Espacios. Vol. 24 (2) 2003

As fontes de tecnologia no setor de telecomunicações e os fatores motivadores para cooperação

Las fuentes de tecnologías en el sector de telecomunicaciones y los factores motivadores para la cooperación

Technologies sources in telecomunications sector and motivators factors for cooperation

Geciane S. Porto , Flavia Oliveira do Prado y Guilherme Ary Plonski


4.2 Fontes de Inovação

O principal objetivo desse estudo é verificar quais são as principais fontes de tecnologia a fim de conhecer como funciona o esforço tecnológico desse setor. Por meio do conhecimento das principais fontes, pode-se conhecer melhor o perfil inovador da empresa e caracterizar a natureza das inovações realizadas com as instituições parceiras.

De acordo com os respondentes, as fontes de inovação em ordem de relevância são: a) o departamento de P&D da Matriz; b) P&D interno; c) Universidades e centros de pesquisa; d) Conferências, simpósios, férias, exposições e publicações especializadas; e) Clientes e outros departamentos da empresa, conforme pode ser observado no gráfico 1.

No entanto, ao comparar a importância de uso com a freqüência de utilização, percebe-se que as fontes não são utilizadas na mesma freqüência em que são avaliadas como importantes. Isto pode indicar que embora as empresas considerem relevantes determinadas fontes de informação a sua utilização não vem ocorrendo na intensidade devida.

As fontes mais utilizadas são: a) departamento de P&D da Matriz; b) departamento de P&D interno; c) Universidades; d) Institutos de pesquisa; e) conferências, simpósios, feiras e exposições.

Verificou-se que 57,1% das empresas consideram o departamento de P&D interno com importância muito elevada e total. O departamento de P&D da matriz é considerado ainda mais importante, 83,3% das empresas dão importância muito elevada. Já as universidades possuem importância elevada para 39,13%. Os centros de pesquisa são considerados mais importantes do que as universidades, 47,83% os consideram com importância elevada. Os fornecedores também foram considerados de importância elevada (36,36%).

Por outro lado, foram consideradas fontes sem importância alguma as outras empresas do grupo em 35,29% dos casos e as aquisições de patentes, licenças e know-how por 50%. Os clientes também foram avaliados da mesma forma por 27,27% das empresas, no entanto, 22,73% das empresas os consideram com importância elevada. Os concorrentes foram avaliados por 31,82 % dos respondentes também como sem importância e por 27,27% das empresas com importância elevada.

Estes resultados indicam que um grupo de empresas é dependente dos desenvolvimentos internos da matriz, a qual assume o papel de fonte de inovação, uma vez que outras organizações do grupo, aquisições de patentes, clientes, concorrentes são avaliados de forma pouco expressiva. Assim, pode-se observar que as subsidiárias não estão gerando uma base tecnológica forte no país. Estas empresas absorvem a tecnologia da matriz e realizam a tropicalização no país, ou seja, a adaptação dos produtos para o mercado brasileiro. Esta conclusão corrobora o argumento de Szapiro (2000). Esta característica reflete-se na mudança de perfil dos centros de pesquisa brasileiros, nos quais passou-se a observa um aumento do número de consultorias e testes laboratoriais para certificação junto à ANATEL e um decréscimo no número de projetos de pesquisa de longo prazo onde se buscava o desenvolvimento do P&D no país.

O departamento interno de P&D foi utilizado com freqüência elevada e muito elevada por 59,1% das empresas. O departamento de P&D da matriz teve a mesma classificação por 63,2% das empresas. Observa-se que a importância de uso e a freqüência de uso foram classificadas na mesma ordem, entretanto como foi mencionado anteriormente, a importância dada a essas fontes é superior a sua utilização.

Os institutos de pesquisa foram utilizados com freqüência elevada por 36,4% das empresas, já as universidades são pouco utilizadas por 39,1% das empresas e apenas 21,7% das empresas a utilizam com freqüência elevada. As conferências, simpósios, feiras e exposições, bem como as publicações especializadas também são pouco utilizadas, tendo essa classificação por 40,9% e 36,4% dos respondentes, respectivamente.

Os fornecedores (38,1%), os clientes (27,3%) e as empresas de consultoria (31,8%) foram muito pouco utilizadas, o que reflete novamente a tendência de um conjunto de empresas de privilegiar a sua visão interna direcionando poucos esforços para atender as demandas do mercado.

A aquisição de patentes, licenças e hnow-how não são utilizadas por 60,9% dos respondentes, em seguida encontra-se os outros departamentos da empresa (40,9%), que embora tenham sido considerados com importância elevada e muito elevada, são pouco utilizados. A mesma tendência de não utilização foi verificada com as empresas dentro do grupo (31,3%), os concorrentes (33,3%) e as empresas de consultoria (31,8%).

4.3 Cooperação Empresa-Universidade/ Instituto de Pesquisa

Pela análise dos dados realizada na seção anterior, observa-se que as universidades são a terceira fonte de maior importância e freqüência de uso. Entretanto, 39,1% das empresas a utilizam pouco como fonte de tecnologia. Vários autores, como Prado e Porto (2002), Bicalho-Moreira e Ferreira (2000) e Porto (2000) ressaltam que a universidade e os institutos de pesquisa são uma importante fonte de tecnologia para as empresas e que a interação entre ambas pode prover a eficiência de ambas as instituições bem como o desenvolvimento tecnológico do país. Assim, nesse estudo, essas fontes de inovação foram analisadas detalhadamente.

Na amostra analisada, verificou-se que 82,6% dos respondentes, já desenvolveu algum projeto em cooperação com a universidade e/ou Centros de pesquisa e 17,4% nunca fizeram nenhum tipo de parceria.

Os projetos mais freqüentes na interação empresa-universidade/ institutos de pesquisa são aqueles para o desenvolvimento tecnológico com 36,36% da freqüência muito elevada e os serviços técnicos com 46,86% de freqüência elevada. Projetos de pesquisa básica são muito raros e há poucos projetos de pesquisa aplicada. A tabela 2 indica que embora as universidades e institutos de pesquisa sejam procurados para desenvolver projetos em parceria, estes são de natureza mais restrita, o que vem a confirmar que a tecnologia estratégica é desenvolvida nos centros de P&D da matriz ou da própria empresa.

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