ISSN 0798 1015

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Vol. 41 (Nº 06) Ano 2020. Pág. 6

Leitura e escrita na sala de aula das séries iniciais

Reading and written in the classroom of the initial series

COSTA, Marta Maria 1 y COUTINHO, Diógenes Gusmão 2

Recebido: 30/09/2019 • Aprovado: 14/02/2020 • Publicado: 27/02/2020


Conteúdo

1. Introdução

2. Metodologia

3. Resultados

4. Concluções

Referências bibliográficas


RESUMO:

O presente trabalho de pesquisa tem o objetivo de analisar a importância da leitura e escrita de textos na sala de aula das séries iniciais, e como estes hábitos podem ser desenvolvidos pelos professores e alunos através dos diversos portadores de textos. A pesquisa nos deu a oportunidade de conhecer conceitos sobre qual prática é fundamental para que haja o processo de aquisição da leitura e escrita das crianças através do ensino/aprendizagem de diferentes gêneros textuais que circulam na sociedade.
Palavras chiave: O texto na sala de aula; Leitura; Escrita

ABSTRACT:

This research study aims to analyze the importance of reading and writing texts in the classroom of the initial series, and how these habits can be developed by teachers and students through the various text carriers. The research gave us the opportunity to know concepts about which practice is fundamental for the process of acquiring the reading and writing of children through the teaching/learning of different textual genres that circulate in society.
Keywords: The text in the classroom; Reading; Written

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1. Introdução

A leitura e a escrita são atividades que devem ser desenvolvidas por todos os professores e estudantes, habilidades esta, que deve ser adquirida desde cedo e realizada de várias formas. Lê-se para entender e conhecer, para sonhar, viajar no mundo da imaginação, por prazer ou curiosidade. O trabalho com os portadores de textos como: revistas de gibis, jornais, literaturas, entre outros, são estímulos a leitura, que é a peça fundamental no desenvolvimento do ser humano. E a escola é a principal responsável pelo desenvolvimento do hábito da leitura e da linguagem escrita.

Ferreiro e Teberosky (1999) afirmam que a leitura liberta, estimula o imaginário, auxilia em novas descobertas, agrega conhecimentos, amplia o vocabulário, desenvolve raciocínio e a capacidade de comunicação, entre outros fatores benéficos.

Ferreiro e Teberosky (1999) reafirmam também os conceitos sobre o construtivismo e interacionismo das obras de Piaget (1971) e Vygotsky (1992) a respeito da construção do conhecimento sobre a linguagem escrita em que ocorre no jogo das representações simbólicas, resultando de trocas intermediadas pela interação do sujeito com o objeto, pelo pensamento pela linguagem. Ainda de acordo com os teóricos a criança parte de sua realidade, passa pela interação, pela cultura e por sua história expressando linguagem falada e chegando à linguagem escrita que estabelece a correspondência entre fonemas e grafemas e assim se dá a apropriação da leitura.

Ferreiro e Teberosky (1999) diz que o construtivismo e interacionismo são conceitos e não métodos que os professores utilizam para identificar os estágios em que cada indivíduo se encontra independentemente da turma em que estão inseridos e de sua faixa etária. Verificando o nível de hipótese em que a criança está de apropriação da habilidade da linguagem escrita.

Dessa forma é importante que haja estímulos da linguagem escrita e que a leitura aconteça já nos primeiros anos escolares das crianças. Isso é possível quando o professor/educador em sua mediação dá oportunidade às crianças de falarem, de ouvirem, de lerem e escreverem. Sabe-se que a leitura em sala de aula é extremamente importante, porém pouco explorada nas escolas.

[...]” A criança que cresce em um meio letrado está exposta a influência de uma série de ações. Em todo momento do seu cotidiano escolar, a crianças está interagindo com colegas e professores, entre os quais, durante todo o ano letivo, trocam experiência de leituras e fazem interpretações do que estava escrito”. (FERREIRO; TEBEROSKY, 1999, p.59).

Mas, o que realmente se vê ainda são quadros cheios de conteúdos para que os estudantes apenas copiem.  E não é muito explorado a leitura individual e coletiva nas escolas. No entanto a leitura é fundamental para a formação de novos conhecimentos. Pois através dela o aprendiz conhece diferentes culturas, etnias, lugares e crenças. Dentro da literatura existe vários gêneros textuais, com portadores de textos que ajudam no desenvolvimento do espírito leitor do indivíduo.

