ISSN 0798 1015

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Vol. 38 (Nº 21) Año 2017. Pág. 11

Inventário florístico e fitossociológico em fragmentos de floresta ombrófila mista na Região Metropolitana de Curitiba

Inventory floristic and phytosociological in fragments mixed ombrophilous forest in the Metropolitan Curitiba Region

Anderson NIKKEL; Samuel Alves da SILVA; Nelson Yoshihiro NAKAJIMA; João Paulo DRUSZCZ; Roni Djeison ANSOLIN; Murilo ZAVADINACK 1; Rafael de Oliveira BROWN

Recibido: 09/11/16 • Aprobado: 30/11/2016


Conteúdo

1. Introdução

2. Material e métodos

3. Resultados e discussão

4. Conclusão

Referências


RESUMO:

O objetivo deste estudo foi descrever a diversidade florística e a estrutura fitossociológica de remanescentes de Floresta Ombrófila Mista (FOM) na região Metropolitana de Curitiba. Foram encontradas 73 espécies, pertencentes a 33 famílias, das quais, Myrtaceae, Lauraceae e Fabaceae foram as mais representativas. Após a classificação das espécies conforme suas características sucessionais, a classe das espécies secundárias tardias, obteve maior proporção de indivíduos e Valor de Importância. Concluindo que, dentre outros indicativos, pela falta de indivíduos da espécie Araucaria angustifolia, a área estudada, foi explorada seletivamente e é um remanescente florestal secundário entre os estágios médio e avançado de sucessão.
Palavras-chave: : Floresta de Araucária; floresta secundária; diversidade biológica

ABSTRACT:

The aim of this study was to describe the floristic diversity and vegetation structure remnants of Mixed Ombrophila Forest (MOF) in the metropolitan region of Curitiba. They found 73 species belonging to 33 families, of which, Myrtaceae, Lauraceae and Fabaceae were the most representative. After the classification of species according to their successional characteristics, the class of late secondary species had a higher proportion of individuals and importance value. Concluding that, among other indications, by missing individuals of the species Araucaria angustifolia, the study area was explored selectively and is a secondary forest remaining between the middle stages and succession advanced.
Keywords: Araucaria Forest; secondary forest; biological diversity.

1. Introdução

A Floresta Ombrófila Mista (FOM), conhecida como Floresta com Araucária, a denominação de ombrófila pelas suas características de ambiente úmido e o fato de haver associação entre coníferas e folhosas (Roderjan et al., 2002; QUADROS & PILLAR, 2002). Originalmente se estendia, desde o planalto meridional, em São Paulo, até a região norte do Rio Grande do Sul, recobrindo extensas áreas nos estados do Paraná e de Santa Catarina, havendo ocorrências isoladas em outros estados, como no Rio de Janeiro e Minas Gerais (KLEIN, 1960; RODERJAN et al., 2002).

Só no estado do Paraná a Floresta Ombrófila Mista iniciava no primeiro planalto, a oeste da Serra do Mar, estendendo-se ao longo do segundo e terceiro planaltos, cobrindo originalmente 37% do território do estado, além dos ecossistemas associados a ela, como campos naturais, cerrados, matas de galeria e várzeas, que correspondem a mais 16% do território paranaense. Devido a conversão das áreas de florestas em pastagens e plantios agrícolas e a intensa a exploração madeireira de pinheiro (Araucaria angustifolia) e imbuia (Ocotea porosa), não existem mais remanescentes primários, enquanto que os secundários, em estágio avançado de sucessão representam 0,8 % da área do Paraná, e em estágio médio e inicial. 22, 3 % (MAACK, 1968; KOEHLER et al., 1998; RIBEIRO et al., 2009).

Considerando a importância dessa formação florestal para o estado do Paraná e sua atual situação, o estudo de sua estrutura, levantamento florístico e fitossociológico, é de grande importância para avaliar os impactos antrópicos, planejar a criação de unidades de conservação, adoção de técnicas de manejo e recuperação (NETO et al., 2002).

