se estabelece é que uma nova ordem está se inserido, a grosso modo nos permite pensar que os “ educanplarios” seria uma nova ordem de garantia de centralizar o domínio do conhecimento, sendo jogos de poder particularistas. Portanto, novas fontes de autoridades, novos autores de rede e de organizações autônomas, sendo os interesses de influencias muito bem arquitetados e estruturados.

A reflexão que se insere nesse contexto pauta-se nas políticas educacionais e a reorganização do papel do Estado em gerir tais políticas, é fato que através dessa gestão surge interesses de empresas acenando como uma nova fonte de lucro, embora os textos façam referência a esse interesse deixando claro quais são essas tendências. Peroni (2012) compara o neoliberalismo e o que chama de terceira via, significa que esclarece e apresenta os argumentos de cada um de acordo com a lógica que se está inserida.

No contexto atual o desenvolvimento político seja ele econômico ou social está ligado diretamente com as ações do Estado que rege de maneira não autônoma (diretrizes tomadas por uma minoria de pessoas) a organização de políticas públicas, aliás, questão de inúmeras discussões sobre quem faz o que e o por que faz, a constatação pode ser exemplificada a partir da necessidade de ajustes restritivos de gastos, observado com as políticas de contenção de despesas e incorporada pelos governos de diferentes esferas.

Entretanto, a adoção de políticas públicas e o papel do governo sobre as diferentes abordagens de gerir as políticas será apresentado ao longo do texto e apoiado em teorias e teóricos que dão o suporte necessário para o esclarecimento a respeito da função do papel do Estado nesse imbricado sistema de relações.

É importante fazer referência que a política pública como área de conhecimento surge nos EUA, embora Souza (2006) faça menção que foi no meio acadêmico sem estabelecer relações com as bases teóricas sobre o papel do Estado, apenas referente as ações do governo, passando direto para a ênfase nos estudos sobre a ação dos governos. (Souza 2006).

De fato, a política pública apresenta diferentes concepções sobre a sua atuação, e teóricos que se propuseram a estuda-la concordam que não existe uma única definição a seu respeito, porém, alguns critérios para um melhor entendimento se fizeram necessário para compreender em parte a sua complexidade, mas o fato é que segundo o texto na definição apresentado por Souza (2006) apud Peters (1980), a política pública é a soma das atividades dos governos  que agem diferentemente ou através de delegação e que influencia a vida dos cidadãos, porém as diferentes abordagens apresentadas no texto sugerem que o foco de atuação depende da tendência governamental, não seguindo muitas vezes um padrão de atuação política, dependendo o interesse governamental que se pretende seguir. A política apresentada conforme Souza (2006), assume características holísticas, isso significa dizer que considera o todo e suas partes envolvidas.

A construção de diferentes modelos de políticas públicas pauta-se no entendimento de quatro formatos, sendo eles: políticas distribuitivas, politicas regulativas, politicas redistributivas e politicas constitutivas (Souza, 2006). Essa distribuição fica evidente quando o governo adota em seu plano de ação para justificar o porquê da implantação de diferentes políticas e isso poderá implicar em pontos de setores para compor o apoio necessário para atender interesses políticos, segundo o entendimento proposto por Souza (2006).

É necessário esclarecer, que a política pública tem diferentes concepções, mas necessitam de atenção e de melhor direcionamento para que possam ser efetivadas como é sua prerrogativa, isso significa que o principal foco da política está no entendimento disposto que o governo pretende adotar e cabe a organização da sociedade o interesse de acompanhamento. Essa relação estabelecida nos permite entender as diferentes abordagens dada a política pública. É importante lembrar que, mais que elaborar ações de políticas públicas o acompanhamento deve ser efetivo para que o interesse possa ser coletivo e não individual ou partidário político.

