ISSN 0798 1015

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Vol. 38 (Nº 23) Año 2017. Pág. 30

Distribuição do valor adicionado nas empresas do novo mercado da BM&FBOVESPA em 2014 e 2015

Distribution of added value in the companies of the new BM & FBOVESPA market in 2014 and 2015

Bruna Nunes LANCIA 1; Jéssica Hencklein FERREIRA 2; Tamires Fernanda FERREIRA 3; Ivan Carlin PASSOS 4

Recibido: 23/11/16 • Aprobado: 03/01/2017


Conteúdo

1. Introdução

2. Referencial teórico

3. Metodologia

4. Apresentação dos resultados

5. Considerações finais

Referências bibliográficas


RESUMO:

A contabilidade tem por objetivo disponibilizar informações aos seus usuários, possuindo como uma de suas vertentes a Demonstração do Valor Adicionado (DVA). A DVA tem por objetivo demonstrar a riqueza gerada por uma entidade em determinado período, transmitindo a parcela de contribuição que a empresa possui na formação do Produto Interno Bruto (PIB), além disso, demonstra o quanto foi agregado de valor aos insumos adquiridos de terceiros e que são vendidos ou consumidos. O objetivo deste artigo é analisar como foram distribuídas as riquezas das empresas listadas no segmento do Novo Mercado da BM&FBOVESPA nos anos de 2014 e 2015, onde foram examinadas 127 empresas de capital aberto. Pela análise setorial realizada, a destinação da riqueza em 2014 manteve-se equiparada nos grupos Capitais de Terceiros e Pessoal; em 2015, houve aumento na destinação para Capitais de Terceiros, o qual se apresentou em posição de destaque neste período.
Palavras-chave: Demonstração do Valor Adicionado, Novo Mercado, Distribuição de riquezas.

ABSTRACT:

The purpose of accounting is to provide information to its users, having as one of its aspects the Value Added Statement (DVA). The objective of the DVA is to demonstrate the wealth generated by an entity in a given period, transmitting the contribution that the company has in the formation of the Gross Domestic Product (GDP), in addition, demonstrates how much value was added to inputs purchased from third parties and which are sold or consumed. The purpose of this article is to analyze how the wealth of listed companies in the New Market segment of BM & FBOVESPA was distributed in the years 2014 and 2015, where 127 publicly traded companies were examined. Through the sectorial analysis carried out, the destination of wealth in 2014 remained the same in the Capitals of Third Parties and Personnel groups; In 2015, there was an increase in the allocation to Third Party Capitals, which stood out in this period.
Keywords: Value Added Statement, New Market, Distribution of wealth.

1. Introdução

A contabilidade é uma ciência humana que tem por objetivo o estudo, análise e acompanhamento da evolução patrimonial de determinada entidade, podendo essa ter fins lucrativos ou não. Seu campo de atuação é muito amplo, podendo estar presente em diversas áreas. Suas informações são disponibilizadas por meio dos demonstrativos contábeis, sendo esses baseados nas escriturações contábeis, fiscais e recursos humanos, as quais podem ser utilizadas para análise dos stakeholders. Dentre as diversas áreas da contabilidade, há a Contabilidade Social, que analisa o ambiente ético, social e até mesmo econômico (DE SÁ, 2010; Iudícibus, et al., 2010).

            Os Balanços Sociais são um tipo de demonstrativo que faz com que se tornem públicas e transparentes todas as intenções e compromissos da entidade, uma vertente que o compõe é a Demonstração do Valor Adicionado (DVA).

A Demonstração do Valor Adicionado (DVA) é uma importante ferramenta contábil, a qual pode ser utilizada para avaliação da eficiência na geração da riqueza das entidades e do desempenho social, onde demonstra a distribuição das riquezas geradas e seu reflexo diante dos usuários.

Segundo o CPC 09, a DVA está fundamentada em conceitos macroeconômicos, onde proporciona uma visão econômica e social perante o local onde está instalada, pois a geração de riqueza da entidade está diretamente relacionada ao seu ambiente, proporcionando um fluxo de capitais.