 Este trabalho teve como objetivo descrever a estrutura horizontal, caracterizar as famílias botânicas mais representativas, diagnosticar a diversidade de espécies arbóreas e apresentar indicadores para melhor compreender o atual estágio sucessional de um fragmento de Floresta Ombrófila Mista localizado na Região Metropolitana de Curitiba, em áreas compreendidas entre os municípios de Piên e Fazenda Rio Grande no estado do Paraná.

2. Material e métodos

2.1 Caracterização da Área de Estudo

A área de estudo está localizada na região metropolitana de Curitiba entre os municípios de Fazenda Rio Grande, Mandirituba, Araucária, Contenda, Quitandinha e Piên. Localizada em uma abaixo de uma futura linha de transmissão de energia elétrica, a área possui 40 metros de largura por 56,34 km de comprimento, com início nas coordenadas 26° 5'23.53"S e 49°25'47.26"O e fim nas coordenadas 25°38'46.32"S e 49°18'57.81"O, sendo que a área efetiva com floresta é de 8,58 há.

A vegetação da região é classificada como Floresta Ombrófila Mista, o clima é classificado segundo Koppen, como Subtropical Úmido Mesotérmico (Cfb), a temperatura média anual é de 17°C. A precipitação média anual da região está em torno de 1500 mm anuais. (Maack, 2002).

2.2 Inventário Florestal

Foram escolhidos de forma aleatória dois fragmentos com área acima de 2000 m² nos quais foram sorteadas 34 parcelas de 10x20 m, totalizando uma área inventariada de 6.800 m², o equivalente a 7,93% da área total de floresta parcelas.

Foi coletada a circunferência a altura do peito, 1,30 m do solo (CAP), de todos os indivíduos acima de 31,4 cm. As alturas foram estimadas com o auxílio de uma barra de 3 metros.

A identificação taxonômica foi realizada em nível de espécie, ocorrendo no campo. Os indivíduos que não puderam ser identificados em campo tiveram seu material coletado para identificação em laboratório.

2.3 Caracterização Florística

Para a estimativa da diversidade específica utilizou-se o Índice de Shannon (H’) e para o cálculo de similaridade, usou-se o Índice de Similaridade de Jaccard (ISJ), utilizado para a comparação das espécies encontradas em duas áreas diferentes, onde, caso todas as espécies sejam encontradas tanto na área deste estudo, quanto na área de outros estudos, o valor deste índice é de 100%. Para nível de comparação, o valor mínimo para que uma área seja similar à outra é de 25%.

2.4 Caracterização Fitossociológica

Com base no Inventário Florestal foram determinados os parâmetros fitossociológicos da Densidade Absoluta que é o número de indivíduos de cada espécie que são encontrados em um hectare, da Densidade Relativa (DR) que é a relação, em porcentagem, entre o número de indivíduos de uma determinada espécie e o número total de indivíduos da Frequência Absoluta (FA) que está relacionada com a distribuição espacial das espécies, da Frequência Relativa (FR) que é a comparação entre as Frequências Absolutas de todas as espécies, da Dominância Absoluta (DoA) que é a área basal que uma determinada espécie ocupa em um hectare, da Dominância Relativa (DoR) que é a relação entre as áreas basais de uma espécie com a Área Basal da floresta como um todo. A obtenção desses valores o cálculo do Valor de Importância (VI), que é obtido com a soma dos parâmetros relativos da estrutura horizontal.

Também foi calculada a Razão Variância/Média (P), também conhecida como Índice de Payandech, esta, foi utilizada para calcular o grau de agregação de cada espécie, onde os valores da Razão Variância/Média inferiores a 1 indicam a inexistência de agrupamento, valores entre 1 e 1,5 indicam tendência ao agrupamento e valores acima de 1,5 indicam agregação. As espécies consideradas raras, ou seja, menos de 3 indivíduos não são contados nessa análise.