Brandão (2012), desenvolve uma análise exploratória sobre a constituição de habitusescolares, e a partir dessa análise examina o conceito de qualidade de ensino no contexto de olhares sobre as práticas pedagógicas escolares, institucionais e familiares, o perfil dos alunos, das famílias e dos professores serviram para a construção de dados empíricos com os quais a autora procurou levantar, portanto, algumas hipóteses sobre habitus que favorecem bons desempenhos escolares forma levantadas.

Segundo destaque proposto por Brandão (2012), sempre que possível, rotinas, valores, ênfases e controles aos quais os alunos são expostos no ambiente escolar e familiar, procuramos registrar as estra­tégias e ações que objetivam e provavelmente favorecem a criação de determinadas disposições (habitus) para o estudo e o domínio das habilidades necessárias ao bom desempenho escolar.

De fato, as políticas públicas educacionais enquanto direcionadoras necessitam esclarecer quem faz o que; sendo as metas e princípios como norteadoras das ações do gestor. Diante destes aspectos, as políticas educacionais devem estar articuladas com ações pautadas entre governo e sociedade para que possam ser efetivadas como é de sua prerrogativa.

Lembrando que, a contribuição de estudos, foca nas questões de ordem documental, porém, quando remetemos a pesquisa de campo fica percebido a diferença com que os discursos não se confirmam com a realidade encontrada, e as contribuições de diferentes pesquisas, apontam que em termos de políticas educacionais precisamos avançar ainda mais.

Essa convergência, inclui diferentes tipos de atores afim de buscar o seu espaço nesse sistema de relações, é importante destacar que as transformações dos regimes organizacionais e a demanda constante de estabelecer fontes de renda afetará principalmente as organizações das escolas, como bem pontuado por Ball (2014).

A questão das políticas neoliberais tem apoiado sempre em situações de uma gestão precária, porém; percebidas em diferentes esferas de governos em estabelecer diretrizes para suas políticas, é bem verdade que  as políticas são fundadas em relações sociais como bem lembra Ball (2014), entretanto, no campo financeiro as estratégias de novas fontes de lucro são uma constante, e isso faz com que ações tidas como filantrópicas assumem papel relevante nesse meio, pois o apelo meche nitidamente com o imaginário das pessoas, estabelecendo assim uma certa fidedignidade por quem a implanta, sendo tratada apenas como oportunidades sociais ou seja, negócios filantrópicos com objetivo de lucro.

Ao pensar em situarmos na atual política filantrópica nota-se a preocupação de estabelecer relações, embora as relações que Ball (2014) nos remete a pensar está na busca em promover e fomentar soluções de mercado para problemas sociais e educacionais, esses argumentos têm sua sustentação na necessidade de estabelecer novos campos de atuação capitalista, ou em síntese, estabelecer oportunidades de desbravar novos mercados com um apelo social.

Portanto, as políticas educacionais tem assumido um papel de destaque nos últimos anos com especial atenção para as questões de mobilidade e acesso universal a educação, e essa relação fez com que empresas percebessem uma oportunidade de expandir seus “ negócios filantrópicos” pela nítida lacuna deixada pelo Estado, visando assim, a expansão de mercados até então inexplorados, e essa atenção percebida pelas empresas foi em decorrência das metas estabelecidas do acesso universal a educação, citado anteriormente, o que configura a retomada sempre do termo para que possamos  nos situarmos nessa rede, cabe lembrar que as ideias não são criadas no vácuo, são criações sociais que visam estabelecer e desbravar novas fronteiras capitalistas, mas a premissa básica: novos lugares, novos espações e novas oportunidades de geração de lucro, ou melhor, lucro não é uma palavra frequente na nova filantropia, é substituído por negócios filantrópicos.

Entretanto, não é possível estabelecer de maneira coerente a conexão no que refere-se até onde vai essas oportunidades de “lucro”, o que é certo afirmar de início é de que, enquanto houver o endosso do Estado para esses novos “negócios” veremos muitas empresas/mercados em ligeira expansão, pois a relação foi muito bem articulada, estabelecendo a falência do sistema público e ascensão do privada como a solução mais coerente a ser seguida, e isso é legitimada por uma questão de uma incompetência em gerir o seu bem público deixada em aberto, gerando assim, novos conceitos de filantropia.

