ISSN 0798 1015

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Vol. 38 (Nº 11) Año 2017. Pág. 7

Agricultura Familiar em Santiago/RS, Brasil: Um Estudo De Caso Em Uma Cooperativa

Family Farming in Santiago/RS, Brazil: A Case Study in a Cooperative

Juliano Furtado NASCIMENTO 1; Augusto José Pinto SOUTO 2; Igor Idalgo PERDONÁ 3; Marcos Vinicios Machado MACHADO 4; Nara Fontoura GINDRI 5; Saulo André EICH 6

Recibido: 12/09/16 • Aprobado: 28/09/2016


Conteúdo

1. Introdução

2. Fundamentação teórica

3. Métodologia

4. Resultados e discussões

5. Considerações finais

Referências


RESUMO:

O trabalho visa à agricultura familiar e ao cooperativismo. Objetiva investigar os cooperativados de uma cooperativa de Santiago/RS, Brasil, nos seus perfis sócio-produtivos; desenvolver dois indicadores: o primeiro de empreendedorismo e o segundo de Perfil Não Individualista. Propõe-se a classificar em perfis sócio produtivos os resultados da pesquisa. Trata-se de pesquisa quanti-qualitativa numa amostra de 61 (sessenta e um) associados. Resultou que o Perfil Individualista (PI) consta de 19,7% dos produtores, o Perfil Individualista + Intermediário (PI+I) em 32,8% e Perfil Não Individualista (PNI) com 47,5%. O resultado também identificou falsos cooperativistas, com perfil individualista horizontal de Triandis (1996).
Palavras-chave: Perfis; Sócio- Produtivos, Cooperativa.

ABSTRACT:

The work aims to family farming and to cooperatives. Aims to investigate the cooperative of the cooperative of Santiago/RS, Brazil, in their profiles socio-productive; develop two indicators: the first of entrepreneurship and the second Profile Not individualistic. In addition, it is proposed to classify in profiles socio productive search results. It is research quanti-qualitative in a sample of 61 (sixty one). Was that the profile individualistic (PI) in 19.7% of producers, the individualistic Profile + Elementary (PI+I) in 32.8% and Profile Not individualistic (PNI) with 47.5%. The result has also identified false cooperators, with horizontal profile individualist of Triandis (1996).
Keywords: Profiles; Productive Partner; Cooperative.

1. Introdução

A temática deste artigo versa sobre a agricultura familiar e o cooperativismo. Tem-se como primeiro objetivo investigar os cooperativados de uma cooperativa de Santiago/RS nos seus perfis sócio-produtivos; desenvolver dois indicadores: o primeiro indicador de empreendedorismo e o segundo indicador de Perfil Não Individualista; classificar em perfis sócio-produtivos os resultados da pesquisa e propor como estilo de classificação da agricultura familiar.

A variável dependente da “classificação dos perfis sócio produtivos” em relação aos interceptos “índice de empreendedorismo” e “índice Perfil Não Individualista”, que se obtém o resultado, rejeita ou não se rejeita a hipótese h=0 e com a significação é possível validar a hipótese.

Visa-se, através desta pesquisa, diagnosticar a produtividade, a questão social, o empreendedorismo, o associativismo e cooperativismo. Proporciona-se, a partir disso, classificar em três perfis socioprodutivos os resultados obtidos. As informações da pesquisa são quanti-quanlitativas o que oportunizará classificar em indicador de empreendedorismo, foco em renda, e indicador de Perfil Não Individualista (empreendedorismo individual ou individualismo vertical (Triandis, 1996) e coletivo na parceria com confiança, e associativismo e o cooperativismo).

2. Fundamentação teórica

2.1 Agricultura familiar

A agricultura familiar é um termo que começou a incorporar-se ao vocabulário acadêmico, dos movimentos sociais e das políticas públicas a partir de meados dos anos 1990. Até então falava-se em “pequena produção”, “pequena agricultura”, “agricultura de baixa renda” ou até de “subsistência”. Para a definição da agricultura familiar mais atualizada deve constar que o dinamismo técnico, a capacidade de inovação e a completa integração aos mercados são peculiaridades importantes que caracteriazam essa agricultura familiar. O Estado tem papel indispensável para que os agricultores atinjam capacidade produtiva, o mercado não é o elemento decisivo para esse desempenho, mas sim o Estado. O mercado está longe de ser o fator decisivo de alocação dos recursos produtivos na sociedade. A mercantilização crescente da agricultura familiar leva as decisões “para fora da porteira”, aumentando a integração dos agricultores à sociedade capitalista (ABRAMOVAY, 1992).

Uma política de desenvolvimento territorial tem a missão de converter o Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) para a busca de formas organizacionais que cultivem a aprendizagem, a inovação e que resultem no aumento de competitividade dos agricultores familiares. Além disso, devem estimular a atuação conjunta na obtenção de insumos e de crédito, na venda de produto e na valorização de atributos regionais de qualidade ligados às características dos próprios produtos. As ações passam por redes sociais localizadas, compostas por diversos atores privados, públicos e associativos, capazes de interagirem por meio de um projeto de desenvolvimento (ABRAMOVAY, 2003).

