ISSN 0798 1015

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Vol. 40 (Nº 27) Ano 2019. Pág. 6

Gestão patrimonial e competitividade turística: os desafios do turismo cultural em Ouro Preto (Brasil) e Cusco (Peru)

Heritage management and tourism competitiveness: the challenges of cultural tourism in Ouro Preto (Brazil) and Cusco (Peru)

ALVARES, Daniela F. 1 e PAULA, Luciano B. 2

Recebido: 24/04/2019 • Aprovado: 18/07/2019 • Postado 05/08/2019


Conteúdo

1. Introdução

2. Metodologia

3. Estudos de Caso

4. Conclusões

Referências bibliográficas


RESUMO:

Este artigo tem como objetivo refletir sobre a competitividade turística em Ouro Preto (Brasil) e Cusco (Peru), considerados patrimônio cultural pela UNESCO, analisando aspectos como o crescimento do turismo cultural, a gestão do patrimônio, o desempenho do tecido empresarial, e seu impacto nos atrativos culturais e comunidade local. Este trabalho oferece ainda um retrato socioeconômico bastante atual de ambas as cidades, o que permitirá iniciar uma análise mais profunda da relação do turismo cultural e do desenvolvimento sustentável nestes destinos.
Palavras chiave: Turismo cultural; desenvolvimento sustentável; gestão empresarial; patrimônio cultural.

ABSTRACT:

This article aims to reflect on the competitiveness of tourism in Ouro Preto (Brazil) and Cusco (Peru), considered cultural heritage by UNESCO, analyzing aspects such as the growth of cultural tourism, heritage management, business performance and its impact on cultural attractions and community local. This work also offers a very current socio-economic picture of both cities, which will allow us to initiate a deeper analysis of the relationship between cultural tourism and sustainable development in these destinations.
Keywords: Cultural tourism; sustainable development; business management; cultural heritage.

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1. Introdução

O principal intuito desse artigo é analisar a relação do turismo cultural e do desenvolvimento sustentável, no que se refere ao uso do patrimônio, sua gestão e potencial, assim como os impactos da atividade no âmbito econômico em duas cidades latino-americanas, a saber, Ouro Preto (Brasil) e Cusco (Peru). Esses dois destinos turísticos são considerados Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e, apesar de pertencerem a contextos sociopolíticos distintos, deparam-se com problemáticas similares na gestão do patrimônio cultural. 

A premência em realizar investigações em áreas de turismo cultural é enfatizada por uma pesquisa da Organização Mundial de Turismo – OMT (1998), que identificou algumas tendências turísticas no mundo, entre elas: (i) preservação da cultura das localidades receptoras, devido ao interesse dos turistas pelos costumes dos habitantes e aceitação das diferenças culturais e (ii) incremento do turismo de interesse pessoal (cultural, educacional, desenvolvimento profissional).

Nesta perspectiva, é importante realçar que a atividade turística em áreas de patrimônio cultural possui um equilíbrio delicado, pois em sua base se encontram recursos, muitos deles frágeis (Swarbrooke, 2000), entre estes, áreas de preservação, conjuntos edificados de valor histórico, acrescido do patrimônio imaterial de valor simbólico e intangível.

O artigo está estruturado da seguinte forma, apresenta-se na Seção 1.1 a revisão de literatura sobre o setor de Viagens e Turismo em âmbito mundial; na sequência discorre-se sobre competitividade turística; e a respeito de patrimônio e turismo cultural, a partir da perspectiva da sustentabilidade. Na seção 2, Metodologia, explicam-se os procedimentos metodológicos aplicados. Na Seção 3, Estudos de Caso, apresenta-se os resultados da pesquisa sobre os destinos turísticos de Ouro Preto (subseção 3.1) e Cusco (subseção 3.2). Na subseção 3.3, realiza-se uma análise comparativa entre os estudos de caso. Por fim, na Seção 4, Conclusões, são delineadas as considerações finais do artigo, assim como as futuras linhas de pesquisa.

1.1. Revisão de Literatura

1.1.1. Impacto do Setor de Turismo no PIB Global

O setor de turismo é um dos maiores setores econômicos, cria empregos, impulsiona exportações e gera prosperidade. De acordo com o Travel & Tourism Economic Impact 2018 Latin America, elaborado pelo World Travel and Tourism Council (WTTC, 2018), o setor é responsável por 10,4% do PIB (Produto Interno Bruto) global e 313 milhões de empregos, ou 9,9% do emprego total (1 em cada 10 empregos existentes no planeta), em 2017.

Na América Latina, o impacto do turismo no PIB foi de US$ 348,7 bilhões, em 2017, um crescimento de 8,6% frente ao ano anterior. Já a contribuição total do setor para o emprego, incluindo empregos indiretamente apoiados pela indústria, representou 7,6% do emprego total (15.778.000 empregos). A expectativa é de crescimento.