Perrenoud (2002, p.120) afirma que “o professor é a peça fundamental no processo educacional”. Sendo assim, cabe ao professor se esforçar no ato de ler. Ele deve criar o hábito de leitura diária para que seja exemplo para seus alunos.

As atividades trabalhadas em sala de aula devem desenvolver o intelectual, a imaginação e o lúdico nos estudantes. Muitas são as estratégias que podem ser utilizadas para se alcançar sucesso na formação integral do aluno, sendo que o trabalho com os portadores de textos é o local onde se materializa os gêneros textuais que podem ser tanto virtual como físico, demonstrando uma estrutura específica que serve de base ou ambiente de fixação de diversos textos.

Com base nisso, os portadores de textos são fundamentais para que às produções sejam desenvolvidas, por tanto podemos compreender como portadores de texto: os rótulos, jornais, gibis, cartazes, blog, sites, revistas, agenda, e-mail e dicionários. Estes portadores dão origem a infinitos gêneros de textos; por exemplo: as fábulas, a cônica, poesia, propaganda, a descrição, bula de remédio e etc. Assim, os diversos tipos de textos são responsáveis por permitir formas comunicativas que dão origem aos diálogos utilizados no dia a dia para emitir informações. Bazerman (2007) diz: que “é importante perceber que a variedade de gêneros de textos se dá conforme variam as intenções de quem fala ou escreve, e cada enunciado, na verdade, é uma teia complexa que se forma pela comunicação humana”. Ou seja, esses conjuntos de textos são sistematicamente organizados e permitem o processo da aquisição da linguagem da leitura e escrita pelo o indivíduo que tem o ensino/aprendizagem a partir dos portadores de textos.

Neste sentido, escola é fator fundamental no proceso de aquisição da leitura e da escrita; trabalhando com os alunos, projetos de leitura através do teatro de fantoches e criação de personagens, podendo levar em consideração os trabalhos coletivos, onde a comunidade escolar se envolva, para servir de viés e despertar o interesse nos estudantes e desenvolver o gosto pela leitura e escrita. Ferreiro (1999) diz que um dos maiores danos que se pode causar a uma criança é levá-la a perder a confiança na sua própria capacidade de pensar. A aprendizagem da leitura e da escrita não se dá de maneira espontânea, ela precisa de uma ação deliberada do professor e, portanto, uma qualificação por parte daquele que ensina.

O professor deve planejar e tomar decisões a respeito do tipo de sequências de atividades que devem ser pensadas e planejadas para cada perfil de aluno. Pois, as experiências que o indivíduo teve ou não em relação com a leitura e a escrita definem se ele é alfabetizado ou não. Bortone e Martins (2008), saber escrever é hoje, mais do que nunca, uma necessidade de sobrevivência em sociedades como a nossa, em que tudo, ou quase tudo, é intermediado pela escrita. A escola, infelizmente, costuma ensinar a produção textual de forma inadequada, e isso, em vez de contribuir para que o sujeito adquira proficiência na escrita, ajuda a promover bloqueios e temores em relação a essa prática.

1.1. Problemática

Apesar da criança chegar à escola com conhecimentos prévios em relação a leitura e a linguagem escrita, ela não se apropriou completamente das competências e habilidades para se interpretar os diversos gêneros textuais. Dessa forma surge a questão: Como o professor pode desenvolver o ensino/aprendizagem no processo de aquisição da leitura e da linguagem escrita nas séries iniciais?

De acordo com Ferreiro e Teberosky (1999), é nas sérieis iniciais onde a criança tem o primeiro contato formal com a leitura e escrita, embora este contato ocorra de forma espontânea mesmo antes de a criança fazer parte de uma sociedade escolar, ela está o tempo todo interagindo com estímulos audiovisuais como: encartes de supermercados, desenhos animados, rótulos, revistas, livros de literaturas, leitores e escribas.

Neste sentido o professor deverá desenvolver o processo de aquisição da leitura e escrita  da criança principalmente através de influências e estímulos dos portadores de textos, a partir daí é estimulado no estudante à curiosidade de compreender a natureza e a função da linguagem escrita e suas possibilidades de uso dentro de seu meio familiar e social. Cagliari (1989), afirma que o grande problema nesse caso é que a escola ensina a escrever, sem ensinar o que é escrever, joga a criança sem lhe dizer as regras do jogo. Ou seja o professor/educador deverá observar os níveis de hipóteses da linguagem escrita ao qual seu aluno estar desenvolvendo.