Portanto a DVA evidencia os efeitos sociais produzidos, demonstrando a distribuição da riqueza separadamente em cinco grupos, segundo o CPC 09: “Pessoal e encargos; Impostos, taxas e contribuições; Juros e aluguéis; Juros sobre capital próprio e dividendos; e Lucros retidos/Prejuízos do exercício.”

A partir da elaboração deste artigo, buscou-se analisar as empresas de capital aberto do Novo Mercado da BM&FBOVESPA, de forma a verificar o crescimento ou diminuição da distribuição dessas riquezas nos períodos de 2014 e 2015, a fim de apresentar análises da distribuição do valor adicionado perante os elementos que contribuíram para sua geração de forma setorial, informando assim as variações e os itens em destaque nos períodos analisados.

Surge, então, a questão de pesquisa: como foram distribuídas as riquezas das entidades no segmento do Novo Mercado da BM&FBOVESPA perante a sociedade nos anos de 2014 e 2015?

O principal objetivo desse estudo é proporcionar informações aos diversos usuários da contabilidade, evidenciando aos geradores de riquezas o retorno que a entidade proporcionou a eles, desta forma o governo e a sociedade conseguem mensurar o quanto a entidade contribuiu na formação dos indicadores sociais e no cálculo do Produto Interno Bruto (PIB).

2. Referencial teórico

Sendo a contabilidade, a ciência que estuda e controla o patrimônio das entidades, ela possui como uma de suas demonstrações o Balanço Social, esse por sua vez, é um demonstrativo que apresenta informações sobre projetos, benefícios e ações sociais que serão aplicadas aos usuários internos e externos da entidade, a fim de demonstrar com total transparência as atividades.

A DVA visa demonstrar de maneira clara e precisa a divisão e distribuição das riquezas geradas em determinado período. Para Belkaqui apud Cunha, (2002, p.46) “a DVA surgiu na Europa, há anos, apesar de ser encontrada, na literatura, referência sobre ela no tesouro americano no Século XVIII. Seu desenvolvimento foi impulsionado pela urgência na introdução dos impostos sobre o valor agregado nos países europeus, e, a partir do final dos anos 70, atingiu uma grande popularidade no Reino Unido, com a publicação do Corporate Report pelo Accounting Standards Steering Committee, atualmente Accounting Standards Committee, em agosto de 1975.”

Segundo o CPC 09, Valor Adicionado representa a riqueza criada pela empresa, de forma geral medida pela diferença entre o valor das vendas e os insumos adquiridos de terceiros, incluindo também o valor adicionado recebido em transferência, ou seja, produzido por terceiros e transferidos à entidade.

A Demonstração do Valor Adicionado (DVA) é regulamentada pela Lei 11.638/2007, artigo 176 e inciso V, na qual a torna obrigatória para as companhias de capital aberto.

De acordo com Marion (2003, p. 249-250) a DVA é elabora em duas partes: primeiramente demonstra o valor da riqueza gerada durante o processo produtivo e, posteriormente, evidencia de qual forma e para qual grupo (colaboradores, governo, sócios ou terceiros) é distribuído esse valor agregado apurado anteriormente.

Para Consenza (2003), a utilidade de tal demonstração se justifica pelas mudanças conjunturais que tornaram o meio empresarial mais exigente quanto à qualidade e utilidade das informações contábeis. E ainda Kroetz (2000, p. 42) comenta:

Por meio da Demonstração do Valor Agregado é possível perceber a contribuição econômica da entidade para cada segmento com o qual ela se relaciona, constituindo-se no Produto Interno Bruto (PIB), produzido pela organização.        

No entanto, existem três modelos de DVA apresentados pelo CPC 09, sendo o I utilizado para entidades mercantis (comerciais e industriais) e prestadoras de serviço e o II e III para entidades de intermediação financeira e de seguros respectivamente.