Por movimentar vários segmentos da economia, as contribuições totais do setor de Viagens e Turismo para o PIB é quase três vezes maior do que a sua contribuição direta. Na América Latina, está composto por 36,5% impacto direto; 22% induzido e 41,5% indireto (que é a soma de: a. Cadeia de fornecedores 26,3%; b. Investimento 10,0%; c. Governo 5,2%).

1.1.2. Competitividade Turística

Apesar de toda a América Latina e o Caribe terem recebido em 2016 pela primeira vez mais de 100 milhões de visitantes internacionais, o dobro em relação a 2000, sua parte do mercado turístico global continua sendo a mesma: aproximadamente 8% (El País, 2018). O fator competitividade é fundamental para aproveitar o crescimento do setor de turismo, estimado em 3,2% a.a. até 2028.

O World Economic Forum estabelece no relatório The Travel & Tourism Competitiveness Report 2017 que “pelo sexto ano consecutivo, o crescimento da indústria do turismo supera o desempenho da economia global, mostrando a resiliência da indústria diante da incerteza geopolítica global e volatilidade econômica” (WEF, 2017). Nesse mesmo estudo, analisa o desempenho de 136 economias (que representam 98% do PIB Mundial), por meio do Travel & Tourism Competitiveness Index – TTCI, que permite identificar as fortalezas e potencialidades de crescimento para promover a competitividade da indústria turística.

Dentro deste ranking, somente o México está entre os 25 países com o setor turístico mais competitivo da América Latina, em 22ª posição. Observa-se que o Brasil está em 27º lugar e Peru em 51º (WEF, 2017).

A violência, a falta de infraestrutura, e os entraves burocráticos são considerados os principais fatores que afetam a competitividade de destinos. No referido estudo, Brasil e Peru se destacam negativamente na falta de infraestrutura terrestre e portuária recebendo nota 2,4. O Peru ganha 2,5 na infraestrutura aérea e o Brasil 2,6 na abertura internacional, problemas que dificultam o desempenho do setor. Enquanto no que se refere a recursos naturais, o Brasil lidera o ranking e Peru vem logo adiante em 4º lugar, demonstrando o enorme potencial turístico destes países. No entanto, no caso brasileiro o aspecto mais negativo está na segurança que deixa o país na 106ª posição, e no ambiente de negócios, número 129 no ranking. Mesmo nestas condições o turismo no Brasil consegue contribuir para 3,3% do PIB nacional e é responsável por 2,9% dos empregos (WEF, 2017). Quanto ao Peru, as piores notas são competividade por preço, 129ª posição, e segurança no 108º lugar. Já em relação ao ambiente de negócios consegue o posto 83. Isso se reflete claramente no PIB, o setor contribui em 3,8% do total (0,5% mais que Brasil) e ajuda a gerar 2,9% dos empregos.

1.1.3. Patrimônio e Turismo Cultural: a partir da Perspectiva da Sustentabilidade

De acordo com a Organização Mundial de Turismo, em uma pesquisa sobre turismo e cultura realizada em 2015, as chegadas de turistas culturais estão crescendo constantemente em comparação com as chegadas internacionais em geral, sendo que 40% das chegadas internacionais são consideradas "turistas culturais", ou seja, viajantes que participam de uma visita cultural ou atividade como parte de sua estada (UNWTO, 2019).

O turismo cultural é uma forma de turismo, na qual o turista, dentre outros objetivos, tem o interesse em descobrir monumentos e locais históricos (Icomos,1976). Neste sentido, os benefícios socioculturais e econômicos advindos do turismo cultural incidem sobre as comunidades de destinos turísticos, sendo mais um dos fatores que justifica a preservação do patrimônio cultural.

O patrimônio cultural materializa e tornam visível a cultura e a memória, fatores fundamentais para a coesão de uma sociedade, possibilitando a constituição da identidade cultural coletiva de um povo (Rangel, 2002). Ainda neste âmbito, tem-se que os destinos turísticos que possuem patrimônio cultural são áreas onde o patrimônio é a peça central na formação de identidade e representa uma referência simbólica para a área (Vaquero, 2002). Pode-se, assim, estabelecer uma interface entre patrimônio e identidade, sendo que o turismo, se bem explorado, pode ser um potencializador destes.

Em alinhamento com a agenda da UNESCO, que elegeu 2017 como o Ano Internacional do Turismo Sustentável para o Desenvolvimento, torna-se quase imperativo meditar sobre o contributo de um título patrimonial e avaliar as formas de concretização da oportunidade desse título e seu impacto, nas dinâmicas cotidianas da cidade (Capela de Campos e Murtinho, 2017).

Ao refletir sobre o desenvolvimento sustentável, observa-se que dentre os principais impactos negativos do turismo, se destacam a destruição e as pressões ocasionadas sobre o espaço. De acordo com Swarbrooke (2000), a utilização excessiva de sítios culturais pode resultar tanto em dano para as construções e a paisagem, assim como em uma experiência de valor reduzido para os turistas.