A partir dos anos 90 e 2000, o Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Rural (PPGDR), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, contribui com estudos de pesquisadores como Jalcione Almeida e Zander Navarro (1997) e Sérgio Schneider (2003) sobre o papel da agricultura familiar concebendo estratégias de sobrevivência com a diversificação, pluriatividades e inserção nas cadeias produtivas longas ou curtas. Informam os autores que para a efetivação da produção familiar na agricultura deve haver uma gestão e presença do trabalho da família, o que inclui categorias “exclusivamente familiar” e “familiar com contrato” (BAIARDI e ALENCAR, 2015).

A existência de diferentes tipos de agricultura não significa que eles sejam completamente antagônicos, mas interligados, pois o grau de mercantilização, vulnerabilidade ou autonomia não é estático, variando ao longo do tempo. O conceito de estilo de agricultura proposto e operacionalizado apresenta-se como uma proposta para definir operacionalmente a natureza da diversidade da agricultura familiar. Por outro lado, constitui também um elemento teórico central para analisar o grau de mercantilização das explorações familiares (PLOEG, 2006).

É comum encontrar estudos que demonstrem o quanto a agricultura familiar é disseminada no meio rural. No entanto, são escassos os estudos e as pesquisas sobre a diversidade de estratégias produtivas e reprodutivas da agricultura familiar e seus estilos enquanto manifestação das distintas trajetórias históricas das mais diferentes regiões do país, invariavelmente, os estudos acabam reproduzindo os mesmos dados e informações  (PLOEG, 2006).

Existem pelo menos quatro formas tradicionais de acesso de mercados, sendo elas: o acesso direto, de maneira formal ou informal; a intermediação via atravessador; a integração com a agroindústria e as compras por parte do poder público. A mais promissora nova pauta de produção faz-se em torno de frutas, legumes e verduras, tendo em vista as vitaminas para o segmento da dieta urbana da classe média.      Nos  supermercados, substituindo lojas de “secos e molhados” tradicionais, a exigência de escala impõe-se brutalmente superior também nesse setor. A agricultura familiar necessita de patamares inéditos da qualidade, adotando sistemas de boas práticas e de rastreabilidade como condição de acesso a mercados de exportação (WILKINSON, 2008).

Plein; Filippi (2011) comparam os autores Abramovay (1992) e Ploeg (2006), sendo que Abramovay denomina como agricultura altamente integrada ao mercado, Ploeg expressa como produção simples de mercadorias, que se caracteriza, além da obtenção de recursos de mercado; pela produção para o mercado com finalidade de gerar renda, também utilizando a força familiar de trabalho. Portanto, com a utilização da interpretação os autores, entendem a permanência da agricultura familiar no capitalismo, sendo que a integração com os mercados é a motivadora para os processos de modernização da agricultura.

Na visão de Fanfani (2009), para  a agricultura familiar existem especificidades, e uma das principais delas trata-se da decisão de permanecer na atividade, que tem peso expressivo, talvez por questões afetivas ou culturais, postergando as razões econômicas, destacando-se assim, a capacidade de resistir. Uma das estratégias de sobrevivência refere-se ao consórcio, com maior operacionalidade e flexibilidade que as cooperativas usam, para obtenção de ganhos.                                                                                                                    A agricultura familiar da região, bem como a do Rio Grande do Sul e Santiago/RS, tem capacidade de desenvolver o potencial humano, reduzir a pobreza e reforçar a segurança alimentar. A adoção de tecnologias avançadas, auxiliando a propriedade rural, contendo gestão e em conjunto a mecanização e a sabedoria tradicional, pode tornar as comunidades auto-suficientes pelo aumento da produtividade das principais culturas regionais. Porém, existe a necessidade de atenção ao pós-colheita e à comercialização com conservação ambiental (PARIDA, 2016).

Há um desafio global para aumentar a produção agrícola nos próximos 25-50 anos, assim há necessidade de reduzir as perdas do pós-colheita e o desperdício ao longo da cadeia de valor. Os sistemas de produção agrícola, focalizando na agricultura familiar, não são apenas necessários para serem produtivos e rentáveis, esses sistemas familiares também precisam garantir que os produtos sejam nutritivos, acessíveis e seguros. Há necessidade de garantir que essa produção realize-se de forma ecológica e socialmente sustentável (PARIDA, 2016).

O aumento da concorrência para a água e o solo, a disponibilidade de menos mão-de-obra, a migração rural e urbana, a perda de biodiversidade na genética de espécies e o ecossistema de níveis e alterações climáticas, tais como temperatura, precipitação, eventos climáticos extremos como inundações, secas e ondas de calor podem limitar as nossas opções para aumentar a produtividade aumentando as incertezas (PARIDA, 2016).

A rentabilidade dos sistemas agrícolas é associada a uma tecnologia apropriada e por isso, as intervenções devem ser desenvolvidas, demonstradas e praticadas nas regiões. Aplicações de tecnologia são necessárias em uma forma integrada, abordando diferentes setores da agricultura, culturas, florestas, pecuária e pesca (PARIDA, 2016).

