Espacios. Vol. 33 (11) 2012. Pág. 2


O papel do consórcio de exportação na aquisição de inovação e os impactos na performance exportadora das empresas integrantes

The role of export consortium in the acquisition and the impact of innovation on export performance of companies

Aletéia de Moura Carpes 1, Flavia Luciane Scherer 2 y Thiago Antonio Beuron 3

Recibido: 13-03-2012 - Aprobado: 15-06-2012


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RESUMO:
Este estudo tem por objetivo verificar o papel do consórcio de exportação na aquisição de inovação e os impactos resultantes na performance exportadora das empresas que integram as redes de cooperação. Visando verificar se há correlação entre consórcio de exportação, aquisição de inovações e performance exportadora, realizou-se análise do coeficiente de correlação de Pearson. De acordo com a correlação de Pearson, apenas há correlação, ainda que baixa, entre consórcio de exportação e aquisição de inovações tecnológicas, de forma que apenas o pressuposto "o consórcio de exportação, como inovação administrativa, viabiliza a aquisição de inovações tecnológicas às empresas" foi corroborado. Os resultados da pesquisa mostraram que os consórcios de exportação deveriam ser mais bem explorados pelas empresas, focando em atividades conjuntas para aquisição de inovações tecnológicas e na ampliação do volume de vendas para o mercado internacional.
Palavras-chave: Consórcios de Exportação. Inovação. Performance Exportadora.

 

ABSTRACT:
The current paper aims to verify the role of an export consortium in the acquisition of innovation and the resulting impacts in the export performance of those companies which integrate the cooperation net.. Also, aiming to verify if there is any correlation of export consortium, acquisition of innovation and export performance, it was carried out a Pearson's correlation coefficient analysis. According to Pearson's correlation, there is only correlation between export consortium and the purchase of innovation, although it is a low correlation. Thus, only the presupposed "export consortium as an administrative innovation makes it possible the acquisition of new technologies to companies" has been corroborated. The research results showed that the consortiums should be more explored by business firms, focusing in group activities for the purchase of technological innovations and in increasing the sale volumes for the international market.
Key words: Export Consortium. Innovation. Export Performance.


1. Introdução

O comércio de bens entre os países é estimulado desde a época do mercantilismo, quando os pagamentos às exportações eram realizados com ouro e prata, e a acumulação destes constituía a riqueza e o poder de uma nação. No entanto, foi a partir das últimas décadas do século XX que o comércio internacional foi visto como evidente e fundamental para a economia, que de mundial passou a global (Castells, 1999), com o ingresso de um grande número de novos atores que quebravam o paradigma da hegemonia bipolar no mundo.

Fischer (2006, p. 2) acredita que “a capacidade de recursos e as vantagens de uma empresa não precisam ser necessariamente diferenciais poderosos para que a firma alcance sucesso em sua internacionalização”. Para o autor, o mais importante no processo de internacionalização é traçar metas e estratégias compatíveis com as possibilidades de cada organização e com seus objetivos.

As firmas que optam pela internacionalização buscam encontrar a variedade de benefícios advindos da atividade com o exterior, relacionadas a uma satisfatória performance exportadora, que é caracterizada pelo desempenho/atuação no mercado internacional.  De acordo com Machado (2005), muitos estudos apontam o fato de que a performance e o sucesso obtidos na atividade de exportação são fatores condicionantes para a alavancagem da empresa no envolvimento exportador.

Diante do contexto da atividade global que envolve comércio internacional e percebendo a internacionalização como um processo estratégico, torna-se fundamental que as empresas agreguem em suas atividades práticas de inovação, sendo esta definida por Bessant e Tidd (2009, p. 22) como a “habilidade de fazer relações, visualizar oportunidades e de tirar vantagens das mesmas”. Os autores associam inovação ao crescimento empresarial e afirmam que as empresas que não inovam correm o risco de serem superadas por outras que a façam, sendo então uma questão de sobrevivência a qualquer firma.  