“Entre os problemas que exigem planos de gestão territorial e políticas claras estão: as migrações de turistas que exercem pressão sobre o patrimônio natural e cultural local (pressão física como consequência da concentração dos fluxos em áreas de grande atração e locais de maior prestígio - litoral, ilhas, vestígios históricos); as pressões também se manifestam no cultural e em relação ao patrimônio imaterial, quando observamos uma desarticulação do tecido social ou uma "folclorização" das expressões culturais tradicionais.” (Le Gargasson, P., 2014, p.2)

Por outro lado, a conservação e a gestão do patrimônio histórico, aliadas à implementação do turismo, contribuem para a regeneração de centros históricos (Ferreira, 2003). Neste âmbito, observa-se que o turismo contribui para o desenvolvimento local de destinos, além de ser uma das atividades potencializadoras da revitalização dos núcleos históricos. Ainda neste âmbito, destaca-se o estabelecido pela UNESCO:

“O turismo é um recurso fundamental para as comunidades locais e para a conservação do patrimônio. O patrimônio material e imaterial é crucial para trazer estabilidade social e identidade. Vincular a cultura e o turismo no processo de desenvolvimento sustentável resulta vital se queremos alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)” (OMT, 2017).

Diante das potencialidades e das adversidades ocasionadas pela atividade turística, e tendo por foco os ODS, é essencial realizar o controle dos impactos, necessidade esta já defendida na década de 80 pelos autores Mathieson e Wall (1982). Destaca-se que uma das formas é definir e monitorar os limites de crescimento turístico, assim como implantar programas de capacidade de suporte para controle de pressões.

Neste âmbito, pressupõe-se o entendimento da capacidade de suporte (figura 1) em áreas de patrimônio cultural. Conforme esquematizado, as cidades são sistemas abertos e complexos, o que dificulta a seleção de variáveis de análise, assim como seus respectivos indicadores. Neste âmbito, o monitoramento dos impactos (ambientais, socioculturais e econômicos) é uma das necessidades prementes para alcançar a sustentabilidade e, deve levar em consideração, tanto a quantidade de turistas, como o comportamento dos mesmos. Realizar interface quantitativa e qualitativa é fundamental para a correta definição da capacidade de suporte de uma área turística (Alvares, 2008), possibilitando, assim, o planejamento e a gestão para o desenvolvimento sustentável de centros históricos.

Figura 1
Capacidade de suporte de destinos de turismo cultural

Fonte: Alvares, 2008

A teoria sobre capacidade de suporte de destinos turísticos possui robustez, no entanto, os estudos empíricos ainda possuem entraves para operacionalização. Ainda a esse respeito, há uma grande preocupação dos estudiosos em definir fórmulas e metodologias de controle da capacidade de suporte com um grande enfoque em áreas naturais, i.e., ainda há vasto campo para pesquisas de base, assim como pesquisas aplicadas, em prol da sustentabilidade em áreas de patrimônio cultural.

2. Metodologia

O presente artigo tem como classificação científica o método de pesquisa aplicada, com abordagem qualitativa por meio de estudo de caso de Ouro Preto e Cusco. Busca-se uma análise sobre a gestão patrimonial, a partir da perspectiva do turismo cultural, considerando também o desenvolvimento sustentável, os fatores econômicos e as dinâmicas do setor empresarial.

Para alcançar os resultados esperados, utilizaram-se os seguintes procedimentos metodológicos:

1. Revisão e análise de literatura existente sobre o tema;

2. Visita e observação aos atrativos culturais;

3. Uso e observação de infraestrutura de transportes;

4. Uso e observação dos meios de hospedagem, agência de turismo receptivo, bares e restaurantes;

5. Pesquisa e análise de outras fontes de informação;

6. Análise comparativa dos estudos de caso de Ouro Preto e Cusco.

A revisão de literatura teve como base o levantamento bibliográfico por meio de trabalhos científicos, dissertações e teses. Outras fontes de informações foram utilizadas, a saber, informes e estudos governamentais, documentos e mídias eletrônicas dos governos de Brasil e Peru relacionados ao tema da pesquisa.

As visitas e observações in situ foram realizadas entre os meses de abril e agosto de 2018.

3. Estudos de Caso

3.1. Ouro Preto

Localizado na região sudeste do Brasil, o município de Ouro Preto apresenta população estimada de 74.659 habitantes em 2017 (IBGE, 2018) e se localiza a 98 km da capital do estado, Belo Horizonte. Ouro Preto é “considerada como um dos mais tradicionais destinos turísticos nacionais...” (Cifelle, 2005) e possui um dos mais famosos centros históricos de Minas Gerais, reconhecido em nível nacional desde 1938, quando recebeu o título de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

A história de constituição deste município se liga à formação de pequenos povoados, em finais do século XVII, relacionado, principalmente, a busca por minerais preciosos. Ouro Preto teve grande importância política e econômica para Minas Gerais, sendo a capital da província de 1721 a 1882, e capital do estado de 1883 a 1897.