A produtividade agrícola é investimento em tecnologia e também é uma função de um conjunto de fatores e serviços. Terra e água são fatores relacionados, incluindo a natureza e a dimensão das explorações, a sua localização, a ecologia, a qualidade dos terrenos, a fonte da qualidade e a quantidade de água que necessitam serem levados em conta para o desenvolvimento de estratégias que visem ao aumento da produtividade (PARIDA, 2016).

Na análise de 53 (cinquenta e três) artigos, Suess-Reyes & Fuetsch (2016) identificaram que as explorações agrícolas familiares estão expostas a graves dificuldades econômicas, políticas, sociais e alterações ecológicas. Para ativar o intra-familiar na sucessão e para salvaguardar a sobrevivência a longo prazo da exploração, as famílias de agricultores são cada vez mais forçadas a perseguir a orientação para o mercado, que implementem estratégias inovadoras e sustentáveis. Na investigação, para o futuro da agricultura familiar, e embasados na síntese da literatura existente é recorrente a temática sobre a inovação, a sucessão e a sustentabilidade da agricultura familiar.

 Cavalcanti; Marjotta-Maistro (2016) concluem no seu estudo que, para a categoria da agricultura familiar, foram elencados efeitos positivos: as transformações no espaço produtivo, com aumento da produção principalmente na diversificação da produção, ocorrendo a elevação da renda , empoderamento do gênero feminino e aumento da qualidade de vida. Como fatores negativos, registraram-se a descontinuidade da produção em relação às normas sanitárias e de higiene, o endividamento, a forma como lidar com as frustrações, além do desestímulo para as atividades de beneficiamento. As autoras relatam a necessidade de oferta de cursos de serviços de inspeção e boas práticas de fabricação, além de cursos de aproveitamento de alimentos.

2.2 Associação e cooperativismo

As cooperativas em seu processo de crescimento tenderiam a passar de um estágio inicial, cujas características são tanto operar com commodities homogêneas e sem valor agregado, como apresentar uma função objetiva de orientação aos membros, assim as cooperativas tenderiam a crescer em números de associados e em volume de negócios, para proporcionar ganhos de escala e de tamanho (BIALOSKORSKI NETO, 2007).

As associações e também as cooperativas contribuem com a organização familiar em sua produção. Essa contribuição ocorre na forma econômica, política, social e cultural. O cooperativismo e o associativismo podem ser entendidos como mecanismos de minimização de empecilhos ao crescimento das atividades agrícolas, que, ao possibilitarem crescimento da renda, com efeitos diretos e indiretos, em diversas atividades, têm possibilidade de contribuirem também para o crescimento do sistema econômico e para o desenvolvimento. O cooperativismo caracteriza-se pela disponibilização em conjunto de escalas reduzidas ao mercado por parte dos cooperados, que, juntos, ganham escala para atingirem mercados. O associativismo visa proporcionar benefícios técnicos, profissionais, econômicos e sociais a determinados grupos de indivíduos que expressam interesses semelhantes mesmo com entraves (OLIVEIRA, 2010; SANGALLI ET. AL., 2015).

2.3 Estilos e classificações da agricultura familiar

Os empreendimentos rurais são classificados em empreendimento rural tradicional, de transição e rural moderno. Na primeira classificação, empreendimento rural tradicional, tem-se um empreendimento que utiliza equipamentos agrícolas rudimentares; a estrutura organizacional é familiar e as decisões são empíricas e sujeitas a alto grau de incerteza. Esses resultados são dependentes da política agrícola e das condições climáticas e são submetidos ao maior poder de barganha de diferentes agentes do processo de comercialização, que os distancia das demandas atuais e perspectivas de mercado (NANTES e SCARPELLI, 2001).

A segunda classificação é produção rural em transição, onde observa-se que, nas propriedades em que algumas técnicas de produção e de administração já foram introduzidas, existe uma preocupação de permanência do mercado e de torná-las empreendimentos competitivos a médio e longo prazo. Esses produtores ressentem-se da necessidade da maior aproximação com o seu mercado consumidor, com duas tendências: uma decorrente do crescente processo de industrialização e outra provocada pelas alterações dos canais de distribuição. Assim sendo, na terceira classificação, um empreendimento moderno é aquele que apresenta equilíbrio entre seus aspectos de capacitação gerencial, adequação tecnológica e desempenho econômico (NANTES e SCARPELLI, 2001).

Long e Ploeg (2011) propôem os estilos de agricultura nos estudos holandeses na década de 90, em que se formula um mapa social dos estilos de agricultura e, nesse mapa, consta menor ou maior da escala de produção e menor e maior intensidade, buscando o “agricultor ideal”. Wilkinson (2008) propõe uma tipologia de mercados para a agricultura familiar, envolvendo mercado, perfil e desafios. No mercado descreve commodities, especialidades, orgânicos, artesanais, solidários e institucionais.