O quadro abaixo apresenta o modelo I da DVA, indicado pelo CPC 09 para empresas em geral.

Quadro 1 – Modelo I – Demonstração do Valor Adicionado – EMPRESAS EM GERAL

1 – RECEITAS

1.1) Vendas de mercadorias, produtos e serviços

1.2) Outras receitas

1.3) Receitas relativas à construção de ativos próprios

1.4) Provisão para créditos de liquidação duvidosa – Reversão / (Constituição)

2 - INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS

(inclui os valores dos impostos – ICMS, IPI, PIS e COFINS)

2.1) Custos dos produtos, das mercadorias e dos serviços vendidos

2.2) Materiais, energia, serviços de terceiros e outros

2.3) Perda / Recuperação de valores ativos

2.4) Outras (especificar)

3 - VALOR ADICIONADO BRUTO (1-2)

4 - DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E EXAUSTÃO

5 - VALOR ADICIONADO LÍQUIDO PRODUZIDO PELA ENTIDADE (3-4)

6 - VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM TRANSFERÊNCIA

6.1) Resultado de equivalência patrimonial

6.2) Receitas financeiras

6.3) Outras

7 - VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR (5+6)

8 - DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO (*)

8.1) Pessoal

8.1.1 – Remuneração direta

8.1.2 – Benefícios

8.1.3 – F.G.T.S

8.2) Impostos, taxas e contribuições

8.2.1 – Federais

8.2.2 – Estaduais

8.2.3 – Municipais

8.3) Remuneração de capitais de terceiros

8.3.1 – Juros

8.3.2 – Aluguéis

8.3.3 – Outras

8.4) Remuneração de Capitais Próprios

8.4.1 – Juros sobre o Capital Próprio

8.4.2 – Dividendos

8.4.3 – Lucros retidos / Prejuízo do exercício

8.4.4 – Participação dos não-controladores nos lucros retidos (só p/ consolidação)

Fonte: CPC 09

A DVA é uma peça do Balanço Social, que visa a análise da formação e distribuição da riqueza, obtidos a partir de informações das escriturações contábeis de uma maneira simplificada e de melhor entendimento para os usuários. Para De Luca (1998, p. 28), “a Demonstração do Valor Adicionado (DVA) é um conjunto de informações de natureza econômica. É um relatório contábil que visa demonstrar o valor da riqueza gerada pela empresa e a distribuição para os elementos que contribuíram para sua geração.” Seguindo a mesma linha de pensamento, Santos (1999, p. 98) destaca:

A Demonstração do Valor Adicionado, componente importantíssimo do Balanço Social, deve ser entendida como a forma mais competente criada pela contabilidade para auxiliar na medição e demonstração da capacidade de geração, bem como de distribuição, da riqueza de uma entidade.

Desta forma, ressalta-se a importância dessa demonstração para análise da distribuição dos valores agregados em determinado período.

3. Metodologia

Este estudo científico se trata de uma pesquisa descritiva, pois relata fatos e fenômenos de determinada realidade. Neste tipo de pesquisa não há interferência de opiniões nos resultados obtidos, há apenas o relato dos mesmos.  

Utilizou-se como método a abordagem quantitativa, possuindo como fonte para a coleta dos dados e informações necessárias a BM&FBOVESPA e o site privado das entidades. Segundo Richardson (1999) “a abordagem quantitativa utiliza quantificação tanto na coleta quanto no tratamento dos dados.”

O procedimento adotado foi a pesquisa de levantamento, que segundo Fonseca (2002) é um procedimento utilizado para estudos exploratórios e descritivos. Este tipo de pesquisa proporciona conhecimento direto da realidade, economia, rapidez e obtenção de dados agrupados, possibilitando uma riqueza na análise.

A pesquisa foi desenvolvida em três etapas: na primeira foram estudados conceitos e definições sobre o Balanço Social, Demonstração do Valor Adicionado, segmento do Novo Mercado da BM&FBOVESPA, a fim de uma melhor compreensão e bases para a análise das demonstrações e suas destinações.