De acordo com o Icomos (1980), o recebimento do título de Patrimônio Cultural da Humanidade em Ouro Preto se justifica, entre outros fatores: pela arquitetura simples, mas criativa; pelas igrejas, fontes, pontes e paisagem; pelas características gerais e homogeneidade que a tornam uma propriedade cultural exclusiva; e por ser um centro único da arquitetura barroca. A classificação realizada pela Unesco, em 1980, se fundamenta nos critérios I e III, respectivamente, por representar uma obra-prima única do gênio criativo humano, e por ser único ou, ao menos, um excepcional testemunho de uma tradição cultural ou de uma civilização que, ainda, está viva ou já desapareceu. Com este título Ouro Preto tomou novo impulso na década de 80, e impulsionou a valorização de outros núcleos históricos do Estado, tomando grande protagonismo no cenário regional.

De acordo com dados divulgados no Plano Municipal de Turismo 2017-2027 (Secretaria de Turismo, Indústria e Comércio de Ouro Preto, 2017), referente a uma pesquisa realizada no 1º semestre de 2016, Ouro Preto recebeu durante esse período, 152.857 visitantes, sendo 88.402 (58%) turistas e 64.455 (42%) excursionistas. O gasto médio foi de R$ 552,857 (reais) o que gerou injeção financeira de R$ 84.491.692,98 no município. Os principais estados emissores de turistas foram São Paulo (14,6%) e Rio de Janeiro (12,9%), sendo que os turistas provenientes do próprio estado de Minas Gerais representam 38,6%. Em relação aos turistas estrangeiros recebeu no período em análise 11,5%.

Por sua importância, Ouro Preto está entre os 65 destinos indutores para o desenvolvimento turístico do Brasil, segundo o Índice de Competitividade do Turismo Nacional (FGV, 2015). A cargo do Ministério do Turismo e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) as cidades são analisadas a partir de 13 dimensões. Uma das dimensões estudadas pelos pesquisadores avalia a importância dos aspectos culturais para o turismo. Essa dimensão abrange: (i) a produção cultural associada ao turismo do destino, (ii) a preservação do seu patrimônio histórico e cultural e (iii) a estrutura pública do destino para o apoio à cultura.

Os aspectos culturais vêm apresentando impacto crescente na competitividade do turismo brasileiro. Este resultado é atribuído a um conjunto de políticas públicas conduzidas pelo governo federal, em especial os Ministérios do Turismo e da Cultura, que implementaram ações conjuntas no âmbito do turismo cultural, com base em Acordo de Cooperação firmado entre os dois órgãos e o Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional – Iphan; além de iniciativas dos governos estaduais e municipais (Ministério da Cultura, 2011).

Ainda em relação ao estudo mencionado, Ouro Preto se destaca em “aspectos culturais”, uma das dimensões avaliadas pelo estudo. De acordo com a FGV (2015), isso se deve entre outros fatores a: (i) presença de atividade artesanal típica – artesanato em prata e pedra sabão – cujo produto é comercializado em lojas e feiras de fácil acesso para o turista, com destaque para a Feira de Pedra Sabão; (ii) presença de grupos artísticos de manifestação popular tradicional, como os grupos de congado, os blocos de carnaval, as bandas de música e os corais, que se apresentam com frequência no destino e em outros estados; (iii) existência de patrimônio imaterial registrado pelo Iphan, que se constitui em atrativo turístico, como o Toque dos Sinos; (iv) existência de patrimônios artísticos e históricos registrados pelo município, pelo estado e tombados pelo Iphan, os quais também se constituem em atrativos turísticos, tais como: Conjunto arquitetônico e urbanístico de Ouro Preto, Casa Setecentista, Palácio dos Governadores, Ruínas da Fábrica de Ferro Patriótica, Casa de Câmara e Cadeia, Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias, Igreja Matriz de Nossa Senhora de Nazaré, Igreja Matriz de Santo Antônio em Glaura, Igreja Matriz de São Bartolomeu, entre outros bens; (v) presença de uma associação de artesãos no destino, que fortalece e mantém a tradição do artesanato local; (vi) reconhecido de Ouro Preto como Patrimônio da Humanidade pela Unesco.

A cidade integra o Circuito Turístico do Ouro, regulamentada pela política de Circuitos Turísticos em Minas Gerais (SETUR, 2003) e faz parte também de importante rota nacional, a saber, Estrada Real que é composta por 177 municípios, sendo 162 de Minas Gerais, oito do Rio de Janeiro e sete de São Paulo. Essa rota tem relação com os caminhos que foram criados pelos bandeirantes, na época de exploração dos minerais preciosos pelos portugueses.

Em relação à economia (IBGE, 2018), Ouro Preto registrou um salário médio mensal de 3.0 salários mínimos em 2016. A proporção de pessoas ocupadas em relação à população total era de 27,6%. Em 2015, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita de Ouro Preto era de R$ 52.931,37, 18ª posição no Estado de Minas Gerais. Dentro dos setores econômicos do município, o comércio (varejista e atacadista), que em 2016 respondia por 10,7% da participação, passou para 9,6%. A indústria subiu de 85,2% para 86,4%. Destaca-se na composição do mercado de trabalho de Ouro Preto, o Comércio de Bens e Serviços que detêm 84,1% dos estabelecimentos que são responsáveis pela geração de 41,3% do total de postos de trabalho.