Conterato (2008) identifica, em sua tese, cinco estilos de agricultura familiar: o estilo 1, agricultura familiar altamente descapitalizada e economicamente vulnerável;  estilo 2, agricultura familiar capitalizada, altamente especializada e mercantilizada; estilo 3, a agricultura familiar voltada para o alto consumo e dependente de transferências sociais; o estilo 4, agricultura familiar descapitalizada e dependente da produção de commodity; e estilo 5, agricultura familiar diversificada na perspectiva não-agrícola e altamente capitalizada. O autor conclui que o universo da agricultura familiar não se demonstrou tão diverso e heterogêneo, com exceção de alguns indicadores que expressam o grau de externalização, de capital imobilizado, de remuneração (terra e trabalho) e renda, o que implica o aperfeiçoamento metodológico dos estilos de agricultura para captar a diversidade da agricultura familiar.

Souto (2013) e Souto, Dalongaro, Naimer, Sudati e Perdoná (2015) apresentam três perfis sócio-produtivos: o Perfil Gerencial “Individualista” (PI), Perfil “Individualista + Intermediário” (PII) e o terceiro “Perfil Não Individualista” (PNI). No Perfil Gerencial “Individualista (PI)” encontram-se produtores rurais tradicionais, de ambos os sexos. Geralmente, eles não gerenciam corretamente a propriedade, as pessoas e os meios de produção. É usado o conceito de individualismo horizontal advindo de Triandis (1996), que se caracteriza como egoísta e, na visão de Souto, Dalongaro, Naimer, Sudati e Perdoná (2015), são produtores rurais introvertidos produtivamente.

Souto(2013) acrescenta outro perfil, o “Individualista + Intermediário” (PII), sob o argumento de que são as unidades em fase de transição intermediárias que migram para o Perfil Não Individualista. A intenção do autor é captar a ocorrência, nessa fase, de iniciativas de gerenciamento, de acesso à assistência técnica, de incremento de produção e comercialização, dentre outras, que evidenciam comportamentos típicos de empreendedores individuais. Nessa situação, tais unidades estariam mais preparadas para receberem o “empurrão inicial” preconizado por Veiga (2001), e citado por Breitenbach e Brandão (2009). O “empurrão inicial” caracterizar-se-ia por ações exógenas como assistência técnica com extensão rural, crédito e incubação, preferencialmente.

O terceiro perfil sócio-produtivo evidenciado por Souto(2013) apresenta como detentores de “Perfil Não Individualista” (PNI). Encontram-se o empreendedor individual (ou individualismo vertical, Triandis (1996)), o empreendedor coletivo (ou em parceria com confiança, sem formalização) e o associativista e cooperativista ativos, detentores de satisfatória operacionalidade. Eles distinguem-se pelo gerenciamento correto da propriedade (receitas, custos, despesas e investimentos); e manejos adequados (sanitário, animal e agrícola) dos fatores de produção e gestão de pessoas.

3. Métodologia

3.1 Tipologias de pesquisa

Quanto aos fins, a pesquisa pode ser subdividida em exploratória, por sua natureza de sondagem, e descritiva porque é determinada por uma população ou um fenômeno. É metodológica, quando associa caminhos, maneiras, formas e procedimentos, modelos para atingir determinados fins, e aplicada, pois é motivada para resolver problemas concretos.(VERGARA, 2011).

Quanto aos meios, a mesma pesquisa classifica-se como pesquisa de campo, uma vez que é realizada no local onde ocorre o fenômeno; assim como pesquisa bibliográfica, pois utiliza livros, revistas, jornais. . É um estudo de caso pois analisa em profundidade um segmento específico, no caso a cooperativa. Também está relacionada a um estudo comparativo entre os produtores rurais, que é mais do que um procedimento para produzir dados, mas um método poderoso para análise da realidade social, possibilitando identificar transformações, diferenças, singularidades, regularidades e semelhanças (COTANDA ET AL., 2008; VERGARA, 2011).

 No que se refere às abordagem da pesquisa, trata-se de quanti-qualitativa. De acordo com a literatura, a pesquisa qualitativa é multimetodológica e preocupando-se com a qualidade, ou seja, com a qualidade dos valores, a imprevisibilidade caracteriza o desenvolvimento da pesquisa qualitativa já que os seus aspectos não podem ser quantitativos. No caso da pesquisa quantitativa, pode-se dizer que ela leva em consideração a objetividade, ou seja, os seus resultados podem ser quantificados por meio da análise de dados e a utilização de ferramentas estatísticas (VERGARA, 2011; GIL, 2010).

3.2 Universo e amostra

Utilizou-se uma amostra da população que valida os elementos que foram investigados, que compõe por validação estatística. A cooperativa estudada é formada por oitenta associados, que constituem a população da mesma. A amostra foi baseada em procedimento estatístico aleatório simples.

A amostra necessária definida era de n=58 (cinquenta e oito). O cálculo de Rea & Parker (2000) definiu um intervalo de confiança desejável de 95% e uma margem de erro máximo de +/- 5%, resolvendo a equação para c=5%, <=1,96, ^p=85% (percentual que exprime a homogeneidade do grupo amostral, formado por cooperativados da cooperativa), e a complementariedade de ^q=15%. O resultado para n, é 58 (cinquenta e oito), no entanto foram aplicados 61 (sessenta e um) formulários no período dos meses de março até junho de 2016, superando a meta.    