No processo de coleta observou-se a restrição de uma empresa por não possuir informações publicadas em 2014, impedindo a realização da comparação.  A última coleta foi realizada no período de 02 de setembro de 2016, sendo qualquer alteração efetuada após essa data desconsiderada.

A segunda etapa foi a separação por setores de atuação, ou seja, as empresas foram divididas em 10 setores conforme classificação estabelecida pela BM&FBOVESPA: (1) Bens Industriais; (2) Construção e Transporte; (3) Consumo Cíclico; (4) Consumo não Cíclico; (5) Financeiro e Outros; (6) Materiais Básicos; (7) Petróleo, Gás e Biocombustíveis; (8) Tecnologia da Informação; (9) Telecomunicações; e (10) Utilidade Pública.

Na terceira etapa procedeu-se a análise detalhada dos 10 grupos, onde foram elaboradas ferramentas auxiliadoras como planilhas, tabelas e gráficos. Desta forma foi possível analisar o percentual destinado para cada grupo e perante os cinco itens possíveis de distribuição, conforme o CPC 09: “Pessoal; Impostos, taxas e contribuições; Remuneração do Capital de Terceiros; Remuneração de Capital Próprio e Outros.”

4. Apresentação dos resultados

O presente artigo utilizou para análise as empresas listadas na BM&FBOVESPA no segmento do Novo Mercado, este segmento foi elaborado para agrupar empresas que adotam práticas de governança corporativa, além das que são exigidas por Lei, as quais ampliam os direitos dos acionistas com a adoção de uma política de divulgação de informações mais transparentes e abrangentes.

O segmento do Novo Mercado é composto por 128 empresas (ver apêndice A), das quais permaneceram para o desenvolvimento do estudo 127 delas, onde se excluiu uma empresa do segmento Consumo não cíclico, a Raia Drogasil S.A., por não publicar DVA no ano de 2014, impossibilitando a análise comparativa.

Foram efetuadas análises comparativas dos anos 2014 e 2015 separadamente por setor de atuação, as quais seguem:

Figura 1 – Análise setorial: Bens Industriais

O setor de Bens Industriais é composto por 11 empresas, onde se observa que em ambos os anos a destinação da maior parte do valor agregado dos períodos foram para o item Pessoal, ou seja, para a remuneração de seus colaboradores.

Na comparativa observa-se a diminuição na destinação para o item de Impostos, de 22% em 2014 para 18% em 2015; e o aumento de remuneração de Capitais de Terceiros, de 16% em 2014 para 20% em 2015. (Figura 1).

Figura 2 – Análise setorial: Construção e Transporte

No setor de Construção e Transporte foram analisadas 30 empresas, onde nota-se a destinação da maior parte do valor adicionado para Capitais de Terceiros, destacando alavancagem de 30% em 2014 para 56% em 2015.

O item de Pessoal se manteve constante em ambos anos e no item de Impostos houve um queda de 2%. O item de Capital próprio obteve uma queda de 28%, demonstrando a participação dos acionistas para a remuneração dos demais itens em 2015. (Figura 2)

Figura 3 – Análise setorial: Consumo Cíclico

As empresas que abengem o setor de Consumo Cíclico são 23, sendo que o item Pessoal se manteve em destaque nos dois períodos. Nota-se que neste setor não houve mudanças bruscas na destinação do valor adicionado. O item Impostos, por sua vez, diminuiu 2%, Capitais de Terceiros um aumento de 4% e Capital Próprio uma diminuição de 4%. (Figura 3).

Figura 4 – Análise setorial: Consumo não Cíclico

O setor de Consumo Não Cíclico é composto por 19 empresas. O item com maior destinação do valor adicionado neste setor é Capitais de Terceiros, possuindo uma variação de 7% de 2014 para 2015. Em segundo lugar, o item Pessoal apresenta 34% em 2014 e 29% em 2015. O item Impostos obteve uma queda de destinação em 3% e o item de Capital Próprio um aumento de 1%. (Figura 4).