Damanpour (1991) divide a inovação em três segmentos: tecnológico e administrativo; produto e processo, além de radical e incremental, que significam:

  • Inovação Tecnológica: relacionada às atividades básicas da empresa (produto e processo);
  • Inovação Administrativa: referente à estrutura da organização;
  • Inovação no Produto: mudança no produto (bens e serviços) que a empresa oferece;
  • Inovação no Processo: modificar a forma em que os produtos são criados e oferecidos para o consumidor;
  • Inovação Radical: mudanças que modificam consideravelmente a forma de utilizar o produto, bem como a percepção do consumidor;
  • Inovação Incremental: pequenas melhorias realizadas no produto.

Visando a exploração dos benefícios advindos da internacionalização e compreendendo a escolha do modo de entrada no território estrangeiro como uma decisão estratégica, muitas empresas têm buscado a inovação administrativa para facilitar a inovação tecnológica em seus produtos e atingirem a performance exportadora desejada, constituindo redes de cooperação empresarial na forma de consórcios de exportação. Os consórcios de exportação funcionam como uma associação de empresas juridicamente constituídas, que conjugam esforços e estabelecem uma divisão interna de trabalho, com vistas à redução de custos, aumento da oferta de produtos e ampliação das exportações (Branco; Machado, 2004).

Os consórcios de exportação podem ser percebidos como uma inovação administrativa pelo fato de modificarem a estrutura organizacional e os processos administrativos das empresas integrantes. Embora as firmas continuem existindo de forma independente umas das outras, as decisões e aspectos mercadológicos relacionados aos produtos exportados são tomados conjuntamente, modificando a estrutura vertical de resoluções, em que cada empresa buscava isoladamente fatores de competitividade e o atendimento da demanda.

. A inovação administrativa mediante o consórcio de exportação funciona também como um meio para que sejam aplicadas inovações tecnológicas aos produtos e processos das empresas, que podem ser aprimorados já que se tem a ampliação de recursos e conhecimento mais abrangente do contexto internacional em que determinado setor se encontra.

2. Internacionalização de Empresas

Ainda que as transações comerciais entre os países tenham iniciado com as mais antigas civilizações, foi nos últimos trinta anos que o comércio internacional cresceu substancialmente, tanto em volume quanto em porcentagem do PIB, tanto para países desenvolvidos quanto para países subdesenvolvidos (Castells, 1995, p. 147).

Kuazaqui e Lisboa (2009, p.2) acreditam que “o comércio e as relações têm evoluído de maneira significativa (...) pela necessidade de os países mais ricos manterem seus postos de liderança econômica e pela fase de transição das economias menos favorecidas”. Partilhando desta idéia, Castells (1995) acredita que após a década de 1990 o comércio internacional deixou de ser mundial para se tornar global, ou seja, as transações entre os países passaram a operar com um significativo número de atores, sendo estes tanto desenvolvidos quanto subdesenvolvidos, e com grande constância.

Casarotto e Pires (2001) apontam que a internacionalização requer um comportamento estratégico sólido por parte das empresas, principalmente no que tange à evolução do mercado. Silber (2006, p. 25) lembra que “quanto mais um país está integrado na economia mundial, maior a absorção de tecnologias modernas, maiores as opções para os consumidores finais e maiores as possibilidades de obter recursos financeiros a custos menores”, sendo sempre aconselhável que os países e as firmas se preparem para a vivência da internacionalização.

Uma empresa internacionalizada é aquela que mantém operações com países distintos (Carneiro; Dib, 2007) e Mota (2007, p.4) lembra que uma firma pode ingressar nas transações internacionais “através da exportação, licenciamento, investimento direto ou estabelecimento de subsidiárias, desenvolvendo alianças estratégicas, adquirindo ou fundindo-se com empresas locais”. Cada modo de entrada apresenta suas peculiaridades, com nível de controle, comprometimento e risco característico, que devem ser observados e escolhidos de acordo com o contexto das empresas para que seja atingida uma performance  de exportação satisfatória.