Os dados foram coletados através de pesquisa de campo, utilizando da metodologia de Souto (2013) e Souto, Dalongaro, Naimer, Sudati, e Perdoná (2015), que foram aplicadas nos produtores associados da cooperativa em estudo.

3.3 Coleta e análise de dados

A verificação das atividades desenvolvidas pelos pesquisados deu-se através de um formulário, onde foram preenchidos os dados e as informações coletadas para obter-se resultados mais aprofundados em relação à opinião deles.

Em relação às métricas utilizadas, procedeu-se através da classificação sócio- econômica do Brasil, o que se configurou como apoio para classificação em estratos sócio- econômicos (faixa de valores em reais), mediante o uso das informações advindas do site AFUBRA, no quesito preço de arroba do fumo, fez-se a classificação (TO 1). Esse quesito gera o valor balizador do preço pago ao agricultor pelo mercado. Semelhante procedimento ocorreu no site da EMATER/RS, cotações semanais de milho, soja, trigo, feijão e outros, que serviram como referência para valorar a produção dos agricultores e transformarem-se em valores em reais por ano, divididos por doze meses, que resulta na renda bruta mensal estimada.

Todas as valorações de renda (aposentadoria, produção agrícola) foram parametrizadas pelo critério de classificação sócio-econômica do Brasil, utilizou-se a estimativa de estrato sócio-econômico das faixas: D-E - renda média até R$ 639,78; C2 - R$ 1.446,24; C1- R$ 2.409,01; B2 - R$ 4.427,36; B1- R$ 8.695,88 e o último estrato, a mais alta, A - R$ 20.272,56. Portanto, o somatório das rendas identificadas no formulário eram encaixadas nos estratos correspondentes que geram uma posição de renda estimada, adaptando-se de domicílio, para renda rural agrícola mensal. Essa classificação é a base para gerar o indicador de empreendedorismo. Os estratos, portanto, ficaram classificados na escala de Likert variando de 1 (D-E - Renda Média até R$ 639,78); 2 (C2- R$ 1.446,24); 3 (C1- R$ 2.409,01); 4 (B2 – R$ 4.427,36) e 5 (de B1- R$ 8.695,88) e a último estrato a mais alta, (A - R$ 20.272,56). Esse procedimento ocorreu de forma individualizada.

No índice de Perfil Não Individualista, o intuíto é medir, através da escala de Likert, as variáveis que tornam importante as inserções de empreendedor individual (o produtor rural no mínimo deve produzir para ter sustentabilidade econômica), ser possivelmente empreendedor coletivo, associativista e cooperativado ativo.

Nisso, utilizaram-se as questões: nº 7 (sim e não) empreendedorismo coletivo, nº 193 a 196 do formulário,  associativismo e coletivismo (escala de Thurstone – discordo totalmente, discordo, indiferente, concordo, concordo totalmente) e nº 197 a 204 do formulário, utilitarismo e empreendedorismo individual (escala de Thurstone – discordo totalmente, discordo, indiferente, concordo, concordo totalmente). Adotando-se análise de conteúdo, procedeu-se à classificação na escala de Likert 1 (insuficiente coletivismo), 2 (fraco coletivismo), 3 (regular coletivismo, portanto regular Perfil Não Individualista), 4 (bom coletivismo, portanto, bom Perfil Não Individualista) e 5 (ótimo coletivismo, portanto ótimo Perfil Não Individualista).

A soma do indicador de empreendedorismo com base cinco mais o indicador de Perfil Não Individualista, também com base cinco, gera uma pontuação máxima de dez pontos, em que o somatório do indicador de empreendedorismo e Perfil Não Individualista com até cinco pontos de dez possíveis é definido como Perfil Individualista (PI). De seis e sete pontos em dez possíveis, caracteriza-se o Perfil Individualista Intermediário (PI+I). As pontuações de oito, nove e dez pontos de dez possíveis, são denominadas Perfil não Individualistas (PNI). Assim, classificam-se nos perfis sócio-produtivos (Souto, Dalongaro, Naimer, Sudati, e Perdoná 2015).

Os formulários preenchidos foram introduzidos no software Sphinx, onde foram lançadas as respostas dos produtores rurais. O próprio software gerou as análises das questões , resultando, assim em novos cruzamentos de perguntas. No procedimento descrito, realizou-se a análise de conteúdo, com base em Bardin (2011), que seleciona categorias e sub- categorias, realizando as análises pertinentes das variáveis selecionadas e gerando os perfis sócio-produtivos. Também utilizou-se o software IBM SPSS Statistics para análises estatísticas complementares.

 

4. Resultados e discussões

Nesta seção, desenvolve-se a apresentação dos resultados e discussões. Inicia-se com os testes de hipótese e validação, conforme Tabela 1.

Tabela 1 – Testes de efeitos entre os sujeitos

Variável dependente: Classificação perfis sócios produtivos

Origem

Hipótese

Erro

Tipo III Soma dos Quadrados

gl

Quadrado Médio

F

Sig.