Figura 5 – Análise setorial: Financeiro e Outros

No setor de Financeiros e Outros há 19 empresas listadas, onde a destinação da maior parte do valor adicionado é para Capital Próprio, com 40% em 2014 e 41% em 2015. Em sequência, o item Pessoal apresenta 34% em 2014 e 37% em 2015. O item Impostos diminuiu 9% e Capitais de Terceiros aumentou 4%. (Figura 5).

Figura 6 – Análise setorial: Materiais Básicos

O setor de Materiais Básicos é composto por 7 empresas, onde Capitais de Terceiros é responsável pela maior destinação do valor adicionado, se apresentando constante em 74% nos dois anos.

O item Pessoal obteve uma queda de 17% e o item de Impostos uma queda de 2%. Capital Próprio se apresentou negativo em ambos anos, com aumento de 19% demonstrando uma melhora na situação neste setor, porém não positivo. (Figura 6)

Figura 7 – Análise setorial: Petróleo, Gás e Biocombustíveis

O setor de Petróleo, Gás e Biocombustíveis é listado em 4 empresas. O item que possui a maior destinação é Capital Próprio em 2014 e Capitais de Terceiros em 2015. O item de Capital Próprio demonstra uma sigficativa queda de 458,9%, fato gerado por uma crise no setor, onde ocasionou uma reversão da situação nos períodos analisados, onde em 2014 Capital Próprio se apresentado em destaque positivo de 85,9% e em 2015 em destaque negativo de -373%. O item Pessoal aumentou 35,3% e o item Impostos aumentou 59,8%. (Figura 7)

Figura 8 – Análise setorial: Tecnologia da Informação

No setor de Tecnologia da Informação são listadas 4 empresas. O item que se manteve em destaque foi Pessoal com 42% em 2014 e 49% em 2015. O item Impostos diminuiu 3%, Capitais de Terceiros aumentou 18% e Capital Próprio uma queda significativa de 22%, ficando negativa em -2% em 2015. (Figura 8)

Figura 9 – Análise setorial: Telecomunicações

O setor de Telecomunicações é composto pela empresa TIM Participações S.A., a qual destinou seu valor adicionado em maior quantidade para o item Impostos nos dois anos, apresentando 68% em 2014 e 59% em 2015. O item pessoal se manteve constante em 6%, Capitais de Terceiros aumentou em 6% e Capital Próprio aumentou 3%. (Figura 9)

Figura 10 – Análise setorial: Utilidade Pública

As empresas que listam o setor de Utilidade Pública são 9. O item que se manteve com maior porcentagem de destinação do valor adicionado foi Impostos com 55% em 2014 e 57% em 2015. O item Pessoal apresentou uma queda de 6%, o item de Capitais de Terceiros um aumento de 8% e o item de Capital próprio diminuiu 3%. (Figura 10)

Figura 11 – Análise setorial: Comparação entre os anos 2014 e 2015

Na figura 11 realizou-se a verificação da distribuição entre os 5 elementos, perante os 10 grupos analisados. Onde se observou que em 2014 os grupos Capitais de Terceiros e Pessoal se mantiveram equiparados e em 2015 ocorreu o aumento da destinação para Capitais de Terceiros, o qual se destacou neste período.   