Ouro Preto teve em 2017 um aumento de pouco mais de 5% no número de postos de trabalho, passando de 18.039 para 18.901 os empregos formais na cidade. Na composição do comércio varejista, as microempresas seguem sendo a maioria, ocupando 51,9% dos estabelecimentos. A remuneração média do trabalhador subiu de R$1.141,16 para R$1.215,98 assim como o grau de instrução que, a partir do ensino médio, passou de 63 para 68%. O setor de serviços segue similaridade ao comércio, com queda de 9,2%.

O índice de competitividade do município, indica que em 2014 as variáveis de performance econômica e quadro social tiveram os melhores resultados. Por outro lado, as variáveis capacidade de alavancagem do governo e suporte aos negócios apresentaram os menores resultados (FECOMERCIO, 2018). Destaca-se que em Ouro Preto, o tecido empresarial é composto principalmente de microempresas com 96,8%, que geralmente estão envolvidas em atividades e serviços comerciais.

Em relação à conservação do patrimônio, foi o segundo município do Estado que mais investiu na preservação do seu patrimônio histórico e cultural no ano de 2016, segundo dados do ICMS Cultural 2017, que é um programa de incentivo à preservação do patrimônio cultural do Estado, por meio de repasse dos recursos para os municípios que preservam seu patrimônio e suas referências culturais por meio de políticas públicas relevantes (IEPHA, 2018).

Apesar de gestores públicos estarem investindo na preservação do patrimônio cultural, a localidade tem sofrido consequências relativas ao uso do território do estado pelas empresas mineradoras. Importante incialmente contextualizar, os acidentes de rompimento de barragens no estado de Minas Gerais (Mariana em 2015 e Brumadinho em 2019), com posterior interdição temporária de estradas de acesso a cidade de Ouro Preto em fevereiro de 2019, por eminência de rompimento de outra barragem, fato este que impactou na diminuição de turistas na cidade nos primeiros meses do ano. De acordo com dados da Secretaria de Turismo de Ouro Preto (boletim interno), a taxa de ocupação nos meios de hospedagem em 2019 teve uma queda para 27% em fevereiro, sendo que no mesmo período em 2018 a taxa era de 36%; e em março caiu para 22%, sendo que em 2018 nessa mesma época a taxa de ocupação era de 34%.

3.2. Cusco

Principal destino turístico do Peru, Cusco recebeu 3.275.754 turistas em 2016 (DIRCETUR, 2017). Dos 100% dos turistas que chegam à Cusco, 96% são motivados por razões culturais (Pauccar & Yessenia, 2015). A cidade está situada na parte sudeste do país, nos Andes, a 3.399 m de altitude e tem população de aproximadamente 350 mil habitantes. É o centro político e econômico da região conhecida como Vale Sagrado dos Incas, que engloba várias cidades e oferecem uma grande oferta de atrações turísticas arqueológicas, culturais, étnicas, paisagísticas e naturais.

Cusco era um complexo centro urbano com distintas funções religiosas e administrativas no período inca. Estava rodeado por áreas claramente delimitadas para produção agrícola, artesanal e industrial. Quando os espanhóis a conquistaram no século XVI conservava sua estrutura básica, e construíram igrejas e palácios sobre suas ruínas. Hoje é um amálgama de cidade inca e cidade colonial (go2peru, 2018).

A cidade deve ser entendida abarcando o conceito de território museu que parte da concepção do território como espaço físico que transcorre o tempo e faz referência a um modelo de apresentação de recursos relacionados a uma ideia integral, que conta com recursos (materiais e imateriais) e que utilize as construções existentes (Izquierdo e Samaniego, 2004).

Dentre os diversos parques arqueológicos que compõe a região, Machu Picchu é o mais significativo. A cidade dos Incas foi declarada Patrimônio Mundial pela UNESCO em 1981 e nova maravilha do mundo moderno em 2007, e destino principal de quase todos os estrangeiros que chegam a Cusco.

De acordo com Ministério de Turismo de Peru, o número de visitantes no sítio arqueológico em 2018 foi de 1 milhão 578 mil e 30, um crescimento de 12% em relação ao ano anterior. Destes 78% são estrangeiros e 22% nacionais, provenientes principalmente dos EUA, Brasil, Chile, Argentina e França. São 15% de turistas estrangeiros a mais em relação a 2017. O mês que mais concentra essa demanda é em julho, com 130.567 visitas.  Isso corresponde a 4.352 turistas estrangeiros/dia. Já agosto é o mês que recebe mais turistas nacionais, foram 54.909 (Promperu, 2018). A alta temporada está concentrada entre julho e agosto, e a baixa no período das chuvas entre dezembro e janeiro.

