ISSN 0798 1015

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Vol. 39 (Nº 10) Ano 2018. Pág. 40

As fragilidades no ensino da odontogeriatria em universidades públicas da América do Sul

The weaknesses in geriatric dentistry teaching in public universities in South America.

María del Rosario Ruiz NÚÑEZ 1; Heloisa GODOI 2; Ana Lúcia Schaefer Ferreira de MELLO 3

Recebido: 14/11/2017 • Aprovado: 20/12/2017


Conteúdo

1. Introdução

2. Metodologia

3. Resultados

4. Discussão

5. Conclusões

Referências bibliográficas


RESUMO:

Objetivou-se analisar fragilidades no ensino em odontologia sobre o cuidado à saúde bucal dos idosos. Pesquisa transversal, qualitativa, realizada em faculdades públicas de Odontologia de cinco países de América do Sul; 50 participantes (docentes e alunos). Realizou-se entrevistas analisadas pela técnica Análise de Conteúdo. As fragilidades no ensino incluem os problemas relacionados à disputa por espaço na estrutura curricular e pouca diversificação de cenários de prática. Faz-se necessário reavaliação dos conteúdos teóricos e, consequente, aplicação em cenários de práticas diversificados.
Palavras chiave: Odontologia Geriátrica. Educação em Odontologia. Envelhecimento.

ABSTRACT:

The aim was to analyze the weaknesses in teaching about the oral health care of the elderly. Cross-sectional, qualitative study in public dental schools of five countries of South America; fifty participants (teachers and students). Open interviews analyzed using the Content Analysis technique. The weaknesses in teaching identified include the problems related to space dispute in the curricular structure, and little diversification of practice scenarios. It is necessary to re-evaluate theoretical contents to be applied in scenarios of diversified practices.
Keywords: Geriatric Dentistry. Dental Education. Aging. Teaching

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1. Introdução

O envelhecimento populacional é considerado na atualidade como uma das maiores conquistas humanas. Este fenômeno, vivenciado primeiramente em países desenvolvidos, é uma realidade na América Latina, causando efeitos sociais, políticos e econômicos, bem como uma preocupação sobre como enfrentá-lo de modo adequado (Alves et al. 2016; OMS, 2015; WHO, 2015).

Com o avanço da idade, surgem diversas alterações no organismo, de ordem fisiológica e patológica - crônicas e degenerativas - que podem repercutir negativamente na saúde bucal. A literatura tem apontado a saúde bucal como aspecto importante para a saúde global dos indivíduos, particularmente os idosos (Araújo & Melo, 2011; Baumgartner & Schimmel, 2015).

Portanto, é necessário que os serviços de saúde realizem ações que permitam lidar com as demandas desta população. Assim, os profissionais da saúde precisam desenvolver competências gerontológicas e geriátricas, o que tensiona a inclusão de conteúdos nos currículos dos cursos de formação da área da saúde (Scommegna, 2012; Veras, 2007; OMS, 2015).

A odontogeriatria é uma área da odontologia que se ocupa do cuidado à saúde bucal dos idosos, em suas particularidades, e tem ganhado cada vez mais importância na literatura científica. Os estudos na área acrescentam conhecimento e contribuem para melhor a compreensão sobre o envelhecimento da população e sua relação com a área da odontologia, bem como para o desenvolvimento de práticas em saúde que garantam a manutenção de boas condições de saúde bucal nesta população (Rocha et al. 2008; Mohammad et al. 2003).

Assim, é fundamental qualificar os alunos de graduação, durante sua formação, como também os profissionais que já atuam como cirurgiões-dentistas na atenção e assistência odontológica dos idosos (Ettinger, 2012). Para isso devem ser incorporados conteúdos sobre geriatria e gerontologia, bem como aprendizado prático sobre a odontogeriatria, com a finalidade de formar futuros profissionais com os conhecimentos e habilidades para atender as necessidades desta população (Rocha et al. 2008; Saintrain et al. 2006).

Nos países da América Latina, a odontologia geriátrica é uma disciplina relativamente nova nas faculdades e cursos de Odontologia. Geralmente, os conteúdos estão incluídos em outras disciplinas correlatas (Saintrain et al. 2006; Francisco et al., 2014) Nesse contexto, ainda são poucos os estudos sobre o ensino da odontologia geriátrica na graduação, em comparação com as universidades da Europa e nos Estados Unidos (Ettinger, 2012; Arenas, 2015; León et al. 2014).