Entretanto, essa relação de convergência, inclui diferentes tipos de atores afim de buscar o seu espaço nesse sistema de relações, primeiramente, há nas politicas que representam decisões tomadas por agencias financeiras internacionais, entre elas o Banco Mundial, se consideremos o acesso universal a educação como meta prioritária contida no relatório EFA 2011, (UNESCO 2011) não se configura na prática, neste sentido retomo as contribuições de Arroyo (2010) quando revelam que

Ao pensamento sócio pedagógico mais crítico das últimas décadas devemos ter levado as análises das desigualdades educacionais para além dos supostos determinantes intraescola e intrassistema, para os determinantes sociais, econômicos, políticos, culturais, de gênero, raça, etnia, campo, periferia. Avançando até as determinações dos padrões de poder, trabalho, acumulação, concentração-exclusão da terra e da renda. Sabemos mais sobre como esse conjunto de desigualdades históricas condiciona as desigualdades educacionais. Análises demasiado incômodas para a paz das instituições educativas gestoras e formuladoras de políticas, de avaliações e de análises.

Através desses discursos, percebemos a fragilidade com que assuntos, principalmente as políticas educacionais são tratadas com diferentes olhares, é claro, com um apelo de social, apenas para legitimar a intencionalidade de seus precursores.

É interessante retomar que as políticas não estão apenas relacionadas a um formato, Ball, trata em seu artigo Performatividade e Fabricações na Economia Educacional, traz um panorama a respeito da performatividade no setor público. O que chama atenção para as relações que isso implica para a prática cotidiana das pessoas.

A performatividade como tal é colocada por Ball, diz respeito a produção e performance dos sujeitos que nela estão envolvidos, e na definição de Ball(2010) apud Lyotard “ um sistema de terror”. Essas questões apontadas no artigo, faz frente aos resultados da produção, seja ela individual ou coletiva, o que significa que o ganho deve imperar como uma busca constante a fim de obter lucros com o menos desperdício de dinheiro, ou seja, a meta dessa performatividade está na obtenção constante de medidas que minimizem a perca e maximizem os ganhos. Ball (2010 p. 40) relata que

Qualquer que seja nossa posição, nós agora operamos dentro de uma desconcertante imensidão de dados, indicadores de performance comparações e competições de tal modo que a satisfação da estabilidade é cada vez mais fugida, os propósitos são contraditórios, as motivações são borradas e a autoestima é escorregadia.

Portanto, remetemos a uma questão central comum na fala de Ball, as relações de política com parceiros privados na obtenção de lucro, nota-se que a performatividade citada em seu artigo, está na relação de poder que impera, e que a produção de resultados positivos é o foco central desses debates.

A necessidade de “novas políticas educacionais” permanecerá constante no debate de diferentes organizações, essa necessidade de estabelecer essa ou aquela política pauta-se apenas na relação capitalista, e nos argumentos de Ball apud Connell (2010) chama atenção a questões do neoliberalismo,

Quero relatar a afirmação feita anteriormente de que o neoliberalismo está aqui dentro bem como lá fora, ou seja, o neoliberalismo é econômico (um arranjo) das relações entre o capital e o Estado.

Esses argumentos pautam-se na relação entre o Estado como detentor da política como um bem, e o privado como a solução e gestão desse bem, o que é tido como uma política social de melhora nos índices atribuído a  educação, dizer que, os agente envolvidos objetivam exclusivamente  a obtenção de lucro como meta, é sabido que, verdades são produzidas a nível global para legitimar a necessidade de incorporar o privado como redentora da salvação do  caos instalado  principalmente no setor educacional, lembrando que essas ações  está legitimada pela incapacidade do Estado em gerir as suas políticas, essa solução privada veste-se de “nova filantropia educacional”.