Emilia Ferreiro e Ana Teberosky (1999) em suas pesquisas relatam que as crianças passam por quatro níveis de hipóteses para desenvover a linguagem escrita. São elas: Pré-sílabica: Rabiscos; Silábica: qualitativa (Vogais ou letras inseridas na palavra), quantitativa (o tamanho do objeto define o tamanho da palavra); Silábica-alfabética: Já inclui sílabas conforme o som da palavra; Alfabética: Já lê e escreve com poucos erros. A questão é será que os professores estão atentos a esses estágios de aprendizagem da criança?

1.2. Justificativa

Esta pesquisa justifica-se pela necessidade de que todo indivíduo que lê e tem acesso a variados portadores de textos, tem maior facilidade em aprender e conhecer o mundo, pois, a leitura facilita a compreensão dos conteúdos trabalhados em sala de aula. É de suma importância perceber que o trabalho com os portadores de textos não é um mero passatempo, a sua utilização como metodologia traz muitos benefícios aos professores e alunos, e estimula o ato da leitura e escrita dos mesmos. De acordo com Almeida (2006, p.149):

“A leitura terá de se tornar algo que possibilite a criação ou a (re) criação de novas janelas por parte do leitor, janelas que darão rumo ao mundo que ele deseja descortinar à sua frente. A leitura deverá ser parte do processo de libertação e de identificação do homem. Qualquer homem deverá saber que com a leitura o seu universo pode sofrer transformações incomensuráveis, sejam elas físicas e/ou psíquicas. É possível descortinar um mundo oculto pelo ato de ler, e isso é imprescindível que todos saibam”.

Sabe-se que o ato da escrita é necessária, porém, muitas vezes por falta de tempo e omissão os professores deixam de trabalhar com a leitura de textos que ajudariam no desenvolvimento cognitivo dos alunos e apenas trabalham com as escritas de cópias. Banberger (1986), o trabalho com textos exige leitura, para escrever é necessário imaginação, portanto, sendo a leitura quem desenvolve a imaginação ela deve estar sempre em prática em tudo que se dispõe a realizar no âmbito educacional ou intelectual. Por tanto, uma vez que o professor não trabalha de maneira eficaz a leitura e apenas se preocupa em trabalhar com a escrita o aluno muito provavelmente não desenvolverá habilidades cognitivas capazes pe produzir texto com coesão e coerência, o que dificutará na compreensão dos diversos gêneros textuais.

Muitas são as formas de transmissão de conhecimento sistematizado ou científico, mas não existe conhecimento científico sem o ato da leitura por parte do professor e dos estudantes. Os portadores de textos é uma opção para professores que se propõem a trabalhar com livros significativos, visto que os autores se empenham para transmitir seus pensamentos, culturas e sentimentos quando estão escrevendo. Perrenoud (2002) afirma que a leitura atualmente tem sido o foco, no trabalho desenvolvido pelos professores em sala de aula: a televisão, o rádio e o computador são recursos muito mais atraentes e divertidos para as pessoas do que um bom livro. O professor é o responsável em despertar nos alunos a arte da leitura, visto que a mesma é a “chave que abre as portas para o conhecimento”, não apenas do conhecimento, mas também da imaginação.

O trabalho com vários portadores de textos requer sensibilização, e este só será realizado pelo professor, que é quem deve primariamente ter o hábto pela leitura e escrita, se ele sensibilizar-se para que possa transmitir  seus conhecimentos para seus alunos. O professor exerce forte influência sobre os doscentes. Banberger. 1986, afirma que “Está claro que a personalidade do professor e particularmente seus hábitos de leitura são importantíssimos para desenvolver os interesses e hábitos de leitura nas crianças, sua própria educação também contribui de forma essencial para a influência que ele exerce”. Fiorin (2006, p.60) esclarece que “o trabalho da produção de textos em sala de aula por meio dos gêneros não esta limitado a atividades que os explorem como um conjunto de propiedades formais a que o texto deve obedecer, transformando-o num produto jujo o ensino passa a aser normativo”.