O objetivo deste artigo é analisar as fragilidades no ensino sobre o cuidado à saúde bucal dos idosos no âmbito da graduação em odontologia, especificamente nas disciplinas de odontogeriatria, em cursos e faculdades de odontologia públicos em países da América do Sul.

2. Metodologia

O tipo de pesquisa empregada neste estudo é de caráter transversal, de abordagem qualitativa. Foi desenvolvido nas faculdades de odontologia de Universidades Públicas de cinco países da América do Sul, Brasil, Peru, Argentina, Colômbia e Chile. As instituições incluídas na pesquisa deveriam oferecer a disciplina de odontogeriatria (ou similar/equivalente) em sua matriz curricular. A inclusão das universidades e dos participantes da pesquisa foi realizada por amostragem intencional.

Foram considerados participantes os docentes que ministram as disciplinas de Odontogeriatria (ou similar/equivalente) e os alunos do último semestre/ano do curso. Foram excluídos os cursos de odontologia de Universidades Públicas que não apresentavam a disciplina de odontogeriatria (ou similar/equivalente) e os cursos que, após contato por e-mail, não responderam ou não autorizaram a realização do estudo com seus professores e alunos.

A coleta de dados para a seleção das universidades e dos participantes da pesquisa contou com as seguintes etapas:

- Seleção das Universidades: Foram analisadas todas as universidades públicas com cursos de odontologia (87) distribuídos entre os cinco países.  Em um primeiro momento, averiguaram-se as páginas eletrônicas disponíveis na internet, com a finalidade de coletar as informações sobre a disciplina de odontogeriatria (ou similar/equivalente), as quais contribuíram para a seleção das universidades participantes.

- Seleção das Universidades participantes da pesquisa: Devido à existência de cursos de odontologia que apresentavam informações disponibilizadas de forma parcial em suas páginas eletrônicas, estabeleceram-se três critérios indispensáveis para a participação no estudo: disciplina obrigatória, natureza teórico-prática e carga horária. Foram selecionados 11 cursos de odontologia, dos quais 9 deles foram incluídos na pesquisa, pois um não aceitou participar e outro não viabilizou as entrevistas.

Ao final, o estudo contou com um total de 50 participantes. Foram realizadas entrevistas individuais, semiestruturadas, com 20 professores e 30 alunos, utilizando-se um roteiro elaborado para a pesquisa. As entrevistas foram realizadas online, por meio do uso do computador e do Software Skype®, no período de maio a agosto de 2015.

O método adotado para a análise de dados foi à técnica de Análise de Conteúdo, contando com o auxilio do software para análise de dados qualitativos Atlas.ti® (Qualitative Research and Solutions versão 7.1.7). Os dados foram codificados e categorizados, segundo categorias de análise.

O estudo seguiu-se as normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos no Brasil, presentes na Resolução CNS 466/2012, sendo o projeto aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina, sob parecer 984.051.

3.  Resultados

Será abordada, neste artigo, uma das categorias de análise resultantes do estudo, referente aos aspectos relacionados às Fragilidades no ensino da odontogeriatria, que trata das dificuldades e lacunas percebidas pelos participantes e, consequentemente, das necessidades na formação dos alunos de graduação em odontologia nesta área.

Os entrevistados referem que a disciplina de odontogeriatria deve ser incluída na matriz curricular dos cursos de odontologia, por lidar com conteúdos específicos relacionados ao cuidado à saúde bucal da população idosa e que não cabem ser tratados em outras disciplinas, justamente por essa especificidade.

Em geral, a pouca carga horária que a disciplina possui, em relação à quantidade de conteúdo a ser ministrado, se apresenta como dificuldade no ensino da odontogeriatria. Segundo os entrevistados, a disciplina compete e é absorvida por outras disciplinas com maior carga horária, como as disciplinas de prática clínica. Quando a disciplina é de natureza exclusivamente teórica, o interesse do aluno fica diminuído, refletindo, por exemplo, na pouca assiduidade às aulas. Outros problemas citados tiveram relação com o tempo para a transmissão de conteúdos, que por vezes é pouco e superficial.