A política sempre foi o foco de inúmeras discussões em torno do seu papel e principalmente a respeito de sua origem e gestão por quem faz a política, a menção no texto de Fontoura (2008) sobre política nos situa na sua inserção nas políticas educacionais, mais precisamente a respeito em seu caráter sócio histórico na administração e na organização da escola, é interessante entender nesse aspecto a escola como uma rede de saberes. Entretanto, as questões apontadas por Ball (2014), quando menciona a forma de pensar e pesquisar as questões referentes a gestão do Estado mais precisamente as suas políticas educacionais e nos situa a respeito de diferentes interesses de redes nessas politicas como o novo mercado a ser explorado.

As questões políticas de rede como tal está implantada surge entre vários argumentos dentre eles a incapacidade do Estado em gerir as suas políticas, principalmente no que se refere as políticas educacionais, nesse aspecto os textos suscitam como isso tem articulado os interesses para que uma nova demanda de mercado seja explorada e incorporando por diferentes agentes de interesse com o endosso do Estado legitimando essa nova proposta de gestão e de ensino.

Fontoura (2008) “diz que a unidade escolar constitui um sistema político organizado em níveis distintos” e contrapondo essa lógica do mercado, o texto de Ball sugere que como um sistema organizado a escola será afetada com as propostas mercadológica, o que significa que a identidade escolar poderá ser afetada em função do objetivo de lucro. Entretanto, essa abertura fica caracterizada pela incapacidade do Estado em gerir as suas políticas, como apresentado anteriormente.

A menção dos textos em relação a governança e governabilidade caracteriza as diferentes concepções de gestão, pois a governança como apresenta Fontoura (2008) é vista como um novo estilo de governo, porém, muito mais pelo enfraquecimento do Estado do que pela capacidade de gestão.

É importante lembrar que, muito mais que um novo formato de governabilidade ou de governança, os atores envolvidos nesse caso a escola possam legitimar a sua real função principalmente de aspecto social.

A temática do título sugestiona a uma mercadoria que está sendo posta no mercado e seus benefícios de quem a compra. Entretanto, a questão de mobilidade política apresenta por Ball (2014) lança um olhar para o papel da política com a oportunidade de lucro, o que ele chama de edu-business ou apenasinteresses políticos. 

É interessante analisar, que os negócios educacionais referenciados ao longo do texto por Ball (2014), surge por uma necessidade de criar alternativas para a solução dos problemas educacionais enfrentadas pelo Estado, essa solução “milagrosa” está pautada em pesquisas produzidas pelos agentes de interesse corporativos em resolver os problemas educacionais apresentando uma nova estratégia na obtenção de lucros. Isso significa que, essas empresas estariam fornecendo prestação de serviços educacionais de maneira efetiva com o endosso do Estado.

As estratégias políticas, referenciadas por Ball (2014); diz respeito a junção de setores em detrimento de um bem comum: gerar lucros. Essas questões apontam um mercado promissor, o que significa que a privatização do setor educacional é uma realidade, o que torna a oportunidade de ganhos significativas.

Portanto, as questões educacionais passam a ser vistas como mercadoria posta no varejo, isso é, uma forma de garantir novas variedades de serviços, sendo que essas estratégias, têm nas redes a política necessária para legitimar esse negócio filantrópico, com o intuito de gerir o bem comum e preservar os interesses. Neste aspecto, o argumento principal é de que haverá uma melhora na prestação de serviços, principalmente os de relação com o setor educacional.

As políticas educacionais são legitimadas pelo Estado, e seus “ parceiros” comerciais são os encarregados de gerir essa política com o intuito de fornecer alternativas de melhoria, porém, essas empresas são financiadas pelo Estado, o que legitima a transferência do controle para essas empresas especialistas no ramo educacional, gerando renda e lucro, como aponta os argumentos de Ball (2014).

