Maria Cecília Sobral y Roberto Sbragia
Segundo informações disponibilizadas pela própria Novartis Brasil (2004), a empresa surgiu da união, em 1996, das empresas farmacêuticas suíças Ciba-Geigy e Sandoz, ambas com sede na Basiléia. Com faturamento mundial de cerca de US$ 24,9 bilhões em 2003, a Novartis emprega 78.500 funcionários e atua em 140 países na área de cuidados com a saúde. Divide-se em duas grandes áreas, a Pharma e a Consumer Health, representando 64% e 36%, respectivamente, do faturamento da empresa no mundo.
No Brasil a empresa, que se iniciou em 1997, faturou R$ 630 milhões em 2002, empregando cerca de 2.200 funcionários. Tem sede em São Paulo-SP, escritório na cidade do Rio de Janeiro e fábricas em Resende/RJ, Campo Grande/RJ e Taboão da Serra/SP. A divisão Pharma, que tem entre seus produtos os antiinflamatórios Cataflam e Voltarem, atende aos seguintes segmentos terapêuticos: imunologia, oncologia, ortopedia, reumatologia, cardiologia, gastroenterologia, neurologia, dermatologia, psiquiatria, terapia de reposição hormonal, entre outros. A divisão Consumer Health está estruturada nas seguintes unidades de negócios: OTC, medicamentos sem necessidade de receita médica; Infant & Baby, incluindo Baby Food (marca Gerber) e Baby Care (marca Lillo by Gerber); Ciba Vision; Saúde Animal; Nutrição Médica; Health and Functional Food, em processo de venda e Genéricos.
Os gastos mundiais com P&D da Novartis situam-se em US$ 3,8 bilhões (2003), e a divisão Pharma da empresa se declara líder mundial em pesquisa, desenvolvimento, produção e comercialização de medicamentos com prescrição médica.
O desenvolvimento de produtos farmacêuticos é dividido em várias fases, partindo da descoberta (pesquisa básica), testes em animais (pesquisa pré-clinica), até as fases de avaliação em seres humanos (pesquisa clínica). A pesquisa básica é a busca por substâncias promissoras, novos princípios ativos, para o desenvolvimento de medicamentos. A pesquisa clínica é responsável por avaliar a eficácia e a segurança destas substâncias quando utilizadas no tratamento de seres humanos.
Segundo o FDA, órgão regulador do setor farmacêutico nos Estados Unidos, o investimento necessário para o lançamento de novos medicamentos aumentou 55% nos últimos cinco anos. A instituição explica que o caminho crítico se inicia quando os candidatos a produtos são escolhidos para o desenvolvimento. Uma pequena parcela destes chegará ao mercado após as avaliações progressivamente mais rigorosas feitas nas fases de pesquisa clínica. Com custos crescentes e altos riscos, o desenvolvimento de produtos farmacêuticos tem se tornado um grande desafio.
A Novartis possui uma série de alianças estratégicas com empresas e instituições acadêmicas da área de biotecnologia a fim de desenvolver novos produtos, adquirir novas plataformas de tecnologia e chegar a novos mercados. Internamente, possui nove centros de pesquisa dedicados à descoberta de novos princípios ativos, localizados em apenas algumas regiões como observado por Zeller (2004).
A internacionalização da estrutura de P&D proporciona grandes vantagens para a Novartis. A pesquisa básica utiliza os conhecimentos gerados nos maiores centros de excelência em biotecnologia do mundo para realizar descobertas utilizadas em seus medicamentos. A velocidade torna-se a variável fundamental para garantir a competitividade de um ciclo de lançamento cada vez mais longo. Para unir as oportunidades geradas pela pesquisa básica e a agilidade para se apropriar dos ganhos de uma descoberta, a Novartis separou sua estrutura em duas, de acordo com a incerteza relacionada ao conhecimento gerado. Estes diferentes tipos de estrutura proporcionam focalização nos resultados específicos de cada tipo de pesquisa:
As pesquisas de caráter básico/exploratório são realizadas em centros com maior grau de independência da coordenação central. Conseqüentemente, estão mais distantes das necessidades do mercado e das pressões por resultados de prazo mais curto. Isto aumenta significativamente a probabilidade de resultados científicos da pesquisa, mas pode criar dificuldades na transferência dos conhecimentos para o desenvolvimento de produtos. Esta estrutura leva a altos custos de coordenação e complexos processos decisórios (Gassmann, 1999).
A partir dos modelos de estrutura de P&D propostos por Gassmann e Von Zedwitz (1999), pode-se considerar que a Novartis adota o modelo de Rede Integrada nos assuntos pertinentes à pesquisa básica, isto é, aqueles que buscam atender às necessidades médicas ainda não satisfeitas. Por outro lado, quando se fala em uma pesquisa mais aplicada (focalização de esforços em segmentos de mercado mais promissores e com um menor nível de incerteza), pode-se notar a adoção do modelo de Controle Central proposto pelos mesmos autores. Estes dois tipos de pesquisa equivalem ao que Chiesa (1996) descreve como Desenvolvimento de Tecnologia Constituinte.