3. Modos e Estratégias de Entrada

A decisão de uma empresa em investir em outro país carrega consigo a necessidade de existir nas firmas uma equipe capacitada, que conheça o mercado externo e observe a internacionalização como um processo estratégico, visualizando o modo de entrada que seja compatível com seus recursos e disposição a riscos, como lembra Andersson (2000): “a internacionalização deve ser pretendida e ativada por um empresário que toma as decisões-chave e leva a cabo a internacionalização”. De acordo com Kuazaqui (1999), para atuar no mercado internacional é necessário conhecer as principais características dos mercados por meio de estudos e planejamento.

Fischer (2006, p.1) diz que “o conhecimento acerca dos resultados obtidos através dos modos de entrada é muito escasso e pouco disseminado, levando as organizações a escolherem métodos potencialmente inadequados”. De fato, “uma decisão estratégica crítica na internacionalização da empresa é o modo de entrada no mercado internacional” (Alem; Cavalcanti, 2005 p. 47).

Quanto maiores forem o investimento e os riscos possíveis, maiores são também o fluxo de informações e o grau de controle das operações. Após pesquisa estatística realizada com empresas do Rio Grande do Sul e São Paulo, Fischer (2006) constatou a interligação entre o modo de entrada escolhido e a performance atingida no exterior, observando que as estratégias de internacionalização que apresentam maior complexidade são as que têm melhor performance.

Para o presente estudo, serão observados os seguintes aspectos para as análises:

  • Modo de entrada: exportação;
  • Estratégia de entrada: consórcio de exportação;
  • Análise do desempenho: através da performance exportadora.

4.  Performance Exportadora

Atualmente, verifica-se uma tendência nas pesquisas em relacionar a performance das empresas às suas características empreendedoras: proatividade, inovação e inserção numa rede de relacionamentos (Mais et al., 2010).

Verificar a performance de determinada empresa corresponde a averiguar sua efetividade, seu desempenho, em determinado ambiente. Garrido (2009) diz que o volume de estudos contemplando a observação da performance no ambiente internacional tem crescido nos últimos anos, entretanto,o tema carrega certas controvérsias quanto a sua mensuração. 

O presente estudo utilizou a escala EXPERF para mensurar a performance exportadora obtida por empresas brasileiras que pertencem a algum consórcio de exportação. Para análise dos dados, foi verificada a relação da participação em consórcio de exportação com performance exportadora, além da relação entre aquisição de inovações tecnológicas e performance exportadora.

5. A inovação nas empresas

O ingresso de diferentes atores no comércio internacional faz emergir a necessidade de obtenção de estratégias competitivas às firmas, que precisam ser flexíveis e inovadoras para superarem os concorrentes e obterem a preferência de uma demanda global, caracterizada pela avidez às novidades (Churchill Jr; e Peter, 2000). O esforço inovador é sempre recompensado, mas é muito mais difícil em países nos quais a infra-estrutura de pesquisa em universidades, institutos e nas próprias empresas é mais modesta (Stal, 2010).

Bessant e Tidd (2009) lembram que “inovar” siginifica fazer algo novo, alterar. Como os mercados internacionais são caracterizados por uma maior pressão competitiva que o mercado nacional, a inovação parece ser inevitável para sobrevivência das empresas (FILIPESCU, 2007), sendo que se a atividade não envolver características inovadoras, em produto, processo ou gestão, a concorrência a qual a empresa estará sujeita no mercado pode comprometer a sua performance e lucratividade do negócio (ARBIX, 2004).

Bessant e Tidd (2009) defendem que a inovação é de grande importância às empresas, sejam quais forem seus setores e tamanhos, e que ela é “fortemente associada ao crescimento [...] novos negócios são criados a partir de novas idéias, pela geração de vantagem competitiva naquilo que uma empresa pode ofertar” (BESSANT; TIDD, 2009 p.21). De acordo com Porter (1989), as empresas criam vantagem competitiva percebendo -ou descobrindo- maneiras novas e melhores de competir em uma indústria e levando-as ao mercado, constituindo assim um ato de inovação. 