 No entanto, é preciso que o estudante e o professor fiquem atentos a ela, a forma normativa, para que ambos possam entender o que o autor quis transmitir para os leitores ao escrever determinado tipo de texto. Banberger (1986), afirma que o professor influência positivamente ou negativamente o aprendiz com relação à leitura e a escrita, se o mesmo não demonstrar ao aluno interesse por trabalhos literários, não terá como cobrar este interesse de seus alunos.

Outro sim, o ambiente em que se vam ser desenvolvidos os trabalhos  devem ser adequados para facilitar no processo de aquisição dos estudantes, a escola deve oferecer aos alunos e profesores, melhor acessibilidade e asistencia para que os alunos sintam-se cada vez mais motivados e garanta o acesso e a permanencia na escola para que haja uma melhor  familiarização com os textos e com as produções desenvolvidadas durante às aulas. Além de desenvolver a imaginação e a sensibilidade, o trabalho com variados textos exercita a reflexão e memorização, visto que para se trabalhar os portadores de texto como foi discorrido até agora, se faz necessário que o professor conduza os indivíduos a uma meditação. Vygotsky (1992) afirma que "afastamento do aspecto externo aparente da realidade dada imediatamente na percepção primária possibilita processos cada vez mais complexos, com a ajuda dos quais a cognição da realidade se complica e se enriquece". O estudo da mesma também desenvolve a oralidade visto que os alunos se dispõem a comentar e dar a opinião sobre o texto estudado.

O professor deve trabalhar também com as tecnologias que muitas vezes são formas de alienação e acomodação por parte das pessoas que deixam de buscar o conhecimento que se faz importante. Mas, que servem para incentivar o ato da leitura, principalmente leituras que levem ao desenvolvimento da criatividade e imaginação, pois esses dois componentes são essenciais para desenvolvimento intelectual.

Quando se utiliza variados textos em sala de aula desenvolve-se a criatividade e a imaginação contribuindo para a formação do indivíduo, é a partir daí que ele poderá escrever seus textos, poesias, músicas e cartas através dos recursos tecnológicos inovadores. Convém lembrar ainda, que

o estudo com os portadores de textos benefícia no processo educativo, desenvolvendo novos conhecimentos, e agregando no processo de ensino e aprendizagem dos alunos, o que favorece no próprio desenvolvimento cognitivo dos alunos. Além disso, otrabalho que é desenvolvido pelo peofessor é fator chave em todo o período em sala de aula são as metodologías aplicadas pelo professor que favorecerão na melhor compreensão e analises de textos realizadas pelos alunos em sala de aula.

1.3. Hipótese

Sabe-se que desde o princípio, o professor é observado como o centro das ministrações de aula, e quando se fala em professor de português esse fator, torna-se ainda mais compreendido, visto que o mesmo tem como objetivo, desenvolver as habilidades sócio cognitivas dos alunos e torna-los leitores proficientes bem como escritores eficazes.

Paulo Freire (2003), afirma que “ensinar exige corporificação das palavras pelo exemplo”, ou seja, o professor deve dar o exemplo a seus alunos. Sendo assim não há como ele cobrar leitura de seus alunos se ele não tiver o hábito de ler constantemente. Ele propõe que o professor deixe de lado a frase “faça o que eu mando, mas não faça o que eu faço”, o professor deve ensinar pelo exemplo, não dever ensinar uma coisa e na prática fazer diferente, por isso é que antes de tentar introduzir ou desenvolver em seu aluno a prática da leitura ou o gosto pela poesia, antes ele precisa desenvolver isto nele mesmo.

Dessa forma, quando o professor estuda um texto; ele pode explorar com seus alunos os conhecimentos prévios que eles possuem do tema do texto a cultura deles de acordo com o tema, a cultura que o autor transmitiu no texto, a linguagem utilizada pelo autor, a ortografia de palavras desconhecidas pelos alunos, regras de linguagem, entre outros fatores que o professor quando bem preparado pode explorar com seus alunos.

Com isso, ainda existem profissionais da educação que não tem o hábito de leitura, e por exercer uma prática docente que necessita de preparo antes de ministrar uma aula os estudantes apresentam dificuldades em fazer interpretação de textos e, consequentemente, produzirem textos com coesão e coerência como exige a norma culta da língua.

2. Metodologia

Este trabalho foi realizado através do estudo bibliográfico e pesquisa de campo de natureza qualitativa e quantitativa, buscando relacionar a prática e a teoria com o uso dos portadores de textos, intercalando a experiência de alguns autores. Os quais enriquecem o estudo, fornecendo informações relevantes para a temática em questão.