Como se observa, a pressão turística é enorme. Destaca-se que a carga de visitantes projetada é de 2.500 visitantes/dia. No entanto, o número recebido é praticamente o dobro. Para administrar a capacidade de suporte e continuar a atender a demanda decidiu-se restringir o tempo de visitação a quatro horas, antes a visita podia durar até oito horas, e ampliou-se o horário adicionando mais um turno (tarde). Em busca de equalizar o problema, o governo então decidiu redefinir a capacidade de suporte do atrativo, sendo que este processo ainda está em andamento.

Uma das estratégias de gestão patrimonial que vem sendo utilizada para e diminuir a sobrecarga nos principais atrativos é diversificar a oferta turística por meio do boleto turístico de Cusco, que permite o ingresso a 16 lugares de interesse localizados na cidade de Cusco, Vale Sul e Vale Sagrado dos Incas. Quem é o órgão responsável pela coleta, administração e distribuição dos recursos obtidos pela venda do Bilhete Turístico é o Comitê de Serviços Integrados de Turismo Cultural - Cusco (COSITUC) do qual participam o Município Provincial de Cusco, o Instituto Nacional de Cultura de Cusco e a Diretoria Regional de Comércio Exterior e Turismo. Esse órgão é uma entidade de direito privada que vela por reinvestir recursos arrecadados no desenvolvimento turístico na própria região.

Ainda assim, o lugar mais visitado pelos turistas (estrangeiros e nacionais) ainda é Machu Picchu com 43,1% das visitas, seguido de Sacsayhuamán, Ollantaytambo y Templo Qoricancha com 29,8% e Complexo Arqueológico de Moray com 12,9% das visitas.

Apesar do grande número de recursos turísticos existentes, o governo regional identificou 588 recursos turísticos, a maioria deles ainda não foi preparada para se tornar um produto turístico. No campo da oferta, reconhece-se que todo patrimônio é susceptível de ser convertido em um produto turístico de consumo, e que é necessário um bom planejamento turístico prévio para a criação dos produtos (Tresserras e Matamala, 2005).

Assim sendo, a sobrecarga nos produtos turísticos existentes é um dos principais problemas que ameaça a integridade dos sítios arqueológicos, além de causar transtornos aos moradores e descontentamento aos turistas. Em lugares de grande atratividade e que são promovidos intensamente, "os viajantes tendem a chegar em números cada vez maiores e migram para os mesmos locais, resultando em problemas como superlotação, maior estresse nos serviços públicos e infraestrutura, homogeneização cultural e crescente insatisfação dos moradores locais" (WEF, 2017).

A superlotação de visitantes não acontece somente em Macchu Picchu, mas também dentro de Cusco, como no Templo de Qoricancha e na Plaza de Armas, o que afeta a experiência do turista e principalmente a preservação dos sítios arqueológicos. Apesar da grande atratividade da cidade, observam-se equipamentos turísticos com pouca estrutura de acolhimento e interpretação. Atualmente a maioria dos sítios arqueológicos de Cusco depende exclusivamente de uma guia para serem entendidos. Percebe-se uma deficiência aguda de investimentos em recursos museográficos e museológicos. O centro de interpretação do templo de Qoricancha, uma das principais atrações da cidade, se conforma por um espaço reduzido localizado no subsolo, na parte exterior do complexo, em que se vê a exposição de alguns artefatos de modo precário.

De fato, a insatisfação dos turistas que visitam Cusco cresceu entre 2016 e 2017. O Grupo Gestor de Turismo Sustentável reportou que em 2016 houve 78% de satisfação, e em 2017 esse percentual reduziu 4%. Enquanto a insatisfação passou de 22% para 26% nesse mesmo período. Os turistas não estão satisfeitos com "a qualidade do ambiente urbano", com o "preço do destino", falta de pontos de informação turística, qualidade da área rural, e má qualidade do serviço de transporte e traslados. Outra preocupação das autoridades é que a queda no nível de satisfação afete o crescimento do turismo (La Republica, 2017).

E uma difícil equação do turismo, o crescimento econômico e a sustentabilidade. Observamos que essa grande quantidade de visitantes impulsiona a malha empresarial e promove o crescimento, apesar de não promover exatamente bem-estar para todos.

O dinamismo do setor de turismo da região é bastante representativo a nível nacional. Em 2016, eram 5.189 estabelecimentos de alimentos e bebidas, 3.311 artesãos, 988 meios de hospedagem, 3.931 agências de viagens (40% do total nacional), 1.512 guias de turismo (31% do total nacional) (Mincetur, 2016). Entre 2012 e 2016 Cusco e seu entorno presenciaram um aumento considerável não só na quantidade, mas principalmente qualidade de sua oferta turística. O número de hotéis de classificação 5 estrelas subiu de sete para doze estabelecimentos, e os de 4 estrelas subiram de seis para onze unidades (Mincetur, 2016).

A concentração da infraestrutura turística é um tema relevante, uma vez que a maioria destes negócios está estabelecida principalmente na cidade de Cusco, mas há outros dois polos, Urubamba e Águas Calientes – onde se encontra Macchu Picchu, que dispõem de oferta de serviços turísticos.