3. Resultados e discussão

3.1 Composição Florística

3.1.1 Suficiência amostral.

Segundo Mueller-Dombois e Ellenberg (1974), a Curva espécie-ponto, conhecida como Curva do coletor, apresentada na figura 1, correlaciona o aumento do número de espécies com o aumento de pontos amostrais, atendendo a suficiência amostral no momento em que a linha de tendência se aproxima da horizontal.

Figura 1: Curva do coletor, espécie-ponto do fragmento de Floresta Ombrófila Mista estudado.

A suficiência amostral, representada pela figura 1, foi atingida com o levantamento de 34 parcelas, onde foram medidas 705 árvores, e catalogadas ao todo 72 espécies arbóreas e uma arbustiva, pertencentes a 33 famílias, das quais 72 a nível de espécie e uma a nível de gênero, 10 árvores mortas que possuíam mais de 10 cm de DAP e não puderam ser identificadas.

3.1.2 Composição florística

Na tabela 1 estão catalogadas ao todo 72 espécies arbóreas e uma arbustiva, pertencentes a 33 famílias, das quais 72 a nível de espécie e uma a nível de gênero. 

Tabela 1 – Composição florística do fragmento de floresta Ombrófila Mista estudado.

Famílias

Espécies

Nome popular

ANACARDIACEAE

Schinus terebinthifolia Raddi

Lithraea brasiliensis March.

Aroeira

Bugre

ANNONACEAE

Annona sylvatica A. St. -Hill

Araticum

AQUIFOLIACEAE

Ilex brevicuspis Reissec

Ilex paraguariensis A. St. -Hill

Ilex theezans Mart.

Congonha

Erva-mate

Caúna

ARAUCARIACEAE

Araucaria angustifolia (Bertol.) O. Kuntze

Araucária

ARECACEAE

Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman

Jerivá

ASTERACEAE

Piptocarpha angustifolia Dusén

Vernonanthura discolor (Spreng) H. Rob.

Piptocarpha tomentosa Baker

Gochnatia polymorpha (Less.) Cabr.

Vassourão-branco

Vassourão-preto

Vassourão

Cambará

BIGNONIACEAE

Jacaranda puberula Cham.

Caroba

CANELLACEAE

Cinnamodendron dinisii Schwanke

Pimenteira

CLETHRACEAE

Clethra scabra Pers.

Carne-de-vaca

CUNONIACEAE

Lamanonia ternata Vell.

Guaraperê

ELAEOCARPACEAE

Sloanea hirsula (Schott) Planch. ex Benth

Sapopema

ERYTHROXYLACEAE

Erythroxylum deciduum A. St. -Hill

Cocão

ESCALLONIACEAE

Escallonia bifida Link & Otto

Canudo-de-pito

EUPHORBIACEAE

Sapium glandulatum (L.) Morong

Sebastiania commersoniana (Baill.) L. B. Sm. & Downs

Sebastiania brasiliensis Spreng.

Leiteiro

Branquilho

Leiteirinho

FABACEAE

Lonchocarpus muhelbergianus Hassl.

Inga sessilis (Vell.) Mart.

Mimosa scabrella Benth.

Lonchocarpus subglaucescens Mart.

Machaerium sp.

Erythrina cristagalli L.

Rabo-de-bugio

Ingá

Bracatinga

Timbó

Farinha-seca

Corticeira

LAURACEAE

Ocotea puberula (Rich.) Nees

Nectandra lanceolata Nees

Ocotea corymbosa (Meisn.) Mez

Nectandra megapotamica (Spreng.) Mez

Cinnamomum sellowianum (Nees & mart.) Kosterm.

Ocotea pulchella (Nees) Mez

Persea major (Meisn) L. E. Kopp

Ocotea odorifera (Vell.) Rohwer

Canela-guaicá

Canela-fedorenta

Canela-bosta

Canela-preta

Canela-alho

Canela-lageana

Canela-rosa

Canela-sassafrás

LAXMANNIACEAE

Cordyline spectabilis Kunth & Bouché

Uvarana

MELIACEAE

Cedrela fissilis Vell.

Trichilia claussenii C. DC.