Trata-se de um estudo de caso com ação participativa realizada através da observação e de questionários que foi aplicado na Escola Municipal Parque dos Milagres da região metropolitana do Recife-PE, destinando-se a 8 (oito) professores. Foram entregues questões no que diz respeito a leitura e escrita em sala de aula, e quais são os procedimentos utilizados para a formação de leitores letrados.

Lakatos e Marconi definem pesquisa de campo como:

Aquela utilizada como objeto de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou ainda, descobrir novos fenômenos ou a relação entre eles. (LAKATOS; MARCONI, 2017, p.188).

Ou seja, a pesquisa serve tanto para verificação de informações e ao mesmo tempo de auto avaliação para os entrevistados.

2.1. Tipo de pesquisa

A pesquisa de campo desenvolvida neste artigo é de natureza qualitativa e quantitativa, sendo relacionada com o estudo bibliográfico de teóricos conceituados sobre o processo de aquisição da leitura e escrita nas séries iniciais. São eles: Emilia Ferreiro, Ana Teberosky, Jean Piaget, Lev Vygotsky, Phelippe Perrenoud, Luiz Cagliari, entre outros.

2.1.1 Caracterização do local pesquisado

A pesquisa de campo ocorreu na Escola Municipal Parque dos Milagres, localizada na rua Cantor Leandro, s/n, no bairro do Barro no município de Recife-PE. A mencionada escola atende aproximadamente 428 alunos divididos em dois turnos (manhã e tarde).  Ensina da Educação Infantil ao Ensino do Fundamental I.

2.1.2. Caracterização dos sujeitos

A pesquisa foi realizada com oito professores graduados em Pedagogia da Escola Municipal Parque dos Milagres que atuam na Educação Infantil e do Ensino Fundamental I, analisando como eles desenvolvem seus planejamentos de aula com os portadores de textos para o processo de aquisição da leitura e escrita dos seus alunos.

2.1.3. Instrumentos de coleta de dados

Em relação ao instrumento de coleta de dados utilizou-se um questionário com 11(onze) questões abertas e fechadas a respeito do processo da leitura e da linguagem escrita com os portadores de textos.  

De acordo com Gil (2017), trata-se de uma forma de se fazer pesquisa investigativa de fenômenos dentro do contexto real, em situações em que as fronteiras entre o fenômeno e o contexto não estão claramente estabelecidas.

3. Resultados

Os resultados obtidos estão de acordo com os depoimentos dos professores entrevistados durante a pesquisa de campo. Verificamos os pontos de vista apresentados pelos educadores da educação Infantil ao Fundamental I referente a leitura e escrita através dos portadores de texto.  

Quadro 1
Perguntas e respostas
do questionário aplicado

Perguntas

 Respostas

% Resposta

Leitura e escrita: O que você faz para que o aluno execute essa prática?

Leitura, interpretação de texto, pesquisas e ditado de palavras.

 

93%

Que tipo de texto você costuma utilizar para realizar o trabalho de leitura e escrita?

 

Todos os gêneros textuais.

 

100%

Com que frequência o trabalho de leitura e escrita é utilizado em sala de aula?

Diariamente.

50%

Semanalmente.

50%

Como é conduzido esse trabalho em sala de aula?

Individualmente e coletivamente.

93%

Qual duração?

No período da aula

20%

2horas ou até mais

80%

Quais os materiais utilizados para esse trabalho em sala de aula?

Os portadores de textos: Livros didáticos, revistas em quadrinhos, recortes, embalagens, quadro, textos xerocados, filmes e brinquedos.

 

100%

Com que frequência os alunos são conduzidos à biblioteca ou estimulados a ler livros?

Sempre.

30%

Duas ou três vezes na semana

70%

Quantos alunos têm leitura fluente?

Em média 15.

60%

Nenhum

40%

Quantos alunos têm leitura fluente e faz uso corretamente dos sinais de pontuação?

Em média 12.

35%

Nenhum

65%

Apresentação da proposta: deixar claro para a sala os objetivos sociais do trabalho e quais os próximos passos.

Todas as atividades são explicadas e o próximo passo é que eles aprendam a ler.

20%

Qual a expectativa do aluno com o trabalho de leitura e escrita em sala de aula?