Quadro 2 – Análise setorial: Comparação entre os anos 2014 e 2015

SETORES

PESSOAL

IMPOSTOS

CAP. DE TERCEIROS

CAPITAL PRÓPRIO

OUTROS

2014

2015

2014

2015

2014

2015

2014

2015

2014

2015

BENS INDUSTRIAIS

52%

54%

22%

18%

16%

20%

10%

8%

0%

0%

CONSTRUÇÃO E TRANSPORTE

29%

29%

26%

24%

30%

56%

18%

-10%

-3%

1%

CONSUMO CÍCLICO

33%

35%

26%

24%

22%

26%

19%

15%

0%

0%

CONSUMO NÃO CÍCLICO

34%

29%

19%

16%

39%

46%

8%

9%

0%

0%

FINANCEIRO E OUTROS

34%

37%

19%

10%

6%

10%

40%

41%

1%

2%

MATERIAIS BÁSICOS

35%

18%

15%

13%

74%

74%

-24%

-5%

0%

0%

PETRÓLEO, GAS E BIOCOMBUSTÍVEIS

2,7%

38%

4,2%

64%

7,2%

371%

85,9%

-373%

0%

0%

TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

42%

49%

27%

24%

11%

29%

20%

-2%

0%

0%

TELECOMUNICAÇÃO

6%

6%

68%

59%

14%

20%

12%

15%

0%

0%

UTILIDADE PÚBLICA

16%

10%

55%

57%

15%

23%

11%

8%

3%

2%

A fim de completar a análise setorial da comparação entre os anos 2014 e 2015, o quadro demonstra a destinação dos 5 elementos perante os 10 grupos de forma mais completa, desconsiderando as médias obtidas na figura 11. Desta forma observa-se de forma mais fidedigna a representação dos números e suas influências perante cada item. 

Com isso, pode-se perceber que a variação foi pequena em relação aos dois anos, exceto no ramo de petróleo, gás e biocombustíveis onde o aumento foi considerável entre os anos comparados.

Após as comparações verifica-se que as variações ocorreram de acordo com a situação econômica dos setores no decorrer desses dois anos, sendo que o grupo Petróleo, gás e biocombustível destaca-se em sua variação de percentual, porém ressalta-se que esse foi o setor mais atingido pela crise no período estudado.

5. Considerações finais

Com a elaboração deste artigo demonstra-se através da análise da DVA das 127 entidades do segmento do Novo Mercado, a distribuição das riquezas das empresas listadas no Novo Mercado da BM&FBOVESPA, nos anos de 2014 e 2015. Evidencia-se a variação das riquezas em cada grupo e em qual item de distribuição se concentra a maior porcentagem.

Constatou-se que os setores: Bens industriais, Consumo cíclico e Tecnologia da Informação destinaram maior percentual de suas riquezas para o item Pessoal em ambos os anos; Os setores Construção e transporte, Consumo não cíclico e Materiais básicos destinaram para o item Capitais de terceiros em ambos os anos; Financeiro e outros destinou para Capital próprio em ambos os anos; Telecomunicação e Utilidade pública destinaram para impostos em ambos os anos. Onde apenas o setor de Petróleo, gás e biocombustível apresentou variação em suas destinações em 2014 e 2015, sendo Capital próprio e Capitais de Terceiros respectivamente.

Apesar do fato da crise econômica presenciada pelo País nos períodos analisados, não houve mudanças na destinação das riquezas perante seus itens, em sua grande maioria, ou seja, se mantiveram em destaque os mesmos itens em ambos os anos na maioria dos setores. Mas observou-se o aumento da dependência de recursos de Capitais de Terceiros, demonstrando a necessidade de captação de recursos externos. Desta forma, apresentou-se uma diminuição na destinação para Capitais próprios na maioria dos casos, demonstrando que remuneração para os acionistas diminuíram ou até mesmo que tiveram que manter as demais destinações, nos casos em que este item se apresentou negativo.

Portanto tal estudo se destina aos stakeholders, a fim de apresentar análises da Distribuição do Valor Adicionado perante os elementos que contribuíram para sua geração de forma setorial, informando desta forma as variações e os itens em destaque nos períodos analisados.         

Sugere-se para trabalhos futuros uma análise com os valores percentuais obtidos considerando os desvios, evidenciando o porquê cada segmento de atuação do Novo Mercado da BM&FBOVESPA destinou a maior parte do seu valor adicionado para aquele item, destacando o que ocasionou esse fator, fundamentando desta forma os resultados.