Os entrevistados referem que a ausência de atividades práticas no desenvolvimento da disciplina não permite ao aluno observar as especificidades que são típicas das pessoas idosas, tornando-se assim menos interessante. Na maioria de vezes são trabalhados conteúdos que estão mais relacionados a problemas de saúde sistêmicos, que acometem este grupo etário, com menos foco sobre o manejo, o como saber lidar com a pessoa idosa, propriamente.

Alguns participantes sugeriram a inclusão de temas da atualidade, para que se possa problematizar o impacto do envelhecimento na sociedade. Ainda foram identificadas limitações nas abordagens metodológicas do ensino da odontogeriatria, sendo apontada a necessidade de maior interação com os professores e inclusão de metodologias mais ativas, como debates, artigos científicos, rodas de conversa, com intuito de haver maior aproveitamento das aulas.

Os participantes referem que mesmo quando a disciplina é de natureza prática, esta tem um enfoque diferente, estando mais direcionada à realização de tratamentos reabilitadores, como próteses dentárias. Ou seja, tem enfoque mais tecnicista. Os entrevistados ressaltam que seria fundamental a inserção de atividades relacionadas a cuidados à saúde bucal com a finalidade de promover um envelhecimento saudável e prevenir as doenças bucais mais comuns. Assim, não estariam somente orientadas à confecção de próteses dentárias, permitindo aos alunos a realização de um atendimento diferenciado e integral. Para eles a prática é uma parte importante de uma disciplina, mas sempre deve estar acompanhada de um referencial teórico de suporte, para acrescentar conhecimentos, desenvolver competências e, consequentemente, uma melhor aplicação do que foi aprendido.

Segundo alguns entrevistados, as disciplinas teórico-práticas, em geral, dedicam mais carga horária para aulas teóricas e, nas poucas horas de prática, são realizadas atividades em outros cenários, nos quais os alunos têm a oportunidade de interação com idoso. O problema é que esta interação se dá em poucas ocasiões, e os alunos não têm muitas chances de aplicar o aprendizado oferecido na teoria.

Os participantes manifestam a falta de cenários práticos como hospitais, centros-dia, instituições de longa permanência e domicílios, que permitissem uma maior proximidade dos alunos com pessoas idosas, e a possibilidade de conhecerem seu contexto de vida e interagirem com este grupo populacional tão heterogêneo.

Outra fragilidade apontada é o enfoque tecnicista que os cursos de Odontologia ainda têm na atualidade, não permitindo formar profissionais mais humanistas, reflexivos e sensibilizados. A formação do aluno está orientada e valoriza mais a produção de procedimentos do que por um interesse maior, qual seja, a promoção do bem-estar das pessoas. Nesse sentido, surge a dificuldade relacionada à insuficiente preparação de profissionais para o cuidado à saúde bucal de idosos e a consequente, falta de professores qualificados para ensinar odontogeriatria nessa perspectiva.

Os entrevistados apontam a falta de maturidade do aluno como um fator negativo que pode comprometer à atenção ao idoso. A maturidade permite que um aluno sinta segurança durante o atendimento para desenvolver suas habilidades. Alguns alunos ainda não estão preparados para fazer um atendimento de qualidade ao idoso e, assim, seria indispensável ajudá-los com uma melhor preparação: o professor oferecer as ferramentas e a confiança que permitam ao aluno trabalhar com maior segurança com esta faixa etária.  

A precária condição de saúde bucal dos idosos é uma problemática na maioria de países da América do Sul, os quais estão experimentando aumento proporcional da sua população idosa. Os entrevistados reconhecem que as pessoas mais velhas passam por diferentes tipos de perda, que afetam tanto à saúde geral como bucal e que as políticas públicas dos países deveriam ser efetivamente aplicadas para proteger a população na velhice, promovendo um envelhecimento mais saudável. Entretanto, essa dimensão do cuidado à saúde bucal dos idosos ainda é pouco explorada e discutida no âmbito do ensino da odontogeriatria, nos contextos incluídos neste estudo.