Essa distorção já havia sido identificada no Plano Estratégico de Turismo 2009 que demonstra que a fraca regulação e planejamento tem causado assimetrias e problemas sociais, como concentração excessiva (com consequente impacto negativo) na planta turística em certos lugares como Cusco, Urubamba e Águas Calientes, o que contrasta com a baixa ou ausência de integração de outros territórios à dinâmica turística, causando expectativas frustradas na população em geral e em alguns casos, uma participação limitada de estes últimos na atividade turística (DIRCETUR, 2009).

Em relação aos efeitos econômicos do turismo em Cusco, o Instituto Peruano de Economia (IPE, 2018) indica que o PIB per capita experimentou um crescimento sustentado nos últimos quinze anos. Porém, em 2017 contraiu 3,5%, alcançando S/ 15.923 (Soles peruanos), colocando Cusco na oitava posição nacional, e acima da média nacional de S/ 15.501. Outro indicador revela que o nível de pobreza monetária na região seguiu uma tendência descendente desde 2009. O crescimento da classe média tem sido notável. No entanto, 40,8% da população está em situação vulnerável.

Em termos de crescimento econômico, Cusco foi a segunda região que mais cresceu na última década. O ritmo de crescimento salarial tem sido sustentado, mas está abaixo da média nacional. O crescimento da força de trabalho com emprego adequado estagnou nos últimos três anos, em consonância com a dinâmica do emprego nacional. Em relação à População Economicamente Ativa (PEA), os setores de Agricultura e Pesca com 42% e Comércio e Transportes com 21% concentram mais de metade da força de trabalho. O setor de restaurantes e hotéis representa 7% da PEA. Visto por setores, o nível de informalidade é bastante elevado, semelhante à média nacional. Por exemplo, o setor de comércio e transportes apresenta uma informalidade de 78% e o setor de restaurantes e hotéis com 89%.

Como o resto do Peru, o tecido empresarial é composto principalmente de microempresas com 96,8%, que geralmente estão envolvidas em atividades e serviços comerciais. Cusco é a única região com mineração e exploração de hidrocarbonetos. Por isso, esses setores são os mais importantes em sua economia com 39,3%. O setor de serviços representa 19,7% e comércio 13,1%. Segundo o Índice de Competitividade Regional (INCORE, 2017), Cusco é a décima região com melhor competitividade. Os pilares com menor pontuação são Trabalho e Ambiente Econômico.

Embora o turismo possa ser uma ótima forma de distribuição de riqueza, muitas vezes, apenas 5-10% do dinheiro gasto pelos turistas permanece nos destinos que visitam. Essas questões devem ser abordadas para realizar plenamente os benefícios do turismo por meio de uma abordagem inclusiva e colaboração entre o setor público e privado e as comunidades anfitriãs (WEF, 2017).

Está em andamento, o Plano Estratégico Cusco 2021 que aposta pelo desenvolvimento regional estruturado em seis diretrizes: Centralidade da Pessoa, Equidade, Identidade Regional, Sustentabilidade, Institucionalidade e Competitividade Ambiental, Democracia. Espera-se que sua implementação possa colaborar para gestão do destino turístico e contribuir para melhorar a participação da comunidade local nos resultados do turismo da região.

3.3. Análise Comparativa entre os estudos de caso

Esta seção apresenta uma análise comparativa entre os estudos de caso de Ouro Preto e Cusco. Em primeiro lugar, discorre-se sobre alguns dos problemas similares dos destinos, em segundo lugar, pontua-se alguns problemas específicos de cada uma das localidades, e em terceiro, apresentam-se os pontos positivos identificados nos destinos.

Ao realizar a análise comparativa entre Ouro Preto e Cusco, identifica-se que os dois destinos turísticos se deparam com problemáticas análogas, a saber:

• Necessitam melhorar a gestão do patrimônio cultural;

• Precisam aperfeiçoar a interpretação cultural, com a modernização e inclusão das novas tecnologias nos atrativos turísticos;

• Urgem de realizar estudos e implementar a gestão da capacidade de suporte nos atrativos turísticos, assim como em seu entorno;

• A violência, a infraestrutura ineficiente, e os entraves burocráticos são considerados principais fatores que afetam a competitividade desses destinos;

• Há baixo desempenho na adequação da atividade turística a modelos mais sustentáveis, com a inclusão dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS);

• Necessidade de melhorar os serviços prestados e incrementar a capacitação profissional;

• Necessidade de melhorar a dinâmica empresarial entre todos os setores.