Cedro

Catiguá

MYRTACEAE

Myrcia splendens (Sw.) DC.

Myrcianthes gigantea (D. Legrand) D. Legrand

Campomanesia xanthocarpha O. Berg.

Myrcia hatschbachii D. Legrand

Calyptranthes concinna DC.

Blepharocalyx salicifolius (Kunth) O. Berg.

Myrcia rostrata (Sw.) DC.

Calyptranthes cf. grandifolia O. Berg.

Myrcia palustris DC.

Eugenia uniflora L.

Myrcia hebepetala DC.

Pimenta pseudocaryophyllus (Gomes) Landrum

Guamirim-preto

Araçá-do-mato

Guabiroba

Caingá

Guamirim-branco

Murta

Guamirim-miúdo

Guamirim-chorão

Cambuí

Pitanga

Aperta-guéla

Craveiro-do-mato

PICRAMNIACEAE

Picramnia parvifolia Engl.

Cedrinho

PRIMULACEAE

Myrcine coriacea (Sw.) R.  Br. Ex Roem. & Schult.

Myrcine umbellata Mart.

Rapanea coriácea (Sw) Mez.

Capororoquinha

Capororoca

Capororoca

PROTEACEAE

Roupala brasiliensis Klotzsch

Carvalho

RHAMNACEAE

Hovenia dulcis Thunb.

Uva-do-japão

ROSACEAE

Prunus sellowii Koehne

Pessegueiro-bravo

RUTACEAE

Zanthoxylum kleinii (R. S. Cowan) P. G. Waterman

Zanthoxylum rhoifolium Lam.

Juvevê

Mamica-de-cadela

SALICACEA

Casearia lasiophylla Eichler

Casearia decandra Jacq.

Casearia sylvestris Sw.

Xylosma pseudosalzmannii Sleumer

Guaçatunga

Guaçatunga-miúda

Cafezeiro

Sucará

SAPINDACEAE

Cupania vernalis Cambess.

Allophylus edulis (A. St. - Hill., Cambess & A. Juss.) Radlk.

Matayba elaeagnoides Radlk

Cuvatã

Vacum

Miguel-pintado

SOLANACEAE

Solanum granulosoleprosum Dunal

Fumeiro

STYRACACEAE

Styrax leprosus Hook. & Arn.

Canela-cajuja

SYMPLOCACEAE

Symplocos tetrandra (Mart.) Miq.

Maria-mole

THEACEAE

Gordonia fruticosa (Schrad.) Kobuski

Santa-rita

TILIACEAE

Luehea divaricata Mart. & Zucc.

Açoita-cavalo

WINTERACEAE

Drimys winteri J. R. Forst. & G. Forst

Cataia

 

Como pode ser observado na figura 2, com 12 espécies distribuídas em 7 gêneros, a família Myrtaceae foi a mais representativa, seguida de Lauraceae, com 8 espécies e Fabaeceae com 6. Essas 3 famílias correspondem a 36,11% do número de espécies encontradas.

As famílias Salicaceae e Asteraceae, com 4 espécies cada uma, Sapindaceae, Aquifoliaceae e Euphorbiaceae, com 3 espécies, correspondem juntas a 23,61% das famílias. O restante das pouco mais de 40% das espécies estão distribuídos nas demais 25 famílias.

Figura 2, Representatividade das famílias encontradas fragmento de floresta Ombrófila Mista estudado.

Considerando o número de espécies, trabalhos como os realizados por Galvão et al. (1987), Sanquetta et al. (2002) e Mognonet al. (2012) também apontaram as famílias Myrtaceae e Lauraceae como as mais representativas em termos de número de espécies, porém nesses trabalhos a família Fabaceae apresentou poucos indivíduos.

3.1.3 Índice de Similaridade de Jaccard

Utilizando o Índice de Jaccard em nível de espécie, o limite para que haja similaridade entre as amostras é de 25%. Comparando este trabalho com Segeret al. (2005), o índice obtido foi de 26,11%, valor que está muito próximo ao limite, embora mostre que há similaridade de espécies entre ambos, o valor obtido em comparação com Rondon Neto et al. (2002), foi de 39,62%, com Sanquetta et al. (2002) o valor foi de 44,21% e Galvão et al. (1987), 46,38%.