Essa convergência de governança, inclui diferentes tipos de atores afim de buscar o seu espaço nesse imbricado sistema de relações, o de garantir uma oportunidade de lucro e de expansão de seus negócios, embora esteja fundamentada em discursos prontos e legitimada por essas empresas educacionais, o controle total só dependerá de uma questão de tempo, em tese, roupagem nova para velhos problemas, conforme destaca Ball.

Stramquist (2007), examina o conceito de qualidade de ensino no contexto das principais políticas globais e regionais propostas por agências financiadoras internacionais – como o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento. Pauta-se no conceito qualidade, o que para a autora refere-se aquelas contidas nas reformas e políticas educacionais e cita três correntes como principais argumentos para que a qualidade educacional, subdivido em duas categorias: as que representam políticas fortes ou poderosas, visto que são apoiadas por instituições internacionais e por governos federais; e aquelas que representam políticas fracas, baseadas em reivindicações que emanam de grupos não governamentais.

 Entretanto, essa relação de convergência, inclui diferentes tipos de atores afim de buscar o seu espaço nesse sistema de relações, primeiramente, há nas politicas que representam decisões tomadas por agencias financeiras internacionais, entre elas o Banco Mundial. O que para efeito das políticas estabelecidas, está em apoiar a competitividade entre países como forma de melhorar os índices da educação. E, uma segunda forma de política forte vem de acordos globais para promover a competitividade, segundo Stramquis (2007);

“Essas políticas insistem que a excelência deve ser atingida por meio da elevação da qualidade da educação escolar”.

Através desses discursos que percebemos a fragilidade com que assuntos, principalmente as políticas educacionais são tratadas com diferentes olhares, porém é claro, com um apelo de social, o que significa que

Educar meninas e mulheres, particularmente, tem um poder transformador sem igual. Além de aumentar suas chances de conseguirem empregos, permanecerem saudáveis e participarem ativamente da sociedade, educar meninas e jovens mulheres tem um impacto decisivo na saúde de seus filhos e acelera a transição do país para um crescimento populacional estável. ( UNESCO, 2013/4 p. 23)

As questões políticas de formação de professores, como tal está implantada, surge entre vários argumentos da necessidade de expandir curso de formação de professores; nesse aspecto, suscitam como isso tem articulado os interesses para que uma nova demanda de mercado seja explorada e incorporando.

É interessante observar que as políticas públicas educacionais não estão apenas relacionadas a crianças ou adolescentes ou até mesmo a escola, mas na construção de uma sociedade, e neste ponto, destaca-se o papel do gestor, cabe a ele (gestor) o dever de: motivar, inspirar ideias e projetos, colaborando assim com o desenvolvimento da comunidade, e cabe ainda  a tarefa de recusar o cinismo, pelo menos seria isso que se espera, porém,   para  que  possa ocorrer o gestor deve impedir “coisas” caso seja negligenciado seria considerado ausência de uma democracia  cuja as políticas educacionais devem ou deveria ser agentes de realização concreta.

Diante destes aspectos, as políticas educacionais devem estar articuladas com ações pautadas entre governo e sociedade para que possam ser efetivadas como é de sua prerrogativa, e que, questões do empresariado interessados nas políticas educacionais em um primeiro momento pode soar como estranho, porém, quando remetemos o olhar para questões a nível capitalista entendemos o interesse. Embora seja motivado por inúmeros questionamentos, esse interesse pauta-se na lacuna deixada em aberto pelo Estado em gerir as políticas educacionais, o que permitiu o setor privado despertar o interesse.

Neste sentido, as questões referentes as políticas públicas educacionais frente ao papel do Estado em gerir contribuíram para que novos olhares capitalistas fossem abertos, o que em tese significa que a educação como tal seria um capital aberto a fim de captar interessados em investir com a garantia do Estado, podemos usar analogia do mercado de ações para ilustrar, sendo o Estado detentor de seu “bem” venderia suas ações e caberia aos interessados a compra desse bem e gerir a fim de obter lucro. A lógica do Estado estaria em buscar parceria com o setor privado, lançando mão de seu “bem social”.