Intercepto

Hipóstese

Erro

93,318

20,914

1

6,35

93,318

3,293ª

28,335

,001

Índice de Empreendedorismo

Hipótese

Erro

8,875

2,52

4

12,268

2,219

,205b

10,802

,001

Índice Perfil Não Individualista (PNI)

Hipótese

Erro

6,404

2,576

3

10,985

2,135

,235c

9,103

,003

Índice de Empreendedorismo

Hipótese

2,681

10

,268

4,098

,001

Índice Perfil Não Individualista (PNI)

Erro

2,682

41

,065d

-

-

Fonte: Elaboração própria, através do Software SPSS Statistics.

Em análise na Tabela 1, observa-se a variável dependente “classificação dos perfis sócio produtivos” em relação aos interceptos “Índice de Empreendedorismo” e “Índice de Perfil Não Individualista”, que se obtêm o resultado em que não se rejeita a hipótese h=0 pelo “F” da tabela e percebe-se que a significação é muito alta, validando a hipótese.

Foram aplicados 61 (sessenta e um) formulários aos associados da cooperativa, em suas propriedades, de modo que ele fosse respondido com calma e clareza. O número de pessoas da família ficou predominantemente entre 2-4 pessoas, com 59% das respostas, 4-6 pessoas compõem a família, no percentual de 39,3% e de 6-8 pessoas, 1,6%. A soma de pessoas totalizou 204 (duzentos e quatro) indivíduos.

Não houve trabalhadores de carteira assinada, reforçando a percepção de trata-se da agricultura familiar. Quanto a trabalhadores eventuais, a maior frequência foi de não resposta com 72,1% e a segunda maior foi um trabalhador com 18% de ocorrências. O total de trabalhadores eventuais foi 25 (vinte e cinco), ou seja, praticamente só mão de obra familiar.

Na questão mão de obra da família para terceiros, exemplos de solidariedade mútua – empreendedorismo coletivo, apenas 6,6% são solidários com vizinhos ou parentes para troca de serviços na confiança ou parceria informal. Em relação ao êxodo de jovens, a maioria, com 67,2%, não tive êxodo. Porém, com uma pessoa que saiu da propriedade rural, em 23%, houve situações de êxodo rural e com duas pessoas saindo da propriedade, 8,2%. Vinte e quatro pessoas no total saíram das propriedades rurais pesquisadas. A maioria pertence à sucessão familiar, com 62,3%.

Pela pesquisa de campo foi constatado que a descendência materna e paterna em 73% e 65% respectivamente, é formada por descendentes de europeus, etnia italiana, o que foi muito expressivo na nossa região, eles formaram um grupo muito notório de imigrantes no Brasil, seguido pelos portugueses com 18%, 25% e 5%; 7% espanhóis e 4% e 3% respectivamente, formados por húngaros, mais na região de Ernesto Alves.

 Na agricultura familiar, 93,4% consideram que pertencem a esse segmento. A declaração de aptidão ao Pronaf confere com 93,4%. Em relação à energia elétrica, 98,4% colocaram que possuem energia na propriedade, mas alguns proprietários relataram que possuem energia monofásica e necessitam de trifásica para usufruírem de motores e outros equipamentos que demandam maior potência em relação à energia fornecida. 

Em relação à área total, apresenta-se, na Tabela 2, a distribuição das propriedades por estratos.

Tabela 2 – Área total das propriedades

Área Total

Freq.

%

Menos de 10 hectares

19

31,2%

De 10 a 50

35

57,4%

De 50 a 100

5

8,2%

100 e mais

2

3,3%

TOTAL OBS.

61

100%

Fonte: Elaboração própria, software Sphinx.

Predominantemente, as áreas das propriedades situam-se entre 10-50 hectares, com 57,4%, já a segunda maior categoria é composta por propriedades com menos de 10 hectares, com 31,2%. Esse perfil denota a caracterização de agricultura familiar que contempla até quatro módulos rurais dos municípios.    

Na Tabela 3, expõe-se o cruzamento de categorias que visam identificar a renda bruta estimada mensal com a instrução do chefe da família.

Tabela 3: Renda estimada pela classificação sócio-econômica do Brasil versus grau de
instrução do chefe da família renda estimada/grau de instrução do chefe da família.

Categoria n° 1, Analfabeto até 3ª Série Fundamental

Categoria n° 2, 4ª Série Fundamental

Categoria n° 3, Fundamental Completo

Categoria n° 4, Médio Completo

Categoria n° 5, Superior Completo

TOTAL

Não resposta

0

2

1

1

0

4

"E-D>R$639,78"

0

0

1

2

0

3

"C2>R$1.446,24"

0

6

8

3

0

17

"C1>R$2.409,01"

2

6

1

3

0

12

"B2>R$4.427,36"

0

4

5

2

0

11

"B1>R$8.695,88"

0

4

4

2

0

10

"A>R$20.272,56"

0

2

1

1

0

4

TOTAL

2

24

21

14

0

61

Fonte: Elaboração própria, software Sphinx.