3.1.4 Índice de Diversidade Shannon

O Índice de Diversidade de Shannon (H’) gerou um valor de 3,68 nats/ind. sendo pouco acima do considerado normal, o qual está entre 1,5 e 3,5, conforme Magurran (1989). Este valor foi superior aos encontrados por Segeret al. (2005) de 2,37, Cordeiro & Rodrigues (2007) de 2,79, Nascimento et al. (2001) de 3,00 e Rondon Neto et al. (2002) de 3,44, sendo inferior ao encontrado por Negrelle & Silva (1992), que foi de 8,11.

3.2 Estrutura Fitossociológica

3.2.1 Distribuição Diamétrica

A curva de Distribuição Diamétrica, apresentada na figura 3, apresentou grande concentração de indivíduos por hectare nas primeiras classes de diâmetro, reduzindo o número de indivíduos à medida que se aumenta o DAP. Esta curva é conhecida como de “J invertido”. Só ocorreu uma árvore acima de 60 cm, o qual foi um indivíduo de Sloanea hirsula, conhecida popularmente como Sapopema, que obteve um DAP de 85,9cm.

Figura 3 -  Distribuição Diamétrica das árvores do fragmento de floresta Ombrófila Mista estudado.

A distribuição diamétrica apresentada neste estudo apresentou a mesma tendência das curvas apresentadas por Schaaf et al. (2006) e Machado et al. (2009) para fragmentos de Floresta Ombrófila Mista, respectivamente em São João do Triunfo-PR e em Curitiba.

3.2.2 Estrutura horizontal

Todos os resultados da estrutura horizontal são apresentados na Tabela (1) 2, tendo sido calculado os valores de Densidade Absoluta (DA), Densidade Relativa (DR), Frequência Absoluta (FA), Frequência Relativa (FR), Dominância Absoluta (DoA), Dominância Relativa (DoR) e Valor de Importância (VI).

Tabela 2 - Valores fitossociológicos das 20 espécies de maior VI da Floresta Ombrófila Mista.

Espécies

Nº ind.

DA

(N/há)

DR

(%)

FA

(%)

FR

(%)

DoA

(m²/ha)

DoR

(%)

VI

(%)