A política sempre foi o foco de inúmeras discussões em torno do seu papel e principalmente a respeito de sua origem e gestão por quem faz a política, a menção no texto de Arroyo (2010) sobre política, nos situa a respeito de sua inserção nas políticas educacionais, mais precisamente a respeito desigualdade social. É interessante entender nesse aspecto a escola como uma rede de saberes. Entretanto, as questões apontadas no decorre do texto, quando menciona a forma de pensar as políticas educacionais foca em aspectos de equidade social.

Portanto, as políticas educacionais tem assumido um papel de destaque nos últimos anos com especial atenção para as questões de mobilidade e acesso universal a educação,  essa relação fez com que olhares atentos fossem remetidos a educação, e que a desigualdade social seria superada por uma equiparação ao acesso à educação em decorrência das metas estabelecidas do acesso universal a educação, citado  no relatório EFA 2011, o que configura a retomada sempre do termo para que possamos  nos situarmos nesse imbricado sistema de relações. Alguns fatores têm contribuído para que a meta estabelecida não seja atingida, entre eles os conflitos armados em Países Africanos, como aponta o relatório EFA 2011.

De fato, se consideremos o acesso universal a educação como meta prioritária contida no relatório EFA 2011, não se configura na prática, neste sentido as contribuições de Arroyo (2010) revelam que

Ao pensamento sócio-pedagógico mais crítico das últimas décadas devemos ter levado as análises das desigualdades educacionais para além dos supostos determinantes intraescola e intrassistema, para os determinantes sociais, econômicos, políticos, culturais, de gênero, raça, etnia, campo, periferia. Avançando até as determinações dos padrões de poder, trabalho, acumulação, concentração-exclusão da terra e da renda. Sabemos mais sobre como esse conjunto de desigualdades históricas condiciona as desigualdades educacionais. Análises demasiado incômodas para a paz das instituições educativas gestoras e formuladoras de políticas, de avaliações e de análises.

Através desses discursos, percebemos a fragilidade com que assuntos, principalmente as políticas educacionais são tratadas com diferentes olhares, é claro, com um apelo de social, apenas para legitimar a intencionalidade de seus precursores. Em tese, não configura como prática efetiva de sucesso dessas políticas.

É interessante retomar que as políticas não estão apenas relacionadas a um formato, ela faz parte de uma sociedade, e neste ponto, destaca-se o papel das pessoas em colaborar com o desenvolvimento da comunidade, e cabe ainda a tarefa de recusar o cinismo, neste sentido, negligenciado esse ato seria considerado ausência de uma democracia cuja as políticas educacionais devem ou deveria ser agentes de realização concreta.

De fato, as políticas enquanto direcionadoras de ações necessitam esclarecer quem faz o que; pois é percebido uma inversão do ato de fazer política, o que na maioria entende só faz política quem é político. Diante destes aspectos, as políticas devem estar articuladas com ações pautadas entre os valores: morais e éticos, como bem frisou Cortela (2010), e cabe neste sentido a sociedade compreender o seu papel como agente político. As políticas mexem com o imaginário das pessoas, e esse modo é tido como poder, favores, obrigação entre tantas outras definições, o que significa que a confusão se instala nesse ponto, pois isso é agir de maneira política partidária, o que as pessoas precisariam entender é a relevância de seu papel como membro de uma sociedade, mas o que se vê é uma tolerância a respeito dessa pratica. Portanto, não existe neutralidade em política, em um simples ato de dizer “eu não faço política” é um formato de política o que significa que tudo aquilo que afeta a vida da comunidade é um ato político, segundo Cortela (2010).

A política sempre foi o foco de inúmeras discussões em torno do seu papel e principalmente a respeito de sua origem e gestão por quem faz a política, a menção nos textos nos situa quanto a sua inserção nas políticas educacionais. Entretanto, as questões apontadas por Mainardes (2009), quando menciona o avanço nas pesquisas e a forma de conceber as pesquisas precisam aprofundar nos teóricos afim de contribuir a forma de pensar as políticas educacionais.