A maior categoria de renda bruta mensal estimada está situada até C2 - R$ 1.446,24, com dezessete propriedades; a segunda maior até C1 - R$ 2.409,01, caracterizando fraca e regular, nível de renda mensal estimado com doze propriedades. Considera-se o estrato C1, como o balizador de mínimo necessário para que uma propriedade rural tenha condições de sobreviver, manter e gerar um mínimo de retorno. Estratos pertencentes a E-D e C2 são considerados como insuficiente performance empreendedora.

Na categoria instrução do chefe da família, 24 (vinte e quatro) proprietários possuem menos que da 4º série do ensino fundamental, fraca instrução de escolaridade, sendo que a segunda maior categoria pertence ao ensino fundamental completo, com 21 (vinte e um) proprietários, correspondendo a uma regular instrução, resultando em aproximadamente 41% (25 (vinte e cinco) proprietários com B2, B1 e A) dos que têm mais renda estimada, apenas 22,95% (14 (quatorze) proprietários têm a instrução de ensino médio completo) e nenhum com o superior completo. 

Quanto às assistência técnica das culturas agrícolas, apenas 24,6% responderam “sim”, considera-se, assim, um baixo atendimento. No que se refere à assistência técnica dos respondentes, seis são da EMATER/ASCAR (42,9%), três de empresas fumageiras (21,45%), e duas do convênio com a Universidade Federal de Santa Maria e outros. O uso da tecnologia na lavoura predomina “funcional” com 59%, que corresponde a uma tecnologia adequada. A segunda categoria é a “artesanal” com 16,4%, referente à cultura do fumo. Quanto ao manejo da terra, a categoria mais citada é a rotação de culturas com 50,8%, na segunda posição “plantio + animais” com 24,6%, e a terceira mais citada é a “monocultura” com 23%. No0 que toca ao uso de insumos nas culturas agrícolas predomina a categoria “regular” com 34,4% e a segunda maior “bom” 29,5%.

No que se refere à comercialização, 64,7% responderam que comercializam somente na cooperativa, 10,8% comercializam também em feiras. No município existem dois hortomercados, em que acontecem feiras em quatro dias na semana, com venda direta ao consumidor, justificando o que 68,9% responderam, ou seja, que existe facilidade na comercialização de seus produtos, destacando-se a produção de hortaliças em 91,8% dos pesquisados, com médio uso de tecnologia em 52,5%, e apenas 3% responderam que usam tecnologia mais avançada, deixando uma margem de satisfação na comercialização delas em 44,3% satisfeitos e apenas 6,6% insatisfeitos. Eles contam com apoio ocasional na assistência técnica da EMATER em 65,6%; esse apoio é tido como regular.

Com relação aos animais de pequeno porte, que geram mais renda, destaca-se a suinocultura, segundo os pesquisados, com 57,8%. A fruticultura aparece de forma tímida, uma área menor que um hectare para 45,9%, com índice de satisfação de 34,4% e com destaque para a produção de laranja e bergamota em 30,1%, seguido de pêssego em 12%.

O índice de empreendedorismo é classificado conforme a metodologia da seção 3, procedeu-se ao estrato 1, inexistente nível de empreendedorismo, que constou de 4,9% dos produtores rurais, e no estrato 2, fraco nível de empreendedorismo, com 29,5%. No estrato 3, regular nível com 19,7% e no estrato 4, bom nível de empreendedorismo, com 24,6%. O último estrato 5, considera-se ótimo nível de empreendedorismo, tendo resultado de 21,3%. Percebe-se o maior resultado que consta fraco nível de empreendedorismo.

No índice Perfil Não Individualista (PNI), conforme os procedimentos metodológicos nominados anteriormente, constou o estrato 1, inexistente Perfil Não Individualista, onde ocorreu 0,0%, no estrato 2, fraco Perfil Não Individualista, houve 6,6%, no estrato 3, regular Perfil Não Individualista, apresentou-se 14,8 %, no estrato 4, bom Perfil Não Individualista, com 44,3% e o último estrato 5, ótimo Perfil Não Individualista, tendo resultado de 34,4%. Percebe-se o maior resultado constando no bom Perfil Não Individualista. Considerando-se que a análise ocorreu numa cooperativa, os resultados dos estratos 2 e 3 chamam atenção negativamente, pois há falsos cooperativistas que só utilizam o cooperativismo para tirar vantagem própria em seus negócios. Assim caracteriza-se o individualismo horizontal, o egoísmo, de Triandis (1996).

Na Tabela 4, apresenta-se o resultado deste trabalho.

Tabela 4 - Classificação dos perfis socio produtivos.

Classificação perfis sócio-produtivos

Freq.

%

Perfil Individualista (PI)

12

19,7%

Perfil Individualista + Intermediário (PI+I)

20

32,8%

Perfil Não Individualista (PNI)

29

47,5%

TOTAL OBS.

61

100%

Fonte: Elaboração própria, software Sphinx.

O PNI é caracterizado como Perfil Não Individualista, que inicia necessariamente no mínimo com empreendedor individual, pois se faz necessário que ele tenha produção e renda compatíveis. Pode ser solidário, trata-se de prestar serviços para terceiros pela confiança, ser associado e cooperativado efetivo. Esse perfil tende a ter mais renda, sendo que essa classificação corresponde a 47,5% da pesquisa, referindo-se a 29 (vinte e nove) propriedades/proprietários. Esse é o perfil ideal a ser buscado, especialmente como se trata, no caso, de cooperativa.