4. Discussão

Os resultados do estudo identificam diferentes fragilidades, as quais dificultam a formação do aluno de odontologia para o adequado manejo do idoso. Em geral, estão relacionadas ao modo como os conteúdos são trabalhados no curso de graduação e as repercussões para o aprendizado do aluno.

 Ainda são poucos os cursos de odontologia que em sua matriz curricular apresentam a disciplina de odontogeriatria. Os conteúdos relacionados ao idoso se encontram em outras disciplinas como em medicina oral, sendo isto uma barreira que não permite um melhor desenvolvimento do aluno de graduação no atendimento deste grupo populacional (Slack-Smith et al. 2015; Francisco et al. 2014; Mir, 2013).

Para que os alunos de graduação tenham um melhor manejo e cuidado das pessoas idosas, é importante que estes se enriqueçam de conteúdos e se envolvam em diferentes cenários práticos durante seu processo ensino-aprendizagem (Kossioni et al. 2009). A importância da inserção de cenários práticos no processo ensino-aprendizagem do aluno na graduação lhe permitirá vivenciar e trabalhar sobre os problemas reais, possibilitando-lhe uma melhor compressão da realidade (Leme et al. 2015). Desta forma é necessária a inserção de conteúdos sobre gerontologia nos currículos dos cursos de graduação em odontologia, assim como também a realização de atividades práticas (Kossioni et al. 2009). A realização de atividades em lugares específicos como instituições de longa permanência, também é desejada. Isso permite ao aluno de graduação uma maior interação com idosos em diferentes condições de vida e saúde (Macentee et al. 2004). Considera-se como uma barreira ensinar odontogeriatria quando esta não está ligada à experiência clínica (Ettinger et al. 2010).

 A literatura reporta como problema na formação do aluno de odontologia, o direcionamento tecnicista dos currículos dos cursos de graduação, não permitindo a prática de uma odontologia mais humanizada. Nessa linha, a falta da interação da odontologia com as demais áreas da saúde também é uma dificuldade (Lazzarin et al. 2007).

A atitude negativa dos estudantes de odontologia com relação ao idoso deve-se à falta de conhecimento sobre o processo de envelhecimento. Uma das maneiras de estimular o estudante a lidar com seus medos e atitudes negativas em relação às pessoas idosas é oferecendo-lhe conhecimentos e práticas adequados sobre tema (Ettinger, 2012). A falta oportunidades de estágios em odontogeriatria também foi considerada como uma fragilidade. Como consequências a literatura cita o pouco conhecimento sobre envelhecimento por parte dos alunos, problemas de comunicação e falta de confiança para o manejo do idoso (Hatami et al. 2014).

A universidade tem um papel muito importante para formar profissionais que compreendam a sociedade e interfiram na sua realidade, por isso a necessidade de incluir disciplinas que estejam mais ligadas à realidade social da população (Toassi et al. 2011). Por esse motivo a qualidade do ensino não só vai depender de um apropriado modelo pedagógico, mas também de um docente que esteja qualificado e atualizado. O professor deve guiar o aluno na busca desse conhecimento e ser um facilitador do processo ensino-aprendizagem (Franco et al. 2009). Uma maneira de despertar o interesse do aluno é proporcionando-lhe um espaço de ensino atraente e agradável (Leme et al. 2015).

É necessário a criação de espaços preparados, atraentes e mais humanizados, que garantam segurança e permitam promover maior bem-estar dos idosos. Uma dificuldade na qualidade do atendimento à saúde bucal do idoso é a falta de preparo dos serviços de saúde que não permitem atender as necessidades deste grupo populacional (Melo et al. 2009; Betestti, 2014).

A literatura cita ao menos quatro barreiras, as quais são corroboradas pelo presente estudo, que impedem um melhor entendimento do aluno de graduação sobre o cuidado ao idoso: a falta de conteúdos específicos sobre as condições de vida e saúde desta população, a falta de horas clínicas dedicadas a ensinar ao aluno como lidar com pessoas idosas, a falta de docentes qualificados para proporcionar aos alunos os conhecimentos sobre o cuidado bucal e a falta de cursos de odontologia que ensinem de forma qualificada temas relacionados à geriatria (Levy et al. 2013).