 As questões políticas de formação de professores como aponta Dourado (2008), como tal está implantada surge entre vários argumentos da necessidade de expandir curso de formação de professores, nesse aspecto, os textos suscitam como isso tem articulado os interesses para que uma nova demanda de mercado seja explorada e incorporando.

Através desses discursos que percebemos a fragilidade com que assuntos, principalmente as políticas educacionais são tratadas com diferentes olhares, porém é claro, com um apelo de social, apenas para legitimar a intencionalidade de seus precursores. Como bem lembra Mainardes (2009, é uma disputa de influencias, com o foco em interesses expansionistas.

Essas questões de políticas educacionais, nos remete as profundas transformações, com amplo destaque para as reformas educacionais como bem apresentado por Garcia (2010). As políticas ou reformas educacionais surge com um forte apelo privado, inúmeras pesquisas remetem que o ensino privado é a solução para as mazelas enfrentadas pela “crise” do Estado em gerir suas políticas, nesse imbricado sistemas de relações, a legitimidade com que as pesquisas apontam sugerem que o novo modelo de ensino como a solução desses males e a esperança de um ensino de qualidade superior.

Os argumentos de Garcia (2010) têm pautada que o problema das reformas e também das políticas educacionais é centralmente da mudança nas capacidades inferiores e cognitiva e instrumentais dos indivíduos de modo que essas mudanças coincidam com os objetivos da administração social das populações, nesse argumento de Garcia fica claro que a alienação do indivíduo é imposta de maneira que os objetivos privados sejam preservados. Portanto, é necessário tecer os comentários que essa pratica estabelece que a oportunidade de lucro seja posta em pratica e que seus autores percebam um novo campo a ser explorado, a partir dos argumentos expresso por Ball (2014) quando sugere que há por trás dessas organizações “ humanitárias da educação” percebe-se a real intenção dessa boa ação, a oportunidade de novos negócios, apenas isso, novos negócios.

Retomando uma analogia interessante no texto de Ball, quando relata: Indiana Jones do século XXI, essa comparação torna-se interessante do ponto de vista de que o ator é um desbravador, apresentando o apetite das corporações bem como os atores que dela fazem parte, quando pensamos que isso é uma forma de empreendedorismo político e a possibilidade de ganhos, fica claro tanto no texto de Ball, quanto de Garcia, a necessidade de conectividade de mercados, embora tenha surgido como uma necessidade de se estabelecer relações para que as parcerias sejam elencadas para os objetivos capitalistas tornassem viáveis, entretanto, a relação percebida nos argumentos é de confiança que passa por diferentes estratégias manipulativas, o que Ball chama de especialistas da verdade.

As políticas educacionais sempre foram e são bem provável que continuem no centro de debates constantes, ao analisarmos que de um lado temos o ensino público com todos os seus problemas e do outro lado o mercado com um apetite voraz, mas com necessidades nítidas, descrevendo e apresentando pesquisa que dizem que a solução para tornar o ensino de qualidade é o privado para que se possa alcançar uma educação universal de qualidade, nessa perspectiva, o apelo por uma educação universal e de alta qualidade esteja ao alcance de todos, mas não deixando de citar que o lucro impera nesse mercado, empresas prestadoras de serviços em educação tem seus argumentos sustentados na incapacidade do Estado em gerir as suas políticas, portanto, a instalação do modelo “ideal” de educação está legitimada pelo próprio Estado. Através desses discursos que percebemos a fragilidade com que assuntos, principalmente as políticas educacionais são tratadas como fonte de lucro e renda, porém é claro, com um apelo de social, apenas para legitimar a intencionalidade de seus precursores.