Bessant e Tidd (2009, p.26) lembram que “para muitas pessoas, simplesmente querer que a inovação ocorra pode não ser suficiente - é preciso gerenciar o processo de maneira ativa” e mostram que a gestão está concentrada em três fatores-chave: geração de novas idéias, seleção das melhores e implementação da idéia. Os autores enfatizam, também, que o sucesso da inovação está relacionado com dois importantes fatores: recursos (pessoas, equipamentos, conhecimentos etc.) e capacidades da organização para geri-lo.

Observando a evolução da percepção quanto às formas de inovação organizacional, o presente estudo abordou o consórcio de exportação como inovação administrativa –visto que com sua formação ocorre mudança estrutural, já que diversas decisões relacionadas ao mercado externo passam a ser tomados de forma integrada pelos componentes- e, com sua formação, as empresas integrantes viabilizariam a aquisição de inovações tecnológicas - de processo e de produto-.

6. Método

O estudo foi composto por uma pesquisa de abordagem quantitativa, onde se trabalha com um número amplo de respondentes e o método envolve representações numéricas (Gonçalves e Meirelles, 2004). Tem-se um trabalho de natureza descritiva, onde se determina o grau de associação entre as variáveis (Malhotra, 2006), verificando estatisticamente as questões correspondentes aos consórcios de exportação, inovação tecnológica e performance exportadora.

 Utilizou-se o método survey de pesquisa para entender os comportamentos dos respondentes, empregando-se a avaliação, análise e descrição de uma população baseada em uma amostra (Baker, 2001).

Para o desenvolvimento do trabalho, o universo da pesquisa utilizado foi as empresas de diferentes setores que integram algum consórcio de exportação vinculado à Agência de Promoção às Exportações e Investimentos (APEX), sendo a amostra da pesquisa composta por 34 empresas.

A pesquisa propôs-se a verificar qual é o papel dos consórcios de exportação na aquisição de inovação e o seu impacto na performance exportadora das empresas integrantes. Desta forma, deve-se verificar os aspectos referentes a consórcios de exportação, inovação e performance exportadora, apresentados abaixo.

Figura 1: Modelo Conceitual de Pesquisa

7. Análise e discussão dos resultados

7.1 Relação entre participação no consórcio exportador e performance exportadora

Dando continuidade à investigação dos objetivos da pesquisa, foi verificado se existe relação positiva entre a participação no consórcio de exportador e a performance exportadora resultante, utilizando-se como ferramenta de apoio o software SPSS17.

De acordo com os achados teóricos apresentados, a participação em consórcios de exportação reduziria as dificuldades associadas a exploração do mercado internacional, possibilitando maiores chances de sucesso, proporcionando então uma performance exportadora satisfatória às empresas.

Murteira (1993) aponta que esta correlação significa que a intensidade de um fenômeno é acompanhada pela intensidade do outro. De acordo com Pestana e Gageiro (2003), quando p < 0,05 significa que existe relação entre as variáveis, e a intensidade desta relação é verificada da seguinte forma, observando o coeficiente de correlação (r):

• De 0,01 a 0,2: relação muito baixa

• De 0,2 a 0,39: relação baixa

• De 0,4 a 0,69: relação moderada

• De 0,7 a 0,89: relação alta

• De 0,9 e 1: relação muito alta

Pestana e Gageiro lembram que deve existir uma amostra mínima de 30 (para p < 0,05) ou 40 (para p = 0,10) quando se deseja calcular o coeficiente de correlação de Pearson. Como a amostra da pesquisa é de 34 empresas, torna-se então possível o cálculo deste coeficiente.

Relacionando os dados referentes a consórcios de exportação e performance exportadora, tem-se:

    CE

PE

   CE

r= 1,0000

r= 0,2868

p= ---

p= 0,100

Como para existir correlação entre as variáveis se deve ter p < 0,05, descarta-se a relação entre consórcios de exportação e performance exportadora. Assim, para a maioria das empresas, o fato de participar de um consórcio de exportação no momento não facilita o desempenho exportador.