A segunda classificação corresponde ao Perfil Individualista mais Intermediário (PI+I), com 32,8%, corresponde a 20 (vinte) propriedades/proprietários. Esse perfil é o que deve ser fomentado, pois elas ainda possuem viés individualista, mas, se forem fomentados com assistência técnica, suporte educacional e comercial, podem vir a ter o que o Veiga (2001) define como “empurrão inicial”, para alcançarem o perfil ideal, aproximando-se do associativista e do cooperativado verdadeiro.

O último estrato, o Perfil Individualista (PI), com 19,7%, apresenta 12 (doze) propriedades/proprietários com o perfil egoísta, conforme Triandis (1996) e Souto, Dalongaro, Naimer, Sudati, e Perdoná (2015), tratando-se, pois, dos introvertidos produtivos. Observa-se que essa categoria refere-se aos falsos cooperativistas que estão dentro da cooperativa. Eles ou possuem baixo índice de empreendedorismo com fracas ações produtivas e de comercialização, ou são empreendedores, porém com baixo índice de Perfil Não Individualista, ou seja Perfil Individualista (egoísta).

Quanto ao uso da tecnologia dos maquinários próprios, 49,2% responderam que ela é funcional, seguido por 16,4% que responderam ser artesanal e avançada. Apenas 6,6% demonstraram pouco investimento em maquinários mais modernos pelas limitadas condições financeiras.

5. Considerações finais

O presente estudo teve como tema os perfis sócio produtivos dos produtores rurais de uma cooperativa localizada em Santiago/RS, Brasil, com o propósito de identificar qual o perfil de seus associados. Neste artigo procedeu-se a uma revisão de literatura, a qual embasou o processo da pesquisa de campo.

Com relação à pesquisa de campo realizada com os produtores rurais da cooperativa, foi concluída com êxito, superando a meta e realizando 61 (sessenta e uma) pesquisas, seção 3.2. Os objetivos específicos foram alcançados mediante os procedimentos executados na seção 3.3, que permitiu a classificação nos perfis, conforme a metodologia de Souto (2013) e Souto, Dalongaro, Naimer, Sudati, e Perdoná (2015). A partir desse procedimento, apresentaram-se os perfis sócios-produtivos dos produtores da cooperativa. Portanto, atingiu-se o objetivo geral que era analisar os perfis sócios-produtivos da agricultura familiar na cooperativa e propor o estilo de agricultura familiar.

O Perfil Não Individualista (PNI) foi identificado com 47,5% das propriedades/proprietários, sendo que esse perfil foi considerado baixo para uma cooperativa, assim sendo, identifica-se, a necessidade de um trabalho contínuo de reafirmação dos ideais cooperativistas entre tais associados. Pela pesquisa, o perfil PNI é pluriativo e portanto, também apresenta maior renda média proporcional às outras classificações de perfis propostas. É um retorno e uma reafirmação de que o cooperativismo é uma alternativa viável de promoção do desenvolvimento local. Porém, sempre devem ser trabalhados os ideais cooperativistas.

O próximo Perfil Individualista + Intermediário (PI+I) é o que deve ser fomentado na visão de Veiga (2001), propiciando-se um “empurrão inicial”. Na pesquisa identificou-se 32,8% de propriedades/proprietários que se enquadram nesse estrato. Deve-se considerar que a classificação assim caracteriza-se porque saíram da falta de produção, o isolacionismo e adotaram, no mínimo, o empreendedorismo individual. Não basta ter produção individual numa cooperativa, necessita-se ter perfil mais associativista, que deve iniciar com produção (empreendedor individual), somando –se ao empreendedorismo coletivo (confiança , mas informal), além de ter o associativismo e, por fim, o cooperativismo. É o estrato a ser muito trabalhado para que se busque o objetivo do cooperativismo.

Apurou-se nos resultados que o Perfil Individualista (PI) em 19,7% das propriedades/proprietários que, conforme Triandis (1996) é o Individualista Horizontal que está presente na cooperativa, ou seja, o individualismo egoísta e isolacionista. Isso é danoso, uma vez que ocasiona o falso cooperativista que só utiliza a cooperativa quando é conveniente, uma visão utilitarista de maximizar os benefícios a si próprios, contrariando os princípios coletivistas.

A coopersaf Santiago deve ser apoiada pela instituições nominadas para ampliar as suas produções e buscar novos mercados, com entregas frequentes e programadas, além de monitoramento da qualidade de produtos e de processos.

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1. Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI) – julianofnascimento@hotmail.com

2. Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI) – soutoajp@gmail.com

3. Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) – igorperdona@hotmail.com

4. Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI) – marcos.machado@urisantiago.br

5. Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI) – nara.gindri@hotmail.com

6. Universidade da Região da Campanha (URCAMP) – sauloeich@hotmail.com


Revista ESPACIOS. ISSN 0798 1015
Vol. 38 (Nº 11) Año 2017

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