A reflexão inserida a partir de Ball (2006), Sociologia das políticas educacionais e pesquisa critico social, pauta-se nas políticas educacionais e a reorganização em gerenciar tais políticas, visto que, depende de profundas transformações nos princípios de organização e da provisão social, segundo os argumentos de Ball. Entretanto, essa introdução de novas formas de regulação social, necessita de um novo gerenciamento, o que significa que será subordinado as demandas de mercado.

Entretanto, as transformações dos regimes organizacionais e a demanda constante de estabelecer fontes de renda afetará principalmente as organizações das escolas, como bem pontuado por Ball (2012).

Essa convergência, inclui diferentes tipos de atores afim de buscar o seu espaço nesse sistema de relações, garantir uma oportunidade de lucro e de expansão de seus negócios, embora esteja fundamentada em discursos prontos e legitimada por essas empresas educacionais como a solução e o estabelecimento de crescimento nos índices educacionais.

2. Considerações

É sabido que a Globalização de mercados é uma realidade. E o desbravamento de novas fontes de lucros é uma constante, e o mercado capitalista tem focado principalmente no Estado, que é tido como burocrata na gestão de suas políticas e neste aspecto as teorias neoliberais se aplicam muito bem a essa incapacidade de gestão, portanto, é tido como “ negócios da educação”. O que chama atenção nos argumentos de Ball (2006), isso é visto como um novo tipo de governança, e esclarece que isso dar-se-á pelas mudanças epistemológicas o que está ligado principalmente pelas “ políticas em movimento”.

A relação estabelecida com políticas educacionais e setor privado, nos permite afirmar que a educação como negócio tem envolvido vários atores que buscam se afirmar como fonte lucrativa para seus apoiadores.

É sabido que as políticas educacionais têm assumido um papel de destaque nos últimos anos, com especial atenção para as questões de mobilidade e acesso universal a educação, essa relação fez com que olhares atentos fossem remetidos a educação por ser considerada um direito de todos, porém, pauta-se nos dez maiores problemas da educação brasileira, com destaque em especial a cultura escolar elitista. E isso, abre um espaço a ser explorado.

Referencias

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BRANDÃO, Z., CANEDO, M., L., XAVIER, A. (2012). Construção solidária do habitus escolar: resultados de uma investigação nos setores público e privado Revista Brasileira de Educação v. 17 n. 49 jan.-abr.

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1. Possui graduação em Educação Física pela Universidade do Planalto Catarinense - Uniplac (2005), especialização em Educação Física pela Uniplac (2005) e mestrado em Educação pela Uniplac (2007). É estudante de Programa de Pós-Graduação Doutorado em Educação pela Universidade do Vale do Itajaí - Univali (2014). Foi Tesoureiro Estadual do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte em Santa Catarina (gestão 2009-2011 e 2013-2015). Atualmente é Professor de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico na área da Educação Física do Instituto Federal Catarinense (IFC) - Campus Camboriú. Emai: pereira_alessandro@yahoo.com.br
2. Doutoranda em Educação pela UNIVALI, Mestre em Educação área de concentração: Educação Cultura, Tecnologia e Processos de Aprendizagem, com os estudos promovidos pelo Grupo de Pesquisa Cultura, Escola e Educação Criadora pela Universidade do Vale do Itajaí. Graduada em Pedagogia pela Universidade do Vale do Itajaí (2003) e especialista em Supervisão Escolar pela AUPEX atua na área da Educação a 20 anos.
3. Possui graduação em Fisioterapia pela Universidade do Estado de Santa Catarina (2000) e Mestrado em Saúde Coletiva pela Universidade do Oeste de Santa Catarina (2005). Atualmente cursa Pedagogia na modalidade a Distância. Coordenadora e tutora de apoio presencial no polo de Educação a Distância na Unidade de Curitibanos. Professora do curso de Educação Física na modalidade presencial, membro do Comitê de Ética em Pesquisa, membro do NDE do curso de Educação Física unidade Curitibanos, revisora da revista Saúde e Meio Ambiente


Revista Espacios. ISSN 0798 1015
Vol. 37 (Nº 33) Año 2016

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