7.2 Relação entre aquisição de inovações e performance exportadora

Dando continuidade ao uso do coeficiente de correlação de Pearson como forma de verificar associação entre as variáveis estudadas, foi verificado se há relação entre aquisições de inovação pela empresa com a performance exportadora.

Retomando alguns pontos da literatura já apresentados neste trabalho, tem-se a associação entre inovação e crescimento empresarial, onde Bessant e Tidd (2009) afirmaram que as empresas que não inovam correm o risco de serem superadas por outras que a façam, sendo então uma questão de sobrevivência a qualquer firma a aquisição da inovação.

Também, Arbix (2005) verificou que a inovação tecnológica está fortemente associada com a internacionalização da empresa e constata que as firmas que inovam seus produtos e processos são mais produtivas, têm maiores parcelas de mercado, retorno maior de investimento e empregam pessoal mais qualificado, valorizando o capital humano e conteúdo tecnológico obtido por meio da aprendizagem na empresa.  

   Os dados coletados na pesquisa, referentes à inovação e performance exportadora, quando trabalhadas no SPSS resultaram em:

   I

PE

 I

r= 1

r=0,0904

p= ---

p=0,611

 Como deve-se ter p < 0,05 para que exista correlação entre as variáveis, constata-se que nas empresas da amostra a inovação e a performance exportadora não estão associadas.

7.3 Relação entre consórcio de exportação e aquisição de inovações tecnológicas

De acordo com a literatura utilizada no desenvolvimento da pesquisa, tem-se a consideração de Vasconcellos (2004) que acredita que muitos avanços na empresa são resultado da combinação de inovações tecnológicas e inovações administrativas, e muitas inovações tecnológicas não teriam ocorrido se não tivesse acontecido, prévia ou simultaneamente, alguma inovação administrativa. Assim, tem-se um apoio para que o consórcio de exportação (inovação administrativa) favoreça a aquisição de inovações tecnológicas.

Recorda-se que Verschoore (2006) defendeu que a combinação de recursos necessários à inovação pode ser viabilizada eficientemente com a formação de uma rede de cooperação e constitui um benefício apropriado pelas empresas participantes, porém, inatingível para as empresas externas a ela.

Para contestar ou apoiar a existência desta vinculação, mais uma vez foi realizada a verificação do coeficiente de correlação de Pearson, desta vez com as variáveis consórcio de exportação e inovação.

Teve-se como resultado:

CE

I

CE

r =1

r= 0,3471

p=---

p=0,04

Sendo p = 0,044 e r = 0,3471; nota-se a existência de correlação entre as variáveis, já que neste caso p < 0,05. Constata-se assim que é possível apoiar a ligação entre consórcio de exportação e aquisição de inovações tecnológicas nas empresas da amostra.Também, pode-se dizer que há associação positiva entre as variáveis, e então o aumento de uma variável aumentaria a outra.

            Pestana e Gageiro (2003) lembram que o coeficiente de correlação de Pearson é uma medida linear entre variáveis quantitativas e varia entre -1 e 1, sendo que quanto mais próximo estiver dos extremos maior é a associação linear. Tendo r = 0,3471 verifica-se que a associação linear é baixa, pois como já explicitado anteriormente, esta é a intensidade se o coeficiente de correlação for de 0,2 a 0,39.

Assim, embora exista ligação entre consórcio de exportação e aquisição de inovações tecnológicas, esta não tem grande intensidade. Entende-se então que o consórcio pode viabilizar as ações inovativas às empresas, mas não é o principal meio existente.

As evidências que existe associação entre consórcios de exportação e aquisição de inovações, mas que esta ligação é baixa, são também corroboradas ao verificar a estatística descritiva apresentada, onde 29,4% das empresas concorda que as inovações geradas pela empresa foram facilitadas com a participação no consórcio, no entanto 50%  afirma que o esforço individual da firma foi o maior responsável pelas inovações adquiridas.