Referências bibliográficas

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APÊNDICE A

BENS INDUSTRIAIS

28

MILLS ESTRUTURAS E SERVIÇOS DE ENGENHARIA S.A.

1

CONTAX PARTICIPACOES S.A.

29

MRV ENGENHARIA E PARTICIPACOES S.A.

2

CSU CARDSYSTEM S.A.

30

PDG REALTY S.A. EMPREEND E PARTICIPACOES

3

EMBRAER S.A.

31

PBG S/A

4

INDUSTRIAS ROMI S.A.

32

PRUMO LOGÍSTICA S.A.

5

IOCHPE MAXION S.A.

33

RODOBENS NEGOCIOS IMOBILIARIOS S.A.

6

LUPATECH S.A.

34

ROSSI RESIDENCIAL S.A.

7

MAHLE-METAL LEVE S.A.

35

RUMO LOGISTICA OPERADORA MULTIMODAL S.A.

8

METALFRIO SOLUTIONS S.A.

36

SANTOS BRASIL PARTICIPACOES S.A.

9

TUPY S.A.

37

TECNISA S.A.

10

VALID SOLUÇÕES E

38

TEGMA GESTAO LOGISTICA S.A.

11

WEG S.A.

39

TRISUL S.A.

CONSTRUÇÃO E TRANSPORTE

40

TPI - TRIUNFO PARTICIP. E INVEST. S.A.

12

BRASIL BROKERS PARTICIPACOES S.A.

41

VIVER INCORPORADORA E CONSTRUTORA S.A.

13

CCR S.A.

CONSUMO CÍCLICO

14

COSAN LOGISTICA S.A.

42

GAEC EDUCAÇÃO S.A.

15

CR2 EMPREENDIMENTOS IMOBILIARIOS S.A.

43

AREZZO INDÚSTRIA E COMÉRCIO S.A.

16

CYRELA COMMERCIAL PROPERT S.A. EMPR PART

44

B2W - COMPANHIA DIGITAL

17

DIRECIONAL ENGENHARIA S.A.

45

CIA HERING

18

ECORODOVIAS INFRAESTRUTURA E LOGÍSTICA S.A.

46

CVC BRASIL OPERADORA E AGÊNCIA DE VIAGENS S.A.

19

ETERNIT S.A.

47

ESTACIO PARTICIPACOES S.A.

20

EVEN CONSTRUTORA E INCORPORADORA S.A.

48

GRENDENE S.A.

21

EZ TEC EMPREEND. E PARTICIPACOES S.A.

49

INTERNATIONAL MEAL COMPANY ALIMENTACAO S.A.

22

GAFISA S.A.

50

KROTON EDUCACIONAL S.A.

23

HELBOR EMPREENDIMENTOS S.A.

51

RESTOQUE COMÉRCIO E CONFECÇÕES DE ROUPAS S.A.

24

JHSF PARTICIPACOES S.A.

52

LOCALIZA RENT A CAR S.A.

25

JSL S.A.

53

CIA LOCAÇÃO DAS AMÉRICAS

26

LOG-IN LOGISTICA INTERMODAL S.A.

54

MARISA LOJAS S.A.

27

LPS BRASIL - CONSULTORIA DE IMOVEIS S.A.

55

LOJAS RENNER S.A.

-----

56

MAGAZINE LUIZA S.A.

FINANCEIRO E OUTROS

57

MULTIPLUS S.A.

84

ALIANSCE SHOPPING CENTERS S.A.

58

SER EDUCACIONAL S.A.

85

BB SEGURIDADE PARTICIPAÇÕES S.A.

59

SMILES S.A.

86

BMFBOVESPA S.A. BOLSA VALORES MERC FUT

60

SOMOS EDUCAÇÃO S.A.

87

BR INSURANCE CORRETORA DE SEGUROS S.A.

61

SPRINGS GLOBAL PARTICIPACOES S.A.

88

BR MALLS PARTICIPACOES S.A.