Clethra scabra

82

121

11,6

38,2

4,1

4,0

11,9

27,7

Matayba elaeagnoides

54

79

7,7

50,0

5,4

2,8

8,3

21,4

Ocotea puberula

27

40

3,8

41,2

4,4

3,6

10,9

19,1

Nectandra lanceolata

28

41

4,0

26,5

2,8

1,5

4,4

11,2

Styrax leprosus

27

40

3,8

38,2

4,1

0,9

2,7

10,7

Mimosa scabrella

33

49

4,7

14,7

1,6

1,3

4,0

10,2

Lonchocarpus muhelbergianus

35

51

5,0

23,5

2,5

0,9

2,7

10,2

Sebastiania commersoniana

24

35

3,4

14,7

1,6

1,5

4,5

9,5

Cupania vernalis

26

38

3,7

26,5

2,8

0,7

2,1

8,6

Luehea divaricata

16

24

2,3

14,7

1,6

1,4

4,3

8,1

Cordyline spectabilis

20

29

2,8

35,3

3,8

0,4

1,2

7,8

Rapanea coriacea

16

24

2,3

32,4

3,5

0,7

2,0

7,8

Ilex brevicuspis

13

19

1,8

32,4

3,5

0,6

1,8

7,1

Jacaranda puberula

13

19

1,8

29,4

3,2

0,3

1,0

6,0

Annona sylvatica

16

24

2,3

20,6

2,2

0,4

1,2

5,7

Inga sessilis

17

25

2,4

20,6

2,2

0,3

0,9

5,6

Cinnamo dendrondinisii

15

22

2,1

11,8

1,3

0,6

1,9

5,3

Araucaria angustifolia

8

12

1,1

17,6

1,9

0,7

2,2

5,2

Lonchocarpus subglaucescens

17

25

2,4

11,8

1,3

0,4

1,2

4,9

Ilex paraguariensis

10

15

1,4

20,6

2,2

0,4

1,3

4,9

TOTAIS

705

1037

100

929

100

33,4

100

300

Mortas

10

15

1,4

26,5

2,8

0,55

1,6

5,9

As espécies Clethras cabra,Matayba elaegnoides e Lonchocarpus muhelbergianus apresentarama maior abundância, correspondendo a 24,3% da densidade relativa, seguidas das espécies Mimosa scabrella, Nectandr alanceolata, Ocotea puberula, Styraxleprosus, Sebastiania commersoniana e Cupania vernalis, que corresponderam a mais 23,4%. Essas 9 espécies corresponderam a quase metade do número de indivíduos encontrados.

As espécies Matayba elaegnoides, Ocotea puberula, Clethra scabrae Styrax leprosus, se destacaram quanto à frequência das espécies nas unidades amostrais, juntas somaram 18% da frequência relativa. Também foram representativas as Cordyline spectabilis, Rapanea coriacea, Ilex brevicuspis, Jacaranda puberula, Cupania vernalis, Nectandra lanceolata e Lonchocarpus muhelbergianus que somaram 24,9% da frequência relativa.

As espécies Clethras cabra, Matayba elaeagnoides e Ocotea puberula, se destacaram quanto à área basal que ocupa cada espécie, somando 31,1 % da dominância relativa. Também podem ser mencionadas Nectandra lanceolata, Mimosa scabrella, Sebastiania commersoniana, Luehea divaricata, Styrax leprosus,Lonchocarpus muhelbergianus,Cupania vernalis, Rapanea coriácea, Araucaria angustifolia e Sloanea hirsula que somaram 31,5% da dominância relativa.

A espécie Ocotea puberula, foi a que mais se destacou em termos de proporção, apresentando o segundo lugar na densidade relativa, 9 das 20 maiores árvores, 27 indivíduos, com média de 30,1cm de DAP.

Foram encontrados apenas 8 indivíduos de Araucaria angustifolia, a espécie apresentou área basal de 0,49m²/ha, média de 25,3cm de DAP e o maior indivíduo de obteve 48,7cm de DAP.

Entre as de maior Valor de Importância (VI), 7 espécies obtiveram um valor maior de 10, que são: Clethra scabracom (27,7 %), Matayba elaeagnoides (21,4 %), Ocotea puberula (19,1 %), Nectandra lanceolata (11,2 %), Styrax leprosus (10,7 %), Mimosa scabrella (10,2 %) e Lonchocarpus muhelbergianus (10,2 %). As árvores mortas que somaram 1,4 % do total de árvores ficaram em 15° lugar com (5,9 %). Uma melhor representação da composição do Valor de Importância das cinco espécies mais representativas, pode ser observada na figura 3.

Figura 4: Composição do Valor de Importância das cinco espécies mais representativas.

Pode-se observar que quanto mais elevado os índices de densidade, dominância e frequência de uma determinada espécie maior será o índice de valor de importância atribuído a ela. Comparando os maiores Valores de Importância (VI), a Matayba elaeagnoides é a única espécie que aparece entre os maiores Valores de Importância nos estudos realizados por Negrelle e Silva (1992) e Nascimento et al. (2001). A Araucaria angustifólia, no entanto, diferente desse trabalho, aparece como uma das espécies com maior VI em diversos trabalhos como Durigan (1999), Negrelle e Leuchtenberger (2001), Rondon Neto et al. (2002), Segeret al. (2005) e Cordeiro e Rodrigues (2007).