7.4 Considerações finais

A presente pesquisa objetivou verificar qual é o papel do consórcio de exportação na aquisição de inovação os impactos na performance exportadora das empresas integrantes, verificando a relação entre consórcio de exportação, inovação e performance exportadora.

Para avaliar a relação entre participação no consórcio de exportação e performance exportadora, recorreu-se ao uso do coeficiente de correlação de Pearson, sendo que nesta associação, onde p = 0,1; descarta-se a relação. Ainda que na estatística descritiva tenha sido verificado que 29,4% das empresas concordam em grande parte que a atuação no mercado internacional tornou-se mais fácil com a participação no consórcio de exportação, o desempenho exportador está bastante aquém do padrão satisfatório, sendo então possível verificar que no momento a integração na rede não está favorecendo o desempenho exportador.

Com o coeficiente de correlação de Pearson avaliou-se também se há influência entre aquisição de inovações e performance exportadora, pois a literatura usualmente relaciona estes dois fatores. Na análise estatística gerada, onde p = 0,611; descartou-se a existência de relação entre as variáveis.

Ainda que as empresas da amostra tenham apresentado bons resultados referentes a inovação, revelando que zelam por práticas inovativas, a performance exportadora é bastante baixa, provavelmente devido as questões que ainda assombram os gestores das empresas, relacionadas as dificuldades internas e externas à exportação

Neste estudo, verificou-se também se existia ligação entre participação em consórcios de exportação e aquisição de inovações tecnológicas, novamente através da correlação de Pearson. Teve-se p = 0,044; significando então correlação entre consórcios de exportação e aquisição de inovações. Contudo, o coeficiente de correlação resultante foi r = 0,3471; mostrando que a correlação entre as duas variáveis existe, no entanto é baixa. 

As análises mostram que as potencialidades dos consórcios de exportação previstas na literatura não estão sendo utilizadas integralmente, acarretando assim a baixa performance exportadora nos eixos financeiro, econômico e satisfatório. Também, durante a fase da coleta de dados, constatou-se que a maioria dos consórcios começou com um número maior de integrantes que, ao passar do tempo abandonaram a participação, o que significa insatisfação quanto aos resultados provenientes da parceria.

A intensificação da cooperação entre empresas do mesmo segmento em busca de um objetivo comum não é uma meta utópica, pois há o exemplo italiano de consórcios de exportação e demais redes de empresas, que através de esforços conjuntos atingem uma performance exportadora bastante satisfatória. De acordo com Minervini (2008), há na Itália cerca de 380 grupos de consórcio, cada um contendo em média 50 empresas, que são responsáveis por 12% da receita de exportação (no Brasil, este índice corresponde a 1,4%) e raramente desistem da parceria.

Percebendo a criação de redes de cooperação nos mais diversos contextos da sociedade como tendência do mundo atual, acredita-se que seja importante a realização de estudos futuros  mais aprimorados que busquem compreender os motivos que fazem com que os consórcios de exportação não rendam aquilo que poderiam, por meio de pesquisas que estendam-se aos níveis de cooperação, gestão e apoio dos órgãos de incentivo.

Tem-se como limitação da pesquisa o tamanho da amostra trabalhada, composta por 34 respondentes, o que impossibilitou a realização de outros tipos de análise, como a multivariada para determinar a dependência ou interdependência dentro da pesquisa.

De qualquer forma, acredita-se que a pesquisa realizada trouxe contribuições teóricas às ciências administrativas, já que existem lacunas no âmbito de consórcios de exportação, inovação e performance exportadora. Espera-se que as contribuições teóricas da pesquisa possam ser expandidas à prática nas empresas, de forma a colaborar com a gestão dos consórcios de exportação e possibilitando que possam ser visualizados os aspectos que carecem maior atenção para que os benefícios que são possíveis com a integração sejam alcançados.

Referências bibliograficas

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1 Universidade Federal de Santa Maria- Brasil alecarpes.adm@hotmail.com
2 Universidade Federal de Santa Maria-Brasil flaviascherer@globo.com
3 Universidade Federal de Santa Maria-Brasil tbeuron@gmail.com


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