62

TECHNOS S.A.

89

BR PROPERTIES S.A.

63

T4F ENTRETENIMENTO S.A.

90

BCO BRASIL S.A.

64

UNICASA INDÚSTRIA DE MÓVEIS S.A.

91

BRASILAGRO - CIA BRAS DE PROP AGRICOLAS

92

CETIP S.A. - MERCADOS ORGANIZADOS

CONSUMO NÃO CÍCLICO

93

CIELO S.A.

65

BIOSEV S.A.

94

CYRELA BRAZIL REALTY S.A.EMPREEND E PART

66

BRASIL PHARMA S.A.

95

GENERAL SHOPPING BRASIL S.A.

67

BRF S.A.

96

IGUATEMI EMPRESA DE SHOPPING CENTERS S.A

68

COSAN S.A. INDUSTRIA E COMERCIO

97

FPC PAR CORRETORA DE SEGUROS S.A.

69

FLEURY S.A.

98

PORTO SEGURO S.A.

70

HYPERMARCAS S.A.

99

SAO CARLOS EMPREEND E PARTICIPACOES S.A.

71

JBS S.A.

100

SONAE SIERRA BRASIL S.A.

72

M.DIAS BRANCO S.A. IND COM DE ALIMENTOS

101

TARPON INVESTIMENTOS S.A.

73

MARFRIG GLOBAL FOODS S.A.

102

ULTRAPAR PARTICIPACOES S.A.

74

MINERVA S.A.

MATERIAIS BÁSICOS

75

NATURA COSMETICOS S.A.

103

CCX CARVÃO DA COLÔMBIA S.A.

76

ODONTOPREV S.A.

104

DURATEX S.A.

77

OURO FINO SAUDE ANIMAL PARTICIPACOES S.A.

105

FERTILIZANTES HERINGER S.A.

78

POMIFRUTAS S/A

106

FIBRIA CELULOSE S.A.

79

PROFARMA DISTRIB PROD FARMACEUTICOS S.A.

107

MAGNESITA REFRATARIOS S.A.

80

QUALICORP S.A.

108

MMX MINERACAO E METALICOS S.A.

81

SAO MARTINHO S.A.

109

PARANAPANEMA S.A.

82

SLC AGRICOLA S.A.

PETRÓLEO, GÁS E BIOCOMBUSTÍVEIS

83

VANGUARDA AGRO S.A.

110

ÓLEO E GÁS PARTICIPAÇÕES S.A.

 -----

111

OSX BRASIL S.A.

UTILIDADE PÚBLICA

112

PETRO RIO S.A.

119

CIA SANEAMENTO DE MINAS GERAIS-COPASA MG

113

QGEP PARTICIPAÇÕES S.A.

120

CPFL ENERGIA S.A.

TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

121

CPFL ENERGIAS RENOVÁVEIS S.A.

114

IDEIASNET S.A.

122

EDP - ENERGIAS DO BRASIL S.A.

115

LINX S.A.

123

ENEVA S.A

116

POSITIVO INFORMATICA S.A.

124

ENGIE BRASIL ENERGIA S.A.

117

TOTVS S.A.

125

EQUATORIAL ENERGIA S.A.

TELECOMUNICAÇÕES

126

LIGHT S.A.

118

TIM PARTICIPACOES S.A.

127

CIA SANEAMENTO BASICO EST SAO PAULO


1. Graduanda em Ciências Contábeis pela FHO – Uniararas Email: brunacalvente22@gmail.com

2. Graduanda em Ciências Contábeis pela FHO – Uniararas Email: jessicahenckleinferreira@gmail.com

3. Graduanda em Ciências Contábeis pela FHO – Uniararas Email: tamiresfernanda.f@gmail.com

4. Professor Doutor da FHO – Uniararas e da Universidade Federal Fluminense - UFF Email: ivanpassos@uniararas.br


Revista ESPACIOS. ISSN 0798 1015
Vol. 38 (Nº 23) Año 2017

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