3.2.3 Distribuição Espacial das Espécies

Segundo a metodologia da Razão Variância/Média, as espécies foram divididas em 3 classes: agregadas, com tendência ao agrupamento e aleatória. As classes das árvores agregadas e com tendência representaram respectivamente 14% e 10% do total de espécies, enquanto que as espécies com distribuição agregada representaram 76%. Nascimento et al. (2001) em um estudo na FOM apresentaram uma distribuição espacial de espécies semelhante, com valores de 47% para as espécies agregadas, 36% para as aleatórias e 18% para aquelas com tendência ao agrupamento.

As espécies Mimosa scabrella, Sebastiania commersoniana, Clethra scabra, Lonchocarpus muhelbergianus e Lonchocarpus subglaucescens foram as espécies que obtiveram os maiores valores na Razão Variância/Média e, portanto, são as espécies com a distribuição espacial mais agregada. As 16 espécies consideradas raras por possuírem menos de três indivíduos mensurados, não foram incluídas nessa análise de distribuição espacial.

3.2.4 Caracterização do Estágio Sucessional da Floresta

Para a indicação do estágio de sucessão da floresta, as espécies foram subdivididas em 4 classes, segundo as características em relação ao estágio sucessional da floresta em que estas espécies são encontradas. As classes foram:

As espécies Pioneiras ou Secundárias iniciais representaram cerca de 40,3 % das espécies, enquanto que as Secundárias Tardias ou Clímax representaram 52,8 %, as espécies Sem caracterização e Mortas representaram respectivamente cerca de 4 % e 2 %.

A ausência da Araucaria angustifolia de grande porte aliada a presença de espécies Secundárias Tardias bem desenvolvidas, como grandes indivíduos de Ocotea puberula encontrados no estudo, com grandes concentrações de espécies pioneiras ou secundárias iniciais, como a Clethra scabra, são indicativos de uma floresta que sofreu forte extrativismo seletivo, formando grandes clareiras propícias a espécies de estágios iniciais de sucessão.

4. Conclusão

Quanto aos aspectos florísticos, a área estudada é semelhante às características tradicionais da Floresta Ombrófila Mista. Fato este comprovado pelo Índice de diversidade de Shannon estar próximo de outros trabalhos, além do Índice de Similaridade de Jaccard que demonstrou similaridade de espécies com diversos trabalhos em FOM.

A área estudada foi caracterizada pela abundância das espécies Clethra scabra, Matayba elaegnoides e Lonchocarpus muhelbergianus e pela elevada riqueza da família Myrtaceae. A ausência da Araucaria angustifólia, espécie típica da formação e tida como a mais característica da região e a diferença entre às espécies de maior Valor de Importância encontradas na maioria dos estudos, aliadas a predominância de espécies de desenvolvimento tardio, juntamente com espécies com características pioneiras, sobretudo a Clethra scabra, mostra que a área florestal em questão passou por exploração seletiva no passado e se encontra estágio secundário de sucessão ecológica.

A exploração da área também é comprovada pela alta agregação de espécies encontrada na Razão Variância/Média de 76%, o que sugere que a abertura de grandes clareiras proporcionou o desenvolvimento de espécies com maior necessidade de luz.

Referências

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DURIGAN, M. E., Florística, dinâmica e análise protéica de uma Floresta Ombrófila Mista em São João do Triunfo-PR, 83p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Florestal), Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 1999.

GALVÃO, F.; KUNIYOSHI, Y. S.; RODERJAN, C. V., Levantamento fitossociológico das principais associações arbóreas da Floresta Nacional de Irati .PR, Revista Floresta, v.19, n.1/2, p.30-49, 1987.

KLEIN, R. M., O aspecto dinâmico do pinheiro brasileiro, Sellowia, Itajaí, v.12, n.12, p.17-48, 1960.

KOEHLER, A.; PÉLLICO NETO, S.; SANQUETA, C. R. Análise da estrutura de uma Floresta Ombrófila Mista semidevastada, Fazenda Gralha Azul, Região Metropolitana de Curitiba, com implicações ao manejo. Revista Acadêmica, Curitiba, v. 9, n. 1, p. 37-60, 1998.

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Revista ESPACIOS. ISSN 0798 1015
Vol. 38 (Nº 21) Año 2017

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