A elevada carga horária curricular total nos cursos de odontologia, a falta de professores especialistas que ensinem odontogeriatria e a necessidade de treinamento de mais professores, devido ao número limitado de programas de capacitação em nível de pós-graduação, são também barreiras que dificultam o ensino da odontogeriatria (Macentee et al. 2004).

 A relação professor-aluno é fator muito importante para seu melhor desenvolvimento e aprendizagem. Algumas atitudes do professor, como a falta de relação afetivo-emocional (atenção, respeito, solidariedade), mudanças nos valores (ética, democracia, cidadania), autoritarismo, distanciamento, falta de diálogo, sobre seus alunos podem influenciar negativamente neste processo (Cavana et al. 2010). Uma dificuldade na formação do aluno de odontologia é a falta de interação deste com seus professores, não lhes permitindo refletir sobre sua formação (Pires & Bueno, 2006).

Outro ponto que foi considerado como negativo para o manejo do idoso foi a falta de maturidade dos alunos. As universidades como instituição, juntamente com seus professores, são responsáveis por proporcionar os meios de aprendizagem ao aluno de graduação. Para isso é necessário que estes sejam ouvidos e que suas expectativas, limitações e frustações sejam compreendidas. O ouvir ao aluno permite que este tenha uma maior participação, deixando de ser um mero espectador em seu processo ensino-aprendizagem (Santos et al. 2016), fomentando a base para segurança do seu desenvolvimento acadêmico e maturidade profissional.

Para uma adequada formação do aluno na área da odontogeriatria é fundamental a incorporação de conteúdos sobre envelhecimento desde a graduação (Salvagnin, 2009). Os alunos com consciência social apresentam maior disposição para trabalhar com pessoas idosas. Entretanto, na atualidade os futuros cirurgiões-dentistas apontam para um interesse econômico e empresarial da prática odontológica. Essa constatação pode ser uma ameaça em relação à valorização do cuidado ao idoso, numa perspectiva humanística (Wolff et al. 2014).

Este estudo apresenta limitações em relação a possibilidade de generalização dos seus resultados, uma vez que a amostra foi intencionalmente obtida. Assim, as fragilidades aqui apontadas se referem aos contextos específicos dos participantes incluídos. Além disso, as entrevistas foram realizadas on line, e não face-a-face, o que não permitiu a total interação com o entrevistado. Com base nos resultados apresentados, sugere-se a realização de pesquisas em outros contextos de cursos e faculdades de odontologia em países da América Latina, incluindo abordagens que permitam investigar maneiras de superar as fragilidades presentes no ensino da odontogeriatria.

5. Conclusões

A oferta da disciplina de odontogeriatria no âmbito do ensino de graduação, com vistas à formação profissional, permite que o aluno esteja mais bem preparado para lidar com o idoso. Para tanto, o ensino deve promover o interesse para o cuidado à saúde bucal deste grupo populacional.

Com este estudo identificou-se diferentes fragilidades relacionadas ao ensino da odontogeriatria incluindo-se os problemas relacionados à disputa por espaço na estrutura curricular, pouca diversificação de cenários de prática e limitado referencial teórico de suporte.

Faz-se necessário uma reavaliação, e consequente aprimoramento, dos conteúdos específicos e mais oportunidade de os estudantes aplicarem os conteúdos teóricos em diferentes contextos para que os alunos tenham uma visão ampliada da realidade da população idosa. Além disso, o processo ensino-aprendizagem deve ser atraente para motivar o aluno a cuidar da saúde bucal do idoso. Os países da América do Sul, ao inserir a disciplina de odontogeriatria nos cursos de graduação em odontologia, em universidades públicas, têm a responsabilidade de mostrar aos alunos a realidade contextualizada dos idosos, para promoção do envelhecimento saudável e ativo.

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1. Mestre em Odontologia em Saúde Coletiva. Programa de Pós-graduação em Odontologia. Universidade Federal de Santa Catarina. charoruizn@gmail.com

2. Mestre em Odontologia em Saúde Coletiva. Programa de Pós-graduação em Odontologia. Universidade Federal de Santa Catarina. heloisagodoi@gmail.com

3. Doutora em Enfermagem. Doutora em Odontologia em Saúde Coletiva. Professora do Programa de Pós-Graduação em Odontologia. Universidade Federal de Santa Catarina. alfm@terra.com.br


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