Apresenta-se, a seguir, alguns aspectos específicos dos problemas enfrentados pelos destinos em análise:

• Em relação à competitividade, Ouro Preto necessita melhorar em capacidade de alavancagem do governo e suporte aos negócios, e Cusco necessita melhorar nos pilares trabalho e ambiente econômico;

• Cusco, em específico, apresenta uma elevada taxa de informalidade dos negócios;

• As infraestruturas de transportes são insuficientes para atender elevado e crescente fluxo de turistas no caso de Cusco. Necessita-se de melhores acessos por estradas, ferrovias e aeroportos. A saturação do aeroporto e o alto fluxo de trens turísticos, como do destino a Machu Picchu, não somente provocam desconforto, mas insegurança;

• Ouro Preto, apesar de seu potencial de atratividade, não é um destino tão internacionalizado como Cusco, fato este representado pelas taxas de turistas estrangeiros que visitam os locais, conforme referenciado nas subseções 3.1 e 3.2.

Por outro lado, os dois destinos turísticos apresentam condições positivas em relação:

• As micro e pequenas empresas geram mais de 95% dos postos de trabalho;

• O setor de turismo é responsável por grande parte dos empregos;

• Ouro Preto é considerado destino indutor para o desenvolvimento turístico do Brasil;

• Cusco é o principal destino do Peru, e possui enorme apelo internacional;

• Os dois destinos possuem uma grande variedade de recursos culturais em seu entorno, possibilitando o aumento da oferta turística;

• Em 2015, o PIB per capita de Ouro Preto era de R$ 52.931,37 (Reais), 18ª posição no Estado de Minas Gerais;

• O PIB per capita de Cusco experimentou um crescimento sustentado nos últimos quinze anos. Porém, em 2017 o produto per capita contraiu 3,5%;

• Em relação à competitividade, Ouro Preto apresentou bons resultados nas variáveis de desempenho econômico e quadro social. E Cusco é a décima região com melhor competitividade do Peru;

• Cusco e Ouro Preto são destinos turísticos com destacado valor do patrimônio cultural e apresentam grande diversidade de atrativos e produtos turísticos;

• Cusco e Ouro Preto possuem uma ótima infraestrutura de meios de hospedagens e boa oferta gastronômica. No caso de Cusco, tem uma rede de excelência com vários hotéis cinco estrelas.

4. Conclusões

O estudo realizado analisou o crescimento do turismo cultural em Ouro Preto (Brasil) e Cusco (Peru) e seu impacto na gestão patrimonial. A partir da revisão de literatura e da pesquisa empírica, fica evidente a importância da conservação e gestão do patrimônio cultural, e a necessidade de criar estratégias para promover um desenvolvimento socioeconômico mais inclusivo nas regiões estudas. Observa-se ainda, que as duas cidades enfrentam problemáticas similares na gestão do patrimônio cultural e que é primordial a implantação de ações que corroborem com o desenvolvimento sustentável do turismo nas localidades.

Resultados apontam que é imprescindível que os destinos em análise (i) invistam na implantação de políticas públicas setoriais integradas, (ii) realizem investimentos contínuos e direcionados à preservação patrimonial e (iii) destinem esforços para maior profissionalização do setor turístico com estímulo ao fortalecimento do turismo cultural. Para melhorar o desempenho do tecido empresarial, indica-se maior investimento em competitividade em ambos destinos, além de incentivo a formalização de negócios, no caso específico de Cusco. Ainda assim, seria necessário o incremento do planejamento e da gestão do turismo, aliado à diversificação da oferta para diminuir a pressão nos principais atrativos, e aproveitar a ampla estrutura turística existente tanto em Ouro Preto, como em Cusco.

Ressalta-se que o presente artigo almejou oportunizar o debate sobre o turismo cultural e o desenvolvimento sustentável, assim como analisar as dinâmicas do setor turístico e empresarial. Neste sentido, acredita-se que as reflexões geradas podem contribuir para o fomento do turismo cultural, fundamentado no respeito à alteridade entre turistas e comunidades locais.

Em resumo, o artigo traz importante contribuição a nível acadêmico ao ampliar o conhecimento científico sobre o tema, e permite a nível empresarial e governamental a adoção de medidas para contribuir com o desenvolvimento sustentável do turismo cultural. Como futuras linhas de pesquisa, propomos avançar os estudos sobre os impactos ambientais, socioculturais e econômicos da atividade turística; ampliar a identificação e análise de boas práticas em turismo cultural em interface com o desenvolvimento sustentável e suas aplicações; e incluir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) em pesquisas sobre turismo, assim como nos planos estratégicos de destinos turísticos.

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Este artigo é uma versão original e ampliada da pesquisa, que teve seus resultados iniciais apresentados no Evento 10º Mestres e Conselheiros, 29 a 31 de agosto de 2018, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.

1. Doutora em Planejamento pela Universidade do Minho, Portugal. Professora e Investigadora; Departamento de Gestão e Negócios - Instituto Federal de Minas Gerais - Campus Sabará, Brasil. daniela.f.alvares@gmail.com

2. Doutor em Administração (cum laude) pela Universidad de Barcelona, Espanha. Professor e Investigador; Departamento Axiologia. CENTRUM Católica, Graduate Business School. Pontificia Universidad Católica del Perú PUCP, Lima, Peru. lbarcellosdepaula@pucp.edu.pe


Revista ESPACIOS. ISSN 0798 1015
Vol. 40 (Nº 27) Ano 2019

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