Ficam satisfeitos e felizes, pois estão descobrindo o mundo através da leitura.

45%

Fonte: Dados da Pesquisa, 2019

Percebe-se que todos os professores utilizam uma estratégia através dos portadores de textos como: roda de conversas, lista de chamada diária, ou roda de leitura de poesias, escutar cantigas de roda, trabalhar com folhetos de supermercados, que são momentos ricos e que possibilitam sucesso no processo de formação de um leitor.  Porém percebemos que a maioria dos aprendizes não leem fluentemente consequentemente também não realiza uma escrita correta.

O ensino da leitura e escrita demanda tempo, e precisa ser levado a sério por parte dos profissionais. O que observamos que a maioria das pessoas são analfabetos funcionais, decodificam as palavras sem refletir a cerca do que está lendo tendo dificuldades em interpretar ou compreendem. Com isso, o  professor  precisa trabalhar diariamente este momento.

 É importante que o professor ao ministar as aulas, apresente para os alunos a importância da leitura e da escrita na vida dos mesmos, e faça com que os estudantes reflitam sobre esses assuntos. No Brasil, conforme pesquisa feita pelo Instituto Pró-Livro, 50% dos entrevistados declararam não ler livros por não conseguirem compreender seu conteúdo, embora sejam tecnicamente alfabetizados. Contudo, uma vez que os alunos tenham conciência de que é preciso ler, compreender e interpretar os textos para que haja uma produção cada vez mais objetiva de um determinado assunto esses dados evidentemente serão diminuidos.

 O analfabetismo funcional ainda é muito forte na nossa lingua materna, mas não é impossivel minimizar esse problema! Basta o professor trabalhar as habilidades de maneira eficaz com estratégias de ensino que cative o interesse do aluno pela leitura e a produção, que esses problemas minimizarão e,consequentemente, teremos cada vez mais leitores concientes e produtores de textos.

4. Concluções

Esperamos que os professores percebam a grande importância da utilização dos portadores de textos em sala de aula para a formação cognitiva dos alunos, visto que é ele o responsável pelo processo de aquisição da leitura e da escrita da criança desde que esteja inserido no ambiente escolar. É emergencial o ensino da leitura de diferentes gêneros textuais nas aulas, considerando os baixos índices de leitores em nosso país e que muitas crianças só tem contato com variados gêneros textuais na escola . Como foi mencionado no decorrer do texto não há educação sem conhecimento e não há conhecimento sem leitura. O professor deve entender o mais rápido possível que ele é o espelho para seus alunos e suas ações serão copiadas pelos mesmos, se o professor não ler, consequentemente seus alunos não serão leitores.

O desenvolvimento lúdico é essencial para os estudantes, portanto é de extrema importância que o professor utilize métodos como a leitura de variados textos para desenvolver o hábito da leitura por curiosidade e pelo simples prazer. Além do lúdico o texto poético também desenvolve a imaginação que estimula a criatividade, itens fundamentais para a aprendizagem das crianças.

Ferreiro e Teberosky(1999) afirmam que as sociedades do mundo inteiro estão cada vez mais centradas na alfabetização, ou seja, que o indivíduo saiba ler e escrever. E para que de fato aconteça esse processo de apropriação da lectoescrita é necessário que o sujeito esteja envolvido nas práticas sociais.

A leitura de variados textos pode ser utilizada pelos educadores desde a educação infantil até o ensino médio, desta forma a criança cresce com maior espontaneidade, sem dificuldade de expor sua opinião e ideias, muitos são os benefícios de se trabalhar com os textos na sala de aula.

A escola pode organizar festivais com os vários textos, onde serão apresentadas aos outros alunos e pais suas produções. E os seus trabalhos textuais irão ser mais um incentivo para que eles continuem escrevendo, pois seus talentos serão reconhecidos perante a escola e comunidade.

É dever não apenas dos professores mais também da equipe de apoio pedagógico incentivar a produção de textos dentro do âmbito escolar como fonte de conhecimento e desenvolvimento cognitivo.

Portanto, percebe-se que para escrever, é preciso ter um conhecimento do gênero textual: o modo como cada tipo de texto se organiza, as diferentes características discursivas dos diversos tipos de textos, modos de iniciá-los, entre outras questões.

O ensino de produção de texto e a prática de leitura pela perspectiva dos gêneros compreendem que o resultado é mais satisfatório, pois permite ao aluno, desde cedo, a ter contato com uma verdadeira diversidade textual que circunda a sua vida cotidianamente e os tornam competentes e aptos para a apropriação de novos saberes.

Esperamos que este estudo contribua principalmente na auto avaliação dos professores que assim como eu amam o que fazem e se esforçam em criar o hábito da leitura e da escrita, para assim oferecer um ensino/aprendizagem de qualidade com interesse de formar cidadãos éticos, críticos e bons leitores e escritores que sabem se pronunciar e compreender o mundo ao seu redor. Sabendo que você como orientador do ensino/aprendizado da leitura e da escrita de uma criança pode transformar a realidade desse indivíduo por toda sua vida. E isso é fantástico! Pois o conhecimento pode ser adquirido, transformado, mas nunca perdido. Pois o que buscamos é que todos se apropriem da competência e habilidade do saber ler e do saber escrever.

Referências bibliográficas

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BAMBERG, Richard. Como Incentivar o Hábito da Leitura. São Paulo: Ática,1986.

BAZERMAN, Charles. Escrita, Gênero e Interação Social. São Paulo: Cortez Editora, 2007.

BORTONE, Maria Elizabeth; Braga Martins, Cátia Regina (2008). Aconstrução da leitura e da escrita. São Paulo: Parábola.

BRANDÃO, Helena; MICHELETTI, Guaraciaba. Aprender e ensinar com textos
didáticos e paradidáticos, 2. São Paulo: Cortez, 1997.

BRASIL (1997). Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa. Brasília: Secretaria de Ensino Fundamental.

CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização &Linguística. São Paulo: Editora Scipione, 1989.

CANDIDO, Antônio. “O direito da literatura”. In. Vários escritos. 3. ed. Ver. E ampl. São Paulo: Duas Cidades, 1995.

FERREIRO, Emilia; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita. Tradução Diana Myriam Lichtenstein, Liana Di Marco, Mário Corso.  - Porto Alegre: Artmed, 1999.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia - saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2003.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 6. Ed.- São Paulo, Atlas, 2017.

KATO, Mary Aizawa. O aprendizado da leitura. 5ª edição. São Paulo. Martins Fontes, 1999.

LAKATOS. Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade - Metodologia da Pesquisa Cientifica. 8º ed., São Paulo: Atlas, 2017.

PERRENOUD, Philippe et al. As competências para ensinar no século XXI: a formação dos professores e o desafio da avaliação. Porto Alegre, Rio Grande do Sul: Artmed, 2002.

PIAGET, Jean. A formação do símbolo na criança. Imitação, jogo e sonho, imagem e representação. Tradução Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Zahar, 1971.

PINHEIRO, Helder; BANBERGER, Richard. Poesia na sala de aula. 2ª ed., João Pessoa: Ideia, 2002.

VYGOTSKY, L. S. O desenvolvimento Psicológico na Infância. São Paulo: Martins Fontes, 1992.

https://brasilescola.uol.com.br/gramatica/analfabetismo-funcional.htm

Anexos

Entrevista

  1. Leitura e escrita: O que você faz para que o aluno execute essa prática?
  2. Que tipo de texto você costuma utilizar para realizar o trabalho de leitura e escrita? 
  3. Com que frequência o trabalho de leitura e escrita é utilizado em sala de aula? 
  4. Como é conduzido esse trabalho em sala de aula? Individual ou Coletivo?
  5. Qual a duração?
  6. Quais os materiais utilizados para este trabalho em sala de aula?
  7. Com que frequência os alunos são conduzidos à biblioteca ou são estimulados a ler livros?
  8. Quantos alunos tem a leitura fluente?
  9. Quantos alunos tem leitura fluente e faz uso corretamente dos sinais de pontuação? 
  10. Apresentação da proposta: deixar claro para a sala os objetivos sociais do trabalho e quais os próximos passos. 
  11. Qual a expectativa do aluno com o trabalho de leitura e escrita em sala de aula?

1. Mestranda em Ciências da Educação pela Faculdade Alpha Unigrendal Premium Corporate (UPC)/Grupo Alpha. E-mail: martamariacosta496@gamil.com

2. Professor PH.D. da Faculdade Alpha do Mestrado Internacional em Ciências da Educação do Centro Universitário Brasileiro – UNIBRA. E-mail: gusmao.diogenes@gmail.com


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